• Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Por: Letícia Mendes

    Com o avanço tecnológico, certas demandas no cotidiano das pessoas com deficiência foram levadas à tona, o que chamou atenção para recursos básicos que permitissem o melhor desenvolvimento autônomo para essa população. Dessa forma, foram criadas tecnologias que são chamadas de assistivas, com o intuito de criar equipamentos, métodos ou qualquer solução que tenha como objetivo ajudar na reabilitação de pessoas com deficiência. Portanto, seguem algumas das novas tecnologias que proporcionam maior independência e autonomia. 

    TIX : O chamado teclado inteligente multifuncional, o TIX tem como objetivo proporcionar qualquer tipo de ação em aparelhos tecnológicos, como smartphone, tablet e computador com apenas 11 teclas que são sensíveis ao toque, ajudando assim na funcionalidade de pessoas com deficiência motora. Para isso, o TIX facilita a digitação com o acionamento das teclas iconográficas, completando as palavras de forma inteligente e tem como recurso o uso de sinais de acentuação, pontuação e símbolos. Além disso, o aparelho contém teclas grandes, bem espaçadas e sensíveis ao toque, atingindo um público com deficiências como amputações, paralisias e limitações de movimento. Assim, com suas multifunções, o TIX permite também o uso em atividades pedagógicas de ambientes escolares com crianças que precisam desse auxílio, fornecendo para o estudante autonomia para realizar atividades no colégio. Diferente de alguns produtos comercializados, o teclado TIX é produzido e desenvolvido no Brasil, trazendo assim maior atenção para sua implantação em diversos pontos no país. 

    (Imagem do site TIX LIFE)

    OrCam : Especializada com o objetivo de trazer soluções para pessoas cegas ou com baixa visão, a OrCam traz um dispositivo em formato de óculos que possui inteligência artificial, capturando imagens que estão em volta do usuário, transformando-as em sons e, de forma adaptada, descrevendo detalhadamente o espaço real. Além disso, o dispositivo faz o mesmo com os livros, transformando suas páginas em áudio. Através disso, ela traz ao usuário uma ampla experiência na vivência do ambiente por onde passa, possibilitando diferentes sensações, sentimentos e emoções, por conta de sua imaginação e audição.

    Um óculos preto retangular e ao lado direito tem um capturador de imagens.
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Kit Livre : No Brasil, com o baixo investimento de acessibilidade para pessoas com deficiência pelas ruas de cidades, a rotina de cadeirantes se torna árdua e angustiante. Por conta dessa problemática, a empresa Kit Livre, através de recursos tecnológicos, transforma cadeiras de rodas usuais em triciclos motorizados e elétricos. Além de ser utilizado no cotidiano, ele permite a prática de atividades esportivas e o lazer, podendo ser utilizado em áreas de diferentes níveis e terra, grama, asfalto, etc. O produto pode ser adquirido através da compra ou aluguel. Entretanto, por ser uma empresa privada, o custo para usufruir do equipamento é mais elevado.

    O Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luís Mendes comenta sobre a funcionalidade da cadeira elétrica da Kit Livre: “Do ponto de vista da funcionalidade, o triciclo elétrico facilita as atividades de vida diárias para pacientes cadeirantes, principalmente, paciente que apresentam dificuldade parcial ou total ao tocar a cadeira. Além disso, promove uma maior inclusão do paciente no contexto e participação perante a sociedade”.

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    (Imagem do site TIX LIFE)

    A-bLinX: Permitindo a realização de tarefas com o piscar dos olhos, o a-blinX funciona como um acionador e controlador de dispositivos digitais. Ele tem como objetivo o auxílio a pessoas que tiveram complicações e não possuem o movimento motor, mexendo apenas as pálpebras. Dessa forma, o aparelho estimula a comunicação do paciente e permite o melhor desenvolvimento em tarefas cotidianas, como as escolares. O a-bLinX possui uma interação com o Teclado Inteligente Multifuncional, o TIX, através de dispositivos tecnológicos. O sensor do óculos fica posicionado e capta o piscar dos olhos do usuário, transformando-o em um comando e traduzindo a mensagem de acordo com as configurações. 

    SENSOR DE PISCADELAS A-BLINX ********************************************************** Capta o piscar dos olhos para escrever no app TelepatiX ou controlar computadores pelo TiX. _________________________ CLIQUE PARA MAIS DETALHES
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Tobii: com o intuito de proporcionar melhor integração entre pacientes e equipes médicas, a Tobii cria soluções assistivas que integram pessoas com deficiência nas suas atividades cotidianas. Com a tecnologia, a comunicação de pessoas que apresentam limitação com a fala fica mais prática por meio do uso de aplicativos e equipamentos avançados. Assim, a empresa também desenvolve computadores, tablets e dispositivos acessíveis para o manuseio de pessoas com deficiência. 

    https://tix.life/wp-content/uploads/2021/03/tobii-300x169.jpg
    (Imagem do site TIX LIFE)


  • Pessoas com deficiência apontam falta de acessibilidade no Lolla

    Pessoas com deficiência apontam falta de acessibilidade no Lolla

    No mundo contemporâneo, os eventos e festivais reuniam diversas pessoas que promovem um intercâmbio cultural entre elas, por estilo musicais, artistas, pinturas, danças e outras expressões, existem vários detalhes que precisam ser observados na hora de realizar. Um deles é na acessibilidade, para as pessoas com deficiência, essa discussão precisa se ampliar para que a sociedade reflita e perceba o quanto é importante existirem espaços inclusivos e acessíveis para que as pessoas com deficiência tenham o direito de circular livremente e serem respeitados. No mês anterior, tivemos o Lollaplazooa que é dos maiores festivais de música do país, que reuniu mais 300 mil pessoas durante três dias, mas diversas pessoas com deficiência que foram para o festival relataram a falta de acessibilidade no evento.

    A jornalista e criadora de conteúdo, Maria Paula, 28 anos, relatou as suas experiências positivas e negativas durante o festival. Ela tem uma doença genética, nunca diagnosticada que se manifestou quando era criança com três anos, mas quando chegou na adolescência passou a usar a cadeiras de rodas. Com seu crescimento profissional como a primeira fotografa cadeirante a se consolidar no mercado brasileiro, também é modelo, atriz e ativista da causa da pessoa com deficiência, foi convidada por uma das marcas patrocinadoras para está no espaço vip. “ Fui muito bem recebida, com transporte acessível para eu ir e voltar no evento, no espaço vip tinha todo o acesso com rampas, elevadores funcionando e banheiros acessíveis”, afirma Maria.  

    Mas um das maiores preocupações de maria ao Lollapalooza era sobre a questões de acessibilidade, principalmente nos banheiros. “Então quando cheguei lá nesse espaço oferecido tinha toda acessibilidade, fiquei mais tranquila. Mas o evento não é só espaço vip, é um festival de música com mais de 20 atrações acontecendo vários artistas que eu amo, não queria ficar trancada no espaço vip, queria vivenciar o festival,” afirma Maria

    Mas a experiência de vivenciar o festival fora do espaço vip, ocorrem vários problemas pela falta de acessibilidade e Maria só conseguiu durante um dia inteiro assistir ao único show. “ O show de jonga foi único show que eu consegui ver, a distância de um palco para o outro é muito longa, também do palco para espaço vip muito longa, o local tem vários desníveis. No domingo também choveu e com isso ficou muita lama. O palco Ônix era impossível transitar e a produção estava zero preparada,” reclama a jornalista. 

    Maria cita vários erros da produção na parte de acessibilidade do festival, a área PCD (pessoa com deficiência) não tinha uma boa visibilidade para o palco, as pessoas ficavam assistindo através do telões os shows, a produção e as pessoas que trabalhavam no festival não sabiam passar informações, Maria e seu namorado chegaram a perguntar qual era o melhor caminho para chegar perto do palco e ninguém sabia informar e acabaram se deparando com escadas. “ A gente trombou com três lances de escadas, o bombeiro se prontificou em ajudar, eu e meu namorado. Quando chegamos lá em cima uma pessoa da produção solicitou um carrinho de golfe, ficamos esperando lá mais de horas o carrinho que nunca chegava,  desistimos de esperar e seguimos porque estava perto do show e estava começando a chover. Quando estamos indo para perto do palco, vimos vários artista e influenciadores utilizando o carinhos de golfe destinado para as pessoas com deficiência”.

    A jornalista também enfrentou problema na hora de sair do show. “Na saída do show de djonga para voltar para o espaço vip, nós víamos que tinha um espaço mais fácil pela área onde passava os carros e a produção quis impedir a gente de ir por ali. Então argumentamos que seria mais fácil o deslocamento. E aí o cara da organização do festival falou assim, olha você quer ir por aí então por sua conta em risco”. 

    Maria ficou se questionando se acontece algo com ela naquele percurso, não tinha importância? Também percebeu não tinha banheiros acessíveis fora do espaço vip e outra pessoas com deficiência que não tem o privilégio de esta em espaços vip? O que passaram para está naquele festival com falta de acessibilidade?

    Na divulgação do festival Lollapalooza Brasil, o marketing feito sobre acessibilidade contavam com vários serviços e dispositivos, como: acesso pcd pelo portão 7, área pcd com plataformas elevadas nos quartos palcos para assistir aos shows, carinho de golfe para fazer o transporte do portão 7 até o festival, interpretes de libras em cada plataforma elevada das pessoas com deficiência que fica na área dos palcos, áudio descrições através de um equipamento de transmissão que serão distribuídos por recepcionistas e um kit livre que é um equipamento motorizado que possui a função de transformar a cadeiras de rodas em um triciclo motorizado elétrico para locomoção nas dependências do autódromo de Interlagos.

    O festival trabalhou a informação que teria acessibilidade, chamando o público a também vivenciar a experiência do festival, mas, na prática, não aconteceu e essas situações sobre falta de acessibilidade relatadas são recorrentes em eventos e até no dia-a-dia. No Brasil, existem 45 milhões de pessoas com deficiência, representando 23% da população e acessibilidade é de extrema importância para garantir o acesso e a segurança. 

    A influenciadora digital, Giovana Massera, 25 anos, estudante de moda, modelo e influenciadora digital também conhecida por Toranja mecânica, também foi convidada para está Lollapalooza e acabou sofrendo com falta de acessibilidade colocando sua saúde em risco. “ Quando eu cheguei de van, o motorista não tinha informação e deixou a gente na entrada perto do palco Adidas, nessa entrada não tinha nenhuma ou estande para dar informações. Inclusive também não tinha o posto para pessoas deficientes. Esse posto ficava na outra entrada que estava do outro lado do autódromo, então eu tive que atravessar todo Autódromo para achar exposto e ter acesso às cadeiras, me fizeram subir várias escadas, pegar caminho errado e fazendo tudo isso a pé”. 

    Giovana tem Lúpus e a doença foi agressiva no seu corpo, com isso desde 12 anos lida com alguma limitações, para se locomover utilizar uma bengala e não pode andar longas distâncias. Quando conseguiu chegar no local não estavam disponibilizando os carrinhos de golfe, mas conseguiu pegar kit livre que era triciclo motorizado elétrico, que também não era apropriado para utilizar tem terrenos com muito desníveis, pode gerar riscos de acidentes. “ O triciclo elétrico estava com problema na ré e bateria que quase queimou a minha coxa. A cadeira atolava na lama e não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar sozinha, às vezes apareciam pessoas ao redor que disponibilizava para ajudar. Devido aos barrancos eu quase capotei com a cadeira e ela atolou na lama. Eu chorava de dor, de cansaço, desespero e não conseguia pisar no chão devido às dores”. 

    A sua experiência no Lollapalooza também com muito dificuldade devia a falta de acessibilidade, só conseguiu assistir um show, pontuou diversas pontos que festival deve melhora como: postos para as pessoas com deficiência em todas as entradas, cadeiras de rodas sem defeitos, carinhos de golfe funcionando para ir aos palcos, liberassem as parte cimentadas atrás do palco para quem está de cadeira ou simulassem uma estrada para cadeiras de rodas, banheiros maiores para pessoas com deficiência, treinassem a equipe de funcionários e orientassem melhor os bombeiros. 

    A falta de acessibilidade nos eventos está ligada ao Capacitismo estrutural que limita o direito ao acesso das pessoas com deficiência. A sociedade tem a concepção que as pessoas com deficiência vivem reclusa em casa, que não estudam, nem trabalham e também não saem para divertir. Atualmente, as pessoas com deficiência representam um 1% no mercado de trabalho formal, isso significa também o quanto é difícil do ponto vista poder aquisitivo da população com deficiência está presentes em eventos privados de custos elevados. 

    Por isso é tão importante trabalhos como da Maria e Giovana como influenciadoras digitais, para que as pessoas com deficiência sejam representadas e falem suas vivência para possamos transforma a sociedade mais inclusiva. “É de extrema importância que a gente ocupe todos os espaços, para que as pessoas entendam que nós existimos e temos vida ativa, que nós realizamos sonhos,  namoramos, trabalhamos, divertimos e também continuar se comunicando” afirma Maria paula. 


  • Turismo Acessível: Conheça 2 lugares no Recife

    Turismo Acessível: Conheça 2 lugares no Recife

    A acessibilidade, cada vez mais, tem sido pauta em diversos debates na sociedade brasileira. Há o entendimento da necessidade de promover oportunidades iguais a todos cidadãos. Em equipamentos culturais, a falta de investimento em prol do acesso universal à cultura ainda é uma barreira que pessoas com alguma deficiência (PcDs) têm de lidar diariamente. Em Recife, essa realidade não é diferente. Ainda assim, existem espaços culturais para visita e lazer turísticos adequados às pessoas com alguma deficiência. Confira abaixo 3 indicações:

    Cinemas
    Os cinemas saem na frente com relação à acessibilidade motora. Todas as salas de cinema da cidade, com exceção do Cineteatro Apolo, contam com espaços para cadeirantes. Um festival de filmes com acessibilidade, o VerOuvindo, acontece anualmente em Recife, geralmente no fim do ano.

    Museu do Estado
    Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; e aos fins de semana, das 14h às 17h. Entrada: R$ 5. Avenida Rui Barbosa, 960, Graças. O espaço apresenta rampas de acesso na calçada, na entrada e em todos os desníveis. Há um elevador disponível em um dos prédios. Embora não haja sinalização adequada, o museu dispõe de um livro em braile sobre o prédio histórico. Em breve, será criado um mapa do local em braile. Ele também mantém um banheiro para usuários de cadeira de rodas.

    Caixa Cultural Recife
    O local conta com três galerias de exposições, um teatro com capacidade para 202 espectadores e salas de oficina e dança. Aberto de terça-feira a domingo, das 12h às 20h. Entrada gratuita. Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife. O ambiente possui rampas de acesso na calçada, pela Rua do Bom Jesus, na entrada e em todos os desníveis. Apresenta também elevador, audiodescrição e Libras em algumas exposições e espetáculos e banheiro adaptado para usuários de cadeira de rodas.


  • Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Texto: Yuri Euzébio (Colaborador) | Imagem: Larissa Pontes

    Iniciando a 3° edição do Papo Eficiente, recebemos representantes de quatro iniciativas que abordam a causa da pessoa com deficiência. Essa edição do projeto traz, em uma série de encontros ao vivo, algumas iniciativas que abordam a inclusão da pessoa com deficiente em um papo para esclarecer suas ações e história.

    Essa primeira leva de encontros foi dividida em dois momentos: No primeiro, a mediadora Larissa Pontes reuniu o cineasta e estudante de Rádio e TV Emmanuel Castro, 34, militante pela diversidade e cofundador do Vale PCD (@pcdvale) com o jornalista Rafael Ferraz, 37, criador da página Jornalista Inclusivo no facebook, em 2017, e editor chefe do portal Jornalista Inclusivo.

    Rafael explicou que o Jornalista Inclusivo surgiu da sua busca por informações sobre o tema quando ficou tetraplégico, em 2011, e de uma percepção da carência de espaço para esse assunto. “Era uma época em que as redes sociais estavam começando a crescer, mas as informações não eram tão fidedignas, então eu, com meu olhar jornalístico, entendia que toda a pesquisa que tinha feito ao longo dos anos necessitava de um compartilhamento, então no facebook eu criei a página onde compartilhava matérias de sites mais confiáveis”, explicou. Durante a pandemia, a página virou site, no ar há um ano.

    Já o Vale PCD surgiu de uma observação de Emmanuel da ausência das pessoas com a deficiência em espaços de lazer. “A partir de 2016, eu saía muito pras baladas, festas, bares e não via muita gente com deficiência nesses espaços. Eu sentia muita falta, porque eu via gente de todo tipo, menos pessoas com deficiência, e o Vale PCD surge dessa ausência. Quando eu conheci Priscila, ela tem nanismo, nós saíamos muito e isso também incomodava ela”, disse. “Quando fomos saber o porquê disso, descobrimos que havia falta de informação sobre a acessibilidade dos locais, então foi aí que resolvemos criar o projeto”, completou.


    Durante a conversa, tanto Rafael quanto Emmanuel mostraram incômodo com as abordagens da mídia tradicional às pautas da pessoa com deficiência. E relataram como os trabalhos deles impactaram na vida das pessoas e as mudanças na sociedade ao longo dos anos.


    No segundo momento da live, a mediadora recebeu Elizabete de Lima, 25, formada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Pós-graduada em políticas sociais com ênfase na família pela Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí (FATEC), representando o Nanismo Brasil, e Andressa Linhares, que se formou em Relações Públicas na Universidade Federal do Maranhão(UFMA) e Fundadora do Comunica PCD, que foi criado em 2020.


    O Comunica PCD surgiu de uma pesquisa realizada por Andressa sobre a falta de comunicação na sua universidade entre as pessoas com deficiência e para as pessoas com deficiência. O projeto rompeu a bolha da universidade e, atualmente, é referência no meio digital. Já Elizabete explicou o contexto do surgimento do Nanismo Brasil e os desafios de representar a pessoa com nanismo. A conversa, na íntegra, está disponível na página do Instagram dos Eficientes e conta com tradução simultânea em Libras.

    Confira o Papo Eficiente completo no nosso Instagram (@eficientes_) !

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  • Você sabe o que é texto alternativo?

    Você sabe o que é texto alternativo?

    Você que navega pelo Instagram, já deve ter notado em páginas governamentais, oficiais ou mesmo de algumas celebridades mais conscientes como Juliette, vencedora do último BBB, a tag #PraTodosVerem.

    Pois bem, trata-se de um texto alternativo. É o texto escrito que aparece no lugar da imagem quando ela não consegue ser carregada em um site. Este texto ajuda ferramentas de leitura de tela a descrever imagens para deficientes visuais e ainda permite que mecanismos de pesquisa rastreiem e classifiquem a postagem.

    No Instagram, a ferramenta existe desde 2018 e foi anunciada como um passo firme da plataforma em busca de acessibilidade na comunicação. “Com mais de 285 milhões de pessoas no mundo com deficiências visuais, sabemos que há muitas pessoas que poderiam se beneficiar de um Instagram mais acessível.”

    Engana-se quem pensa que o recurso foi criado pelo aplicativo do Meta, na verdade, ele é um velho conhecido de toda a Web, utilizado para substituir uma imagem quando ela não pode ser carregada por conta da conexão da Internet do usuário e também pra quando este usuário é uma pessoa com deficiência.

    De forma direta, o texto alternativo existe para substituir uma imagem. Quando pensamos em acessibilidade, o recurso acaba tendo um propósito ainda maior, já que possibilita a absorção do conteúdo por todos os usuários.
    Pessoas com deficiências visuais usam leitores de tela com tecnologia assistiva como o Voice Over (iOS) e TalkBack (Android) para conseguir ler textos nas redes sociais. A tecnologia, porém, esbarra nas imagens e vídeos, já que não há uma forma precisa de identificar o que há no conteúdo e repassar para o usuário.

    Para tentar burlar essa lacuna dos sistemas, muitos perfis nas redes sociais adotaram a hashtag #PraCegoVer, que consiste em descrever as imagens e vídeos de uma publicação para que os leitores de tela possam ler isso pro usuário, que assim consegue absorver todo o conteúdo. Com o advento do texto alternativo, já é possível fazer isso com as ferramentas da própria plataforma.

    Apesar de muitos usuários ainda não saberem da existência do recurso, ele é fundamental para uma comunicação mais acessível e que atinja todos os públicos de forma fácil e simples.


  • Conheça três artistas com deficiência

    Conheça três artistas com deficiência

    Arte e cultura são direitos garantidos das pessoas com deficiência pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que está inserida dentro da Constituição Federal. Apesar disso, a carência de espaços culturais com acessibilidade, a ausência de iniciativas públicas para fomentar a acessibilidade, a desinformação e o desinteresse de iniciativas públicas e/ou privadas dificultam o acesso e as produções para as pessoas com deficiência. Deste modo, uma parcela importante deste grupo encontra limitações que as impede de se engajar culturalmente e contribuir diretamente para a efetiva inclusão.


    Medidas simples como a criação e o desenvolvimento de políticas públicas, o investimento em acessibilidade, a ação de iniciativas privadas e o consumo das produções dos artistas com deficiência são formas de democratizar o circuito cultural.


    Reflita: quantos artistas com deficiência você conhece, acompanha ou investe? Pensando nisso, preparamos uma lista com artistas brasileiros para você conhecer:


    Emílio Figueira
    Emílio é escritor e cientista, e já publicou 74 livros e escreveu outros 76. O autor tem paralisia cerebral, causada por uma asfixia durante o parto. O seu primeiro livro – um compilado com 56 poesias românticas – foi publicado quando tinha 16 anos.


    Hebert Vianna
    Vocalista, guitarrista e principal compositor do grupo Os Paralamas do Sucesso, um dos grupos-base do rock brasileiro, Herbert Vianna sofreu um acidente aéreo no dia 4 de fevereiro de 2001, em Mangaratiba, RJ, quando o ultraleve que pilotava caiu no mar, após uma tentativa de executar um looping. Ele estava acompanhado de sua mulher, Lucy, que morreu no acidente. O músico ficou internado durante 44 dias, parte deles em estado de coma, e ficou paraplégico, além de perder parcialmente a memória. Mesmo após o acidente, o líder da banda retomou a sua carreira e continua compondo e cantando com seus amigos dos Paralamas.


    Ronaldo Cupertino da Silva
    A arte na vida de Ronaldo Cupertino surgiu após um acidente sofrido ao mergulhar nas águas rasas de um riacho. Ele ficou tetraplégico, em 1992. Depois de alguns anos, começou a pintar e escrever com a boca, e não parou mais. Assim, o artista se inspira nas formas da natureza e na utilização de cores em tinta para criar as suas obras.


  • História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    Por muito tempo, pessoas surdas foram excluídas dos ambientes educacionais. Foi apenas com o Abade de L’Épée que esse cenário mudou. Através de um destaque maior à língua gestual, de L’Épée fez com que o ensino alcançasse mais do que apenas alguns nobres e respeitasse as características dos não-oralizados.

    No Brasil, foi graças a Dom Pedro II que a educação dos surdos teve o seu início. Por conta de seu neto surdo, o imperador convidou o francês Eduard Huet, surdo, para ensinar no país. Em 1857, Eduard veio ao Brasil e fundou aquilo que viria a ser conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos – o famoso INES.

    A Língua Brasileira de Sinais, popularmente conhecida como Libras, foi criada em conjunto com o INES. Sua base tem origem na Língua Francesa de Sinais e também em gestos já usados cotidianamente no Brasil. 

    Apesar de existir há muito tempo, muitos ainda acreditam que a Libras é uma versão gestual da língua portuguesa. Ela, assim como as outras línguas de sinais, possui gramática, vocabulário e até sotaque próprios. Atualmente, existem mais de 200 línguas de sinais utilizadas ao redor do mundo e cada uma possui suas próprias particularidades e regras!

    Em 1880,  em um congresso sobre surdez em Milão, foi proibido o uso das línguas de sinais, por acreditarem que a oralização faria com que os surdos tivessem uma maior integração na sociedade. Essa ideia continuou sendo defendida por cerca de 100 anos, e, apesar disso, os não-ouvintes continuaram a se comunicar por sinais.

    Em 1993, a comunidade surda buscava um projeto de lei que regulamentasse o idioma no Brasil. Mas apenas em 2002 que a Língua Brasileira de Sinais foi finalmente reconhecida como uma língua no Brasil. Essa demora reflete o preconceito que muitas vezes fica velado na sociedade. 

    Desde que a Libras foi reconhecida como uma língua oficial, a comunidade surda vem conquistando mais direitos, como a lei que determina o uso de recursos visuais e legendas nas propagandas oficiais do governo, a instituição do Dia Nacional do Surdo e a Lei Brasileira de Inclusão.

    Mesmo com essas conquistas, as línguas de sinais são pouco conhecidas pelas pessoas ouvintes. Para mudar essa realidade, é preciso que haja uma maior conscientização e uma busca daqueles que ouvem por entender as vivências e as realidades dos surdos que os cercam. 


  • Projeto de Mapeamento da Acessibilidade no TRE-PE

    Projeto de Mapeamento da Acessibilidade no TRE-PE

    A democracia é um regime político em que todos os cidadãos participam igualmente, diretamente ou elegendo um representante através do voto. Então, é muito importante que todos os cidadãos consigam ter acesso aos locais de votação. O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) lançou um projeto de inclusão, que é o mapeamento da acessibilidade nos locais de votação no estado de Pernambuco.
    De acordo com IBGE, no censo 2010, existem em Pernambuco 2.426.106 milhões de pessoas com deficiência (PCD’s). A justiça eleitoral em Pernambuco possui 3.500 locais de votação, totalizando 21 mil seções. De acordo com o membro da Comissão de Acessibilidade do TRE-PE, Acácio Leite, “os maiores desafios da justiça eleitoral é que os prédios utilizados não são da justiça eleitoral, são poder público e privados que são cedidos pelas prefeituras, escolas, universidade federais e governo do estados. O grande desafio é sensibilizar os responsáveis pelo prédio que seja, governo estadual ou municipal. Implementar esses recursos nos prédios, como: rampas de acesso, banheiro com acessibilidade”.
    O projeto tem o objetivo de mapear todos os locais de votação do estado de Pernambuco
    até as eleições de 2024. O mapeamento será feito por meio de visitas aos locais, para
    verificar a existência – ou não existência – de acessibilidade. Contará também, com registros
    fotográficos de todas as falhas apresentadas, além de relatórios realizados pelo juízo
    eleitoral que, posteriormente, serão enviados aos responsáveis de cada organização.
    A justiça eleitoral, contabiliza diversas acessibilidades disponibilizadas às pessoas com
    deficiência, para que tenham acesso ao direito ao voto, são elas:

    – Formulário para Inscrição em Seção com Acessibilidade:
    As pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida têm o direito a votar em uma seção
    eleitoral com acessibilidade, que oferece infraestrutura adequada, como rampas de acesso,
    portas de largura adequadas a cadeirantes e banheiros adaptados. A inscrição nesse tipo
    de seção, porém, não é automática, devendo o cidadão solicitá-la diretamente no cartório
    ou por meio de formulários, distribuídos no dia da eleição.

    – Coordenador de Acessibilidade:
    Na data da eleição, cada local de votação conta com um coordenador de acessibilidade,
    identificado com camiseta específica, no intuito de verificar as condições do local. O
    coordenador tem o dever de auxiliar na remoção de barreiras físicas simples e quaisquer
    outras adaptações passíveis passíveis de serem executadas a tempo da votação. Este,
    atua também no atendimento ao público com deficiência ou mobilidade reduzida no dia do
    pleito.

    – Coordenador de LIBRAS:
    Além do coordenador de acessibilidade, muitos locais onde votam eleitores surdos ou com
    deficiência auditiva também têm à disposição um coordenador de LIBRAS (Língua Brasileira
    de Sinais). Esses colaboradores atuaram, no pleito de 2018, nos municípios em que os cartórios eleitorais firmaram parcerias com instituições que prestam atendimento a esse público.

    – Urna eletrônica:
    Desde a primeira versão da urna eletrônica, utilizada no pleito municipal de 1996, a Justiça
    Eleitoral implementou recursos que possibilitaram o exercício do voto por todos os cidadãos
    brasileiros. Nesse contexto, as adaptações feitas nas urnas ao longo dos anos tiveram
    como objetivo a garantia do direito ao voto.

    -Sistema Braille:
    Todas as urnas eletrônicas estão preparadas para atender pessoas com deficiência visual.
    Uma vez que, o teclado do terminal do eleitor apresenta os números em sistema braille,
    além de ponto de referência no número 5, o que orienta àqueles que não leem em braille.

    – Fones de Ouvido:
    É oferecida, ainda, a possibilidade de utilizar-se fones de ouvido, para que o eleitor cego ou
    com deficiência visual receba sinais sonoros com indicação do número a ser escolhido.

    – Auxílio na Votação:
    Em algumas situações, o eleitor precisa de auxílio para votar e pode entrar na cabine com
    um acompanhante. A situação dependerá da avaliação do presidente da mesa, autoridade
    máxima no local. Nas seções eleitorais, é permitido, ainda, o ingresso do eleitor com
    deficiência visual acompanhado de cão-guia, sem o prejuízo de poder ser auxiliado por uma
    pessoa de sua confiança, se assim o desejar.


  • Serviço de Intérprete de Libras

    Stanney Soares Nascimento
    Tradutor e Intérprete de Libras – INEL
    Graduando em letras libras pela Universidade do Estado do Pará – UEPA

    Contatos:

    Telefone: (94)98199-9985
    Email: stanneysn@gmail.com


  • Criação do sistema Braille e sua chega ao Brasil

    Criação do sistema Braille e sua chega ao Brasil

    A imagem é uma pintura do retrato de Louis Braille que era um homem branco, com cabelo curto e castanho. Está vestindo uma  capa, debaixo tem um terno verde e dentro uma camisa branca.
    FOTO: REPRODUÇÃO/HTTP://BRAILLEBUG.ORG/

    Em 1824, Louis Braille aos 15 anos, criou o sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas com deficiência visual. Sua história começa aos três anos, brincando na oficina do seu pai feriu o olho esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo, causando grave hemorragia. Quando estava com cinco anos, a infecção atingiu o outro olho e ocorreu a cegueira total. 

    Mesmo com a perda da visão conseguia aprender muito bem na escola. Aos 10 anos conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, a primeira escola para cegos do mundo. Na Instituição, o ensino consistia em fazer os alunos repetirem as explicações e os textos ouvidos.

    Preocupado com seus estudos e com a criação de um sistema para as pessoas cegas, conseguiu criar um sistema que consta do arranjo de seis pontos em relevo, dispostos na vertical em duas colunas de três pontos cada, no que se convencionou chamar “cela braille”.  A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63 combinações ou símbolos para escrever textos em geral, anotações científicas, partituras musicais, além de escrita estenográfica. 

    O Braile chegou ao Brasil através de José Álvares de Azevedo que nasceu cego e era filho de Manuel Álvares de Azevedo, uma família rica do Rio de Janeiro. Seus pais sempre muito preocupados, procuravam os melhores tratamentos, decidiram enviar José Alvares para estudar na única escola especializada na educação de cegos que havia no mundo naquela época — o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. O menino frequentou a escola, na condição de interno, dos 10 aos 16 anos, obtendo aproveitamento máximo em todas as disciplinas, segundo o relato de João Pinheiro de Carvalho, ex-aluno da escola de Paris e viria mais tarde a lecionar no Instituto Benjamin Constant.

    Quando José Álvares retornou ao Brasil em 1850, tinha vontade de ensinar o sistema e criar uma escola semelhante, em que poderia estudar. Para conseguir realizar seu objetivo, saiu dando palestras em todos os lugares como casas de famílias ou nos salões da corte. Já mostrava naquela época seu próprio exemplo de vida que era possível incluir as pessoas com deficiência visual se disponibilizarem recursos para elas. Foi o primeiro professor especializado no ensino de cegos no Brasil, com isso teve a oportunidade de se aproximar de D.Pedro II que ficou impressionado e sensibilizado pela causa e deu início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos — hoje, Instituto Benjamin Constant.

    Mas José Álvares, não conseguiu ver o seu sonho se tornando realidade, seis meses antes da inauguração, ficou doente de tubérculo e acabou falecendo aos 20 anos em 1854. O Instituto passou a crescer ao longo dos anos, aceitando diversos alunos de diversas regiões do Brasil, após dez anos, passou a ser chamado Instituto Nacional dos Cegos, mas em fevereiro de 1891, mudou de nome novamente para  Instituto Benjamin Constant.

    O Instituto tem 167 anos é referência nacional na educação e capacitação profissional de pessoas cegas, com baixa visão, surdocegas ou com outras deficiências associadas à deficiência visual. Faz capacitações de profissionais públicos e privados, reabilitação para pessoas que perderam a visão, é um centro de pesquisas no campo da oftalmologia e da educação especializada, também possui um dos programas de residência médica mais respeitados do país, com isso fazem atendimento médico à população, realizando: consultas, exames e cirurgias oftalmológicas.

    Eles também contam com a Imprensa Braile, que é o maior parque especializado em produção Braile, que começou seus primeiros trabalhos em 14 de agosto de 1857 com oficinas de tipografia e encadernação. Atualmente, eles editam, imprimem livros e revistas para pessoas cegas e com baixa visão, além de contar com um farto acervo eletrônico de publicações científicas.