Em dois dias, o evento reuniu estudantes, jornalistas, profissionais da tecnologia e pessoas com deficiência de forma presencial e online em torno da pauta da acessibilidade comunicacional e o futuro da tecnologia assistiva
Nos dias 8 e 9 de março, Recife foi palco do Congresso Inova.aê, evento pioneiro no Brasil voltado à acessibilidade comunicacional e ao futuro da tecnologia assistiva. Em dois dias intensos de atividades, mais de 900 pessoas foram impactadas presencialmente e online — entre jornalistas, comunicadores, estudantes, profissionais de tecnologia, design e acessibilidade, além de pessoas com deficiência.
Foram realizadas rodas de conversa, oficinas, aulas e conexões que reuniram cerca de 35 palestrantes, brasileiros e internacionais, abordando 12 temas fundamentais, como design inclusivo, audiodescrição no audiovisual, inclusão digital, acesso à informação e construção de uma sociedade anticapacitista.
“A primeira edição do nosso congresso nos mostrou saldos muito positivos. Reunimos mais de 900 pessoas para discutir a importância da acessibilidade comunicacional e aprender práticas acessíveis de construção de conteúdo jornalístico e de projetos com base tecnológica, temas que estavam na invisibilidade e não eram prioridades nas empresas”, afirma Larissa Pontes, diretora-executiva da Inova.aê.
Além das palestras e oficinas, o evento promoveu o Ideathon de Acessibilidade Comunicacional e Tecnologia Assistiva, reunindo 24 participantes das áreas de comunicação, design e tecnologia. Com apoio de 8 mentores especializados e uma banca avaliativa composta por cinco pessoas — incluindo jornalistas, pessoas com deficiência e especialistas em inovação — o desafio premiou a equipe “Diversideias”, que criou um chatbot com curadoria de conteúdo acessível. O grupo recebeu R$ 1.000 para desenvolvimento da proposta.
“É importante reforçar que garantir acesso à informação para todas as pessoas, sejam elas com deficiência ou não, não é um favor, mas sim um direito constitucional. Há 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e 1% dos sites são acessíveis. Ou seja, quando não garantimos acesso de qualidade às notícias jornalísticas através da construção de portais e de projetos e produtos em comunicação acessíveis à este grupo, estamos contribuindo para a desinformação de uma comunidade expressiva de pessoas”, pontua a diretora de Projetos da Inova.aê, Mariana Clarissa.
Acessibilidade na prática
Para a realização do evento, foi necessário adaptar o espaço Apolo 235, com a construção de uma rampa de acesso ao palco, reorganização de mobiliário e aproveitamento da estrutura já existente (como elevadores e piso tátil). Além disso, toda a programação presencial e online foi planejada com acessibilidade: audiodescrição, Libras, linguagem simples e legendas fizeram parte das transmissões, disponíveis no YouTube do Portal Eficientes.
No total, o evento contou com 29 profissionais envolvidos diretamente nas áreas de produção, comunicação, interpretação e acessibilidade, além de 12 voluntários.
O Congresso Inova.aê foi financiado pelo edital “Acelerando Negócios Digitais”, fruto da parceria entre o ICFJ (International Center for Journalists) e a Meta. Também recebeu patrocínio da Enóis e da Abraji, além do apoio institucional do SENAC, que cedeu o espaço do Apolo 235.
Ao todo, 32 organizações e iniciativas se somaram ao projeto, entre elas: AJOR, Mercado Adaptado, Inklua, Fundação Dorina Nowill, Vale PCD, Web para Todos, Porto Digital, Jornalista Inclusivo, Prefeitura do Recife, Cesar School, TV Surdo, Associação Pernambucana de Cegos, Escola de Gente, Data_Labe, Acessibilindígena, Periferia em Movimento, Armazém da Criatividade, entre outras.
O Carnaval do Recife é reconhecido por sua diversidade cultural, atraindo multidões para os polos de festa espalhados pela cidade. No entanto, para as pessoas com deficiência, a experiência da folia ainda esbarra em desafios estruturais e comportamentais, apesar dos avanços nos últimos anos.
Em 2025, a Prefeitura do Recife manteve a reserva de espaços acessíveis nos principais polos, incluindo o Marco Zero, epicentro da festa. O Camarote da Acessibilidade foi posicionado em um local com visão privilegiada para o palco e com banheiros adaptados. No entanto, o acesso à estrutura teve falhas na execução.
Para a cobertura jornalística da folia de Momo, o Portal Eficientes credenciou a jornalista Pâmela Melo, uma mulher que usa cadeiras de rodas. Ser a primeira jornalista com deficiência a cobrir o Carnaval do Recife foi uma experiência marcante para Pâmela, repleta de desafios e conquistas. Para ela, o momento simbolizou a possibilidade real de pessoas com deficiência exercerem a profissão para a qual se qualificaram, mesmo diante de inúmeras barreiras.
No entanto, a jornalista enfrentou dificuldades. O primeiro obstáculo enfrentado pela profissional foi a chegada ao espaço reservado à imprensa. Embora a organização tenha disponibilizado carros adaptados que saiam da Prefeitura do Recife, no bairro do Recife, e uma entrada exclusiva para a imprensa, a ausência de informação, sinalização e comunicação entre os funcionários do órgão municipal dificultou o acesso e o deslocamento, obrigando Pâmela a enfrentar a multidão para entrar e sair do local.
Na entrada do credenciamento para imprensa e convidados, não havia rampa para o acesso ao espaço. Para receber a pulseira de acesso, foi preciso que Pâmela esperasse na parte de fora os funcionários responsáveis pela entrega do item. Para acessar a área reservada, ela precisou se deslocar mais a frente, já próximo ao palco principal, e entrar no acesso destinado a pessoas com deficiência que receberam o direito de participar dos shows como folião.
Dentro do espaço, a equipe da Eficientes iniciou os trabalhos para a cobertura jornalística e nesse momento Pâmela logo identificou outra dificuldade, desta vez relacionada à falta de reconhecimento profissional. Ela percebeu que alguns colegas da imprensa não a consideravam como uma profissional no exercício de sua função, ignorando sua presença e dificultando seu trabalho. Além disso, no primeiro dia de evento, mesmo credenciada, precisou passar por uma verificação adicional para comprovar que era jornalista – um obstáculo que, segundo ela, evidencia o preconceito ainda existente. “Muitos jornalistas quando me viram pela primeira vez atuando, cobrindo carnaval, não entenderam que eu era uma profissional ali. Elas passavam na minha frente, impedindo que conseguisse entrevistar, elas não me davam espaço. Logo no primeiro dia, na quinta-feira, eu estava com a credencial do jornalista e não pude adentrar ao local porque tiveram que verificar realmente se eu era jornalista. Além disso, uma assessora de imprensa achou que eu queria tirar foto com um artista, quando na verdade meu intuito era entrevistá-lo para o Portal”, contou Pâmela.
Apesar dos desafios, Pâmela destaca que a experiência foi enriquecedora e reforçou a importância de abrir caminhos para que mais pessoas com deficiência tenham acesso e respeito no mercado de trabalho jornalístico. “Os pontos positivos foi ver que a pessoa com deficiência pode sim exercer a sua profissão, mesmo diante de tantas barreiras, e que há projetos que abrem caminhos para que as pessoas com deficiência consigam chegar até lá. E foi o que o Eficientes fez. Abriu portas para que eu conseguisse chegar até lá, ser a primeira pessoa com deficiência a cobrir o Carnaval do Recife”, pontua. “Além disso, foi bastante divertido conseguir me aproximar de pessoas que normalmente eu não teria acesso no dia a dia, como artistas, pessoas socialmente conhecidas, politicamente conhecidas. O cantor Chico César, por exemplo, sabiamente pediu um banco pra se sentar, pra ficar na altura, já que sou uma usuária de cadeira de rodas. E eu consegui entrevistá-lo e sem precisar me esticar. Isso foi algo bastante legal, foi uma atitude muito consciente como cidadão, como pessoa, mas foi o único que fez isso”, completou.
A acessibilidade no palco principal do Carnaval do Recife ainda apresenta desafios
Se, por um lado, a iniciativa de reservar um local para pessoas com deficiência no palco principal do Marco Zero é um avanço, por outro, a execução revela que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma experiência realmente inclusiva. A dificuldade de locomoção até o espaço, a falta de um suporte adequado e a necessidade de disputar espaço com pessoas sem deficiência, principalmente na abertura do Carnaval, onde ainda não tinha sido montada a estrutura reservada, tornaram a folia no palco principal do Marco Zero um desafio. O que deveria ser um ambiente seguro e confortável para PCDs acabou gerando momentos DE desconforto.
Esse foi o primeiro Carnaval da xxx Mariane Zeni após a pandemia da Covid-19. Ela destaca pontos positivos na iniciativa, como a proximidade do palco e a presença de intérpretes de Libras. Mas, ela destacou a necessidade de melhorias no conforto do espaço, como a inclusão de abafadores de som e uma cobertura para proteger da chuva. “Achei que o espaço teria uma cabine coberta, talvez pudesse ser algo a ser pensado para a próxima vez. Nem que fosse uma cobertura plástica, de forma que não atrapalhasse a visibilidade de quem estivesse atrás. Poderia haver mais espaço para pessoas com deficiência motora também e um acesso mais próximo para quem chega de ônibus ou carro. Mas, de modo geral, é bem possível que eu volte no próximo ano e participe de algum sorteio para novo acesso ao camarote”, conclui.
Já para o xx Eduardo Nicácio, que também tentou acessar o espaço reservado, a experiência foi frustrante. Ele relata que, ao chegar ao local, foi informado de que não poderia entrar, mesmo tendo direito ao acesso. “Quando cheguei, fui informado de que não haveria possibilidade alguma de entrada para mim e para as outras pessoas que estavam ali. Mais tarde, soube que alguns foram liberados porque houve desistências, mas, inicialmente, não recebemos qualquer orientação ou acolhimento”, conta.
Eduardo saiu de sua residência, na zona sul do Recife, utilizando transporte público. Ao chegar ao Marco Zero, enfrentou dificuldades para localizar o espaço de acessibilidade devido à falta de informações e orientação. “Eu sou uma pessoa com deficiência visual e não havia qualquer suporte para auxiliar no deslocamento. Inclusive, muitas pessoas que trabalhavam no evento sequer sabiam da existência do camarote da acessibilidade”, explica.
Além disso, Eduardo criticou a falta de organização na liberação de vagas espontâneas no espaço reservado. “Cheguei cedo, antes das 18h, e fui informado de que não havia mais vagas. No entanto, um colega que chegou depois conseguiu entrar pela demanda espontânea. Como isso acontece? A gente não procura ser tratado como coitadinho, apenas queremos ter nossos direitos respeitados”, desabafa.
A experiência frustrante se estendeu até a tentativa de registrar uma reclamação formal. “Procurei a ouvidoria para relatar o ocorrido, mas a receptividade foi zero. No fim, tive que me afastar da área porque, para uma pessoa com mobilidade reduzida, era impossível transitar próximo ao palco devido à multidão”, lamenta.
As experiências de Mariane e Eduardo reforçam a necessidade de um planejamento mais detalhado, que envolvam pessoas com deficiência desde a concepção dos espaços acessíveis até sua execução. Afinal, acessibilidade não é apenas um direito, mas um fator essencial para que todos possam aproveitar a maior festa popular do Brasil em igualdade de condições.
Por: Equipe Eficientes Foto: Wesley D’Almeida/ PCR
Para garantir que a locomoção dos foliões com deficiência com conforto e segurança, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência (SJDH), oferecerá transporte acessível para pessoas com deficiência através do Programa PE Conduz. O serviço realizará viagens para diversos blocos e camarotes até 15 de março e disponibilizará 30 vans adaptadas, que farão mais de 100 viagens ao longo do Carnaval.
O transporte atenderá foliões nos principais polos de folia – Recife, Olinda, Caruaru e Bezerros – e outros polos carnavalescos, como Vitória, Timbaúba, Garanhuns, Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Goiana, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista, Paudalho e São Lourenço da Mata.
Confira a agenda do PE Conduz no Carnaval 2025
01/03 – Camarote do Galo da Madrugada, das 8h às 17h
01 a 04/03 – Camarotes de Olinda, das 8h às 17h
01 a 04/03 – Camarote Carvalheira, das 15h às 22h
02/03 – Camarote de Bezerros, das 10h às 14h
15/03 – 12º Aniversário do Praia Sem Barreiras, das 8h às 13h
PE Conduz – O PE Conduz é um programa que promove a mobilidade da população com deficiência em Pernambuco. Além de atender deslocamentos para consultas médicas, o serviço também garante o direito de participação em eventos culturais e sociais. Em 2024, o programa realizou mais de 81 mil viagens.
Sorteio das 160 vagas será realizado na quarta-feira, garantindo mais inclusão no maior bloco do mundo
Por: Larissa Pontes
A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, prorrogou as inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada até amanhã (26). Pessoas com deficiência e autistas que desejam acompanhar o desfile do maior bloco de Carnaval do mundo, com conforto e segurança, podem se inscrever pelo aplicativo Conecta Recife ou pelo site camarotedaacessibilidade.recife.pe.gov.br.
O sorteio das 160 vagas disponíveis será realizado no mesmo dia, às 14h, e poderá ser acompanhado ao vivo pelo canal da TV Conecta Recife no YouTube. Os critérios de participação são os mesmos do Camarote da Acessibilidade do Marco Zero, incluindo a necessidade de comprovação de residência no Recife e documento que ateste a deficiência ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Estrutura e funcionamento
O Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada será instalado no Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, e funcionará no dia 1º de março, das 8h às 17h. O espaço foi projetado para garantir uma experiência inclusiva, permitindo que pessoas com deficiência e seus acompanhantes curtam a festa de forma segura e confortável.
Para facilitar o deslocamento, a Prefeitura disponibilizará vans acessíveis para usuários de cadeiras de rodas e pessoas com mobilidade reduzida. Os veículos sairão da Praça do Derby, próximo ao laboratório Marcelo Magalhães, às 7h, levando os participantes diretamente para o camarote.
Com essa iniciativa, o Recife reforça seu compromisso com a acessibilidade e a igualdade de oportunidades no Carnaval, garantindo que todos possam celebrar a festa mais popular da cidade com dignidade e inclusão.
Interessados devem se inscrever pelo Conecta Recife até quarta-feira (26); sorteio das vagas será realizado no mesmo dia
Por: Larissa Pontes
A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, abriu inscrições para o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero, garantindo mais inclusão durante o Carnaval. Pessoas com deficiência e seus acompanhantes podem se inscrever até as 10h da próxima quarta-feira (26) pelo aplicativo Conecta Recife ou pelo site camarotedaacessibilidade.recife.pe.gov.br.
Pela primeira vez, a distribuição das vagas será feita por sorteio, democratizando o acesso ao espaço exclusivo. O resultado será divulgado às 14h do mesmo dia, por meio de transmissão ao vivo no canal da TV Conecta Recife no YouTube. No total, serão disponibilizadas 50 vagas por noite, sendo 25 para pessoas com deficiência e 25 para seus acompanhantes.
Critérios para participação
Para concorrer a uma vaga, é necessário:
Ser residente do Recife e apresentar comprovante de residência;
Possuir documento ou laudo médico que comprove a deficiência ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA);
Ter no mínimo 14 anos (o acompanhante deve ser maior de idade);
Estar com os dados atualizados no Conecta Recife.
Os sorteados deverão apresentar documento com foto no dia do evento, e o acompanhante também precisará levar um documento de identificação.
Polo da Praça do Arsenal também terá área acessível
Além do espaço acessível no Marco Zero, o polo da Praça do Arsenal também contará com uma área reservada para pessoas com deficiência. Nesse caso, não será necessária inscrição prévia nem sorteio. O funcionamento será por demanda espontânea, e o acesso será organizado pela Central de Direitos Humanos, localizada próxima ao palco. No local, um agente de Direitos Humanos fará a condução das pessoas até a área reservada.
Serviços de acessibilidade garantidos
Os polos do Marco Zero e da Praça do Arsenal contarão com serviços de audiodescrição e tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ao longo dos shows do Carnaval 2025. A audiodescrição garantirá que pessoas com deficiência visual tenham acesso a informações visuais do evento. Já a tradução em Libras assegurará que pessoas surdas compreendam os conteúdos e exerçam plenamente seu direito à informação e cultura.
Transporte acessível durante o Carnaval
Para garantir a mobilidade dos contemplados, a Secretaria de Direitos Humanos e Juventude disponibilizará vans acessíveis para o deslocamento até o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero. Os veículos sairão da sede da Prefeitura do Recife e levarão os sorteados até a entrada do camarote. O serviço gratuito funcionará diariamente a partir das 18h, durante todo o Carnaval.
Concurso aconteceu durante o Carnaval do Praia sem Barreiras, na praia de Boa Viagem, e celebrando a inclusão e a diversidade na folia.
Por: Larissa Pontes / Foto: Hélia Scheppa / PCR
O Carnaval da Pessoa com Deficiência 2025 já tem seus novos representantes: Edilene Ferreira, de 31 anos, e Ivan Soares, de 51 anos, foram eleitos Rainha e Rei da pessoa com deficiência do carnaval do Recife. O concurso, que está em sua quarta edição, foi realizado no último sábado (22.02) na Praia de Boa Viagem, próximo ao posto 7, integrando as atividades do projeto Praia sem Barreiras. Cada um dos vencedores recebeu um prêmio de R$ 5 mil.
“Estou muito feliz, eu adoro dançar”, celebrou Edilene, logo após a coroação. Ivan também comemorou: “Está tudo muito bonito e organizado”.
A edição deste ano do Carnaval do Praia sem Barreiras trouxe frevo ao som das orquestras Luzes da Folia e Som de Pernambuco, além do tradicional banho de mar assistido e um café da manhã especial. O evento gratuito, promovido pela Prefeitura do Recife por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, é realizado desde 2014 para garantir que pessoas com deficiência aproveitem o lazer na praia com conforto e segurança.
O secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife, Marco Aurélio Filho, destacou a importância da iniciativa. “Neste ano, estamos reforçando a mensagem de um Carnaval de Direitos. Queremos mostrar que o Recife está preparado para todos. Um carnaval tão democrático também é o carnaval da acessibilidade.”
Adriane Mendes, gerente de Governança Social e Ambiental da UNINASSAU, parceira do projeto, também ressaltou o impacto da ação. “Celebramos a inclusão, a cultura e a alegria contagiante do Carnaval. O Praia sem Barreiras reafirma nosso compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária.”
Entre os jurados do concurso estiveram a cantora Nega do Babado, Bráulio Moura, da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, Helder Novaes, da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e Cibelle Dantas, do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
O Praia sem Barreiras disponibiliza banho de mar assistido para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, utilizando cadeiras anfíbias e esteiras removíveis para facilitar o acesso à areia e ao mar. A atividade ocorre sextas, sábados, domingos e feriados, das 8h às 13h, na Praia de Boa Viagem, na altura da Rua Bruno Veloso, sem necessidade de agendamento prévio. Em caso de maré alta ou chuvas intensas, o serviço pode ser temporariamente suspenso.
A iniciativa é uma parceria entre a Prefeitura do Recife, UNINASSAU e Empetur, consolidando a cidade como referência em acessibilidade e inclusão durante o Carnaval.
Pela primeira vez, o maior bloco de carnaval do mundo, Galo da Madrugada, contará com uma ala acessível, garantindo que foliões com deficiência possam participar da festa com mais segurança e inclusão. Os interessados em participar da Ala da Acessibilidade pode se inscrever até o dia 25 de fevereiro. O resultado será divulgado em 27 de fevereiro.
A inscrição só será validada mediante o envio da comprovação de pessoa com deficiência (PCD) anexada ao formulário. As vagas são limitadas e preenchidas por ordem de inscrição. Cada pessoa com deficiência tem direito a um acompanhante.
Segundo Liliana Tavares, responsável pela Ala da Acessibilidade no desfile do Galo da Madrugada, a iniciativa visa ampliar o acesso de pessoas com deficiência ao desfile, promovendo um carnaval verdadeiramente para todos. “A criação da Ala da Acessibilidade (no Galo) é uma forma de incluir as pessoas com deficiência que precisam de necessidades específicas para se locomover e se comunicar, bem como proporcionar a esses cidadãos a chance de brincar na rua como fazem os demais foliões”, pontuou.
O funcionário público Fernando Dias, folião há 42 anos do Galo, será um dos integrantes da ala representando as pessoas cegas. “Sempre gostei de estar no meio do povo, tomando aquela cerveja gelada e sentindo a energia da festa. Agora, com essa ala, outras pessoas com deficiência vão se sentir mais seguras e motivadas a participar também”, afirma.
O percurso será um cortejo em homenagem ao Rei e à Rainha da Pessoa com Deficiência, realizado a pé, com saída da Rua Azul (esquina com a Rua Imperial) até a Praça do Carmo, onde está localizado o Camarote da Acessibilidade. O trajeto contará com um cordão de isolamento, equipe de segurança, suporte de uma equipe anticapacitista e distribuição de água. A concentração será às 8h e o desfile tem duração prevista de 2h30.
Sustentabilidade e impacto social também fazem parte do Carnaval 2025
Além da acessibilidade, o Galo da Madrugada 2025 reforça seu compromisso socioambiental com diversas iniciativas. O bloco manterá a coleta seletiva de 100% dos resíduos sólidos gerados durante o desfile, em parceria com cooperativas de catadores. O “Bloco dos Catadores”, composto por 50 trabalhadores, irá desfilar recolhendo materiais recicláveis ao longo do percurso.
Outro destaque será a construção do icônico Galo Gigante, que ficará na Ponte Duarte Coelho. Pela primeira vez, a estrutura será feita 100% com materiais reciclados, incluindo garrafas PET doadas pela população nos pontos de coleta espalhados pela cidade.
O desfile do Galo também terá compensação total de carbono, tornando-se um evento carbono neutro pelo segundo ano consecutivo. A parceria com a empresa Ambipar garantirá que todas as emissões de gases de efeito estufa sejam compensadas por créditos de energia renovável.
Para os organizadores, as novas iniciativas consolidam o Galo da Madrugada não apenas como o maior bloco do mundo, mas também como um evento que promove inclusão, sustentabilidade e transformação social. “O carnaval precisa ser para todos. Estamos construindo um Galo cada vez mais acessível, sustentável e inovador”, concluiu Rômulo Meneses, presidente do Galo da Madrugada.
A partir desta quarta-feira (19), começam as inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada, um espaço exclusivo para pessoas com deficiência e pessoas com autismo curtirem o maior bolo de rua com segurança e estrutura acessível. As inscrições seguem até o dia 24 de fevereiro, e podem ser feitas pelo site ou app Conecta Recife: conecta.recife.pe.gov.br.
Quem pode participar?
Ser morador(a) do Recife;
Possuir comprovante de residência;
Ter suas informações cadastrais completas e atualizadas no Conecta Recife;
Possuir documento ou laudo médico, comprovando ser pessoa com deficiência ou pessoa com autismo;
Ter, no mínimo, 14 anos, devendo seu acompanhante ser uma pessoa maior de idade.
Como se inscrever? As inscrições são gratuitas e feitas somente online, anexando: – Documento oficial com foto; – Comprovante de residência; – Laudo ou documento comprobatório da deficiência, ou pessoas com autismo.
A seleção será feita de forma democrática por sorteio online, transmitido ao vivo no dia 25 de fevereiro pelo canal da TV Conecta Recife no YouTube:youtube.com/@tvconectarecife. O Camarote da Acessibilidade fica localizado no Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, contará com 160 vagas e funcionará no dia 1º de março, das 8h às 17h.
As pessoas que utilizam cadeiras de rodas ou com mobilidade reduzida contarão com as Vans do PE conduz para o deslocamento até o camarote. As vans sairão da Praça do Derby (próximo ao laboratório Marcelo Magalhães), às 7h.
O camarote da acessibilidade é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, que contará com apoio do transporte adaptado através da Superintendência Estadual de apoio à pessoa com deficiência.
No Recife, estão iniciando os preparativos para o Carnaval. Estão abertas, as inscrições para o 4º Concurso de Rei e Rainha da Pessoa com Deficiência do Carnaval do Recife 2025, até 19 de fevereiro. Este ano, a disputa será voltada para pessoas com deficiência intelectual, seguindo o formato do concurso que, a cada edição, contempla um tipo diferente de deficiência.
Promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, o concurso premiará os vencedores com R$ 5 mil cada. A escolha do Rei e da Rainha será durante a prévia carnavalesca do Projeto Praia sem Barreiras, no dia 22 de fevereiro, na Arena do projeto, em Boa Viagem, a partir das 10h.
Como se inscrever
Os interessados podem garantir sua participação de duas formas: – Por e-mail: enviando os documentos para reirainhapcdrecife@gmail.com. – Presencialmente: na Gerência da Pessoa com Deficiência do Recife, localizada no 6º andar do edifício-sede da Prefeitura do Recife, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 16h.
Documentação necessária
Para se inscrever, é preciso ter 18 anos ou mais e apresentar: ✔ Documento oficial com foto; ✔ Comprovante de residência; ✔ Comprovante da deficiência; ✔ Contato para comunicação.
O regulamento completo está disponível no Diário Oficial do Recife desta quinta-feira (13) e pode ser acessado pelo link: https://dome.recife.pe.gov.br/.
A segunda edição do projeto Checagem Acessível aposta no uso da tecnologia para construir uma ferramenta inovadora e inclusiva. Para acessar o formulário, o interessado deve acessar www.eficientespcd.com.br
Para entender os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência com a propagação de desinformação e as consequências das fake news, o Instituto de Acessibilidade Comunicacional (Inova.aê) desenvolve desde 2023 o projeto Checagem Acessível, iniciativa que busca contribuir para tornar o ambiente digital mais inclusivo e, em sua segunda edição, busca analisar o impacto que as notícias falsas geram nos brasileiros com deficiência. Para colher as informações necessárias, o projeto lança um questionário e convida as pessoas com deficiência a contribuir com o estudo. O documento pode ser acessado em :Formulário para pessoas deficiência auditiva e Formulário para as pessoas com deficiência Visual.
Em sua primeira fase, o Checagem Acessível realizou pesquisas junto a agências de jornalismo e pessoas com deficiência, identificando lacunas significativas na acessibilidade digital em portais de checagem de fatos. O estudo indicou que 80% das organizações nunca haviam realizado diagnósticos de acessibilidade em sua estrutura ou conteúdo. O estudo indicou ainda que nenhuma das organizações tinham pessoas cegas, com baixa visão ou surdas em suas equipes e não eram realizadas ações para a inclusão desses grupos nas redações. “Os resultados da pesquisa nos mostra a necessidade de promover a conscientização sobre a importância da inclusão e da diversidade, e da capacitação dos jornalistas em acessibilidade comunicacional e digital. Vivemos tempos em que é crucial fortalecer o senso crítico da população, através da educação midiática, mas não adianta reforçar a necessidade da checagem, sem que os portais de notícias sejam acessíveis a todos”, pontuou Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê.
Com a nova etapa, a Inova.aê analisará os resultados colhidos no questionário para torná-los base para o desenvolvimento de ferramentas inovadoras e com base tecnológica que contribuam para um ambiente digital mais acessível e confiável. “O objetivo do formulário é compreender como esse público consome informações e identificar estratégias utilizadas para lidar com a desinformação”, ressalta Larissa Pontes, presidente do Instituto.
Acessibilidade – Com base em outros estudos, como a realizada pelo Movimento Web para Todos (MWPT), em parceria com a BigData Corp, em 2021, apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no país eram acessíveis. Em 2022, o índice subiu timidamente para 0,50%, atingindo 3,3% em 2023, mas recuou para 2,9% em 2024. Os dados refletem uma contradição alarmante: embora a acessibilidade seja uma exigência legal desde 2015, conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sua implementação efetiva ainda é insuficiente.
“Os desafios vão além da tecnologia. É necessário conscientizar desenvolvedores, jornalistas e gestores sobre a importância de criar conteúdos acessíveis e combater a desinformação de forma inclusiva”, afirma Mariana Clarissa. “É possível construir caminhos para uma sociedade mais informada e inclusiva. O combate à desinformação não pode ignorar o direito à acessibilidade, e garantir que todos tenham acesso igualitário à informação é um passo essencial para transformar o cenário digital brasileiro”, completa Larissa Pontes.