• Inteligência Artificial pode ser o caminho para a acessibilidade nos cinemas, aponta especialista

    Inteligência Artificial pode ser o caminho para a acessibilidade nos cinemas, aponta especialista

    Uso da tecnologia ajuda a equilibrar sessões inclusivas, mas exige revisão humana para garantia da qualidade do serviço, defende Marcelo Pedrosa

    A acessibilidade nas salas de cinema do Brasil ainda enfrenta barreiras que afastam parte do público. Sessões limitadas a horários específicos, ausência de legendas em produções nacionais e legendas descritivas de baixa qualidade continuam sendo entraves para pessoas com deficiência, especialmente para a comunidade surda.

    Diante desse cenário, Marcelo Pedrosa, fundador do Movimento Legenda Nacional, defende que a Inteligência Artificial (IA) pode se tornar uma aliada estratégica na construção de uma programação cinematográfica verdadeiramente inclusiva. Em artigo publicado recentemente, o especialista sugere que a tecnologia seja usada para flexibilizar e ampliar recursos de acessibilidade nas sessões.

    Segundo Pedrosa, a lógica pode ser comparada ao funcionamento de um painel de voos em aeroportos, que se adapta em tempo real às chegadas e partidas. Nos cinemas, a programação poderia ser ajustada para oferecer legendas, audiodescrição, Libras, dublagem ou som ambiente original de acordo com a demanda do público.

    “Assim como um painel de voos se adapta às mudanças, a grade dos cinemas poderia se reorganizar conforme as necessidades de acessibilidade, sem comprometer a experiência dos demais espectadores”, explica.

    Apesar do potencial, o especialista alerta que a IA não deve ser vista como solução isolada. “É indispensável haver revisão humana e padronização técnica. Erros em legendas automáticas ou falhas no sistema podem excluir ainda mais quem já enfrenta barreiras”, reforça.

    O debate sobre acessibilidade no audiovisual já vem ganhando espaço. Festivais de cinema têm realizado sessões inclusivas, plataformas de streaming ampliaram recursos como legendas e audiodescrição, e movimentos sociais, entre eles, a Campanha Legenda Nacional, que seguem pressionando por mudanças estruturais. “O desafio é transformar essas iniciativas pontuais em política pública permanente”, pontua Pedrosa.

    Para o especialista, o futuro da acessibilidade no cinema vai além das telas. Ele projeta um modelo multissensorial, com recursos como cadeiras vibratórias que transmitem sons por meio de vibrações, integrado a uma programação inteligente construída em diálogo direto com pessoas com deficiência. “Isso pode se tornar realidade em menos de cinco anos, se houver vontade política e uso da tecnologia certa”, conclui.


  • Evento sobre inovação inclusiva abre inscrições gratuitas para palestras, oficinas e hackathon 

    Evento sobre inovação inclusiva abre inscrições gratuitas para palestras, oficinas e hackathon 

     Congresso Inova.aê acontece entre os dias 26 e 29 de agosto, no Bairro do Recife, e contará com mais de 30 horas de conteúdo sobre acessibilidade, tecnologia e comunicação

    As inscrições para a segunda edição do Congresso Inova.aê estão abertas. A partir desta terça-feira (22), o público interessado em discutir a comunicação inclusiva e a tecnologia acessível às pessoas com deficiência já pode acessar o site www.eficientes.org.br/inova-ae e garantir participação gratuita nas atividades presenciais e online.  Na página, é possível ainda conhecer a programação parcial do evento, que acontece entre os dias 26 e 29 de agosto, no Apolo 235, Bairro do Recife. 

    O congresso traz painéis, oficinas, rodas de diálogo e um hackathon voltado à inovação e à acessibilidade comunicacional. “A partir do Inova.aê, a gente faz um convite à construção coletiva, buscando reunir pessoas com trajetórias, conhecimentos e vivências necessárias para pensar, criar e transformar juntos a comunicação e a tecnologia, que hoje ainda não garantem que às pessoas com deficiência tenham acesso ao que produzem com qualidade e de forma autônoma”, destaca Mariana Clarissa, vice-presidente do Instituto Eficientes.

    Com foco em tecnologia, comunicação e design inclusivo, a programação do Inova.aê 2025 já conta com nomes confirmados que atuam diretamente na construção de soluções para acessibilidade comunicacional. Um dos destaques é Sérgio Albuquerque, gestor de Suporte da Associação TV Surdo Moçambique, da África, que participa da roda de conversa sobre construção de marcas diversas e representativas, ao lado de comunicadores, designers e ativistas.

    Marcelo Salles, da Tudo é Acessibilidade, falará sobre o papel da inteligência artificial na acessibilidade, debatendo as perspectivas e os limites dessa tecnologia. Já Bernardo Barlach, gerente de parcerias para acessibilidade no Google, conduzirá uma oficina prática sobre o uso de ferramentas acessíveis da gigante da tecnologia. Com duas décadas de experiência em grandes empresas, ele também lidera o grupo de afinidade para pessoas com deficiência e aliados do Google na América Latina.

    Outro nome confirmado é Marcelo Paiva, criador do WCAG Plugin para Figma, que discutirá o impacto do design na experiência de usuários com deficiência, abordando como decisões de layout, estrutura e interface podem incluir, ou excluir, pessoas.

    Inovação – Além da programação de debates e oficinas, o evento conta com uma novidade: o Hackathon de Acessibilidade Comunicacional e Tecnologia Assistiva. Com apoio do Senac Pernambuco, a maratona de inovação reunirá profissionais das áreas de comunicação, design e tecnologia para desenvolver soluções digitais voltadas à inclusão.

    As equipes terão três dias para criar, testar e apresentar soluções acessíveis, que serão avaliadas por uma banca especializada com base em critérios como inovação, viabilidade e impacto social.

    “Acreditamos que acessibilidade se constrói no diálogo, na escuta e no fazer colaborativo, por isso queremos atrair para o hackathon um público diverso que seja parte ativa dessa construção. Nosso objetivo é conscientizar sobre a importância de construir notícias, produtos e projetos em comunicação acessíveis às pessoas com deficiência, além de contribuir com a ampliação da execução de iniciativas inovadoras e inclusivas”, reforça Larissa Pontes, presidente do Instituto Eficientes.

    O Congresso Inova.aê é realizado pelo Instituto Eficientes, com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de Pernambuco. O evento é construído com todas as acessibilidades necessárias para garantir a presença ativa do público com deficiência. 


  • São João 2025: veja os polos com estrutura para pessoas com deficiência e serviços de apoio

    São João 2025: veja os polos com estrutura para pessoas com deficiência e serviços de apoio

    Neste São João, Pernambuco dá passos importantes em direção a uma festa mais inclusiva, mas ainda sob a projeção de desafios que ainda precisam ser enfrentados para que todos possam celebrar com igualdade de condições. Entre as ações mais significativas, destacam-se o reforço na acessibilidade física e comunicacional nos polos juninos, tanto na capital pernambucana quanto no interior, e a criação de espaços de escuta e acolhimento para populações vulneráveis.

    Recife: Sítio Trindade com Central de Direitos Humanos e áreas acessíveis

    Na capital, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude (SDHJ), está realizando a iniciativa São João de Direitos. No polo do Sítio Trindade, funcionará diariamente a Central de Direitos Humanos e Acessibilidade, próxima à entrada do evento. O local contará com equipe multidisciplinar — psicólogos, advogados, assistentes sociais, intérpretes de Libras e audiodescritores — preparada para acolher e orientar pessoas com deficiência e vítimas de discriminação (racismo, LGBTfobia, capacitismo, etarismo).

    Importante: não haverá transporte acessível da Prefeitura para o Sítio Trindade. Pessoas com deficiência devem se dirigir diretamente à Central, onde serão recebidas e encaminhadas para as áreas acessíveis do polo.

    As duas áreas acessíveis no Sítio são:

    • Em frente ao palco principal — 20 vagas por noite; 
    • No Pavilhão das Quadrilhas — 50 vagas

    Ambas funcionam por ordem de chegada, sem necessidade de inscrição prévia.

    Interior: PE Conduz leva usuários a polos com estrutura acessível

    No interior, o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência (SJDH) e da Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (SEAD), mantém o programa PE Conduz, com transporte gratuito em vans adaptadas. O serviço é destinado a pessoas com deficiência física, especialmente quem usa cadeira de rodas, para os seguintes polos:

    • Caruaru (Pátio do Forró e Alto do Moura)
    • Bezerros (Serra Negra)
    • Vitória de Santo Antão
    • Santa Cruz do Capibaribe
    • Riacho das Almas
    • Museu do Estado, no Recife
    • Shopping Tacaruna (nos dias 16, 20 e 27 de junho, durante o Taca Mais Música, das 18h às 21h)

    Importante: O PE Conduz não levará para o Sítio Trindade, no Recife.

    Os interessados em utilizar o transporte devem ligar para o 0800 281 0312 e solicitar participação, sujeito à disponibilidade de vagas. O atendimento também pode ser feito por e-mail (sead@sjdh.pe.gov.br) ou, para surdos, via WhatsApp com atendimento em Libras: (81) 98275-9345, em dias úteis, das 8h às 17h.

    Pontos de atenção

    • A acessibilidade comunicacional nos polos do interior não é garantida diretamente pela SEAD; ela depende da infraestrutura dos municípios organizadores.
    • Chegue cedo para ocupar as áreas acessíveis nos polos sem necessidade de inscrição.
    • Em caso de violação de direitos, procure a Central de Direitos Humanos no Sítio Trindade ou use os canais digitais das campanhas “Recife Sem Racismo” e “Recife Sem Preconceito e Discriminação”.

    “Temos feito um esforço importante para garantir o acesso ao São João com dignidade e segurança, mas sabemos que a inclusão verdadeira exige compromisso coletivo e permanente”, afirmou Marcos Gervasio, superintendente estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência.


  • 1ª Feira Literária da Pessoa com Deficiência abre inscrições para autores, editoras e coletivos de todo o país

    1ª Feira Literária da Pessoa com Deficiência abre inscrições para autores, editoras e coletivos de todo o país

    Evento inédito da Prefeitura de São Paulo, busca dar visibilidade à produção literária de pessoas com deficiência e estimular uma cena literária mais plural e acessível. Inscrições seguem até 18 de julho.

    A literatura ganha mais espaço para diversidade em 2025. A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED), anunciou a abertura das inscrições para a 1ª Feira Literária da Pessoa com Deficiência, que acontecerá de forma presencial entre os dias 19 e 21 de setembro de 2025, com programação voltada à valorização de autorias e narrativas produzidas por pessoas com deficiência.

    As inscrições estão abertas até o dia 18 de julho, por meio do formulário disponível em bit.ly/Primeira_FLPCD. Podem participar autores(as), editoras, coletivos, livrarias e profissionais que desejam propor atividades como oficinas, rodas de conversa, contações de histórias, lançamentos de livros e outras ações culturais.

    A iniciativa é uma realização conjunta entre a SMPED e a Secretaria Municipal de Cultura, e visa ampliar o acesso à literatura feita por, para e com pessoas com deficiência — um campo historicamente negligenciado em feiras, festivais e políticas culturais tradicionais.

    A inscrição por si só não garante a participação automática. Todas as propostas passarão por análise curadoria, considerando critérios técnicos, disponibilidade de espaço e diversidade temática. O processo exige o envio de portfólio e materiais complementares, por isso é necessário login com conta Google para completar o formulário.

    A organização destaca ainda que o cadastro não implica vínculo contratual com a Prefeitura e que a seleção será feita de acordo com as necessidades e o escopo da programação oficial do evento.

    Sobre a Feira Literária da Pessoa com Deficiência 

    A Feira Literária da Pessoa com Deficiência nasce em um contexto em que eventos culturais acessíveis ainda são raros — e, quando ocorrem, muitas vezes reproduzem uma lógica capacitista ao colocar pessoas com deficiência apenas como público e não como protagonistas da criação.

    Neste evento, o foco é inverso: reconhecer a produção intelectual, criativa e política de pessoas com deficiência no campo literário. Isso inclui também obras e editoras que dialogam criticamente com os temas da deficiência, da acessibilidade e da justiça social.

    A programação prevê uma série de atividades abertas ao público, incluindo:

    • Lançamentos de livros;
    • Rodas de conversa e debates;
    • Sessões de leitura e contação de histórias;
    • Oficinas formativas;
    • Espaços dedicados à literatura inclusiva e acessível.

    Todos os espaços e atividades deverão contar com recursos de acessibilidade, como interpretação em Libras, audiodescrição, espaços acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida e mediação inclusiva.


  • Linguagem, corpo e inclusão: Malu Vieira lança versão brasileira de obra inédita sobre anatomia aplicada ao circo

    Linguagem, corpo e inclusão: Malu Vieira lança versão brasileira de obra inédita sobre anatomia aplicada ao circo

    Primeira tradução em português de referência internacional fortalece segurança, longevidade e autonomia de artistas das artes aéreas. Evento de lançamento terá acessibilidade em Libras e será aberto ao público.

    No dia 14 de junho, a artista e mestra em Letras Malu Vieira, conhecida por seu trabalho na formação circense e em projetos voltados à acessibilidade, lança em Recife a versão brasileira do livro “Anatomia aplicada às Artes Aéreas – Um guia ilustrado de força, flexibilidade, treinamento e prevenção de lesões”, da fisioterapeuta norte-americana Emily Scherb. A tradução é assinada por Malu, com revisão técnica do fisioterapeuta e artista circense Hammai Assis.

    O livro chega ao Brasil por meio do projeto aprovado pelo Funcultura Geral (2021-2022), com coordenação da própria tradutora e produção de Marina Duarte, da Papelão Produções. O lançamento será na Livraria do Jardim, no bairro da Boa Vista, com início às 15h, seguido de uma mesa-redonda acessível em Libras, reunindo especialistas para discutir prevenção de lesões, biomecânica e cuidado com o corpo na prática aérea.

    Além de gratuito, o evento terá exemplares à venda com preço promocional de R$100, e 150 cópias da obra serão doadas a escolas de circo, companhias itinerantes e profissionais da saúde.

    Conhecimento acessível para artistas e profissionais da saúde

    O livro é um marco para a comunidade circense de língua portuguesa. Pela primeira vez, aerialistas e instrutores terão acesso a um material técnico em português que contempla a complexidade do movimento nos aparelhos aéreos. O conteúdo vai além de nomes de músculos ou ossos: trata de treino com consciência corporal, planejamento de progressões, prevenção e gestão de lesões — tudo apresentado com linguagem clara e ilustrações didáticas.

    “Essa tradução torna esse tipo de pesquisa muito mais acessível para aerialistas lusófonos, trazendo informações valiosas para a compreensão da organização corporal nos movimentos clássicos dos principais aparelhos aéreos”, comenta Mainá Souza, artista que estampa a capa da edição brasileira.

    Circo, ciência e inclusão: por que isso importa

    Malu destaca que, embora áreas como a dança ou a ginástica tenham mais atenção em medicina esportiva, o mesmo não se pode dizer do circo: “Ainda são raros os profissionais de saúde que entendem os corpos e as exigências das práticas aéreas. Essa lacuna precisa ser enfrentada”.

    O projeto não busca apenas traduzir um livro, mas democratizar o acesso a informações de qualidade, criando pontes entre ciência, arte e saúde. A proposta também é quebrar barreiras linguísticas e sociais — inclusive garantindo acessibilidade em Libras no evento, ampliando o alcance para artistas surdos e outras pessoas interessadas.


  • Carnaval do Recife 2025: acessibilidade avança, mas desafios persistem

    Carnaval do Recife 2025: acessibilidade avança, mas desafios persistem

    O Carnaval do Recife é reconhecido por sua diversidade cultural, atraindo multidões para os polos de festa espalhados pela cidade. No entanto, para as pessoas com deficiência, a experiência da folia ainda esbarra em desafios estruturais e comportamentais, apesar dos avanços nos últimos anos.

    Em 2025, a Prefeitura do Recife manteve a reserva de espaços acessíveis nos principais polos, incluindo o Marco Zero, epicentro da festa. O Camarote da Acessibilidade foi posicionado em um local com visão privilegiada para o palco e com banheiros adaptados. No entanto, o acesso à estrutura teve falhas na execução. 

    Para a cobertura jornalística da folia de Momo, o Portal Eficientes credenciou a jornalista Pâmela Melo, uma mulher que usa cadeiras de rodas. Ser a primeira jornalista com deficiência a cobrir o Carnaval do Recife foi uma experiência marcante para Pâmela, repleta de desafios e conquistas. Para ela, o momento simbolizou a possibilidade real de pessoas com deficiência exercerem a profissão para a qual se qualificaram, mesmo diante de inúmeras barreiras. 

    No entanto, a jornalista enfrentou dificuldades. O primeiro obstáculo enfrentado pela profissional foi a chegada ao espaço reservado à imprensa. Embora a organização tenha disponibilizado carros adaptados que saiam da Prefeitura do Recife, no bairro do Recife, e uma entrada exclusiva para a imprensa, a ausência de informação, sinalização e comunicação entre os funcionários do órgão municipal dificultou o acesso e o deslocamento, obrigando Pâmela a enfrentar a multidão para entrar e sair do local.

    Na entrada do credenciamento para imprensa e convidados, não havia rampa para o acesso ao espaço. Para receber a pulseira de acesso, foi preciso que Pâmela esperasse na parte de fora os funcionários responsáveis pela entrega do item. Para acessar a área reservada, ela precisou se deslocar mais a frente, já próximo ao palco principal, e entrar no acesso destinado a pessoas com deficiência que receberam o direito de participar dos shows como folião. 

    Dentro do espaço, a equipe da Eficientes iniciou os trabalhos para a cobertura jornalística e nesse momento Pâmela logo identificou outra dificuldade, desta vez relacionada à falta de reconhecimento profissional. Ela percebeu que alguns colegas da imprensa não a consideravam como uma profissional no exercício de sua função, ignorando sua presença e dificultando seu trabalho. Além disso, no primeiro dia de evento, mesmo credenciada, precisou passar por uma verificação adicional para comprovar que era jornalista – um obstáculo que, segundo ela, evidencia o preconceito ainda existente. “Muitos jornalistas quando me viram pela primeira vez atuando, cobrindo carnaval, não entenderam que eu era uma profissional ali. Elas passavam na minha frente, impedindo que conseguisse entrevistar, elas não me davam espaço. Logo no primeiro dia, na quinta-feira, eu estava com a credencial do jornalista e não pude adentrar ao local porque tiveram que verificar realmente se eu era jornalista. Além disso, uma assessora de imprensa achou que eu queria tirar foto com um artista, quando na verdade meu intuito era entrevistá-lo para o Portal”, contou Pâmela. 

    Fotografia de Pamela, uma mulher de pele clara e cabelos cacheados com mechas loiras, sentada em uma cadeira de rodas. Sua mão levantada e segurando um microfone. Ao redor, vários jornalistas e, à frente de Pamela, o cantor João Gomes.

    Apesar dos desafios, Pâmela destaca que a experiência foi enriquecedora e reforçou a importância de abrir caminhos para que mais pessoas com deficiência tenham acesso e respeito no mercado de trabalho jornalístico. “Os pontos positivos foi ver que a pessoa com deficiência pode sim exercer a sua profissão, mesmo diante de tantas barreiras, e que há projetos que abrem caminhos para que as pessoas com deficiência consigam chegar até lá. E foi o que o Eficientes fez. Abriu portas para que eu conseguisse chegar até lá, ser a primeira pessoa com deficiência a cobrir o Carnaval do Recife”, pontua. “Além disso, foi bastante divertido conseguir me aproximar de pessoas que normalmente eu não teria acesso no dia a dia, como artistas, pessoas socialmente conhecidas, politicamente conhecidas. O cantor Chico César, por exemplo, sabiamente pediu um banco pra se sentar, pra ficar na altura, já que sou uma usuária de cadeira de rodas. E eu consegui entrevistá-lo e sem precisar me esticar. Isso foi algo bastante legal, foi uma atitude muito consciente como cidadão, como pessoa, mas foi o único que fez isso”, completou. 

    A acessibilidade no palco principal do Carnaval do Recife ainda apresenta desafios

    Se, por um lado, a iniciativa de reservar um local para pessoas com deficiência no palco principal do Marco Zero é um avanço, por outro, a execução revela que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma experiência realmente inclusiva. A dificuldade de locomoção até o espaço, a falta de um suporte adequado e a necessidade de disputar espaço com pessoas sem deficiência, principalmente na abertura do Carnaval, onde ainda não tinha sido montada a estrutura reservada, tornaram a folia no palco principal do Marco Zero um desafio. O que deveria ser um ambiente seguro e confortável para PCDs acabou gerando momentos DE desconforto.

    Esse foi o primeiro Carnaval da xxx Mariane Zeni após a pandemia da Covid-19. Ela destaca pontos positivos na iniciativa, como a proximidade do palco e a presença de intérpretes de Libras. Mas, ela destacou a necessidade de melhorias no conforto do espaço, como a inclusão de abafadores de som e uma cobertura para proteger da chuva. “Achei que o espaço teria uma cabine coberta, talvez pudesse ser algo a ser pensado para a próxima vez. Nem que fosse uma cobertura plástica, de forma que não atrapalhasse a visibilidade de quem estivesse atrás. Poderia haver mais espaço para pessoas com deficiência motora também e um acesso mais próximo para quem chega de ônibus ou carro. Mas, de modo geral, é bem possível que eu volte no próximo ano e participe de algum sorteio para novo acesso ao camarote”, conclui.

    Já para o xx Eduardo Nicácio, que também tentou acessar o espaço reservado, a experiência foi frustrante. Ele relata que, ao chegar ao local, foi informado de que não poderia entrar, mesmo tendo direito ao acesso. “Quando cheguei, fui informado de que não haveria possibilidade alguma de entrada para mim e para as outras pessoas que estavam ali. Mais tarde, soube que alguns foram liberados porque houve desistências, mas, inicialmente, não recebemos qualquer orientação ou acolhimento”, conta.

    Eduardo saiu de sua residência, na zona sul do Recife, utilizando transporte público. Ao chegar ao Marco Zero, enfrentou dificuldades para localizar o espaço de acessibilidade devido à falta de informações e orientação. “Eu sou uma pessoa com deficiência visual e não havia qualquer suporte para auxiliar no deslocamento. Inclusive, muitas pessoas que trabalhavam no evento sequer sabiam da existência do camarote da acessibilidade”, explica.

    Além disso, Eduardo criticou a falta de organização na liberação de vagas espontâneas no espaço reservado. “Cheguei cedo, antes das 18h, e fui informado de que não havia mais vagas. No entanto, um colega que chegou depois conseguiu entrar pela demanda espontânea. Como isso acontece? A gente não procura ser tratado como coitadinho, apenas queremos ter nossos direitos respeitados”, desabafa.

    A experiência frustrante se estendeu até a tentativa de registrar uma reclamação formal. “Procurei a ouvidoria para relatar o ocorrido, mas a receptividade foi zero. No fim, tive que me afastar da área porque, para uma pessoa com mobilidade reduzida, era impossível transitar próximo ao palco devido à multidão”, lamenta.

    As experiências de Mariane e Eduardo reforçam a necessidade de um planejamento mais detalhado, que envolvam pessoas com deficiência desde a concepção dos espaços acessíveis até sua execução. Afinal, acessibilidade não é apenas um direito, mas um fator essencial para que todos possam aproveitar a maior festa popular do Brasil em igualdade de condições.

    Por: Equipe Eficientes Foto: Wesley D’Almeida/ PCR


  • Inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada são prorrogadas até amanhã (26)

    Inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada são prorrogadas até amanhã (26)

    Sorteio das 160 vagas será realizado na quarta-feira, garantindo mais inclusão no maior bloco do mundo

    Por: Larissa Pontes

    A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, prorrogou as inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada até amanhã (26). Pessoas com deficiência e autistas que desejam acompanhar o desfile do maior bloco de Carnaval do mundo, com conforto e segurança, podem se inscrever pelo aplicativo Conecta Recife ou pelo site camarotedaacessibilidade.recife.pe.gov.br.

    O sorteio das 160 vagas disponíveis será realizado no mesmo dia, às 14h, e poderá ser acompanhado ao vivo pelo canal da TV Conecta Recife no YouTube. Os critérios de participação são os mesmos do Camarote da Acessibilidade do Marco Zero, incluindo a necessidade de comprovação de residência no Recife e documento que ateste a deficiência ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

    Estrutura e funcionamento

    O Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada será instalado no Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, e funcionará no dia 1º de março, das 8h às 17h. O espaço foi projetado para garantir uma experiência inclusiva, permitindo que pessoas com deficiência e seus acompanhantes curtam a festa de forma segura e confortável.

    Para facilitar o deslocamento, a Prefeitura disponibilizará vans acessíveis para usuários de cadeiras de rodas e pessoas com mobilidade reduzida. Os veículos sairão da Praça do Derby, próximo ao laboratório Marcelo Magalhães, às 7h, levando os participantes diretamente para o camarote.

    Com essa iniciativa, o Recife reforça seu compromisso com a acessibilidade e a igualdade de oportunidades no Carnaval, garantindo que todos possam celebrar a festa mais popular da cidade com dignidade e inclusão.


  • PE CONDUZ: Saiba como vai funcionar o serviço no Carnaval 2025

    PE CONDUZ: Saiba como vai funcionar o serviço no Carnaval 2025

    Para garantir que a locomoção dos foliões com deficiência com conforto e segurança, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência (SJDH), oferecerá transporte acessível para pessoas com deficiência através do Programa PE Conduz. O serviço realizará viagens para diversos blocos e camarotes até 15 de março e disponibilizará 30 vans adaptadas, que farão mais de 100 viagens ao longo do Carnaval.

    O transporte atenderá foliões nos principais polos de folia – Recife, Olinda, Caruaru e Bezerros – e outros polos carnavalescos, como Vitória, Timbaúba, Garanhuns, Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Goiana, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista, Paudalho e São Lourenço da Mata.

    Confira a agenda do PE Conduz no Carnaval 2025

    01/03 – Camarote do Galo da Madrugada, das 8h às 17h

    01 a 04/03 – Camarotes de Olinda, das 8h às 17h

    01 a 04/03 – Camarote Carvalheira, das 15h às 22h

    02/03 – Camarote de Bezerros, das 10h às 14h

    15/03 – 12º Aniversário do Praia Sem Barreiras, das 8h às 13h

    PE Conduz – O PE Conduz é um programa que promove a mobilidade da população com deficiência em Pernambuco. Além de atender deslocamentos para consultas médicas, o serviço também garante o direito de participação em eventos culturais e sociais. Em 2024, o programa realizou mais de 81 mil viagens.


  • Prefeitura do Recife abre inscrições para o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero

    Prefeitura do Recife abre inscrições para o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero

    Interessados devem se inscrever pelo Conecta Recife até quarta-feira (26); sorteio das vagas será realizado no mesmo dia

    Por: Larissa Pontes

    A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, abriu inscrições para o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero, garantindo mais inclusão durante o Carnaval. Pessoas com deficiência e seus acompanhantes podem se inscrever até as 10h da próxima quarta-feira (26) pelo aplicativo Conecta Recife ou pelo site camarotedaacessibilidade.recife.pe.gov.br.

    Pela primeira vez, a distribuição das vagas será feita por sorteio, democratizando o acesso ao espaço exclusivo. O resultado será divulgado às 14h do mesmo dia, por meio de transmissão ao vivo no canal da TV Conecta Recife no YouTube. No total, serão disponibilizadas 50 vagas por noite, sendo 25 para pessoas com deficiência e 25 para seus acompanhantes.

    Critérios para participação

    Para concorrer a uma vaga, é necessário:

    1. Ser residente do Recife e apresentar comprovante de residência;
    2. Possuir documento ou laudo médico que comprove a deficiência ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA);
    3. Ter no mínimo 14 anos (o acompanhante deve ser maior de idade);
    4. Estar com os dados atualizados no Conecta Recife.

    Os sorteados deverão apresentar documento com foto no dia do evento, e o acompanhante também precisará levar um documento de identificação.

    Polo da Praça do Arsenal também terá área acessível

    Além do espaço acessível no Marco Zero, o polo da Praça do Arsenal também contará com uma área reservada para pessoas com deficiência. Nesse caso, não será necessária inscrição prévia nem sorteio. O funcionamento será por demanda espontânea, e o acesso será organizado pela Central de Direitos Humanos, localizada próxima ao palco. No local, um agente de Direitos Humanos fará a condução das pessoas até a área reservada.

    Serviços de acessibilidade garantidos

    Os polos do Marco Zero e da Praça do Arsenal contarão com serviços de audiodescrição e tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ao longo dos shows do Carnaval 2025. A audiodescrição garantirá que pessoas com deficiência visual tenham acesso a informações visuais do evento. Já a tradução em Libras assegurará que pessoas surdas compreendam os conteúdos e exerçam plenamente seu direito à informação e cultura.

    Transporte acessível durante o Carnaval

    Para garantir a mobilidade dos contemplados, a Secretaria de Direitos Humanos e Juventude disponibilizará vans acessíveis para o deslocamento até o Camarote da Acessibilidade no Marco Zero. Os veículos sairão da sede da Prefeitura do Recife e levarão os sorteados até a entrada do camarote. O serviço gratuito funcionará diariamente a partir das 18h, durante todo o Carnaval.


  • Edilene Ferreira e Ivan Soares são coroados Rei e Rainha do Carnaval da Pessoa com Deficiência no Recife 

    Edilene Ferreira e Ivan Soares são coroados Rei e Rainha do Carnaval da Pessoa com Deficiência no Recife 

    Concurso aconteceu durante o Carnaval do Praia sem Barreiras, na praia de Boa Viagem, e celebrando a inclusão e a diversidade na folia.

    Por: Larissa Pontes / Foto: Hélia Scheppa / PCR

    O Carnaval da Pessoa com Deficiência 2025 já tem seus novos representantes: Edilene Ferreira, de 31 anos, e Ivan Soares, de 51 anos, foram eleitos Rainha e Rei da pessoa com deficiência do carnaval do Recife. O concurso, que está em sua quarta edição, foi realizado no último sábado (22.02) na Praia de Boa Viagem, próximo ao posto 7, integrando as atividades do projeto Praia sem Barreiras. Cada um dos vencedores recebeu um prêmio de R$ 5 mil.

    “Estou muito feliz, eu adoro dançar”, celebrou Edilene, logo após a coroação. Ivan também comemorou: “Está tudo muito bonito e organizado”.

    A edição deste ano do Carnaval do Praia sem Barreiras trouxe frevo ao som das orquestras Luzes da Folia e Som de Pernambuco, além do tradicional banho de mar assistido e um café da manhã especial. O evento gratuito, promovido pela Prefeitura do Recife por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, é realizado desde 2014 para garantir que pessoas com deficiência aproveitem o lazer na praia com conforto e segurança.

    O secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife, Marco Aurélio Filho, destacou a importância da iniciativa. “Neste ano, estamos reforçando a mensagem de um Carnaval de Direitos. Queremos mostrar que o Recife está preparado para todos. Um carnaval tão democrático também é o carnaval da acessibilidade.”

    Adriane Mendes, gerente de Governança Social e Ambiental da UNINASSAU, parceira do projeto, também ressaltou o impacto da ação. “Celebramos a inclusão, a cultura e a alegria contagiante do Carnaval. O Praia sem Barreiras reafirma nosso compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária.”

    Entre os jurados do concurso estiveram a cantora Nega do Babado, Bráulio Moura, da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, Helder Novaes, da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e Cibelle Dantas, do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

    O Praia sem Barreiras disponibiliza banho de mar assistido para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, utilizando cadeiras anfíbias e esteiras removíveis para facilitar o acesso à areia e ao mar. A atividade ocorre sextas, sábados, domingos e feriados, das 8h às 13h, na Praia de Boa Viagem, na altura da Rua Bruno Veloso, sem necessidade de agendamento prévio. Em caso de maré alta ou chuvas intensas, o serviço pode ser temporariamente suspenso.

    A iniciativa é uma parceria entre a Prefeitura do Recife, UNINASSAU e Empetur, consolidando a cidade como referência em acessibilidade e inclusão durante o Carnaval.