• Festival 3i reforça a urgência da acessibilidade no jornalismo com case do Congresso Inova.aê

    Festival 3i reforça a urgência da acessibilidade no jornalismo com case do Congresso Inova.aê

    De 6 a 8 de junho, o Festival 3i — inovador, independente e inspirador — reuniu jornalistas, pesquisadores e comunicadores de todo o país para discutir os caminhos possíveis (e urgentes) para um jornalismo mais diverso, ético e plural. Em meio aos painéis sobre inteligência artificial, sustentabilidade financeira e jornalismo de dados, o Instituto Eficientes levou para a programação do Festival o Congresso Inova.aê e as novidades da segunda edição, que vai acontecer se 26 a 29 de agosto. 

    Durante a sessão “Cases de sucesso”, Mariana Clarissa, vice-presidenta do Instituto Eficientes, apresentou a experiência de construir um evento que nasceu com a proposta de ser acessível para pessoas com deficiência desde sua concepção — não como um “plus” ou uma demanda pontual, mas como eixo estruturante. “O Inova.aê foi pensado com a participação de pessoas com deficiência desde o planejamento, com especialistas liderando as etapas de curadoria, produção, mediação e cobertura”, explicou Mariana.

    O que foi o Inova.aê

    Realizado em 2024, o Inova.aê reuniu jornalistas, designers, profissionais de tecnologia e especialistas em acessibilidade para discutir como tornar conteúdos, produtos e serviços mais acessíveis. O congresso foi híbrido, gratuito e contou com tecnologias assistivas, como audiodescrição ao vivo, Libras, legendas em tempo real e recursos de linguagem simples.

    Segundo dados apresentados por Mariana, cerca de 2,9% dos sites brasileiros são acessíveis, de acordo com pesquisas do Movimento Web para Todos, um indicativo de que as pessoas com deficiência não estão tendo acesso a informação que é direito de todas as pessoas. 

    Pensar eventos acessíveis é repensar o jornalismo

    Mais do que apresentar um bom exemplo, a fala de Mariana trouxe provocações diretas ao jornalismo brasileiro. Quantos eventos ainda são realizados sem sequer considerar a presença de pessoas com deficiência? Quantas redações produzem conteúdo sem pensar em quem pode ou não acessá-lo? Quantas equipes ainda confundem inclusão com caridade?

    “Não adianta promover debates sobre diversidade se parte do público não consegue entrar na sala, entender o conteúdo ou participar da conversa. A acessibilidade é o mínimo para um jornalismo que se diz democrático”, disse Mariana.

    Doze pessoas posa sorridente no festival 3i. Todos usam crachás e roupas casuais. Ao fundo, parede clara com fotos e planta. À direita, sinalização colorida indica salas do evento.
    Foto: Gabi Falcão

    Representatividade na prática: um lugar no conselho da Ajor

    Durante o Festival 3i, foi anunciada uma conquista: Mariana Clarissa, representando o Instituto Eficientes, assumiu um assento no conselho da Associação de Jornalismo Digital (AJOR). A presença de uma liderança que pensa na diversidade e acessibilidade nesse espaço sinaliza um avanço necessário na luta por mais representatividade nas instâncias de poder do jornalismo. “Nossa presença vem para transformar estruturas e abrir caminhos para que a acessibilidade deixe de ser exceção e passe a ser regra”, defendeu Mariana.

    Um futuro mais acessível é possível

    O jornalismo do futuro — e também o do presente — precisa garantir que todas as pessoas possam acessar a informação, compreender o conteúdo e participar da conversa pública. Para a presidente do Instituto Eficientes, Larissa Pontes, isso só será possível se a acessibilidade deixar de ser pauta eventual para se tornar compromisso cotidiano. “O Festival 3i, mais uma vez, se consolidou como um espaço de inovação que não foge dos debates fundamentais. Ao abrir espaço para que iniciativas como o Inova.aê ocupem o centro da discussão, o festival ajuda a redefinir o que entendemos por inovação: não basta ser tecnológico, precisa ser inclusivo”, destacou.


  • Portal Eficientes apresentou reportagem sobre educação inclusiva no Festival Fala!, em Belém

    Portal Eficientes apresentou reportagem sobre educação inclusiva no Festival Fala!, em Belém

    A reportagem, financiada pelo Instituto Fala, fala sobre a educação inclusiva em Pernambuco, os desafios das pessoas com deficiência nesse processo e os investimentos estaduais para o tema

    Texto: Larissa Pontes / Revisão: Equipe Eficientes

    A Eficientes participou da quinta edição do FALA! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas, que aconteceu em agosto, na Universidade da Amazônia (Unama), em Belém/PA, apresentando os detalhes da produção da reportagem especial sobre educação inclusiva em Pernambuco, conteúdo que será publicado em breve no portal e nas redes sociais da Eficientes.

    A reportagem foi financiada pelo Instituto FALA a partir de um edital de fomento para conteúdos jornalísticos que abordassem o tema “Jornalismo, comunicação e cultura nos territórios: novos formatos como meio de transformação social”. Ao longo de três meses, a equipe de reportagem da Eficientes entrevistou pessoas com deficiência e gestores estaduais para compreender a realidade por trás do processo de aprendizado inclusivo em Pernambuco. A matéria “Para além da sala de aula: como o estado de Pernambuco tem atuado para garantir educação pública de qualidade e inclusiva para as pessoas com deficiência” conta ainda com uma websérie com relatos dos personagens que participaram da reportagem. 

    “Fomos convidadas a participar do festival FALA, onde apresentamos a reportagem, que inclui textos e seis episódios de uma websérie sobre como a educação impacta o mercado de trabalho. Também discutimos os desafios enfrentados na produção dessa reportagem”, pontua a diretora executiva e autora da reportagem, Larissa Pontes. 

    Além da Eficientes, outras três organizações pernambucanas estiveram presentes: Afoitas. apresentando a série reportagem especial “Colapso Climático e as perdas que ninguém vê”, Forjuca e Redes Beberibe, falando sobre o documentário O plástico preto e as casas sob risco em Água Fria

    Festival – De 22 a 24 de agosto, o festival levantou o debate sobre o futuro do jornalismo e seu impacto na sociedade brasileira, abordando a importância da comunicação e da cultura na defesa dos territórios e, em última instância, na defesa da vida. O evento explorou a interseção entre comunicação, arte e cultura sob uma perspectiva popular, utilizando diversas linguagens artísticas. 

    O Festival FALA, organizado pelo Instituto FALA, tem como objetivo criar um ambiente de reflexão sobre o jornalismo independente e a comunicação popular como ferramentas em prol de uma democracia plena. O evento debateu a importância da cultura, da identidade e das variadas formas de expressão artística no fazer jornalístico, estimulando o desenvolvimento de uma rede de mídias alternativas que favoreça discussões amplas e contínuas sobre os principais temas do país e do continente, além de colaborar na proteção dos profissionais da imprensa independente.

    Durante todo o evento, estiveram presentes diversos jornalistas, bem como apresentações artísticas que abordaram temas como comunicação, ancestralidade e tradição. Ocorreu também uma sessão de exibição audiovisual organizada pela Negritar Produções & Pulitzer Center, além de oficinas técnicas, performances artísticas, mesas de debate e rodas de conversa para analisar temas como: a tradição oral e a importância do rádio na comunicação dos povos da floresta, como acessar recursos financeiros, a imprensa negra – ética e técnicas de reportagem, o jornalismo de causas e o diálogo com tecnologias ancestrais.


  • Iniciativas de jornalismo independente do Nordeste se unem e lançam campanha de financiamento coletivo

    Iniciativas de jornalismo independente do Nordeste se unem e lançam campanha de financiamento coletivo

    O “Balaio Nordeste de Jornalismo Independente” surge com o objetivo de estimular a produção de conteúdo jornalístico de qualidade na região

    Com o intuito de fortalecer o jornalismo independente do Nordeste, diversas organizações da região se uniram de forma inédita para lançar uma campanha conjunta de financiamento coletivo. A proposta leva o nome de “Balaio Nordeste de Jornalismo Independente”. Os recursos arrecadados devem garantir a produção de conteúdo jornalístico de qualidade feito a partir do próprio território. Com a arrecadação online, pretende-se atingir a meta de R$32 mil.

    O projeto foi idealizado pela Marco Zero Conteúdo, em parceria com o Mestrado de Indústrias Criativas da Unicap e apoio da OAK Foundation e International Fund for Public Interest Media (IFPIM). O Balaio Nordeste de Jornalismo Independente reúne veículos de comunicação distribuídos por oito estados da região, que precisam de apoio e investimento para o desenvolvimento e subsistência das suas atividades.

    A ideia surge a partir da necessidade de garantir a manutenção e a existência de um jornalismo plural no Nordeste, feito de maneira independente, sem amarras e qualquer interferência de grandes empresas e grupos políticos nas linhas editoriais dos veículos. Para a jornalista Helena Dias, uma das organizadoras da campanha e integrante do Coletivo Tejucupapos, projetos como esse são importantes para descentralizar as narrativas jornalísticas e ampliar a diversidade de pautas. “São muitas iniciativas de comunicação local nesses territórios que já fazem jornalismo e que precisam do fortalecimento dessa atuação para poder continuar comunicando sem estereótipos”, comenta Helena. “É uma questão de lugar de fala. Quem melhor que o Nordeste para falar do Nordeste?”, provoca a jornalista.

    Segundo o Atlas da Notícia, censo que mapeia o jornalismo no Brasil, 56,7% das cidades nordestinas não possuem nenhum veículo de comunicação. Mesmo enfrentando grandes desafios com relação à sustentabilidade financeira, a atuação de coletivos independentes na segunda região mais populosa do Brasil contribui com a mudança desse cenário e também com a luta comprometida com a visibilidade de comunidades e pessoas marginalizadas pela sociedade.

    Em uma região marcada pelo esquecimento e a indisposição da cobertura da mídia tradicional hegemônica, são justamente os veículos independentes que cobrem in loco, com constância e de maneira empática pautas relacionadas à nossa cultura e às nossas questões cotidianas. “Isso tem mudado ao longo do tempo, mas a gente ainda vê muito essa identidade nacional marcada por uma identidade branca, de um sotaque sudestino e sulista, quando na verdade a diversidade do Brasil é muito grande, quando esse Nordeste existe e tem suas características que também precisam aparecer na comunicação e no jornalismo”, pontua Helena. E acrescenta, ao destacar a importância da campanha inédita: “ É muito dessas duas coisas: a qualidade do jornalismo e também a disputa de uma identidade que precisa ser mais diversa ao ser retratada”.

    A campanha de financiamento coletivo é essencial para que as organizações captem recursos para cobrir despesas administrativas, remunerar suas equipes, adquirir equipamentos audiovisuais e ampliar a cobertura aprofundada de pautas relevantes. Para apoiar, acesse a campanha em catarse.me/balaionordeste e ajude a fortalecer o jornalismo independente e nordestino. As contribuições variam de R$20 a R$500 reais, com recompensas criativas e exclusivas.