• Projeto lança questionário para analisar o impacto da desinformação nas pessoas com deficiência 

    Projeto lança questionário para analisar o impacto da desinformação nas pessoas com deficiência 

    A segunda edição do projeto Checagem Acessível aposta no uso da tecnologia para construir uma ferramenta inovadora e inclusiva. Para acessar o formulário, o interessado deve acessar www.eficientespcd.com.br 

    Para entender os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência com a propagação de desinformação e as consequências das fake news, o Instituto de Acessibilidade Comunicacional (Inova.aê) desenvolve desde 2023 o projeto Checagem Acessível, iniciativa que busca contribuir para tornar o ambiente digital mais inclusivo e, em sua segunda edição, busca analisar o impacto que as notícias falsas geram nos brasileiros com deficiência. Para colher as informações necessárias, o projeto lança um questionário e convida as pessoas com deficiência a contribuir com o estudo. O documento pode ser acessado em : Formulário para pessoas deficiência auditiva e Formulário para as pessoas com deficiência Visual. 

     Em sua primeira fase, o Checagem Acessível realizou pesquisas junto a agências de jornalismo e pessoas com deficiência, identificando lacunas significativas na acessibilidade digital em portais de checagem de fatos. O estudo indicou que 80% das organizações nunca haviam realizado diagnósticos de acessibilidade em sua estrutura ou conteúdo. O estudo indicou ainda que nenhuma das organizações tinham pessoas cegas, com baixa visão ou surdas em suas equipes e não eram realizadas ações para a inclusão desses grupos nas redações. “Os resultados da pesquisa nos mostra a necessidade de promover a conscientização sobre a importância da inclusão e da diversidade, e da capacitação dos jornalistas em acessibilidade comunicacional e digital. Vivemos tempos em que é crucial fortalecer o senso crítico da população, através da educação midiática, mas não adianta reforçar a necessidade da checagem, sem que os portais de notícias sejam acessíveis a todos”, pontuou Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê. 

    Com a nova etapa, a Inova.aê analisará os resultados colhidos no questionário para torná-los base para o desenvolvimento de ferramentas inovadoras e com base tecnológica que contribuam para um ambiente digital mais acessível e confiável. “O objetivo do formulário é compreender como esse público consome informações e identificar estratégias utilizadas para lidar com a desinformação”, ressalta Larissa Pontes, presidente do Instituto. 

    Acessibilidade – Com base em outros estudos, como a realizada pelo Movimento Web para Todos (MWPT), em parceria com a BigData Corp, em 2021, apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no país eram acessíveis. Em 2022, o índice subiu timidamente para 0,50%, atingindo 3,3% em 2023, mas recuou para 2,9% em 2024. Os dados refletem uma contradição alarmante: embora a acessibilidade seja uma exigência legal desde 2015, conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sua implementação efetiva ainda é insuficiente.

    “Os desafios vão além da tecnologia. É necessário conscientizar desenvolvedores, jornalistas e gestores sobre a importância de criar conteúdos acessíveis e combater a desinformação de forma inclusiva”, afirma Mariana Clarissa. “É possível construir caminhos para uma sociedade mais informada e inclusiva. O combate à desinformação não pode ignorar o direito à acessibilidade, e garantir que todos tenham acesso igualitário à informação é um passo essencial para transformar o cenário digital brasileiro”, completa Larissa Pontes.


  • Para além da sala de aula: como o estado de Pernambuco tem atuado para garantir educação pública de qualidade e inclusiva para as pessoas com deficiência

    Para além da sala de aula: como o estado de Pernambuco tem atuado para garantir educação pública de qualidade e inclusiva para as pessoas com deficiência

    A educação inclusiva não é apenas um conceito pedagógico. É a garantia do direito de todos os cidadãos terem acesso à educação. Ela gera não só a igualdade de oportunidades, mas abrange diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero, e promove a mudança de hábito e a transformação cultural, conscientizando a população sobre práticas de inserção.

    No Brasil, o cenário da educação inclusiva reflete desafios que perpassam, sobretudo, pela complexidade do sistema educacional, os estigmas sofridos pelas pessoas com deficiência (PCD) e a falta de políticas públicas eficazes que leve para sociedade o conhecimento necessário para aplicar a inclusão social das PCD, além de investimentos financeiros nesta pauta. De acordo com dados do módulo Pessoas com Deficiência, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2022, cerca de 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais de idade do país têm algum tipo de deficiência.

    Os números, no entanto, são ainda mais preocupantes quando se observa a taxa de analfabetismo: no terceiro trimestre de 2022, ela chegou a 19,5% entre pessoas com deficiência, enquanto, para pessoas sem deficiência, essa taxa foi de apenas 4,1%. A pesquisa também destaca que apenas 25,6% das pessoas com deficiência concluíram o Ensino Médio, em comparação com 57,3% das pessoas sem deficiência. No Ensino Superior, a situação é ainda mais crítica: apenas 7% das pessoas com deficiência conseguem finalizar o processo educacional.

    Esses números deixam claro que, ao longo da jornada educacional, ocorre uma queda expressiva no número de pessoas com deficiência que conseguem concluir sua formação. Para entender melhor o impacto dessa realidade, a equipe da Eficientes conduziu entrevistas entre julho e agosto com pessoas com deficiência das periferias do Recife e com gestores públicos. O resultado desse trabalho foi uma reportagem especial e uma websérie de seis episódios, disponíveis em nossas redes sociais.

    “Eu tenho alguns amigos, mas a maioria da classe não se aproxima muito de mim, mas os professores estão sempre dando um jeito de me ajudar”. A fala que inicia esta reportagem foi dita por Laís Rodrigues da Silva, uma jovem de cabelos longos, lisos e pretos.

    Aos quatro anos, ela contraiu uma doença rara que atingiu a sua retina e foi diminuindo os níveis de visão. Hoje, aos 15 anos, ela tem cegueira total.

    Motivada por sua mãe, Laís cresceu entendendo que o preconceito e a falta de acessibilidade não tornariam sua vida fácil. Mas sempre teve certeza de que nada lhe é impossível. “Ela sempre disse que não ia ser fácil, que as pessoas poderiam me olhar diferente, me tratar diferente e achar que eu não sou capaz, mas ela sempre disse que eu posso fazer tudo que eu quero. Eu aprendi a andar de bicicleta sem rodinha sozinha, eu já participei da colônia de férias do horto, minha mãe me ensinou a pular corda, fiz natação, aula de piano, ballet”, contou.

    Ela cursa o primeiro ano do ensino médio na Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio Joaquim Xavier de Brito, no bairro da Iputinga, no Recife, local onde aconteceu a entrevista. Ao entrar na escola, no lado direito, há uma rampa, e corrimãos onde estão presas várias bicicletas. A escola possui várias pilastras, e logo em seguida, nos deparamos com uma escada que leva à sala de recursos com quatro computadores, um bebedouro, um armário e uma estante com vários jogos acessíveis. Apesar de ser uma unidade de referência, a escola não dispõe de alguns recursos importantes para garantir a acessibilidade arquitetônica, como o piso tátil, um elemento tão importante para dar maior autonomia e segurança às pessoas cegas, já que marca o caminho que ela precisa para entrar em determinados locais.

    Laís não usa bengala e sempre conta com o apoio de alguém para se locomover dentro das dependências da escola. Para a entrevista, ela foi trazida pelo seu pai até a sala de Recurso, um ambiente que dispõe de materiais educacionais acessíveis e os profissionais que aplicam as metodologias de acessibilidade. No fim da conversa, ela foi acompanhada por um amigo até outro espaço da unidade.

    Fotografia uma menina negra, com cabelos longos e pretos, vestindo uma camisa branca com detalhes em azul, amarelo, verde e vermelho, que identifica a Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. Ela está sorrindo e está em uma sala organizada, com estantes ao fundo contendo vários objetos, como caixas plásticas, instrumentos e materiais educativos.
    Laís precisa de apoio para circular pelos ambientes da escola.

    Perguntada sobre a principal dificuldade que enfrenta no colégio, ela ressalta a solidão. “Eu acho que talvez pela falta de inclusão, os meninos parecem, sei lá, ter medo de se aproximarem de mim ou por não saber como me ajudar. E termina muitas vezes me ignorando e isso é doloroso. É bem ruim a dor da solidão e várias vezes eu falei na escola: ‘gente, eu sou normal’”, contou.

    Na escola, a estudante tem o suporte de uma professora braillista, que recebe todas as atividades realizadas pelos professores de Laís e a encaminha em braile. “Isso é bem legal, porque eu não preciso de alguém a todo instante perto de mim. Minha mãe é muito ocupada e não dá para ficar todo tempo pedindo ajuda dela, então a tarefa em braile é importante porque a qualquer hora eu posso fazer, responder e entregar aos professores”, pontuou.

    Focada em finalizar o ensino médio e a estudar algum curso universitário que trabalhe a biologia, Laís conta que ainda não pensou muito sobre sua entrada no mercado de trabalho. “Eu acho que pode ter alguma dificuldade nesse acesso, mas como tudo na vida vou vencer. Acredito nisso, eu penso isso. Eu vou fazer um curso na faculdade e depois vou dar um outro passo. Um de cada vez, mas sempre vencendo os obstáculos”, disse.

    UNIVERSIDADE É AINDA MAIS HOSTIL

    “Quando o professor me deu a prova com a fonte normal, eu o chamei e expliquei que não conseguia identificar as palavras. E ele disse: ‘se vire. Você que sabe se vai fazer a prova ou não. Você está deficiente visual, não era nem para estar aqui’. Ele virou e voltou a observar os outros alunos, e eu fiquei com a prova na mão sentada na cadeira, raciocinando sobre o que tinha sido me dito”.

    O relato que inicia esta segunda parte da reportagem é de Elaine Silva, uma jovem negra de 26 anos que perdeu a visão aos 18 anos após uma hidrocefalia. Elaine é o nome fictício escolhido por ela que, por receio, preferiu não se identificar e nem apontar a instituição de ensino superior pernambucana onde foi palco de uma das experiências mais tristes que vivenciou.

    Na época estudante de Educação Física em uma universidade pública, Elaine foi socorrida para a emergência hospitalar com fortes dores de cabeça exatamente no dia do retorno às aulas. No hospital, ela passou por uma cirurgia na cabeça para a drenagem do líquido, mas ficou em coma por pouco mais de dois meses. Ao acordar, não conseguia enxergar. “Quando eu saí de casa, eu enxergava. Quando acordei do coma, que vi a escuridão, fiquei em dúvida se eu estava acordada. Mas aí ouvi a voz da minha mãe”, contou.

    Amante da leitura e dedicada aos estudos, após a alta hospitalar Elaine não trancou a matrícula na faculdade. Um ano depois, decidiu que voltaria ao curso e foi até a coordenação da universidade com sua mãe entender se o retorno seria possível. “Minha mãe alertou à faculdade que eu precisaria de alguém para me auxiliar nas avaliações ou que eu precisaria de provas com fontes maiores e um tempo maior para fazer. Na época, eu conseguia enxergar um pouco. Voltei ao curso e entrei em quatro disciplinas”, disse.

    No entanto, em uma das avaliações, não foi cumprido o combinado feito com mãe e filha. Elaine recebeu uma prova com fonte pequena e não houve a opção de assistência. “Fui vendo que os alunos estavam saindo e vi que não tinha como fazer a prova. Com as linhas muito unidas umas nas outras, eu não conseguia entender. Eu simplesmente entreguei a prova, sem nem escrever meu nome, e sai da sala bem abalada”, afirmou.

    O episódio fez Elaine desistir do curso. Mas o desejo pela formação superior seguiu latente, fazendo com que, anos depois, ela se matriculasse em outra instituição de ensino. Hoje, ela cursa o oitavo período do curso de Nutrição em uma faculdade particular, longe da instituição onde foi vítima do capacitismo, mas conta que as dificuldades com a falta de acessibilidade continuam. ”Falta de empatia e falta de acessibilidade vão existir em todo canto. Essa faculdade que estou hoje também disse que ia garantir todos os artifícios, todo o suporte que eu precisasse. Mas também não é assim”, apontou. “É difícil a sociedade tratar a acessibilidade. É difícil a gente tratar a empatia. A gente tem que trabalhar esses temas desde pequeno, para quando a gente crescer, aplicar e incluir às pessoas com deficiência”, destacou.

    card com fundo laranja e amarelo. Em letras brancas do lado direito tem: "nível de educação das pessoas com deficiência, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de 2022". Abaixo um  gráfico de barras apresenta três estatísticas: 36,7% das pessoas com deficiência têm nível de escolaridade representado por um ícone de mochila, 25,6% têm nível superior, indicado por um ícone de livro aberto, 7% têm formação avançada, ilustrado por um gráfico matemático. Há ícones de figuras humanas com deficiência física, auditiva e visual abaixo das barras. Uma seta laranja inclinada para baixo conecta os diferentes níveis educacionais.
    Apenas 7% das pessoas com deficiência concluem o Ensino Superior
    Crédito: Carlos Pontes

    Questionada quais seriam as acessibilidades que deveriam ser aplicadas na instituição de ensino em que estuda, ela inicia a resposta ressaltando a inacessibilidade que começa desde a saída de casa. “O caminho de casa até a faculdade é um grande desafio. Calçadas com buracos, falta de sinalização. Vou sozinha, então, às vezes, tem algumas crianças no caminho que me param e dizem “moça, deixa eu ir com você; você vai bater no poste”. E eu digo que não tem problema, que se eu bater, vou aprender e decorar que naquele lugar tem um poste ali, que eu não posso passar mais ali. Minha perna está toda manchada e isso tudo é pancada que eu levo na rua. Na minha rua mesmo, vocês viram as calçadas, né?!”, perguntou à equipe de reportagem.

    Elaine mora no bairro do Bongi no Recife, não muito longe do campus da insituição onde estuda, local de casas simples e ruas e calçadas desniveladas e estreitas, o que a impede de se locomover com segurança e autonomia. Os dados do IBGE informam que o bairro tem taxa de alfabetização de 92,3% e renda mensal por domicílio de R$ 1.860,98.

    Na faculdade, ela destacou que o mais difícil é a falta de livros acessíveis. “Seria muito importante encontrar alguns livros específicos da minha área no formato digital”, apontou. Na parte física da instituição, ela apontou a falta de piso tátil em todas as dependências da unidade de ensino e indicou a falta de manutenção nos recursos de acessibilidade que foram aplicados. “As escadas têm fitas antiderrapante, mas estão desgastadas e, apesar dos computadores terem os softwares de leitor de tela instalados, não temos o suporte de uma pessoa para nos ajudar”, afirmou. “Mas tudo isso é construção e esse tipo de construção demora muito. E não sou eu, Elaine, quem vai mudar isso. Quando todo mundo parar dizer assim ‘a gente tem que mudar isso’, é que vai mudar realmente. Mas eu acho que ainda vai demorar séculos e séculos, é muito lento para ter uma solução”, completou Elaine

    COMO ATUA O GOVERNO DE PERNAMBUCO

    Em 2015 foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência para assegurar e promover, em condições de igualdade, os direitos e as liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social e à cidadania. Dentre as diretrizes estabelecidas pela lei de inclusão, o artigo 28 determina que é incumbência do poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar o sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), apesar da inclusão escolar ter avançado nos últimos anos, ainda há desafios significativos na implementação de práticas efetivas que atendam a todos os alunos equitativamente.

    Em Pernambuco, há aproximadamentee 14 mil estudantes com deficiência matriculados nas 1.601 escolas estaduais. Desse número, 549 unidades dispõem de salas equipadas com recursos acessíveis, como impressoras em braille, itens pedagógicos, mobiliários acessíveis e outros, e apenas 192 estão totalmente adequadas à acessibilidade.

    De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, a meta é que, até o final de 2026, todas as escolas do estado sejam acessíveis. “Desde 2004, com a própria organização da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e a Lei de Acessibilidade, a gente vem brigando para que cada vez mais os prédios públicos se tornem acessíveis. Nós temos estruturas nas nossas escolas de prédios antigos, mas hoje a gente tem Investe Escola e geralmente a gente foca e dá prioridade para esses pontos de acessibilidade arquitetônica”, apontou a gerente estadual de Educação Inclusiva, Sunnye Gomes.

    fotografia de uma mulher branca, com cabelos loiros presos, usando óculos grandes, vestindo uma blusa azul e um casaco preto por cima. Ela está sentada em um sofá preto e usa colares e anéis dourados. Ao fundo, há estantes com livros e cartazes nas paredes.
    Sunnye é gerente de Educação Inclusiva de Pernambuco
    Crédito: Larissa Pontes/Eficientes

    O Programa Investe Escola Pernambuco (Piepe), citado pela gestora, promove a manutenção e a melhoria das infraestruturas física e pedagógica das unidades escolares. Em matéria publicada no site da secretaria em 24 de janeiro de 2024, há o indicativo de que o Governo do Estado liberou R$ 101 milhões para serviços de infraestrutura das unidades para 2024.

    Sobre o orçamento estadual total previsto para a educação inclusiva, a SEE informou que do segundo semestre de 2024 ao segundo semestre de 2025 serão investidos R$ 13.060.873,48. Em relação à formação de professores, a gerente de Educação Inclusiva do Estado, destacou que a meta do ano é capacitar 1.754 professores da Educação Especial. Ela destaca que há o convite para que os professores da educação regular e outros profissionais das unidades escolares também se capacitem. “A gente inicia o nosso movimento de formações continuada desde o início do ano. Nas nossas formações, a prioridade é para os professores do Atendimento Educacional Especializado, mas convidamos sim professores da sala comum, porque a gente acha importante esse diálogo. A gente quer que esse professor chegue mais perto da gente, porque, na verdade, o aluno está mais tempo na sala de aula regular. Então, há o convite para esses professores também, assim como a gente mobiliza a equipe de gestão, os educadores de apoio e outros agentes, outros protagonistas da escola”, afirmou.

    Para a gerente de Educação Inclusiva do Estado, Sunnye Gomes, Pernambuco se destaca por oferecer o Atendimento Educacional Especializado (AEE). “A estratégia mais forte, que é uma grande marca do nosso Estado, é a garantia do Atendimento Educacional Especializado. Sem a garantia desse atendimento é praticamente impossível efetivar uma inclusão. Então essa é a nossa maior estratégia e com isso, obviamente, você tem alunos surdos inclusos, com intérpretes de libras em sala de aula. Se temos alunos cegos, há professores braillistas. Então, o aluno matriculado na unidade escolar ele tem a garantia da oferta do Atendimento Educacional Especializado”, pontuou.

    Mas é importante ressaltar, que a Lei da Inclusão, ainda em seu artigo 28, determina que é dever do poder público construir e oferecer um projeto pedagógico que institucionalize o Atendimento Educacional Especializado para atender os estudantes com deficiência. “A educação é um processo contínuo de aprendizagem. São 30 anos de educação especial, eu vim de internatos e hoje falo de inclusão de estudantes cegos. Não tenho como dizer que a gente não avançou. A gente avançou muito, mas ainda precisamos melhorar mais. Acredito muito no que a gente está construindo e eu sei o que a gente está crescendo”, atestou a gestora.

    FALTAM AÇÕES AFIRMATIVAS

    Em relação ao ensino superior, o Governo do Estado atua através da Universidade de Pernambuco (UPE). O pró-reitor de Graduação da UPE, Ernani Martins, afirma que a primeira iniciativa inclusiva acontece nos processos seletivos onde o candidato pode indicar sua demanda, apresentar o laudo e ter garantido uma equipe técnica para dar condições necessárias. “Por exemplo, um candidato com deficiência intelectual que às vezes necessita usar um computador específico. Ele faz o requerimento, traz o equipamento e esse computador é analisado por uma equipe técnica que vai atestar que aquilo que ele pede é uma condição necessária e que não será uma vantagem em relação aos outros candidatos”, explicou.

    No entanto, no ingresso à instituição, o pró-reitor ressalta que ainda não há uma ação afirmativa específica para estudantes com deficiência que queiram ingressar nos cursos de graduação, pois a lei de Cotas obriga apenas as universidades federais e concursos públicos. “A gente vem trabalhando paulatinamente, discutindo com o governo estadual as condições para que a gente faça isso, como melhorar toda a infraestrutura física”, pontuou, reforçando que o mesmo não se aplica nos cursos de pós-graduação. “Já tem uma ação afirmativa, uma cota específica para pessoas com deficiência que queiram fazer mestrado e doutorado”, disse. De acordo com dados de 2023, a UPE tem cinco estudantes com deficiência auditiva, seis com deficiência física e 66 estudantes com deficiência visual, sendo baixa visão, monocular e outras. Ao todo, a universidade tem 14 mil alunos.

    Ernani destacou ainda que a universidade não tem profissionais específicos para atuar na aplicação das acessibilidades necessárias no dia a dia dos estudantes com deficiência, mas indica que há formações sobre acessibilidade e inclusão para os docentes compreenderem como atuar com os alunos com deficiência, tendo 25% do quadro docente com alguma formação específica sobre os temas este ano. “A gente precisa ter uma lei que crie cargos na universidade de intérprete de libras, tradutor, braillista e outras não têm, então não podemos fazer concurso. Mas a gente pretende até 2027 ter todas essas necessidades para as políticas públicas avançarem na instituição”, afirmou.

    Fotografia de um homem branco, usando óculos e uma camisa polo preta com pequenos pontos brancos. Ele está sentado à mesa, em frente a um notebook. Ele sorri para a câmera e tem uma xícara ao lado, com persianas de fundo.
    Martins, pró-reitor da UPE, acredita ser possível adequar infraestrutura
    Crédito: Larissa Pontes/Eficientes

    Apesar disso, o gestor frisa haver estudantes com deficiência na UPE e que, quando o aluno necessita de tecnologias assistivas, são ofertadas pela instituição os recursos e equipamentos necessários “Quando eles entram, a gente faz um estudo para entender sua condição e ofertar uma formação equitativa, respeitando as características de cada curso”, afirmou.

    Diferente do ingresso para a formação universitária, a UPE aplica a política de cotas afirmativas no processo de seleção profissional, garantindo o percentual determinado por lei para a contratação de pessoas com deficiência. “Quando elas passam no concurso e são convocadas, depois da junta médica, tem uma equipe que acolhe na pró-reitoria de Desenvolvimento Pessoas para entender as necessidades dessas pessoas e alocar no setor que vai atuar e dar toda a infraestrutura do que é possível dentro da universidade para que essa pessoa trabalhe da melhor forma possível”, disse.

    Para sanar as faltas de acessibilidade na instituição, a Universidade de Pernambuco instituiu em 2021 o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão. “Ele funciona dando essa assistência em várias direções, em apoio psicopedagógico, em equipamentos, para que a gente tenha, de fato, um tratamento equitativo para todos os alunos que estão nas graduações da universidade, em todas as macrorregiões do estado onde a UPE está distribuída”, detalhou indicando que a perspectiva é que até 2027 o núcleo seja ampliado. “O objetivo maior é a gente não só dar o acesso à universidade, mas instituir a permanência dessas pessoas, entendendo a universidade como um espaço plural para todas as pessoas.”

    Embora a ampliação do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão seja um passo na direção certa, é necessário questionar por que os processos de implementação de acessibilidade avançam tão lentamente. O núcleo existe desde 2021, mas só em 2024 foi possível iniciar a capacitação dos professores. E isso não se limita a UPE; é importante que outras instituições exerçam políticas inclusivas, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE), que não forneceram à equipe de reportagem os questionamentos sobre suas políticas de inclusão. Será que há, de fato, um comprometimento das instituições de ensino e do poder público com a criação de um ambiente acadêmico inclusivo e acessível?

    Uma coisa é certa: a implementação de ações que promovam a inserção e permanência de estudantes com deficiência não deveria ser uma exceção, mas sim uma regra. No entanto, ainda há um longo caminho para que esse compromisso se transforme em práticas consistentes e eficazes, capazes de gerar um impacto real na sociedade, fortalecendo a diversidade e garantindo a equidade no ensino médio e superior, ao invés de cumprir apenas metas institucionais.

    E NO MERCARDO DE TRABALHO?

    Roberta Soares, professora de libras, sempre foi incentivada pela família a estudar. Para isso, até o ensino médio, frequentou uma unidade de ensino particular e bilíngue, onde existiam alunos surdos e professores que se comunicavam na língua de sinais. Após esse período, ela foi matriculada na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam) e passou a vivenciar os problemas que a falta de inclusão na sociedade gera às pessoas com deficiência, sobretudo aos surdos.

    Ela conta que no começo a escola não disponibilizou intérprete de libras e nenhum professor sabia a língua de sinais. “Os surdos ficavam lutando para conseguir esse profissional, que chegou depois. Mas o ensino médio foi difícil, foi tudo diferente do que eu tinha vivido. A maioria dos alunos eram ouvintes, a metodologia de ensino não era a mesma. Mas eu me esforcei, estudei, fiz reforço, principalmente para matemática e química, e consegui passar por essa fase”, pontuou.

    Com o ensino escolar concluído, Roberta foi em busca de um trabalho numa fábrica. E nessa etapa, ela enfrentou novos desafios. “Foram nove anos nesse emprego e, para as pessoas com deficiência é bem difícil, tem muitas barreiras, muito preconceito e tinha muito impedimento comunicacional. Minha ideia sempre foi evoluir, sair de lá e me formar professora efetiva”, contou. Foi então que, conciliando com o emprego fabril, ingressou na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para cursar o primeiro curso de Letras Libras.

    Para Roberta, entrar na UFPE não foi algo difícil. A prova para o vestibular era toda em libras e o curso tinha apenas alunos surdos. “Me lembrou a escola bilíngue e eu não tive dificuldade. A gente teve disciplinas de português, para praticar a leitura, mas o professor sabia libras, os trabalhos eram feitos nessa linguagem”, ressaltou. Sobre a equipe administrativa da universidade, ela destacou que, em 2008, ano em que iniciou o curso, não existia uma estrutura inclusiva completa. “A coordenação não sabia libras, mas os professores que sabiam apoiavam e tinha os intérpretes também, além de grupos de ouvintes que sabiam libras e grupos de surdos. Com o tempo, eles foram evoluindo e hoje, em 2024, melhorou muito”, reforça. “Lembro que, na minha época, tinha uma mulher surda no curso de Matemática e foi muito difícil para ela”, completou.

    Durante os estudos na graduação, Roberta mirava para o futuro: sua meta seria estudar e ser aprovada em um concurso público. “Hoje, sou professora da rede estadual”, contou. Como docente de libras, ela ensina pessoas ouvintes e surdas, mas já teve experiência com pessoas cegas. “Foi um desafio para mim, por que fiquei pensando ‘qual material irei utilizar?’. Porque existiam várias possibilidades, acabou sendo difícil no início. Mas foi importante para mim, porque aprendi a trabalhar, mudar a estrutura de trabalho e pensar nas adaptações”, afirmou. A partir das vivências no trabalho, Roberta destacou que vão se criando ferramentas para ultrapassar os desafios que o mercado de trabalho apresenta. Mas será que recorrer ao concurso público será a única perspectiva de futuro para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho?


  • Inova.aê participa da 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

    Inova.aê participa da 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

    A Inova.aê contribuiu para o desenvolvimento acessível da 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que aconteceu em julho, no campus Álvaro Alvim da ESPM-SP, na Vila Mariana, em São Paulo. O trabalho foi idealizado para que o evento pudesse incluir e receber bem as pessoas com deficiência. Além disso, a Inova.aê também ministrou oficinas e palestras sobre comunicação e jornalismo acessível. 

    Durante os meses de março a abril, o Instituto realizou treinamentos com a equipe da Abraji, fornecendo informações de como aplicar as diretrizes de acessibilidade comunicacional em eventos e quais seriam as intervenções físicas necessárias para garantir a locomoção com autonomia do público com deficiência. Para garantir a fluidez do site para as tecnologias assistivas, os consultores da Inova.aê verificaram o site e apontaram os itens que precisavam ser melhorados. 

    Para oferecer capacitação e fortalecer a discussão em torno de um jornalismo inclusivo e acessível, os especialistas da Inova.aê ministraram duas mesas e uma oficina no Domingo de Dados. Na sexta-feira (12) a mesa “Quem cabe no seu todos? Tecnologia na garantia do direito à informação para pessoas com deficiência”, foi mediada por Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê. A atividade discutiu as possibilidades de união entre a tecnologia e a comunicação para a construção de projetos inovadores e que contribuam para que as pessoas com deficiência tenham acesso à informação jornalística com qualidade. 

    Mariana pontuou como foi elaborada a construção da Lume Acessibilidade, um aplicativo agregador de notícias jornalísticas construído a partir das diretrizes de acessibilidade digital. Acessível à população com deficiência visual no Brasil, a ferramenta nasceu a partir do desdobramento do projeto Acessibilidade Jornalística: um problema que ninguém vê, vencedora do Innovation Challenge do GNI em 2021. Estiverem presente também Gabriel Sales, que é estudante de estatística da UFF e criador do projeto IA Libras, e Carla Beraldo, pesquisadora, especialista em acessibilidade e idealizadora do Protocolo Reverta de Acessibilidade. 

    O segundo momento aconteceu no sábado (13), com a mesa “Cultura interna: como os gestores podem promover diversidade e inclusão no jornalismo”, que trouxe um panorama atual da diversidade no jornalismo brasileiro. Foram apresentados os resultados da pesquisa “Retrato do Jornalismo Brasileiro”, expostos por Angela Werddemberg que coordenou o projeto na Enóis. A atividade também destacou a diversidade racial, de gênero e territorial através da fala de Mário Rogério, diretor de programa de indicadores do CEERT.  

    Além disso, foi discutido os desafios enfrentados pelas iniciativas para promover práticas inclusivas e sugestões para criar ambientes mais representativos, fala feita por Michel Platini, consultor em Acessibilidade da Inova.aê. O debate foi mediado por Gabi Coelho, jornalista independente e diretora da Abraji. 

    Domingo de Dados – No Domingo de Dados, programação que tem ênfase no jornalismo de dados, a Inova.aê apresentou a oficina “Jornalismo de dados acessível: como planejar gráficos interativos e informativos para pessoas com deficiência ou baixa visão” ministrada por Larissa Pontes, presidente Inova.aê, e Mariana Clarissa, diretora de projetos. A atividade expôs os recursos necessários para a criação de infografias acessíveis. 


  • Plano Conjunto promove interação entre Cinema, Educação e Acessibilidade

    Plano Conjunto promove interação entre Cinema, Educação e Acessibilidade

    Projeto realiza sessões de cinema acessível e atividades formativas a partir de terça (07/05)

    Cinema, Educação e Acessibilidade são áreas interligadas que, juntas, possuem um grande potencial para fortalecer a inclusão, a diversidade e as oportunidades. A partir dessa perspectiva, surge o Plano Conjunto, um projeto com o objetivo de realizar sessões de cinema acessível e atividades formativas, como oficinas e masterclasses. 

    O principal público-alvo são os estudantes com deficiência das Escolas Municipais do Recife, bem como profissionais do cinema, da acessibilidade, professores, técnicos e gestores escolares. As sessões de cinema acessível são abertas ao público em geral.

    A programação é dividida em três ciclos, que acontecem a partir de hoje (07/05) e se estendem até junho. As atividades são realizadas gratuitamente. O projeto é realizado pelo produtor Túlio Rodrigues com incentivo pelo Sistema de Incentivo à Cultura/Prefeitura do Recife. 

    Projetos como este são importantes para a sociedade compreender a importância da acessibilidade no contexto cultural e educacional. De acordo com dados da Gerência de Educação Especial da Cidade do Recife, no ano de 2023, aproximadamente 4.500 alunos com deficiência estão matriculados na Rede de Ensino do Recife. Dentre eles, 1.031 estudantes possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA), 306 têm Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), 196 apresentam surdez ou algum grau de deficiência auditiva, 111 possuem cegueira ou baixa visão, e 112 têm síndrome de Down.

    Foto: Divulgação

    O primeiro ciclo do Plano Conjunto inicia com a exibição da animação “Além da Lenda”(Classificação Livre, 1h26m), de Marcos França e Marília Mafé, na terça-feira (07/05), às 14h30, no Cinema da Fundação (Derby, Recife). O filme é o primeiro longa-metragem de animação produzido em Pernambuco e aborda lendas brasileiras como Saci, Comadre Fulozinha e Curupira. A sessão acessível terá recursos de Audiodescrição (AD) para pessoas cegas e com baixa visão, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Legenda para Surdos e Ensurdecidos (LSE). 

    A sala de cinema funciona em modo adaptado, com o ambiente mais iluminado e o som reduzido, para melhor receber pessoas neurodiversas, o que inclui pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), síndrome de Down, entre outras. O público será acolhido por uma equipe que conta com audiodescritores e intérpretes de Libras e, ao final da sessão, participará de uma mediação acessível.

    A programação ainda conta com atividades que propiciam diálogos sobre cinema, acessibilidade e educação inclusiva. “Durante os três ciclos, o Plano Conjunto oferece encontros com temáticas diferentes, oportunizando o debate da pluralidade do estudante com deficiência e mobilizando discussões específicas sobre cada individualidade”, explica Túlio Rodrigues, coordenador do projeto.

    A masterclass online “Educação audiovisual: percursos criativo-pedagógicos entre escola e comunidade” será realizada na quinta (09/05), às 19h30, com Felipe Leal, da Semente – Escola de Educação Audiovisual (PB). Nos dias 10 e 17 de maio, o Plano Conjunto oferece a oficina Introdução às Legendas para Surdos e Ensurdecidos (LSE) com Deise Medina (BA). Os encontros da oficina acontecem das 14h30 às 17h30, em formato online. Os interessados devem se inscrever através dos formulários disponibilizados através do perfil do projeto no Instagram: https://www.instagram.com/plano.conjunto.lab/

    Plano Conjunto – Laboratório de Cinema, Educação e Acessibilidade

    Programação:
    Ciclo 1:

    07/05, 14h30 – Sessão Acessível no Cinema da Fundação/Derby (AD, Libras e LSE)
    Filme: Além da Lenda, Marcos França e Marília Mafé, Animação, Livre, 1h26m

    09/05, 19h30 –  Masterclass – Educação audiovisual: percursos criativo-pedagógicos entre escola e comunidade com Felipe Leal, Semente – Escola de Educação Audiovisual (PB).

    10/05 e 17/05 (14h30 às 17h30)- Oficina de Introdução às Legendas para Surdos e Ensurdecidos (LSE) com Deise Medina (BA).
    Inscrições na página do instagram: @plano.conjunto.lab
    Link: https://www.instagram.com/plano.conjunto.lab/


  • Iniciativa de jornalismo seleciona consultor de acessibilidade digital com deficiência auditiva 

    Iniciativa de jornalismo seleciona consultor de acessibilidade digital com deficiência auditiva 

    As inscrições para o projeto Checagem Acessível, iniciativa de combate a falta de acessibilidade digitais nos portais de verificação de notícia, acontece de forma online até o dia 15 de junho

    Texto: Mariana Clarissa / Imagem: Banco de imagem

    O projeto Checagem Acessível, iniciativa que atua com a criação de soluções para a aplicação das diretrizes de acessibilidade digital em portais de verificação de notícias, está com inscrições abertas para a seleção de um consultor de acessibilidade digital com deficiência auditiva. Para participar do processo seletivo o profissional deve enviar o currículo, até o dia 15 de junho, para o e-mail chacagemacessivel@gmail.com.

    Entre as habilidades exigidas para a vaga, o candidato deve ter conhecimentos em comunicação acessível, tecnologia assistiva e português, ter compreensão do universo da verificação de notícias e saber elaborar análises e relatórios. No projeto, o trabalho de consultoria tem duração de 4 meses e não requer o cumprimento de carga horária, apenas a entrega de demandas com prazo pré-estabelecido. 

    PROJETO – O projeto Checagem Acessível propõe uma solução para os problemas da desinformação que atingem as pessoas com deficiência e a falta de acessibilidade nas plataformas de checagem de notícias. A iniciativa é encabeçada pela Eficientes, organização de jornalismo independente que produz conteúdos acessíveis destinados às pessoas com deficiência liderado pela jornalista Larissa Pontes, e a Lume Acessibilidade, uma empresa jornalística de consultoria, cursos e treinamentos em acessibilidade comunicacional comandado pela jornalista Mariana Clarissa. 

    De acordo com Larissa Pontes, apesar da comunicação ser um direito humano, da existência de legislação específica e de protocolos de acessibilidade para sites e aplicativos, não há efetividade nas práticas por desinteresse ou recursos para atender às demandas deste grupo. “Esta parcela da população fica ainda mais vulnerável aos conteúdos desinformativos e as fakes news, pois não conseguem acessar com qualidade os portais de notícia e, assim, verificar se a informação é, de fato, verídica”, afirma a jornalista. “Diante disso, o projeto vai atuar principalmente na formação de jornalistas, sobretudo os profissionais que atuam na prática de checagem de notícias, para minimizar o desconhecimento das diretrizes de acessibilidade digitais e treinar a equipe que elabora os sites para aplicar as técnicas que garantem o acesso efetivo e sem obstáculos das pessoas com deficiência durante o uso de portais e dispositivos digitais”, completa Mariana Clarissa.

    No Brasil, é estimado que haja 45 milhões de pessoas com alguma deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 


  • Projeto REMIX atrás as discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais

    Projeto REMIX atrás as discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais

    Texto: Marconi Barkokebas / Imagem: Via Redes Sociais

    Nessa caminhada por mais voz, respeito e participação social para pessoas com deficiência, o Eficientes sempre ajuda a divulgar iniciativas e projetos que podem transformar vidas. 

    Dessa vez, o projeto Remix aborda a questão dos direitos autorais no Brasil. Através de vídeos amplia a discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais. A ideia é tratar o tema com base em depoimentos de personalidades acadêmicas, artistas e agentes do mercado e de criação de conteúdos para  promover debates sobre a democratização de acesso à informação, e sobre as leis que garantem aos autores direitos sobre suas obras intelectuais. 

    Dentro do universo da literatura mundial, estima-se que apenas 1% dos dos títulos disponíveis são realmente acessíveis. Então, fechando a série de vídeos sobre direitos autorais, Pedro Milliet, produtor de livros digitais, Léo Castilho, educador e artista, e Alice Lana, coordenadora de cultura e conhecimento do InternetLab, estão entre os participantes que refletem sobre a conjuntura atual em Acessibilidade pra geral, que cerceia o acesso à informação, educação e cultura para pessoas com deficiência e a urgência de adaptações de obras para formatos específicos que atendam às necessidades distintas desse grupo, estimado em 25% da população brasileira. 

    O projeto Remix – Direito Autoral para Geral é uma parceria que tem por objetivo descomplicar as discussões sobre direitos autorais no Brasil e tornar esse assunto acessível pra geral. Defendemos uma reforma da lei de direitos autorais brasileira, que está bastante defasada, a partir de um debate com a participação direta de autores, de usuários e de todos os setores da sociedade. Isso porque a forma dos direitos autorais de uma sociedade afeta todo o ecossistema social, econômico e cultural do país – incluindo criadores e o público em geral. O debate sobre direitos autorais parte de seis pilares, e um deles é justamente a acessibilidade. Não dá pra falar de acesso à cultura e ao conhecimento sem falar de tornar as obras acessíveis para geral, independentemente da pessoa ter alguma deficiência ou não. 

    Gostou da iniciativa? Confira mais sobre o projeto através do site


  • Romeu Sassaki morre aos 84 anos, também conhecido como “pai da inclusão”

    Romeu Sassaki morre aos 84 anos, também conhecido como “pai da inclusão”

    Texto: Larissa Pontes / Imagem:  Everson Bressan/SMCS

    Em 1938, o mundo estava prestes a viver a segunda guerra mundial, no Brasil, Getúlio Vargas articula para golpe do estado novo por causa do “medo comunismo”. Mas nessa mesma época, nasceu Romeu Sassaki que depois de alguns anos se tornou o pai da inclusão. Sua história com a causa da pessoa com deficiência começa em 1960, quando estava na faculdade cursando Serviço Social pela Faculdade Paulista de Serviço Social, foi fazer um estágio  no Instituto de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que tinha sido instalado pela Organização das Nações Unidas com equipamentos importados.

    Com o estágio no Instituto, ganhou uma bolsa de estudos pela ONU para estudar nos EUA e na Grã Bretanha entre 1966 e 1967. Quando retornou ao Brasil em 1967, começou a realizar diversas palestras, reuniões e cursos em entidades de reabilitação e empresas. Colocando em prática e divulgando os conhecimentos que foram de grande relevância para o movimento das pessoas com deficiência, como: de que forma eram feitas as colocações em empregos, quais recursos técnicos e tecnológicos haviam, quais eram os profissionais de equipe multidisciplinar, como esses profissionais eram formados e atualizados.

    Romeu Sassaki entre 1969 e 1974 foi vice-diretor da Faculdade de Serviço Social da então Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Em 1975 administrou o Centro de Desenvolvimento de Recursos para Integração Social (CEDRIS), por meio do qual fez parte do Movimento das Pessoas com Deficiência (MDPD) através do convite a Heloísa Chagas, que nasceu em 1979. 

    Em 1980, aconteceu o primeiro encontro do movimento das pessoas com deficiência com diversas entidades importantes em Brasília, no qual a escolha do local tem significado, naquela época Brasília era cidade nova e era o centro das decisões. Precisava começar as mudanças por lá para depois difundir para o resto do país.

    Neste encontro foi discutido que antes do movimento de luta das pessoas com deficiência, existiam diversas entidades fundadas por pessoas com deficiência com o objetivo de ajudar na sobrevivência, arrecadando dinheiro, roupas, alimentos e trabalhos. Essas entidades eram só para um tipo de deficiência, como: só para cegos, só para surdos ou só quem tivesse deficiência física. 

    Sabemos que existem diversos tipos de deficiência que são importantes e  que essas entidades se unam para que o movimento tenha força. Romeu Sassaki trouxe a ideia dos Estados Unidos, o movimento de coalizão que é a união de várias forças que antes trabalhavam sozinhas, a partir daí começaram a trabalhar em conjunto. Na reunião em Brasília criaram a coalizão Pró-Federação Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes. 

    Tanto Romeu Sassaki tinha sido bolsista da ONU como Otto Marques que foi funcionário da ONU em Nova York  então recebiam muitas informações e publicações da Organizações Unidas, sempre levam todos os materiais para as reuniões. Eles tiveram informações de que 1981 seria o ano internacional das pessoas com deficiência. A partir de 1980, eles começaram a divulgar em São Paulo e depois para todo país. 

    Neste mesmo ano, a Rede Globo entrou em contato com o movimento, porque queriam fazer umas vinhetas de 30 segundos para passar no intervalo do show de Roberto Carlos no final de ano, queriam indicações de pessoas com deficiência. Quando o movimento viu o projeto, não concordaram. Porque queriam filmar os defeitos físicos, as feridas nas pernas ou nos braços, queriam chocar a sociedade de forma a sensibilizar a sociedade. Mas os movimentos dos PCD, não concordavam com esse tipo de abordagem, não acreditavam nessa forma de sensibilizar, porque só iria reforçar a imagem de “coitadinho”. Eles queriam que os PCD fossem vistos dessa forma, querem conscientizar e informar o público a partir das suas reivindicações, para que a sociedade mude. 

    A Rede Globo não aceitou as críticas e as modificações e filmaram do mesmo jeito. Estamos em 2021, o movimento das pessoas com deficiência conquistaram muitas coisas, mas infelizmente a sociedade tem muita  visão capacitista dos PCD. Romeu Sassaki mostra a partir da sua história que a informação e conhecimento podem fazer transformações na sociedade. 

    Em 1981, o Ano internacional da pessoa com deficiência, o MDPD conseguiu que o secretário municipal de cultura Mário Chamie, autorizasse a construção de uma rampa provisória, feita de madeira, na entrada do Teatro Municipal de São Paulo. Mesmo sendo provisória, aquela rampa representou uma grande conquista, porque era a única maneira de pessoas com deficiência poderem assistir junto com todo mundo a uma apresentação do maestro Isaac Karabtchevsky.

    Em São Paulo, na Praça Roosevelt, o movimento fez uma feira de demonstrações de barreiras e acessibilidades. Construíram caminhos com degraus e desníveis, forneceram várias cadeiras de rodas para as pessoas experimentarem as dificuldades. Também mostravam a altura orelhão, de pias, do espelho o errado e qual seria o certo.   

    Também pressionaram o presidente da república João Baptista Figueiredo, que acabou criando a Comissão Nacional do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, mas não havia nenhuma pessoa com deficiência naquela comissão.O Núcleo de Integração de Deficientes (NID) foi uma das entidades de pessoas com deficiência a exigir a inclusão de uma pessoa com deficiência na Comissão do Ano Internacional.

    Em 1987, Romeu Sassaki e os integrantes dos movimentos estavam trabalhando no âmbito nacional e tiveram uma grande participação na Constituinte de 1988, que foi marcada como primeira Constituição Federal a tratar de garantias e direitos para as pessoas com deficiência. Em 1986, o anteprojeto da constituição já estava todo escrito pela Câmara Federal e não tinham consultado o movimento das pessoas com deficiência, mostrando uma visão bem antiga e paternalista. O MDPD construiu uma comissão, fizeram diversas reuniões para fechar as propostas feitas pelo movimento para constituição. 

    Romeu Sassaki era o secretário e ficava responsável pelas as atas, Cândido Pinto de Melo foi o coordenador em São Paulo, Carlos Burle Cardoso, em Porto Alegre, e Messias Tavares de Souza foi o porta-voz do movimento no Congresso Nacional, em Brasília. Conseguiram modificar várias coisas no anteprojeto de constituição, que foi aprovado em 1988. 

    As conquistas dos PCD foram: 

    – Artigo primeiro diz que a dignidade humana é o fundamento do nosso estado, ao dizer isso o artigo engloba todos, inclusive às pessoas com deficiência que também tem direito a uma vida digna.

    – Artigo terceiro proíbe qualquer tipo de discriminação independente de qualquer característica da pessoa.

    – Criação do benefício de prestação continuada (BPC). Ele garante um salário mínimo para a pessoa com deficiência que não consegue se sustentar.

    Em alguns relatos de Romeu Sassaki em entrevista era que o movimento das pessoas com deficiência, como eram várias entidades juntas se discutiam muito sobre desmistificações sobre visão antiga, caritativa, assistencialista, que as próprias associações também tinham. 

    O movimento atuava muito em São Paulo, no dia 20 de maio de 1989 aconteceu o 1º Fórum de Pessoas com Deficiência, Romeu Sassaki relatou esses fórum foram debatidos diversos assuntos e que tudo era documentado para eles pudessem perceber e vê o quanto eles já tinham avançado nas conquistas, então foi importante para batalharem por ônibus adaptados ou acessíveis, reivindicações, eliminação de barreiras atitudinais, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência (21 de setembro). Uma das coisas importante foi que jornalistas e mídia estavam assustados, ficaram sempre em cima do movimento, isso fez nós aprender muito e eles também. 

    Romeu Sassaki, podemos perceber que teve um papel fundamental em cada conquista do movimento da pessoa com deficiência, foi uma das primeiras pessoas a discutir sobre inclusão nas escolas e no mercado de trabalho em 1980. Já são 50 anos de luta pelo movimento na visão de Sassaki, “Houve avanços com vários ritmos de velocidade, uns mais lentos, outros mais rápidos. Mas, desde o passado até hoje, estamos sem atingir a maioria das pessoas com deficiência. Milhões de pessoas com deficiência ainda estão vivendo como “na era da caverna”, ainda estão com problemas básicos de falta de atendimento de saúde, de remédio, de cirurgia, de reabilitação, de uma muleta, de um par de óculos. Há milhões de pessoas que nem isso têm. O que aconteceu é que, ao longo do tempo, houve estagnação, paramos de brigar.”

    Uma história que serve de grande inspiração para diversas pessoas que lutam pelo movimento, que tem muitas coisas a serem conquistadas e que é possível transformar a sociedade a partir do conhecimento. 


  • Eficientes selecionado para programa de treinamento em Inteligência Artificial

    Eficientes selecionado para programa de treinamento em Inteligência Artificial

    Por: Larissa Pontes / Revisão de Texto: Lilian Pacheco / Imagem: Carlos Pontes

    Nesta terça-feira (02), o JournalismAI anunciou os participantes da Academia de Jornalismo AI para Pequenas Redações de 2022, um programa online gratuito que oferece uma capacitação sobre inteligência artificial para jornalistas e profissionais de mídia de pequenas redações. Ele foi desenvolvido pela equipe JournalismAI da London School of Economics and Political Science (LSE) e desenvolvido pela Google News Initiative.

    A primeira edição do programa aconteceu em 2021 com 20 participantes da Europa, África e Oriente Médio. Neste ano de 2022, o Eficientes foi um dos selecionados entre 20 organizações da América Latina.

    A cofundadora e Diretora Executiva do Eficientes Larissa Pontes afirma: “Estamos muito felizes por ser selecionados! Foi nosso primeiro edital em que conseguimos ser aprovados depois de quatro anos de história do Eficientes. Acredito que será um grande divisor de águas, porque há um grande potencial de crescimento no aprimoramento de reportagens e dados, principalmente no combate à desinformação. Atualmente, as pessoas com deficiência são alvos de fakes news por não terem ferramentas acessíveis para a verificação de se aquela notícia é falsa ou verdadeira. Esperamos aprender mais sobre Inteligência Artificial, compreender como podemos utilizá-la no jornalismo efetivamente e conhecer novos métodos e habilidades. Que possamos cada vezes mais combater a desinformação, produzir conteúdo de qualidade e acessível para as pessoas com deficiência.”

    O programa de 8 semanas será executado entre setembro e outubro de 2022. Ele conta com uma série de masterclasses ministradas por especialistas que trabalham na interseção de jornalismo e inteligência artificial, bem como com atividades práticas para orientar a jornada de adoção de IA durante e após o programa.

    Confira a lista completa dos selecionados JournalismAI


  • Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Texto: Yuri Euzébio (Colaborador) | Imagem: Larissa Pontes

    Continuando com nosso Papo Eficiente, a conversa dessa vez foi com as representantes do grupo Talento Incluir e da VouSer Acessibilidade. O papo começou centrado nas histórias das iniciativas e suas atuações, além de se estender sobre artes, acessibilidade e consultorias.
    Nessa segunda live da série, tivemos a representante do grupo Talento Incluir: Katya Hemelrijk, formada em Administração de Empresas e PNL, tem especialização em Neurociência do Consumo e certificada como Coach Internacional pelo International Coaching Community; e Andreza Nóbrega, coordenadora da VouSer Acessibilidade e idealizadora do Encontro de Acessibilidade Comunicacional em Pernambuco.
    No bate-papo, mediado pela fundadora do Eficientes Larissa Pontes, Katya explicou que a Talento Incluir é uma consultoria que trabalha a empregabilidade da pessoa com deficiência. “A Talento Incluir tem o propósito de trazer equidade nas relações humanas através da equidade de empregabilidade das pessoas com deficiência”, disse. De acordo com Hemelrijk, a ideia é levar informação às empresas para que sejam criadas oportunidades para pessoas com deficiência mostrarem seu potencial no mercado de trabalho.
    Já Nóbrega explicou os projetos artísticos da VouSer Acessibilidade e a nova fase do projeto. Nóbrega esclareceu que, enquanto atuante na área de acessibilidade, a VouSer enfoca no campo da arte, cultura e educação. “Ainda que façamos trabalhos e projetos em outros campos temáticos, o nosso foco maior, hoje, é na potencialização, no surgimento de novos artistas, no protagonismo e na representatividade das pessoas com deficiência também nas artes”, revelou.
    Entre outros assuntos, durante a conversa foram abordados as dificuldades de acessibilidade em ambientes públicos das cidades, os maiores desafios dos projetos, a luta por melhores condições para as pessoas com deficiência e as maiores transformações que os grupos possibilitam na vida das pessoas. A conversa, na íntegra, está disponível na página do Instagram dos Eficientes e conta com tradução simultânea em Libras.


  • Inclusão Literaturá Infantil

    Inclusão Literaturá Infantil

    Por: Letícia Mendes

    Você já leu algum livro que abordasse a temática de pessoas com deficiência? Não? Nós apresentamos para vocês algumas obras infantis com foco na inclusão de crianças. 

    Daniel no Mundo do Silêncio, do autor Walcyr Carrasco, traz a temática de um personagem que perdeu a audição aos 7 anos e de alguma forma precisa de comunicar com os pais, principalmente, com as mãos. Os pais o matriculam numa escola especializada em educação para surdos, onde Daniel aprende a Língua de Sinais (LIBRAS). Após todo processo, ele enfrenta a jornada de estudar em uma escola comum, lutando com diversas adversidades. 

        Já a obra As cores no Mundo de Lúcia, escrita por Jorge Fernando dos Santos, retrata a vida de Lúcia, menina muito inteligente e deficiente visual. Com sua sabedoria, a personagem descobre uma maneira divertida de perceber as cores, usando os 4 sentidos, a audição, o olfato e o tato. 

       O livro Serei Sereia, da autora Kely de Castro, retrata a história de Inaê, uma criança que, assim como as outras, passa por momentos de tristeza, alegria e dúvidas. Entretanto, ela tem mais um desafio pela frente, o de não poder andar. Com o apoio das mãos, Inaê compreende que, independente da sua situação, ela pode continuar crescendo e construindo sua própria história. 

       Sonhos do dia, de Claudia Werneck, traz à tona a história de uma menina que fica inconformada por não poder realizar seus desejos enquanto acordada, mas consegue quando está dormindo, em seus sonhos. Assim, ela lança a mobilização com outros colegas de sonhar acordado. Essa foi uma das primeiras obras literárias brasileiras lançada com recursos de acessibilidade, com interpretação em Libras, em braile e com audiodescrição, um exemplo de inclusão social infantil. 

       A obra literária de Marcos Ribeiro Quem disse que eu não vou conseguir? mostra várias histórias de pessoas com deficiência, trazendo relatos inspiradores e motivadores. Além disso, o livro mostra como todos são capazes de realizar suas tarefas e precisam de uma sociedade mais inclusiva e empática com essas situações.