• Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Por: Letícia Mendes

    Com o avanço tecnológico, certas demandas no cotidiano das pessoas com deficiência foram levadas à tona, o que chamou atenção para recursos básicos que permitissem o melhor desenvolvimento autônomo para essa população. Dessa forma, foram criadas tecnologias que são chamadas de assistivas, com o intuito de criar equipamentos, métodos ou qualquer solução que tenha como objetivo ajudar na reabilitação de pessoas com deficiência. Portanto, seguem algumas das novas tecnologias que proporcionam maior independência e autonomia. 

    TIX : O chamado teclado inteligente multifuncional, o TIX tem como objetivo proporcionar qualquer tipo de ação em aparelhos tecnológicos, como smartphone, tablet e computador com apenas 11 teclas que são sensíveis ao toque, ajudando assim na funcionalidade de pessoas com deficiência motora. Para isso, o TIX facilita a digitação com o acionamento das teclas iconográficas, completando as palavras de forma inteligente e tem como recurso o uso de sinais de acentuação, pontuação e símbolos. Além disso, o aparelho contém teclas grandes, bem espaçadas e sensíveis ao toque, atingindo um público com deficiências como amputações, paralisias e limitações de movimento. Assim, com suas multifunções, o TIX permite também o uso em atividades pedagógicas de ambientes escolares com crianças que precisam desse auxílio, fornecendo para o estudante autonomia para realizar atividades no colégio. Diferente de alguns produtos comercializados, o teclado TIX é produzido e desenvolvido no Brasil, trazendo assim maior atenção para sua implantação em diversos pontos no país. 

    (Imagem do site TIX LIFE)

    OrCam : Especializada com o objetivo de trazer soluções para pessoas cegas ou com baixa visão, a OrCam traz um dispositivo em formato de óculos que possui inteligência artificial, capturando imagens que estão em volta do usuário, transformando-as em sons e, de forma adaptada, descrevendo detalhadamente o espaço real. Além disso, o dispositivo faz o mesmo com os livros, transformando suas páginas em áudio. Através disso, ela traz ao usuário uma ampla experiência na vivência do ambiente por onde passa, possibilitando diferentes sensações, sentimentos e emoções, por conta de sua imaginação e audição.

    Um óculos preto retangular e ao lado direito tem um capturador de imagens.
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Kit Livre : No Brasil, com o baixo investimento de acessibilidade para pessoas com deficiência pelas ruas de cidades, a rotina de cadeirantes se torna árdua e angustiante. Por conta dessa problemática, a empresa Kit Livre, através de recursos tecnológicos, transforma cadeiras de rodas usuais em triciclos motorizados e elétricos. Além de ser utilizado no cotidiano, ele permite a prática de atividades esportivas e o lazer, podendo ser utilizado em áreas de diferentes níveis e terra, grama, asfalto, etc. O produto pode ser adquirido através da compra ou aluguel. Entretanto, por ser uma empresa privada, o custo para usufruir do equipamento é mais elevado.

    O Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luís Mendes comenta sobre a funcionalidade da cadeira elétrica da Kit Livre: “Do ponto de vista da funcionalidade, o triciclo elétrico facilita as atividades de vida diárias para pacientes cadeirantes, principalmente, paciente que apresentam dificuldade parcial ou total ao tocar a cadeira. Além disso, promove uma maior inclusão do paciente no contexto e participação perante a sociedade”.

    https://tix.life/wp-content/uploads/2021/03/kitlivre.jpg
    (Imagem do site TIX LIFE)

    A-bLinX: Permitindo a realização de tarefas com o piscar dos olhos, o a-blinX funciona como um acionador e controlador de dispositivos digitais. Ele tem como objetivo o auxílio a pessoas que tiveram complicações e não possuem o movimento motor, mexendo apenas as pálpebras. Dessa forma, o aparelho estimula a comunicação do paciente e permite o melhor desenvolvimento em tarefas cotidianas, como as escolares. O a-bLinX possui uma interação com o Teclado Inteligente Multifuncional, o TIX, através de dispositivos tecnológicos. O sensor do óculos fica posicionado e capta o piscar dos olhos do usuário, transformando-o em um comando e traduzindo a mensagem de acordo com as configurações. 

    SENSOR DE PISCADELAS A-BLINX ********************************************************** Capta o piscar dos olhos para escrever no app TelepatiX ou controlar computadores pelo TiX. _________________________ CLIQUE PARA MAIS DETALHES
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Tobii: com o intuito de proporcionar melhor integração entre pacientes e equipes médicas, a Tobii cria soluções assistivas que integram pessoas com deficiência nas suas atividades cotidianas. Com a tecnologia, a comunicação de pessoas que apresentam limitação com a fala fica mais prática por meio do uso de aplicativos e equipamentos avançados. Assim, a empresa também desenvolve computadores, tablets e dispositivos acessíveis para o manuseio de pessoas com deficiência. 

    https://tix.life/wp-content/uploads/2021/03/tobii-300x169.jpg
    (Imagem do site TIX LIFE)


  • Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Texto: Yuri Euzébio (Colaborador) | Imagem: Larissa Pontes

    Iniciando a 3° edição do Papo Eficiente, recebemos representantes de quatro iniciativas que abordam a causa da pessoa com deficiência. Essa edição do projeto traz, em uma série de encontros ao vivo, algumas iniciativas que abordam a inclusão da pessoa com deficiente em um papo para esclarecer suas ações e história.

    Essa primeira leva de encontros foi dividida em dois momentos: No primeiro, a mediadora Larissa Pontes reuniu o cineasta e estudante de Rádio e TV Emmanuel Castro, 34, militante pela diversidade e cofundador do Vale PCD (@pcdvale) com o jornalista Rafael Ferraz, 37, criador da página Jornalista Inclusivo no facebook, em 2017, e editor chefe do portal Jornalista Inclusivo.

    Rafael explicou que o Jornalista Inclusivo surgiu da sua busca por informações sobre o tema quando ficou tetraplégico, em 2011, e de uma percepção da carência de espaço para esse assunto. “Era uma época em que as redes sociais estavam começando a crescer, mas as informações não eram tão fidedignas, então eu, com meu olhar jornalístico, entendia que toda a pesquisa que tinha feito ao longo dos anos necessitava de um compartilhamento, então no facebook eu criei a página onde compartilhava matérias de sites mais confiáveis”, explicou. Durante a pandemia, a página virou site, no ar há um ano.

    Já o Vale PCD surgiu de uma observação de Emmanuel da ausência das pessoas com a deficiência em espaços de lazer. “A partir de 2016, eu saía muito pras baladas, festas, bares e não via muita gente com deficiência nesses espaços. Eu sentia muita falta, porque eu via gente de todo tipo, menos pessoas com deficiência, e o Vale PCD surge dessa ausência. Quando eu conheci Priscila, ela tem nanismo, nós saíamos muito e isso também incomodava ela”, disse. “Quando fomos saber o porquê disso, descobrimos que havia falta de informação sobre a acessibilidade dos locais, então foi aí que resolvemos criar o projeto”, completou.


    Durante a conversa, tanto Rafael quanto Emmanuel mostraram incômodo com as abordagens da mídia tradicional às pautas da pessoa com deficiência. E relataram como os trabalhos deles impactaram na vida das pessoas e as mudanças na sociedade ao longo dos anos.


    No segundo momento da live, a mediadora recebeu Elizabete de Lima, 25, formada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Pós-graduada em políticas sociais com ênfase na família pela Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí (FATEC), representando o Nanismo Brasil, e Andressa Linhares, que se formou em Relações Públicas na Universidade Federal do Maranhão(UFMA) e Fundadora do Comunica PCD, que foi criado em 2020.


    O Comunica PCD surgiu de uma pesquisa realizada por Andressa sobre a falta de comunicação na sua universidade entre as pessoas com deficiência e para as pessoas com deficiência. O projeto rompeu a bolha da universidade e, atualmente, é referência no meio digital. Já Elizabete explicou o contexto do surgimento do Nanismo Brasil e os desafios de representar a pessoa com nanismo. A conversa, na íntegra, está disponível na página do Instagram dos Eficientes e conta com tradução simultânea em Libras.

    Confira o Papo Eficiente completo no nosso Instagram (@eficientes_) !

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  • Você sabe o que é texto alternativo?

    Você sabe o que é texto alternativo?

    Você que navega pelo Instagram, já deve ter notado em páginas governamentais, oficiais ou mesmo de algumas celebridades mais conscientes como Juliette, vencedora do último BBB, a tag #PraTodosVerem.

    Pois bem, trata-se de um texto alternativo. É o texto escrito que aparece no lugar da imagem quando ela não consegue ser carregada em um site. Este texto ajuda ferramentas de leitura de tela a descrever imagens para deficientes visuais e ainda permite que mecanismos de pesquisa rastreiem e classifiquem a postagem.

    No Instagram, a ferramenta existe desde 2018 e foi anunciada como um passo firme da plataforma em busca de acessibilidade na comunicação. “Com mais de 285 milhões de pessoas no mundo com deficiências visuais, sabemos que há muitas pessoas que poderiam se beneficiar de um Instagram mais acessível.”

    Engana-se quem pensa que o recurso foi criado pelo aplicativo do Meta, na verdade, ele é um velho conhecido de toda a Web, utilizado para substituir uma imagem quando ela não pode ser carregada por conta da conexão da Internet do usuário e também pra quando este usuário é uma pessoa com deficiência.

    De forma direta, o texto alternativo existe para substituir uma imagem. Quando pensamos em acessibilidade, o recurso acaba tendo um propósito ainda maior, já que possibilita a absorção do conteúdo por todos os usuários.
    Pessoas com deficiências visuais usam leitores de tela com tecnologia assistiva como o Voice Over (iOS) e TalkBack (Android) para conseguir ler textos nas redes sociais. A tecnologia, porém, esbarra nas imagens e vídeos, já que não há uma forma precisa de identificar o que há no conteúdo e repassar para o usuário.

    Para tentar burlar essa lacuna dos sistemas, muitos perfis nas redes sociais adotaram a hashtag #PraCegoVer, que consiste em descrever as imagens e vídeos de uma publicação para que os leitores de tela possam ler isso pro usuário, que assim consegue absorver todo o conteúdo. Com o advento do texto alternativo, já é possível fazer isso com as ferramentas da própria plataforma.

    Apesar de muitos usuários ainda não saberem da existência do recurso, ele é fundamental para uma comunicação mais acessível e que atinja todos os públicos de forma fácil e simples.


  • História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    Por muito tempo, pessoas surdas foram excluídas dos ambientes educacionais. Foi apenas com o Abade de L’Épée que esse cenário mudou. Através de um destaque maior à língua gestual, de L’Épée fez com que o ensino alcançasse mais do que apenas alguns nobres e respeitasse as características dos não-oralizados.

    No Brasil, foi graças a Dom Pedro II que a educação dos surdos teve o seu início. Por conta de seu neto surdo, o imperador convidou o francês Eduard Huet, surdo, para ensinar no país. Em 1857, Eduard veio ao Brasil e fundou aquilo que viria a ser conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos – o famoso INES.

    A Língua Brasileira de Sinais, popularmente conhecida como Libras, foi criada em conjunto com o INES. Sua base tem origem na Língua Francesa de Sinais e também em gestos já usados cotidianamente no Brasil. 

    Apesar de existir há muito tempo, muitos ainda acreditam que a Libras é uma versão gestual da língua portuguesa. Ela, assim como as outras línguas de sinais, possui gramática, vocabulário e até sotaque próprios. Atualmente, existem mais de 200 línguas de sinais utilizadas ao redor do mundo e cada uma possui suas próprias particularidades e regras!

    Em 1880,  em um congresso sobre surdez em Milão, foi proibido o uso das línguas de sinais, por acreditarem que a oralização faria com que os surdos tivessem uma maior integração na sociedade. Essa ideia continuou sendo defendida por cerca de 100 anos, e, apesar disso, os não-ouvintes continuaram a se comunicar por sinais.

    Em 1993, a comunidade surda buscava um projeto de lei que regulamentasse o idioma no Brasil. Mas apenas em 2002 que a Língua Brasileira de Sinais foi finalmente reconhecida como uma língua no Brasil. Essa demora reflete o preconceito que muitas vezes fica velado na sociedade. 

    Desde que a Libras foi reconhecida como uma língua oficial, a comunidade surda vem conquistando mais direitos, como a lei que determina o uso de recursos visuais e legendas nas propagandas oficiais do governo, a instituição do Dia Nacional do Surdo e a Lei Brasileira de Inclusão.

    Mesmo com essas conquistas, as línguas de sinais são pouco conhecidas pelas pessoas ouvintes. Para mudar essa realidade, é preciso que haja uma maior conscientização e uma busca daqueles que ouvem por entender as vivências e as realidades dos surdos que os cercam. 


  • Projeto de Mapeamento da Acessibilidade no TRE-PE

    Projeto de Mapeamento da Acessibilidade no TRE-PE

    A democracia é um regime político em que todos os cidadãos participam igualmente, diretamente ou elegendo um representante através do voto. Então, é muito importante que todos os cidadãos consigam ter acesso aos locais de votação. O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) lançou um projeto de inclusão, que é o mapeamento da acessibilidade nos locais de votação no estado de Pernambuco.
    De acordo com IBGE, no censo 2010, existem em Pernambuco 2.426.106 milhões de pessoas com deficiência (PCD’s). A justiça eleitoral em Pernambuco possui 3.500 locais de votação, totalizando 21 mil seções. De acordo com o membro da Comissão de Acessibilidade do TRE-PE, Acácio Leite, “os maiores desafios da justiça eleitoral é que os prédios utilizados não são da justiça eleitoral, são poder público e privados que são cedidos pelas prefeituras, escolas, universidade federais e governo do estados. O grande desafio é sensibilizar os responsáveis pelo prédio que seja, governo estadual ou municipal. Implementar esses recursos nos prédios, como: rampas de acesso, banheiro com acessibilidade”.
    O projeto tem o objetivo de mapear todos os locais de votação do estado de Pernambuco
    até as eleições de 2024. O mapeamento será feito por meio de visitas aos locais, para
    verificar a existência – ou não existência – de acessibilidade. Contará também, com registros
    fotográficos de todas as falhas apresentadas, além de relatórios realizados pelo juízo
    eleitoral que, posteriormente, serão enviados aos responsáveis de cada organização.
    A justiça eleitoral, contabiliza diversas acessibilidades disponibilizadas às pessoas com
    deficiência, para que tenham acesso ao direito ao voto, são elas:

    – Formulário para Inscrição em Seção com Acessibilidade:
    As pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida têm o direito a votar em uma seção
    eleitoral com acessibilidade, que oferece infraestrutura adequada, como rampas de acesso,
    portas de largura adequadas a cadeirantes e banheiros adaptados. A inscrição nesse tipo
    de seção, porém, não é automática, devendo o cidadão solicitá-la diretamente no cartório
    ou por meio de formulários, distribuídos no dia da eleição.

    – Coordenador de Acessibilidade:
    Na data da eleição, cada local de votação conta com um coordenador de acessibilidade,
    identificado com camiseta específica, no intuito de verificar as condições do local. O
    coordenador tem o dever de auxiliar na remoção de barreiras físicas simples e quaisquer
    outras adaptações passíveis passíveis de serem executadas a tempo da votação. Este,
    atua também no atendimento ao público com deficiência ou mobilidade reduzida no dia do
    pleito.

    – Coordenador de LIBRAS:
    Além do coordenador de acessibilidade, muitos locais onde votam eleitores surdos ou com
    deficiência auditiva também têm à disposição um coordenador de LIBRAS (Língua Brasileira
    de Sinais). Esses colaboradores atuaram, no pleito de 2018, nos municípios em que os cartórios eleitorais firmaram parcerias com instituições que prestam atendimento a esse público.

    – Urna eletrônica:
    Desde a primeira versão da urna eletrônica, utilizada no pleito municipal de 1996, a Justiça
    Eleitoral implementou recursos que possibilitaram o exercício do voto por todos os cidadãos
    brasileiros. Nesse contexto, as adaptações feitas nas urnas ao longo dos anos tiveram
    como objetivo a garantia do direito ao voto.

    -Sistema Braille:
    Todas as urnas eletrônicas estão preparadas para atender pessoas com deficiência visual.
    Uma vez que, o teclado do terminal do eleitor apresenta os números em sistema braille,
    além de ponto de referência no número 5, o que orienta àqueles que não leem em braille.

    – Fones de Ouvido:
    É oferecida, ainda, a possibilidade de utilizar-se fones de ouvido, para que o eleitor cego ou
    com deficiência visual receba sinais sonoros com indicação do número a ser escolhido.

    – Auxílio na Votação:
    Em algumas situações, o eleitor precisa de auxílio para votar e pode entrar na cabine com
    um acompanhante. A situação dependerá da avaliação do presidente da mesa, autoridade
    máxima no local. Nas seções eleitorais, é permitido, ainda, o ingresso do eleitor com
    deficiência visual acompanhado de cão-guia, sem o prejuízo de poder ser auxiliado por uma
    pessoa de sua confiança, se assim o desejar.


  • Criação do sistema Braille e sua chega ao Brasil

    Criação do sistema Braille e sua chega ao Brasil

    A imagem é uma pintura do retrato de Louis Braille que era um homem branco, com cabelo curto e castanho. Está vestindo uma  capa, debaixo tem um terno verde e dentro uma camisa branca.
    FOTO: REPRODUÇÃO/HTTP://BRAILLEBUG.ORG/

    Em 1824, Louis Braille aos 15 anos, criou o sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas com deficiência visual. Sua história começa aos três anos, brincando na oficina do seu pai feriu o olho esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo, causando grave hemorragia. Quando estava com cinco anos, a infecção atingiu o outro olho e ocorreu a cegueira total. 

    Mesmo com a perda da visão conseguia aprender muito bem na escola. Aos 10 anos conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, a primeira escola para cegos do mundo. Na Instituição, o ensino consistia em fazer os alunos repetirem as explicações e os textos ouvidos.

    Preocupado com seus estudos e com a criação de um sistema para as pessoas cegas, conseguiu criar um sistema que consta do arranjo de seis pontos em relevo, dispostos na vertical em duas colunas de três pontos cada, no que se convencionou chamar “cela braille”.  A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63 combinações ou símbolos para escrever textos em geral, anotações científicas, partituras musicais, além de escrita estenográfica. 

    O Braile chegou ao Brasil através de José Álvares de Azevedo que nasceu cego e era filho de Manuel Álvares de Azevedo, uma família rica do Rio de Janeiro. Seus pais sempre muito preocupados, procuravam os melhores tratamentos, decidiram enviar José Alvares para estudar na única escola especializada na educação de cegos que havia no mundo naquela época — o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. O menino frequentou a escola, na condição de interno, dos 10 aos 16 anos, obtendo aproveitamento máximo em todas as disciplinas, segundo o relato de João Pinheiro de Carvalho, ex-aluno da escola de Paris e viria mais tarde a lecionar no Instituto Benjamin Constant.

    Quando José Álvares retornou ao Brasil em 1850, tinha vontade de ensinar o sistema e criar uma escola semelhante, em que poderia estudar. Para conseguir realizar seu objetivo, saiu dando palestras em todos os lugares como casas de famílias ou nos salões da corte. Já mostrava naquela época seu próprio exemplo de vida que era possível incluir as pessoas com deficiência visual se disponibilizarem recursos para elas. Foi o primeiro professor especializado no ensino de cegos no Brasil, com isso teve a oportunidade de se aproximar de D.Pedro II que ficou impressionado e sensibilizado pela causa e deu início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos — hoje, Instituto Benjamin Constant.

    Mas José Álvares, não conseguiu ver o seu sonho se tornando realidade, seis meses antes da inauguração, ficou doente de tubérculo e acabou falecendo aos 20 anos em 1854. O Instituto passou a crescer ao longo dos anos, aceitando diversos alunos de diversas regiões do Brasil, após dez anos, passou a ser chamado Instituto Nacional dos Cegos, mas em fevereiro de 1891, mudou de nome novamente para  Instituto Benjamin Constant.

    O Instituto tem 167 anos é referência nacional na educação e capacitação profissional de pessoas cegas, com baixa visão, surdocegas ou com outras deficiências associadas à deficiência visual. Faz capacitações de profissionais públicos e privados, reabilitação para pessoas que perderam a visão, é um centro de pesquisas no campo da oftalmologia e da educação especializada, também possui um dos programas de residência médica mais respeitados do país, com isso fazem atendimento médico à população, realizando: consultas, exames e cirurgias oftalmológicas.

    Eles também contam com a Imprensa Braile, que é o maior parque especializado em produção Braile, que começou seus primeiros trabalhos em 14 de agosto de 1857 com oficinas de tipografia e encadernação. Atualmente, eles editam, imprimem livros e revistas para pessoas cegas e com baixa visão, além de contar com um farto acervo eletrônico de publicações científicas.


  • Educação inclusiva enfrenta obstáculos

    Educação inclusiva enfrenta obstáculos

    O capacitismo está presente em todas as esferas sociais, principalmente na educação.

    OPINIÃO

    Artigo: Larissa Pontes

    Na segunda-feira, 09 de agosto às 21h30 estava começando mais um programa Sem Censura, na TV Brasil. O convidado da noite foi Milton Ribeiro, o Ministro da Educação, que afirmou. “Quando um aluno com deficiência é incluído em salas de aula comuns, ele não aprende e ainda ‘atrapalha’ a aprendizagem dos colegas”. Após as alegações, uma grande indignação foi causada nas pessoas com deficiência. 

    Após dez dias, o Ministro chegou ao Recife para a cerimônia de reabertura do Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco, na Zona Norte. Durante a solenidade fez outra declaração atacando as pessoas com deficiência. “Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo ‘inclusivismo’, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam”, afirmou o Ministro da Educação. Essas afirmações só reforçam o capacitismo que está enraizado na sociedade e são um grande retrocesso para a luta pela educação inclusiva. 

    Em 2019, o Datafolha encomendou ao Instituto Alana, uma pesquisa sobre “ O que a população brasileira pensa sobre educação inclusiva”. Foram entrevistadas 2.074 pessoas acima de 16 anos e colhidas informações de mais de 7.000 brasileiros, de 130 municípios. Segundo os dados, 86% acreditam que as escolas se tornam melhores ao incluir pessoas com deficiência. Para 76%, crianças com deficiência aprendem mais quando estudam com crianças sem deficiência. A inclusão acontece quando pessoas com deficiência e sem deficiência estão convivendo em conjunto, valorizando cada pessoa e aprendendo com as diferenças. Na pesquisa mostra que 93% das pessoas que convivem com pessoas com deficiência dizem que as escolas se tornam melhores quando há inclusão. Esses dados são de grande importância para reafirmar o quanto primordial são as escolas inclusivas. 

    Nas últimas décadas, a educação excluía as pessoas com deficiência, muitas não frequentavam escolas, eram trancadas dentro de casa, ou tinham suas matrículas recusadas. Na década de 40, foram criadas as escolas especiais para que os alunos tivessem acesso à educação, mas reforçam um sistema de segregação e não inclusivo. 

    Entretanto, na década de 90, deu-se início aos questionamentos sobre as escolas especiais e a  discussão sobre educação inclusiva. Porque o sistema educacional passou a enxergar que a deficiência não era um problema e que precisava se adaptar às características de cada aluno. Porém a política de educação inclusiva só foi formalizada em 2008, já que o percentual de alunos com deficiência incluídos em salas regulares era de 54%. Dez anos depois, chegou a 92%, com 1,2 milhão de matrículas em escolas regulares. 

    Apesar dos avanços nas estatísticas, existem grandes obstáculos para que realmente a inclusão seja efetiva. Um deles é o Capacitismo, um termo utilizado para discriminar, oprimir ou diminuir as pessoas com deficiência. Ele está presente em todas as esferas sociais, como: família, educação, ciência, mercado de trabalho, cultura e política. A sociedade antes olhar para as pessoas com deficiência como seres humanos capazes de exercerem suas competências e capacidade, olham a deficiência delas, colocam barreiras e obstáculos para que pertençam à sociedade.

    É importante que tenham debates, eventos, visibilidade, representatividade para que haja uma desconstrução de preconceitos, um grande exemplo disso são as Paralimpíadas. 

    O Brasil levou 259 atletas paralímpicos, que participaram de 20 das 22 modalidades, batendo diversos recordes olímpicos. Nessas duas semanas de paralimpíadas,  fomos capazes de não olhar para a deficiência, mas sim para as capacidades, as habilidades, e também conhecer os esportes e suas funcionalidades. O Brasil ficou entre os dez primeiros países, com total de 72 medalhas, atingindo a sétima posição. 

    Porém, quando analisamos a fundo, ainda percebemos a falta de visibilidade das Paralimpíadas. Podemos destacar vários pontos: nas Olimpíadas a federação de atletas do Brasil levou 302 atletas,  que receberam 21 medalhas em 20 dias, para as Paralimpíadas a federação levou 259 atletas, que receberam 72 medalhas em 13 dias. Um outro ponto bem crítico é o valor das medalhas, enquanto atletas nas olimpíadas receberam 250 mil nas medalhas de ouro, 150 mil nas medalhas de prata e 100 mil nas medalhas de bronze, nas Paralimpíadas chegaram a ganhar 36% a menos, levando 160 mil nas medalhas de ouro, 64 mil nas medalhas de prata e 32 mil nas medalhas de bronze.  

    Na cobertura da mídia das Olimpíadas, a Rede Globo, que é o canal responsável pela transmissão, disponibilizou o canal da TV aberta, quatro canais do Sportv, e o Globoplay. Com coberturas exclusivas e mais 840 horas de transmissões. Já nas Paralimpíadas, o canal da Tv aberta fez um compacto da abertura e de alguns jogos, o Sportv disponibilizou um canal para as coberturas que tiveram só 100 horas de transmissão. 

    A partir dessas análises vimos como as barreiras são colocadas para que as pessoas com deficiência não tenham acesso à educação, esportes e informações. Esses comportamentos da sociedade são atos excludentes e que só reforçam os preconceitos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, analisou o acesso às tecnologias da informação e comunicação, registrou que 63,1 milhões de domicílios tinham televisão com conversor para receber o sinal digital de televisão aberta, que corresponde a 89,8% dos domicílios. Já a TV por assinatura corresponde a 30,4%. Isso quer dizer que 44 milhões de brasileiros ficaram sem acesso à cobertura das paralimpíadas. 

    A representatividade é um dos primeiros passos para combater o preconceito, a partir do momento que não há visibilidade para as paralimpíadas, ou não é promovida uma educação inclusiva, estamos desvalorizando a capacidade das pessoas com deficiência e reforçando os preconceitos. Por isso é de grande relevância que a televisão aberta levante essas pautas, para que a sociedade quebre paradigmas e tenha acesso às informações.


  • I Encontro Internacional: Inclusão com estratégia de inovação

    I Encontro Internacional: Inclusão com estratégia de inovação

    Juntamos duas iniciativas o @eficientes e @projetoinclusaodoamor e construímos o I Encontro Internacional: Inclusão como estratégia de inovação, um evento online e gratuito!

    Levantando vários temas sobre a causa das pessoas com deficiência. Reunindo pessoas com deficiência, especialistas, iniciativas e apoiadores da causa. Contará com palestras, rodas redondas, oficinas e apresentações artísticas.

    Confira a programação e se inscreva:
    http://eficientespcd.rds.land/encontro-internacional


  • Eficientes na mídia

    Eficientes na mídia

    O Eficientes vem conquistando cada vez mais espaço na mídia!! Isso acontece graças a vocês que acompanham e gostam do nosso trabalho. Hoje o Diário de Pernambuco realizou duas reportagens sobre o projeto. Uma fala sobre a luta de pessoas com deficiência que buscam espaço na política. Por sua vez, a segunda faz um panorama amplo sobre o Eficientes!! Confira as reportagens:

    Projeto voltado à inclusão de pessoas com deficiência na sociedade realiza entrevistas com os candidatos das eleições 2020 para ouvir propostas a este público: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/politica/2020/11/projeto-voltado-a-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-na-sociedade-rea.html

    Fazer política é o menor dos desafios: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/politica/2020/11/fazer-politica-e-o-menor-dos-desafios.html

    Reportagens feita por: Thayse Lira


  • Os desafios do ensino online para crianças PCD e a possível volta das aulas presenciais.

    Os desafios do ensino online para crianças PCD e a possível volta das aulas presenciais.

    Entre várias discussões levantadas nesse período de pandemia, a educação tem se tornado um tema central. Muitas dúvidas, questionamentos e posicionamentos opostos tem cercado o assunto. Essa situação está causando diversos impactos no setor. Segundo estudo feito pela Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 9,7 milhões de crianças de todo mundo vão abandonar a escola para sempre até o final de 2020. No Brasil, a volta das aulas presenciais começa a ser planejada, qual sua opinião? É seguro retornar para as escolas nesse momento?

    Pensando nisso, o Eficientes conversou com mães de crianças com deficiência para entender como foi a adaptação das aulas online e saber o que elas pensam em relação a retomada do ensino presencial. Renata Martins, é mãe do Bernardo de seis anos e conta como a família está passando pela quarentena.

    Bernardo tem Mielomeningocele e, em função disso é cadeirante. A Mielo é uma condição que afeta a formação da coluna vertebral e traz uma série de complicações físicas e de saúde.
    “Meu filho é incrível, uma criança feliz e ativa. Os tratamentos fazem total diferença no processo de desenvolvimento dele, por isso, ficar sem natação, fisioterapia e escola não é bom, porém diante da possibilidade de contágio preferimos seguir o isolamento total desde março. Somos privilegiados em ter a possibilidade de ficar em casa de forma segura, sabemos que infelizmente muitos não podem fazer isso” – Explica Renata.

    Bernardo realizando exercícios escolares. Foto: Renata Martins

    Ainda segundo Renata, seu filho gosta muito da rotina “Bernardo adora todas as suas atividades, principalmente ir para escola, ele tem um ótimo rendimento escolar e boa relação com amigos e professores. Tudo isso faz falta no cotidiano, mas a adaptação para o ensino online foi tranquila. A escola fez um esquema dinâmico através do uso de fichas, livros e vídeoaulas no Google Meet, eu consigo acompanhar todo esse processo auxiliando-o quando necessário”.

    O que a família acha sobre a possível volta das aulas presenciais? “Em nenhum momento pensamos em suspender a escola, sabemos da importância da mesma se manter, mas ainda não nos sentimos preparados e seguros em mandar nosso filho para a escola de forma presencial, e como ele se adaptou muito bem a esse novo formato então preferimos mantê-lo em casa, com as aulas à distância, evitando o risco de contaminação” – Conclui Renata.

    Cada família tem uma realidade diferente para Sabine Stark, mãe do Guilherme de dez anos o ensino remoto não está sendo fácil. “Guilherme nasceu surdo, com 1 ano de idade fez a cirurgia de Implante Coclear “A princípio pensávamos que o implante traria uma vida “normal” ao Gui, com o tempo aprendemos sobre a surdez e suas nuances. Hoje, o Gui tem a Libras como primeira língua e o normal para nós é respeitá-lo como surdo e indivíduo”.

    No início da pandemia, Sabine e Guilherme sentiram bastante dificuldade para se adaptar a nova rotina de aulas remotas. “Eu fiquei muito assustada com tudo que estava acontecendo, a escola do Gui se adaptou rapidamente às aulas remotas continuando com o conteúdo praticamente normal e eu precisava de um tempo para entender e reorganizar a nova rotina na minha cabeça. No começo ele reclamou muito porque não queria aulas em vídeo, sentia falta do contato com a professora e amigos. Foi preciso muita conversa para entender que isso seria a nova rotina sem data para acabar”.- Conta Sabine.

    Guilherme estuda em uma escola regular que tem salas voltadas ao ensino bilíngue ( libras primeira língua e português escrito como segunda língua), mas a instituição segue o ensino que é voltado para ouvintes. “Mesmo a professora sendo surda, a educação bilíngue no Brasil é muito difícil, faltam materiais, adaptações e conhecimento dos gestores. Eu estava há mais de um ano questionando várias coisas na escola, pedindo algumas mudanças, tentando mostrar as dificuldades que estávamos enfrentando com o passar dos anos. Gui está no 5º ano e o conteúdo só aumenta. Se não temos um respaldo da escola, tudo se torna mais difícil”. – Explica Sabine.

    Guilherme no aprendizados da
    Língua Brasileira de Sinais. Foto: Sabine Stark

    Na Escolas do Guilherme as aulas têm duração de 40 minutos e foram implementadas na plataforma do Google. As lições com explicações em vídeo são postadas também na plataforma, são duas tarefas por dia. Sabine fala os pontos positivos dessa dinâmica “Nesse ponto acho bom porque a questão da concentração é bem difícil assim a distância. Eu tento não sobrecarregá-lo porque sei que não vai adiantar. Ainda mais porque na Libras precisa da atenção total. Um minuto que você olha para outra coisa, quando volta para quem está sinalizando, você já perdeu muito”.

    Sabine acredita que o ensino foi prejudicado “Os danos causados vão se refletir nos próximos anos, as escolas não estavam preparadas para EAD e principalmente pensando nas crianças que demandam outros recursos e adaptações de acessibilidade”. Ela contou que não pretende retornar às aulas presenciais. “Nem agora e nem depois. Eu já avisei a escola que esse ano o Guilherme não volta para aula presencial. Não terá lei que obrigue meu filho a voltar para escola colocando ele e nossa família em risco. Estou atenta as portarias e manifestações do Governo e espero que tenhamos a opção de escolha” – Relata Sabine.

    Realmente esse assunto ainda divide opiniões. Você tem filho, filha ou parentes nessa dúvida? Qual sua opinião? Vamos permanecer atentos para observar o desenrolar de toda situação.