• SÉRIE: COMO EMPREENDEDORES COM DEFICIÊNCIA ESTÃO TRANSFORMANDO AS REALIDADES LOCAIS

    Terceira temporada do Lumecast Episódio 3

    (Locução de Mariana) 

    Oi! Eu sou Mariana Clarissa, uma mulher negra de estatura mediana. Meus cabelos são cacheados, em um tamanho médio e pretos. Este é o terceiro episódio da série “Pessoas com Deficiência e Empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho”, um conteúdo produzido pela Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. 

    (Locução de Larissa)

    E sou Larissa Pontes, uma mulher branca, de cabelos cacheados, tamanho médio, cor castanho escuro, estatura mediana. Aproveitando: esse é um podcast totalmente acessível que discute acessibilidade comunicacional e temas que fazem parte do universo da pessoa com deficiência.

    (Locução Mariana)

    Chegamos ao último episódio desta série e aqui vamos contar a história de empreendedores com deficiência e ressaltar como eles estão transformando as suas realidades e o contexto local de onde vivem. Você também vai compreender o atual cenário do mercado de trabalho brasileiro para as pessoas com deficiência. 

    (Música) 

    (Ana carolina)  

    A minha trajetória com deficiência visual começou quando eu tinha apenas 8 anos de idade. Naquela época, eu cheguei em casa da escola com os olhos vermelhos, então a minha mãe me levou ao oftalmologista. Após uma série de exames, eu descobri que tinha uma uveíte, que é uma inflamação nos olhos. Essa condição ocasionou outras doenças, como catarata, glaucoma e, por exemplo, que foi o que causou a perda total da visão aos 26 anos de idade.

    (Locução Larissa)

    Essa é Carolina Lemos, uma mulher branca de cabelos longos e pretos, que sempre teve a veia empreendedora pulsando. Já vendeu galeto com sua mãe e foi revendedora de perfumes e maquiagens. Mas os negócios não deram certo. Ao perder a visão, ela decidiu que não desistiria do empreendedorismo e investiu no ramo da beleza. 

    (Ana Carolina)

    A beleza além da visão é um projeto que eu idealizei. Após a perda da visão, depois que me tornei consultora de beleza, tive acesso facilitado aos produtos. Comecei a treinar técnicas e formas para que eu pudesse me maquiar sozinha, porque quando eu era baixa visão eu não me sentia segura para isso, eu pedia que as minhas amigas me maquiassem e também porque eu não queria que as pessoas que me conheceram enxergando pensassem assim, Carol depois que ficou cega não se arruma mais, não se ajeita e eu não queria depender de ninguém para isso. Então comecei a treinar quando eu me maquiava sozinha que saía, as pessoas elogiavam e perguntavam quem tinha feito a minha maquiagem, quando eu falava que tinha sido eu, ninguém acreditava. Então eu vi que estava dando certo e surgiu o desejo de transformar algo ruim que aconteceu comigo, que foi a perda total da minha visão em algo bom, em algo belo, né? O “Beleza Além da Visão”. Então comecei a ensinar outras mulheres a se maquiarem sozinha também. Hoje eu já consegui alcançar mais de 50 mulheres, né? Ministrando cursos e oficinas pelo projeto. E o, beleza lenda visão, ele não só ajuda na autoestima, na autonomia, na independência, no empoderamento. É também na questão da pessoa se sentir capaz, saber que é capaz, ter confiança em si mesmo e não desistir dos seus sonhos.

    Além disso, resolvi expandir as minhas habilidades, fiz um curso de massoterapia, isso me permitiu trabalhar em uma outra área e oferecer um serviço adicional para os meus clientes. A massoterapia não só me ajudou a diversificar minha fonte de renda. Ela também me proporcionou ajudar outras pessoas a se sentirem bem.

    (Locução Mariana)

    Mas, tanto na massoterapia como na consultoria de beleza, sentiu dificuldades para empreender. Ela remete isso à falta de acessibilidade nas ferramentas de gestão e comunicação, que nem sempre são acessíveis para quem tem deficiência visual, e ao preconceito da sociedade que subestima a sua capacidade.

    (Ana Carolina)

    Para superar algumas barreiras que eu enfrentei na minha jornada de empreendedora, eu utilizei de algumas estratégias. Primeiro, recursos de acessibilidade como software de leitores de tela. Depois eu busquei parcerias com outras empreendedoras para aumentar a minha rede de contato. E também sempre participando de cursos e workshops para poder estar ali expandindo as minhas.

    (Locução Larissa)

    Todos os personagens dessa série, quando perguntamos se utilizam auxílios governamentais ou de instituições como SEBRAE, CIEE e outras, as respostas sempre eram negativas: não, ou nunca utilizei nenhum recurso. A pesquisadora da NOZ inteligência, Juliana Vani, uma mulher branca com cabelos lisos pretos, realizou o estudo sobre a empregabilidade das pessoas com deficiência que aponta alguns resultados que podem nos levar a algumas reflexões importantes.

    (Juliana Vanin)

    Empreender é uma oportunidade, mas também um grande desafio. Para o empreendedorismo ser um caminho viável, é necessário qualificação. Hoje em dia, em quais marcas e produtos o consumidor com deficiência se identifica? Como uma empresa pode pensar nesse público se ela ainda tem dificuldade de incluir esses profissionais, de contratar esses profissionais? Então eu vejo esse mercado como oportunidade para empreendedores com deficiência. O capacitismo, que faz com que os profissionais com deficiência não recebam as mesmas oportunidades que os profissionais sem deficiência. 

    (Locução Mariana)

    Mas essas barreiras não são só na hora da contratação. Elas acontecem em todos os âmbitos da vida das pessoas com deficiência. Para eles, é algo sempre presente. Mas como será no futuro? 

    (Juliana Vanin)

    O futuro do mercado de trabalho para pessoas com deficiência, acho que ainda não está claro como será no curto prazo. Lógico que é um desejo de mudanças, mudanças significativas e duradouras, mas infelizmente ainda essas mudanças progridem lentamente. Um dos primeiros achados na pesquisa de pessoas com deficiência e empregabilidade foi a falta de informação. A gente tem algumas pesquisas sobre a percepção corporativa, percepção dos empregadores, mas muito pouca informação das pessoas com deficiência, da percepção do profissional com deficiência. Acho que a gente precisa acelerar a mudança e medir essas mudanças para entender. Um ponto positivo que eu vejo, e que eu acho que precisa ser explorado e trabalhado, é o aumento de debate sobre o assunto, sobre o mercado de trabalho para os profissionais com deficiência, e, especialmente, a pauta anticapacitista. Ela precisa estar presente e ela faz com que a mudança realmente aconteça. Como pesquisadora, eu espero realizar a pesquisa de pessoas com deficiência e empregabilidade e medir essa velocidade, entender como ela está acontecendo e trazer, em outro momento, uma resposta mais clara e fundamentada em dados para a gente entender como tem sido essa evolução.

    (Locução Larissa)

    Sem definição de futuro e sem a existência de políticas públicas e ações que promovam de fato a inclusão de qualidade das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, Marcelo Zig, um homem negro de cabelo medianos traçados e que usa cadeira de rodas, tem atuado para transformar essa realidade de forma mais humanizada com o quilombo pcd, um coletivo que une a luta antirracista à anticapacitista, e a Inckua, organização que conecta profissionais com deficiência às vagas de trabalho. 

    (Marcelo Zig)

    Não como eu enxergo, mas como eu trabalho para que seja e como eu desejaria e desejo que se torne um dia de fato. Que as relações dentro do ambiente de trabalho sejam humanizadas e humanizadoras a partir da perspectiva da pessoa com deficiência. Porque quando a gente fala dos recursos utilizados, das adequações a serem promovidas para a participação da pessoa com deficiência nesse espaço, em diálogo com as pessoas sem deficiência elas sempre trazem a referência que elas gostariam também de ter o tratamento que a pessoa com deficiência deveria ter já no mercado de trabalho, na relação do ambiente de trabalho. Então, por que não é? Para toda pessoa reconhecer as especificidades de cada corpo, as demandas, as necessidades e compor a partir do interesse dessa pessoa a melhor oportunidade tanto para ela quanto para as empresas. Mas isso ainda não é, mas a gente segue na luta.

    (Locução Mariana)

    Este é o terceiro e último episódio da terceira série do Lumecast. Pessoas com deficiência e empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho é uma produção da Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. Eu sou Mariana Clarissa, idealizadora deste podcast e co-criada deste roteiro e a voz por trás da locução deste episódio. 

    (Locução Larissa)

    E eu sou Larissa Pontes, produtora desta série, co-criadora do roteiro e a voz que também narra este episódio. Você pode acompanhar outras produções no site www.eficientespcd.com.br e no nosso Instagram, @eficientes_ e @inova.aê. A gente se encontra na próxima temporada do Lumecast! 


  • SÉRIE : COMO EMPREENDEDORES COM DEFICIÊNCIA ESTÃO TRANSFORMANDO AS REALIDADES LOCAIS

    Terceira temporada do Lumecast Episódio 2

    Episódio 2: 

    (Locução Mariana)

    Olá! Eu sou Mariana Clarissa, uma mulher negra de estatura mediana. Meus cabelos são cacheados, em um tamanho médio e pretos. Este é o Lumecast, um podcast produzido pela Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. 

    (Locução Larissa)

    E sou Larissa Pontes, uma mulher branca, de cabelos cacheados, tamanho médio, cor castanho escuro, estatura mediana. Aproveitando: esse é um podcast totalmente acessível que discute acessibilidade comunicacional e temas que fazem parte do universo da pessoa com deficiência.

    (Locução Mariana)

    Este é o segundo episódio da série “Pessoas com Deficiência e Empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho do Lumecast. Aqui vamos contar a história de empreendedores com deficiência e ressaltar como eles estão transformando as suas realidades e o contexto local de onde vivem. Aqui, você também vai compreender o atual cenário do mercado de trabalho brasileiro para as pessoas com deficiência. 

    (Música)

    (Locução Larissa)

    Já pensou em viver da sua arte? Não é fácil trocar o CLT pelo empreendedorismo, afinal, isso requer coragem. Daniel Oladai, homem branco de cabelos pretos ondulados, decidiu dar esse passo aos 36 anos. 

    (Locução Mariana)

    Daniel nasceu em Brasília. É filho de um pernambucano com uma paulistana. Tanto na escola como na faculdade, sempre sentiu muitas dificuldades para se integrar. Por uma pressão familiar, estudou direito e passou quinze anos advogando. Mas ele não amava o que fazia e resolveu mudar de carreira.

    (Locução Larissa)

    Ele começou a fazer arteterapia para superar alguns traumas, rompeu laços familiares que considerava problemáticos e começou a traçar planos para o seu futuro. 

    (Daniel Oladai)

    Eu comecei a acompanhar, dá uma olhada por alto em algumas pessoas que trabalham nesse ramo e que conseguem trabalhar sozinha. Digamos assim, né? Fizeram um trabalho de turismo contra a própria ali. Então eu observei uns artistas que eu gosto, tenho como referência que já o senhor ele e a esposa foi estudar isso, eu estudo de caso deles, aliás, como é que eles fizeram, eles fazem assim, assim, assim, assim, assim é interessante, né? Uma referência de dígamos lá porque esse empreendedor que não que não tá 30 anos só vendendo os bugiganga na praia, né? Tá conseguindo se manter que tá conseguindo se estruturar, né?

    (Locução Mariana)

    Com ajuda da sua mãe, Daniel decidiu sair do trabalho e passou a se dedicar exclusivamente a sua arte: criar mandalas. 

    (Daniel Oladai)

    Precisava de alguém que me ajudasse a pagar as contas, minha mãe me segurou esse período, então, eu tô nesses últimos anos, eu vou fazer 39 anos. Então nesses últimos três anos, eu tô só desenvolvendo isso, tempo integral nesse trabalho de arteterapia,  de arte, eh, com ajuda da minha terapeuta. Feliz também a gente para eu conseguir fazer algo precisaria neh? Vi que eu tinha ideias e tal, mas eu sentia que precisava de ajuda. 

    Então minha terapeuta me ajudou, um amigo meu que é do SEBRAE me ajudou por um tempo também, né? Na camaradagem.. eh.. Imediatamente de alguém para fazer um… coitado… eu alugava ele 15 horas numa reunião e saia exausto sem ganhar um real. Mas assim, eu precisava de alguém para fazer um né? Aí saiu ele, ficou só a minha terapeuta, usei e abusei do conhecimento dela ali pra conseguir fazer isso. E aí eu também fiquei com essa exposição por entender porque eu já vinha visitando alguns tempo ou algumas feiras de arte independente do Brasil. E aí observando que tá tem alguma coisa, como é que essa galera consegue se bancar com arte? Mas tem um outro, que tá preeminente aqui em brasília, que como tal isso me deu uma referência

    (Locução Larissa)

    A organização mundial da saúde estima que haja setenta milhões de pessoas com autismo no mundo, sendo cerca de dois milhões só no Brasil. Aos trinta e seis anos, Daniel foi diagnosticado com o espectro do autismo. No início, sentiu muita dificuldade para compreender, porque não tinha muitas informações. 

    (Daniel Oladai)

    Logo após o diagnóstico, não tinha noção, eu tive um pouquinho antes do diagnóstico  do “boom” midiático, né? Então tipo primeiro algo muito raro, então eu tive de primeira referência, digamos é termos de acolhimento foi ele é youtubers gringos, né? Falava de diagnosticar tardio com a cabeça zoada, então foi encontrando ali, micro grupos ali, infelizmente eles foram ajudando porque foi tendo e passei a fazer parte de um grupo de artistas aqui que se reúne uma vez por mês.

    (Locução Mariana)

    A arteterapia ajudou Daniel no autoconhecimento e a compreender o que é ser uma pessoa com autismo. Através da arte, ele se permite sonhar e a planejar seu futuro no empreendedorismo. 

    (Daniel Oladai)

    Eu comecei a fazer a conta da terapia, né? Então ela é de fato algo íntimo que eu tô levando ali, sei lá, imagina em algum momento tá num para poder né? Ter uma referência bem né? Sonhar alto é justamente tá no museu é abriu lá nos Estados Unidos que é um museu de artes psicodélica e que ele tem várias raças lá de artes psicodélicos do mundo inteiro faz eventos lá e a meta é participar de um evento desse eventualmente ter um quase um padrão gigante meu lá. 

    Eu tô aqui há uns cinco meses, né? Que eu tô vendendo os meus produtos, eh… mas eu fiz antes disso preços de testes, eu peguei alguns vários colegas amigos e amigas e coloquei eles para o principal trabalho que eu faço é justamente arteterapia nessa segunda linha para pessoa pintar. Então eh…. como eu queria saber se a coisa funcionaria para outras pessoas, né? Que eu tinha essa dúvida, não funcionou só para mim tá? Mas terapeuta veio aqui em casa, pensando em um brogodó, colocou TV aqui um vídeo lá de uma pessoa que trabalha com a arte a fazer todo um troço, se você fazer um negócio dessa pessoa, vai acontecer alguma coisa… e aconteceu! Eu tive tive tive tive lógico, não foi com todo mundo.. Mas há pessoas que são mais ou menos propícias, mas isto aconteceu! Tem uma essência do que eu esperava que era a pessoa conseguir olhar para ser ali, né?

    (Locução Larissa)

    O futuro sempre foi algo pensado por Daniele Louvores, mulher branca de cabelos longos e pretos, de 45 anos. Ela usa cadeira de rodas. Formada em pedagogia e pós-graduada em pedagogia empresarial, Daniele sempre quis ser protagonista da sua história, mas sabia que encontraria desafios para construir o seu futuro. 

    (Daniele Louvores) 

    Tive muita dificuldade na escola, por que não tinha adaptação e eu ficava pensando muito né? No meu futuro. Se um dia ia conseguir ter um emprego, até porque é desde a escola eu tive muita dificuldade, né? Devido à acessibilidade. A uma das maiores dificuldades, que eu acho que uma pessoa com deficiência enfrenta, é a falta de credibilidade, a falta de oportunidade, é as pessoas olham para mim muitas vezes olha pra cadeira e esquece que quem está ali sentado é uma pessoa, que é protagonista de uma história, uma pessoa que tem vontades, que tem anseios né? De ter como todo mundo né?

    (Locução Mariana)

    Mesmo com base acadêmica, Daniele se deparou com os mesmos desafios encontrados por Pamela, Claudia e Daniel. Diante da falta de acessibilidade no ambiente de trabalho, ela visualizou uma solução para contribuir com a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. 

    (Locução Larissa)

    Foi nesse momento que surgiu a consultoria voar, uma empresa que, de acordo com ela, fortalece as asas das pessoas. 

    (Daniele Louvores) 

    Dentro das empresas também é a gente, por mais que estude, por mais que eu busque a evolução, né? Acadêmica, a gente vê que a gente não consegue subir de cargo, né? Pagam um salário muito baixo e, pensando nisso, eu comecei fazer na minha consultoria de equidade, de diversidade, de inclusão que se chama voar. Iniciei o meu próprio negócio, primeiro online, né? Quando eu comecei a visitar as empresas e dar consultoria, palestra sobre os sete pilares da acessibilidade que são arquitetônicas, comunicacional e entre outras. Eu comecei a trabalhar dentro das empresas preparando as empresas para receber as pessoas com deficiência

    (Locução Mariana)

    Nos últimos anos, o trabalho de consultoria em acessibilidade tem sido uma realidade para muitas pessoas com deficiência. de acordo com o estudo realizado pela noz inteligência, das pessoas entrevistadas pela pesquisa, 2,3% afirmaram ser consultores. Michel Platini é publicitário e consultor em acessibilidade. Para ele, o trabalho de consultoria é, além de uma alternativa de trabalho, uma forma de combater a realidade excludente que estão inseridas as pessoas com deficiência. 

    (Michell Platini) 

    Eu posso trazer a realidade de projetos com pessoas com deficiência atuando com consultores e sem pessoas com deficiência como consultores. O resultado com a presença das pessoas com deficiência é muito melhor, muito superior, pois elas conseguem trazer os feedbacks do que está faltando, do que está realmente funcionando e de maneira técnica e profissional.

    Projetos que não tem a consultoria eles vão apresentar falha e vão apresentar defeitos, vão trazer experiências constrangedoras para as pessoas com deficiência, e vai ser um projeto que acaba que não vai ser funcional para a pessoa com deficiência e posso também afirmar que é a importância de convocar a perspectiva da pessoa com deficiência faz o projeto tem uma visibilidade também para a comunidade de pessoas com deficiência, porque as pessoas vão começar a consumir o conteúdo, porque sabem que passou por uma pela mão de pessoas com deficiência também. Porque existe um lema nada sobre nós se nós, né? Das pessoas com deficiência. Então o projeto que tenha participação de pessoas com deficiência ele tem o selo, né? Da inclusão.

    Não só por ser uma pessoa com deficiência, mas por ser uma pessoa com deficiência com qualificação profissional. Percebo, também, que há uma grande crescente de pessoas se formando na área de acessibilidade, para atuarem como consultores, mas eh ainda eh, muito pouco a contratação de pessoas com deficiência. Então é importante que a gente comece a contratar mais pessoas, fazer e isso um ciclo de geração de renda

    (Locução Larissa)

    Como consultora, Daniele fala sobre como atua para sensibilizar as empresas sobre a importância da inclusão, da diversidade e da aplicação de práticas acessíveis. 

    (Daniele Louvores) 

    Várias formas de influenciar através das minhas experiências, né? Das minhas próprias dores, das dores das pessoas com deficiência é influenciar as empresas, trabalhar a sensibilização. E aí eu comecei a trabalhar muito essa questão e foi difícil porque a gente não recebe um apoio, né? De incentivo do governo, de outras instituições… é tudo muito sozinho, é tudo muito, é uma jornada solitária. A gente tem preenchido as lacunas na área da empregabilidade com esses programas, inclusive que as empresas pagam a gente para prestar essa consultoria e conseguir começar a romper com as empresas nessa questão da cota, as multas, que eles pagam também porque muitas vezes é eles ficam como se fosse algoz das pessoas com deficiência, mas, na verdade, é porque falta é preparo para essas adaptações.

    (Locução Mariana)

    Este é o segundo e último episódio da terceira série do Lumecast. Pessoas com deficiência e empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho é uma produção da Lume Acessibilidade em parceria com o portal Eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. Eu sou Mariana Clarissa, idealizadora deste podcast e co-criada deste roteiro e a voz por trás da locução deste episódio. 

    (Locução Larissa)

    E eu sou Larissa Pontes, produtora desta série, co-criadora do roteiro e a voz que também narra este episódio. Você pode acompanhar outras produções no site www.eficientespcd.com.br e no nosso Instagram, @eficientes_ e @inova.aê. A gente se encontra na próxima temporada do Lumecast! 


  • SÉRIE : COMO EMPREENDEDORES COM DEFICIÊNCIA ESTÃO TRANSFORMANDO AS REALIDADES LOCAIS

    Terceira temporada do Lumecast Episódio 1

    (Música inicial) 

    (Locução Mariana) 

    Você sabia que existem 45 milhões de brasileiros com deficiência? Apenas 1% dessas pessoas estão inseridas no mercado de trabalho. Para contornar as inúmeras barreiras e preconceitos enfrentados ao procurar um emprego, algumas dessas pessoas têm buscado o empreendedorismo como alternativa. 

    (Locução Larissa) 

    O empreendedorismo, embora desafiador e repleto de obstáculos, representa para muitos o único caminho para entrar no mercado de trabalho e até a oportunidade para transformar seus objetivos em realidade. 

    (Música inicial) 

    (Locução Mariana) 

    Olá! Eu sou Mariana Clarissa, uma mulher negra de estatura mediana. Meus cabelos são cacheados, em um tamanho médio e pretos. Este é o lume cast, um podcast produzido pela Lume Acessibilidade em parceria com o portal eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. 

    (Locução Larissa) 

    E sou Larissa Pontes, uma mulher branca, de cabelos cacheados, tamanho médio, cor castanho escuro, estatura mediana. Aproveitando: esse é um podcast totalmente acessível que discute acessibilidade comunicacional e temas que fazem parte do universo da pessoa com deficiência.

    (Locução Mariana) 

    Esta é a terceira série do Lumecast e aqui vamos contar a história de empreendedores com deficiência e ressaltar como eles estão transformando as suas realidades e o contexto local de onde vivem. Além disso, vamos também trazer um panorama sobre o cenário atual do mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. 

    (Música inicial) 

    (Locução Mariana) 

    Mesmo o trabalho sendo considerado um elemento social importante para o desenvolvimento do indivíduo e da própria sociedade, há um grupo de pessoas que ainda enfrentam inúmeros desafios para se inserir no mercado de trabalho. 

    (Locução Larissa) 

    Falta de capacidade, habilidade, competência e outros estão entre a lista de estigmas que fazem com que as empresas não identifiquem as pessoas com deficiência como profissionais qualificados para compor o seu quadro de funcionários. 

    Segundo dados do estudo “Pessoas com Deficiência e Empregabilidade”, da Noz Inteligência, trinta e quatro por cento dos entrevistados estavam desempregados. Ainda de acordo com a pesquisa da noz, o quantitativo que consegue se inserir no ambiente de trabalho, enfrentam a falta de oportunidade para ascender profissional. Os dados apontam que sessenta por cento das pessoas com deficiência nunca foram promovidas de cargo, mesmo trabalhando na mesma empresa por mais de dez anos.

    (Locução Mariana) 

    Essa foi a realidade de Claudia Silva, mulher branca de cabelos lisos castanho-claro. Aos nove meses de nascida, ela teve poliomielite, o que a causou uma deficiência física. Durante sua vida, ela fez uso de muletas. Entrar no mercado de trabalho não foi fácil. Mas ela conseguiu se inserir. E por vinte e oito anos trabalhou em uma empresa de energia elétrica. No entanto, nunca teve sua função alterada.

    (Claudia)

    Trabalhei por 10 anos como prestadora de serviço, né? Como contratada aí depois de 10 anos, eh, eles efetivaram o quadro de atendimento ao público e aí não podia ter atendimento terceirizado, tinha que ser próprio da empresa. Aí eles efetivaram todo mundo e eu fiquei 28 anos na empresa, mas assim esse projeto que eu entrei como cota né? De cotista de deficiente eh, na verdade, as empresas mascaram né? Porque eles fazem só o social porque a inclusão não tem! Eu trabalhei 28 anos na empresa e deficiente dentro da empresa, não tem, não tem como subir de cargo. Tá mesmo que você seja capacitado com faculdade, pós-graduação, etc. não é dado é essa oportunidade

    (Locução Larissa)

    Devido uma fratura na coluna, há três anos ela usa cadeira de rodas. O fato agravou a sua rotina de trabalho. Sem conseguir se aposentar por não receber um parecer conclusivo do INSS, ela se viu sem poder trabalhar e sem recursos financeiros suficientes para se manter. 

    (Claudia)

    Eu me vi sem poder trabalhar numa cadeira de rodas e sem nenhum recurso financeiro, né? Então eu tive que me reinventar. E aí eu comecei a pensar o que eu poderia estar fazendo, que enquanto eu não recebesse nenhum provento do INSS, aposentadoria, nem auxílio por um por doença, nem aposentadoria, o que eu poderia estar fazendo para poder sobreviver? Então eu comecei a fazer eh caldos, salgadinho, vender bebida, o que daria para eu fazer numa cadeira de roda, né? E assim comecei o meu negócio

    (Locução Mariana)

    Com a ideia do negócio montada, Claudia analisou os desafios financeiros que precisaria enfrentar, criou uma estratégia e empreendeu. Abriu o boteco na vizinha, um estabelecimento de vendas de bebidas e comidas no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. 

    (Claudia)

    O primeiro desafio, né? Como uma empreendedora seria capital de giro, né? Então o que eu fiz? Comecei a vender uma coisa com valores menores, né? Que é onde eu tinha um capital para poder investir e ter um retorno. E a partir daí eu fui aumentando o meu capital para poder investir numa coisa melhor e que me desse um retorno maior, né? Eu comecei vendendo eh, bebidas, refrigerante, cerveja aproveitando o período, né? De calor. Aí a partir do dinheiro das bebidas, eu comecei a poder comprar material para começar com os caldos, né? Porque aí o caldo e a comida teriam um retorno mais rápido.

    (Locução Larissa)

    O negócio progrediu e, apesar de ter conseguido se aposentar meses depois, manteve as vendas que até hoje complementam a sua renda mensal. Cheia de planos para o futuro, Claudia vislumbra o crescimento do seu empreendimento. 

    (Claudia)

    Eu comecei com as vendas, né? De bebidas, refrigerante, eh, vinho, eh, bolinho de bacalhau, caldos e torresmo. Então, eu verifiquei que o meu carro chefe era o torresmo. Então o meu assim, o meu futuro como empreendedora, eh, seria fazer uma franquia de torresmo. Ou seja, eu vou fornecer para outras pessoas revenderem.

    (Música)

    (Locução Mariana)

    Segundo o censo superior de 2018, apenas 0,52% das pessoas com deficiência conseguem finalizar um curso superior. Elas também enfrentam dificuldades para se inserir no mercado formal de trabalho.

    (Locução Larissa)

    Pâmela Melo, mulher parda de cabelos cacheados com luzes loiras, que usa cadeira de rodas e é uma pessoa  com nanismo, vivenciou esse dado. Aos 27 anos, ela é formada em jornalismo e, atualmente, é estudante de direito. Apesar de suas graduações, enfrentou e ainda se depara com muitos desafios no mercado de trabalho por ser uma pessoa com deficiência.

    (Pâmela Melo) 

    Então é muito difícil a pessoa com deficiência ingressar no mercado de trabalho. Primeiro para ela conseguir se profissionalizar, porque para uma pessoa com deficiência chegar ao nível superior, chegar numa universidade. Ela vai enfrentar diversos tipos de barreiras, como físicas e atitudinais. Quando ela chega as oportunidades são bem pequenas, mesmo tendo nível superior eu conseguia vagas de trabalho para call center, para atendente, para secretária e não que essa profissão de secretária, de call center, seja algo desmerecido, é uma profissão digna e boa. Porém, não é aquilo que eu estudei para ser. Eu sou jornalista e nunca consegui um emprego, uma oportunidade na minha área.

    (Locução Mariana)

    Diante desse contexto, embarcar na construção do seu próprio negócio foi a oportunidade que Pamela encontrou para destacar suas habilidades e garantir recursos financeiros. Inicialmente, vendendo bolos decorados. Depois, encontrou alternativas de renda como maquiadora e como artesã. 

    (Pâmela Melo) 

    Eu sempre gostei de maquiagem e decidi fazer o curso no Senac, depois como em 2020 depois da pandemia não conseguir emprego. Comecei a fazer laços infantis e tiara de luxo de cristal bordada porque também na época não tinha eventos para maquiar pessoas, e depois comecei a fazer bolos para vender

    (Locução Larissa)

    Mas, o empreendedorismo não é um mar de rosas, principalmente para as pessoas com deficiência. Além da falta de acessibilidade física das cidades e das empresas, elas precisam combater as atitudes capacitistas que estão enraizadas em nossa sociedade e que sempre os colocam à prova. 

    (Pâmela Melo) 

    Mesmo sendo empreendedora pela dificuldade que se tem no mercado de trabalho, a gente ainda sofre capacitismo no empreendedorismo. Por quê? Porque muitas vezes, as pessoas ou olham com olhar de surpresa para mim. Porque “nossa você que faz bolo?”, “é você que faz a maquiagem?” ou teve muitas pessoas que quando me indicam outra pessoa me indica e diz que eu sou uma pessoa com deficiência, elas querem vir na minha residência para ver, sou eu mesmo que estou fazendo bolo, sou eu que faço a maquiagem mesmo. É como se quisesse colocar à prova, aquilo que eu tô fazendo.

    (Locução Mariana)

    Para aqueles que irão embarcar nesse universo complexo que é o empreendedorismo, Claudia dá um conselho. 

    (Claudia)

    Bom o conselho, que eu daria para as pessoas com deficiência, que estão considerando abrir o seu próprio negócio. Seria primeiro verificar na sua área, né? O que não tem e que daria para ela fazer como um diferencial, né? E chamar atenção dos clientes, né? O ramo de comida, ramo de bebida, ver o que tem e o que ela pode fazer com o diferencial com qualidade, né? E que possa estimular os clientes a quererem conhecer o produto dela.

    (Música)

    (Locução Larissa)

    Este é o primeiro episódio da terceira série do Lumecast. No próximo episódio a gente apresenta para você as histórias de Daniel e Daniele.

    (Locução Mariana)

    Pessoas com deficiência e empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho é uma produção da Lume acessibilidade em parceria com o portal eficientes, empresas do Instituto de Inovação em Comunicação Acessível, a Inova.aê. Eu sou Mariana Clarissa, idealizadora deste podcast e co-criada deste roteiro e a voz por trás da locução deste episódio. 

    (Locução Larissa)

    E eu sou Larissa Pontes, produtora desta série, co-criadora do roteiro e a voz que também narra este episódio. A gente se encontra no próximo episódio! 


  • Pessoas com deficiência e o empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho

    Pessoas com deficiência e o empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho

    Você sabia que existem 45 milhões de brasileiros com deficiência e apenas 1% dessas pessoas estão inseridas no mercado de trabalho? Para driblar as inúmeras barreiras e preconceitos enfrentados ao procurar um emprego, muitos têm buscado o empreendedorismo como alternativa. Embora ainda enfrentem desafios significativos e preconceitos nesse universo, esses empreendedores estão encontrando maneiras inovadoras de transformar suas realidades e as comunidades ao seu redor.

    O ‘Pessoas com deficiência e o empreendedorismo: um caminho para o mercado de trabalho” é uma realização do Portal Eficientes e da Lume Acessibilidade, empresas da Inova.aê, um instituto de comunicação e tecnologia assistiva. No podcast, contaremos as histórias inspiradoras de empreendedores com deficiência e destacar como eles estão impactando positivamente suas localidades. Além disso, traremos um panorama sobre o cenário atual do mercado de trabalho para pessoas com deficiência, explorando as dificuldades e as oportunidades existentes.

    Ouça o primeiro episódio desta série!

    Descrição do Roteiro do Episódio 1

    Ouça o segundo episódio desta série!

    Descrição do Roteiro do Episódio 2

    Ouça o terceiro episódio desta série!

    Descrição do Roteiro do Episódio 3


  • DIGA NÃO AO PL 6159/19

    DIGA NÃO AO PL 6159/19

    O Eficientes nunca foi de viés político, mas não poderíamos ficar calados diante dessa situação. No dia Internacional das Pessoas com Deficiência nos deparamos com essa notícia. O governo encaminhou para o congresso um projeto de lei permitindo que empresas substituam a contratação de PCD pelo pagamento de dois salários mínimos mensais.

    A PL 6.159/2019 representa um retrocesso no que diz respeito a luta das pessoas com deficiência por mais espaço e direito dentro da sociedade. Quem conhece o Eficientes desde o início, sabe o quanto falamos de mercado de trabalho aqui e no site. Se mesmo com a atual lei em vigor já é complicado conseguir trabalho, imagina se essa PL for aprovada?

    Dos 45 milhões de brasileiros com alguma deficiência, apenas 1% está no mercado formal de trabalho. Isso acontece por vários motivos políticos, econômicos, históricos e sociais que quem tiver interesse pode entender melhor buscando reportagens no nosso site, mas só quem já sofreu desvalorização profissional exclusivamente pelo fato de ter uma deficiência pode entender o perigo que esse projeto de lei representa.

    Vamos nos movimentar para que essa PL não seja aprovada. Lembrando que não é preciso ser pessoa com deficiência para procurar entender os direitos conquistados e ter empatia pela causa!! O dia de hoje representa muito para mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência ao redor do mundo, nós sabemos da nossa história e da nossa luta, não vamos abaixar a cabeça para ninguém!!


  • Informações importantes para pessoas com deficiência

    Gerência da Pessoa com Deficiência
    Fone: (81) 3355 8645

    Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência – COMUD
    Fone: (81) 3355 8645

    Divisão da Educação Especial
    Fone: (81) 3355 5972

    Setor da Saúde da Pessoa com deficiência
    Fone: (81) 3355 2086

    Centro de Referência em Direitos Humanos Margarida Alves
    Fone: (81) 3355 9221

    Ouvidoria Municipal
    Fone: 0800 281 0040

    Ministério Público
    Rua Imperador Dom Pedro II, 473 – Santo Antonio – Recife / PE
    Fone: (81) 3182-7000

    Datas Alusivas:

    21 a 28/08 – Semana Municipal da Pessoa com Deficiência do Recife

    21/09 – Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

    03/12 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência


  • Ponto fora da curva, conheça o Armazém Guimarães

    Ponto fora da curva, conheça o Armazém Guimarães

    Desde 1991, existe no Brasil a Lei de Cotas, que obriga as empresas com 100 ou mais funcionários a destinarem de 2% até 5% de suas vagas para pessoas com deficiência (o percentual exato depende de quantos funcionários a empresa tem). Essa lei ajudou e continua ajudando várias pessoas com deficiência a conquistarem um emprego. É triste entender que foi preciso uma lei para o empresariado brasileiro oferecer oportunidades aos deficientes, mas também é importante mostrar o exemplo de empresas que, mesmo sem serem obrigadas por lei, contratam pessoas com deficiência.

    Adriana Nascimento, responsável pelo departamento pessoas do restaurante Armazém Guimarães Rio Mar, em entrevista ao site Eficientes

    Esse é o caso da rede de pizzarias Armazém Guimarães. A empresa é originaria de Maceió, mas já está no Recife desde 2004. Na capital pernambucana, a pizzaria conta com 45 funcionários e por lei não precisaria contratar pessoas com deficiência, mas dar oportunidade e incluir deficientes no mercado de trabalho é uma prática comum na empresa. Tão comum que o restaurante tem a tradição de ter uma pessoa com nanismo na recepção das suas unidades.

    A chefe do departamento pessoal do Armazém Guimarães, Adriana Nascimento, explica como isso começou. Confira o vídeo:

    Além da tradição de contratar pessoas com nanismo para trabalhar no restaurante, Adriana fala que a casa já teve outros funcionários com deficiência: “Tivemos um pizzaiolo que só tinha visão em um olho e também um garçom que tinha uma deficiência na mão e eles desempenhavam suas funções normalmente”.

    Adriana afirma que a empresa não acredita que a deficiência seja empecilho para fazer um bom trabalho, por isso sempre contratou pessoas com deficiência do mesmo jeito que contrata um funcionário sem deficiência. Ela ainda destaca o trabalho exercido por Douglas, anão que trabalha na recepção do restaurante há dois anos (Conheça a história de Douglas na aba histórias do site)

    O Armazém Guimarães é um exemplo positivo dentro do empresariado brasileiro e mostra que as empresas deveriam ter essa preocupação de incluir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho e não buscar esses profissionais apenas para preencher uma cota obrigatória exigida por lei.

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  • Por que apenas 1% das pessoas com deficiência estão empregadas?

    Por que apenas 1% das pessoas com deficiência estão empregadas?

    De acordo com dados do IBGE, dos 45 milhões de brasileiros que declararam serem pessoas com deficiência, apenas 1% está dentro do mercado formal de trabalho. Segundo o professor e advogado, especialista em direito público, direitos humanos e direito da pessoa com deficiência, Alexandre Nápoles isso acontece por vários fatores. Confira o vídeo:

    O preconceito enfrentado pelas pessoas com deficiência desde o núcleo familiar, aliado à falta de programas de reabilitação para os trabalhadores com deficiência, são fatores determinantes que prejudicam a inclusão desses indivíduos no mercado de trabalho. Porém, ainda de acordo com Alexandre Nápoles, a postura do empresariado brasileiro também contribui para falta de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Confira no vídeo:

    Podemos concluir, então, que vários fatores são responsáveis pela falta de inclusão dos trabalhadores com deficiência no âmbito profissional.

    Preconceito familiar: provoca menos acesso a uma melhor qualificação.

    Falta de acessibilidade: as cidades e empresas não são acessíveis para pessoas com deficiência

    Falta de políticas de reabilitação: mesmo sendo seu dever, o estado não faz políticas públicas de reabilitação para que as pessoas com deficiência possam se manter ou voltar ao mercado de trabalho

    Mentalidade do empresariado brasileiro: os empresários brasileiros não valorizam esses trabalhadores e muitas vezes não estão dispostos a pagar mais de um salário mínimo para pessoas com deficiência, independente da função exercida. Isso faz com que a maioria prefira ficar em casa recebendo o benefício financeiro do governo o BPC.

    É importante salientar que as cotas exigidas por lei são essenciais para melhorar esse cenário de exclusão do trabalhador com deficiência, mas tudo que foi dito acima confirma que é preciso evoluir em vários outros aspectos para que o número de pessoas com deficiência aumente no mercado de trabalho.

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  • Qual a nomenclatura correta?

    Qual a nomenclatura correta?

    A Constituição Federal de 1988, que está completando 30 anos em 2018, foi a primeira constituição brasileira a trazer avanços para as pessoas com deficiência. Em relação à nomenclatura, foi acordado que as pessoas com deficiência deveriam ser reconhecidas como “portadoras de deficiência” ou “portadores de necessidades especiais”.

    Atualmente, esses dois termos estão ultrapassados e são considerados incorretos. A Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência definiu que a forma correta para se referir a alguém com essa condição é utilizando o termo “pessoa com deficiência”.

    Para o advogado Alexandre Nápoles, especialista em direito público, direitos humanos e da pessoa com deficiência, utilizar o termo correto é importante não só do ponto de vista linguístico, mas é uma questão de respeito e quebra de paradigmas. “A palavra ‘portar’ diz respeito a trazer consigo, então quando dizemos que alguém é portador de deficiência estamos dizendo que ela está portando a deficiência como se fosse um objeto que pode ser deixado de lado, mas isso não é possível”.

    Ainda de acordo com Alexandre Nápoles, o termo “necessidade especial” também é incorreto. “Pessoas com necessidades especiais podem ser idosos, obesos, gestantes, lactantes e não necessariamente pessoas com deficiência. Então, se pensarmos de forma inclusiva, afim de não aceitar estereótipos e preconceitos, além de entender que a pessoa com deficiência tem direito à dignidade humana e não pode ser comparada com um objeto, é de extrema importância usar o termo ‘pessoa com deficiência’, que é o correto”.

    Confira o que diz a legislação

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  • Inclusão é para todos

    Inclusão é para todos

    Fundada há 70 anos, a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) é uma instituição educacional criada a partir de princípios religiosos. A universidade busca ter um olhar diferenciado para questões sociais e essa postura garante que a instituição seja um espaço plural e humanista. Porém é importante ressaltar que na época de sua fundação as pessoas com deficiência eram ainda mais discriminadas, e muitas vezes excluídas, socialmente e isso também se refletia de certa forma na Unicap.

    Um exemplo comum deste problema são as construções antigas que não tinham e muitas ainda não têm acessibilidade para receber pessoas com deficiência. A universidade também apresenta alguns problemas estruturais que já deviam ter sido solucionados há bastante tempo.

    Mas com o tempo as pessoas com deficiência foram conquistando espaço socialmente. O Brasil sancionou leis que garantem vários direitos para essa parcela da população. Entre as mudanças mais significativas está a obrigatoriedade de empresas com mais de cem funcionários contratarem deficientes e também que as empresas e instituições do país precisam se adaptar estruturalmente para receber essas pessoas.

    Diante de todos esses avanços, a Universidade Católica como empresa precisou se adaptar. A chefe da divisão de pessoal da empresa, Valdice Dantas, fala sobre essas adaptações: “Trabalho na Unicap há 54 anos e acredito que a parte humana e religiosa da instituição é um diferencial na questão das pessoas com deficiência. Mesmo antes da lei já tínhamos funcionários com deficiência trabalhando na empresa, mas a lei trouxe formalidade ao processo contratual desses funcionários”.

    Valdice conta como é feito o processo de seleção dos funcionários e afirma que atualmente a empresa cumpre exatamente o que é exigido por lei.

    A chefe da divisão de pessoal, Valdice Dantas, em entrevista ao site Eficientes

    “O candidato com deficiência concorre normalmente a vaga de emprego, a não ser em casos específicos que eu queira contratar uma pessoa com deficiência para desempenhar determinada função. Atualmente a Universidade conta com aproximadamente 900 funcionários, como exigido por lei, 4% tem alguma deficiência ou seja 36 funcionários”.

    Na parte estrutural, a universidade também tem muito o que melhorar e isso acaba interferindo no processo de contratação do deficiente. “A empresa tem se esforçado para fazer as adaptações, mas ainda é preciso melhorar. Na hora de contratar uma pessoa com deficiência, observo se ele conseguiria trabalhar bem naquele setor. Caso contrário não posso contratar ou devo realocar aquele funcionário em outro setor da universidade”, afirma Valdice.

    Segundo o arquiteto da Unicap, Alex Lucena, a instituição tem consciência desses problemas estruturais e está trabalhando para resolvê-los. “Foi feito um diagnóstico dessas questões da Unicap e, a partir dele, em parceria com o núcleo de inclusão e acessibilidade da Universidade, traçamos um plano diretor para solucioná-las. O plano consiste em ações que estão sendo feitas desde 2017 e vão até 2026, visando tornar a Católica um local completamente acessível e, desta forma, receber melhor os alunos e funcionários que têm alguma deficiência”.

    Também segundo Alex, esse projeto não diz respeito somente à parte interna da Universidade. “Vamos adaptar toda parte de banheiros, rampas e sinalizações dentro da Unicap, além das áreas de circulação dentro e fora da Católica. O entorno da instituição também vai ser adaptado, pretendemos recuperar as ruas e calçadas próximas. Contudo, essa parte não depende só de  nós”. Confira no vídeo:

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