Uso da tecnologia ajuda a equilibrar sessões inclusivas, mas exige revisão humana para garantia da qualidade do serviço, defende Marcelo Pedrosa
A acessibilidade nas salas de cinema do Brasil ainda enfrenta barreiras que afastam parte do público. Sessões limitadas a horários específicos, ausência de legendas em produções nacionais e legendas descritivas de baixa qualidade continuam sendo entraves para pessoas com deficiência, especialmente para a comunidade surda.
Diante desse cenário, Marcelo Pedrosa, fundador do Movimento Legenda Nacional, defende que a Inteligência Artificial (IA) pode se tornar uma aliada estratégica na construção de uma programação cinematográfica verdadeiramente inclusiva. Em artigo publicado recentemente, o especialista sugere que a tecnologia seja usada para flexibilizar e ampliar recursos de acessibilidade nas sessões.
Segundo Pedrosa, a lógica pode ser comparada ao funcionamento de um painel de voos em aeroportos, que se adapta em tempo real às chegadas e partidas. Nos cinemas, a programação poderia ser ajustada para oferecer legendas, audiodescrição, Libras, dublagem ou som ambiente original de acordo com a demanda do público.
“Assim como um painel de voos se adapta às mudanças, a grade dos cinemas poderia se reorganizar conforme as necessidades de acessibilidade, sem comprometer a experiência dos demais espectadores”, explica.
Apesar do potencial, o especialista alerta que a IA não deve ser vista como solução isolada. “É indispensável haver revisão humana e padronização técnica. Erros em legendas automáticas ou falhas no sistema podem excluir ainda mais quem já enfrenta barreiras”, reforça.
O debate sobre acessibilidade no audiovisual já vem ganhando espaço. Festivais de cinema têm realizado sessões inclusivas, plataformas de streaming ampliaram recursos como legendas e audiodescrição, e movimentos sociais, entre eles, a Campanha Legenda Nacional, que seguem pressionando por mudanças estruturais. “O desafio é transformar essas iniciativas pontuais em política pública permanente”, pontua Pedrosa.
Para o especialista, o futuro da acessibilidade no cinema vai além das telas. Ele projeta um modelo multissensorial, com recursos como cadeiras vibratórias que transmitem sons por meio de vibrações, integrado a uma programação inteligente construída em diálogo direto com pessoas com deficiência. “Isso pode se tornar realidade em menos de cinco anos, se houver vontade política e uso da tecnologia certa”, conclui.
Congresso Inova.aê acontece entre os dias 26 e 29 de agosto, no Bairro do Recife, e contará com mais de 30 horas de conteúdo sobre acessibilidade, tecnologia e comunicação
As inscrições para a segunda edição do Congresso Inova.aê estão abertas. A partir desta terça-feira (22), o público interessado em discutir a comunicação inclusiva e a tecnologia acessível às pessoas com deficiência já pode acessar o site www.eficientes.org.br/inova-ae e garantir participação gratuita nas atividades presenciais e online. Na página, é possível ainda conhecer a programação parcial do evento, que acontece entre os dias 26 e 29 de agosto, no Apolo 235, Bairro do Recife.
O congresso traz painéis, oficinas, rodas de diálogo e um hackathon voltado à inovação e à acessibilidade comunicacional. “A partir do Inova.aê, a gente faz um convite à construção coletiva, buscando reunir pessoas com trajetórias, conhecimentos e vivências necessárias para pensar, criar e transformar juntos a comunicação e a tecnologia, que hoje ainda não garantem que às pessoas com deficiência tenham acesso ao que produzem com qualidade e de forma autônoma”, destaca Mariana Clarissa, vice-presidente do Instituto Eficientes.
Com foco em tecnologia, comunicação e design inclusivo, a programação do Inova.aê 2025 já conta com nomes confirmados que atuam diretamente na construção de soluções para acessibilidade comunicacional. Um dos destaques é Sérgio Albuquerque, gestor de Suporte da Associação TV Surdo Moçambique, da África, que participa da roda de conversa sobre construção de marcas diversas e representativas, ao lado de comunicadores, designers e ativistas.
Marcelo Salles, da Tudo é Acessibilidade, falará sobre o papel da inteligência artificial na acessibilidade, debatendo as perspectivas e os limites dessa tecnologia. Já Bernardo Barlach, gerente de parcerias para acessibilidade no Google, conduzirá uma oficina prática sobre o uso de ferramentas acessíveis da gigante da tecnologia. Com duas décadas de experiência em grandes empresas, ele também lidera o grupo de afinidade para pessoas com deficiência e aliados do Google na América Latina.
Outro nome confirmado é Marcelo Paiva, criador do WCAG Plugin para Figma, que discutirá o impacto do design na experiência de usuários com deficiência, abordando como decisões de layout, estrutura e interface podem incluir, ou excluir, pessoas.
Inovação – Além da programação de debates e oficinas, o evento conta com uma novidade: o Hackathon de Acessibilidade Comunicacional e Tecnologia Assistiva. Com apoio do Senac Pernambuco, a maratona de inovação reunirá profissionais das áreas de comunicação, design e tecnologia para desenvolver soluções digitais voltadas à inclusão.
As equipes terão três dias para criar, testar e apresentar soluções acessíveis, que serão avaliadas por uma banca especializada com base em critérios como inovação, viabilidade e impacto social.
“Acreditamos que acessibilidade se constrói no diálogo, na escuta e no fazer colaborativo, por isso queremos atrair para o hackathon um público diverso que seja parte ativa dessa construção. Nosso objetivo é conscientizar sobre a importância de construir notícias, produtos e projetos em comunicação acessíveis às pessoas com deficiência, além de contribuir com a ampliação da execução de iniciativas inovadoras e inclusivas”, reforça Larissa Pontes, presidente do Instituto Eficientes.
O Congresso Inova.aê é realizado pelo Instituto Eficientes, com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de Pernambuco. O evento é construído com todas as acessibilidades necessárias para garantir a presença ativa do público com deficiência.
O projeto Visões Sonoras da Cidade, vai criar audiodescrições de seis paisagens da área central da capital pernambucana
Contemplar prédios históricos, pontes, ruas e pontos turísticos localizados na área central do Recife vai se tornar uma prática mais inclusiva. A Com Acessibilidade Comunicacional, empresa que coordena e executa projetos de acessibilidade comunicacional, idealizou o projeto Visões Sonoras da Cidade, uma iniciativa que vai descrever, por meio da técnica da audiodescrição, as paisagens da capital pernambucana para que turistas e recifenses com deficiência visual possam experienciar a memória e as referências culturais da cidade.
Em sua etapa inicial, o projeto prevê a audiodescrição de seis locais de destaque da primeira Região Político Administrativa do Recife (RPA1), área que reúne uma série de paisagens como fachadas de equipamentos históricos, casarões, praças, pontes, pátios e outros elementos que protagonizam as vivências de cidade da população em geral. São eles: o Marco Zero, a Rua do Bom Jesus, a Torre de Malakoff, parte do casario da Rua da Aurora, a fachada do Teatro de Santa Isabel, e a Praça da República.
O projeto tem como principal objetivo acessibilizar pontos importantes do Recife e permitir que as pessoas com deficiência sensorial possam imergir na paisagem e nos elementos que caracterizam os pontos turísticos da região. Com uma equipe de audiodescritores, historiadores, arquitetos e consultores em acessibilidade comunicacional, o trabalho realizado será armazenado no soundcloud, disponibilizado em um QR Code hospedado no site da Com Acessibilidade Comunicacional, além de ser entregue para o equipamento público e para as secretarias de Cultura, de Turismo e Lazer, e de Direitos Humanos do Recife. “É um projeto da cidade para a cidade, que busca contribuir com novas perspectivas de vivenciar o Recife. Com o Visões Sonoras da Cidade as paisagens serão traduzidas para que as pessoas com deficiência visual reconheçam e ressignifiquem sua percepção da cidade e seus monumentos”, destaca a diretora executiva da Com Acessibilidade Comunicacional, Liliana Tavares.
A gestora pontua ainda que, como conclusão da primeira etapa do projeto, será promovida uma visita guiada com audiodescrição e Libras aberta aos usuários dessas tecnologias assistivas. “Será uma recepção que nos permitirá presenciar as sensações manifestadas no público usuário e apontar necessidades de ajustes, analisar a funcionalidade do trabalho e observar se o acesso está sendo feito de forma autônoma”, explica.
A previsão é que o projeto, realizado a partir do incentivo da Prefeitura do Recife e do Governo Federal por meio do edital da Lei Paulo Gustavo, seja concluído no final de maio. “Espera-se que o projeto contribua para que a cidade seja mais inclusiva. Que as pessoas com deficiência visual possam se aproximar da cidade, conhecer e vivenciar espaços públicos de imagens acessadas por pessoas que enxergam. Acreditamos que o projeto irá colaborar para que as pessoas cegas ou com baixa visão vão construir uma sensação de pertencimento desses lugares”, finaliza Liliana.
Partindo do desejo de transformar os eventos no Recife mais diversos e acessíveis, o Vale PCD fará a segunda edição com o São João do Vale no dia 10 de junho. O evento, que acontece das 18 h às 4 h, no Pajubar, visa o protagonismo das pessoas com deficiência em todos os espaços.
Em março de 2023, aconteceu a primeira comemoração do Vale Pcd, chamada Vale Tudo, para celebrar os três anos da organização sem fins lucrativos e o aniversário de Priscila Siqueira, uma das fundadoras do Vale PCD. O evento mostrou-se um sucesso, o Pajubar ficou lotado de pessoas com deficiência e todos se divertiram ao som de diversas músicas internacionais e nacionais. “Ficou evidente que a inclusão e a celebração da diversidade são valores que devem ser abraçados em todos os momentos festivos” — afirma a fundadora Priscila Siqueira.
Na segunda edição da festa, o Vale PCD lançará a primeira plataforma de mapeamento de todos os espaços públicos e privados com foco em acessibilidade. As pessoas com deficiência terão acesso a informações sobre a estrutura dos locais que desejam frequentar, como rampas de acesso, banheiros adaptados e elevadores. A plataforma pode ser acessada pelos computadores e celulares. “Com essa plataforma, estaremos quebrando barreiras e promovendo a inclusão de maneira prática e eficiente” -afirma Priscila.
Além da plataforma, a noite terá artistas com deficiência e LGBTQIA+, como Go vinicius, Leonardo Galize, Nina Poison e Rodolfo Moura, que convidarão todos para dançarem, haverá uma barraca do beijo acessível e filtros para serem usados no evento. O evento terá listas PCD e Trans, que permanecerão disponíveis até o dia 09 de junho, entrando em contato pelo Instagram @pcdvale.
Conheça mais sobre o Vale Pcd
O Vale PCD, uma organização dedicada à promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência que também fazem parte da comunidade LGBTQIA+, tem se destacado no cenário nacional com suas ações de impacto. Com foco em eventos acessíveis, consultorias, emprego e saúde mental, a organização tem se esforçado para que todas as pessoas tenham a mesma oportunidade.
A ONG realizou uma consultoria no Festival do Futuro, no início deste ano, o que contribuiu para a implementação de medidas inclusivas e acessíveis para pessoas com deficiência. Essas ações visam conscientizar a sociedade e incentivar uma maior compreensão, aceitação da diversidade e garantir a interseccionalidade de pessoas com deficiência LGBTQIA+ no Brasil.
Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Marcos Pastich/PCR e Ed Machado/PCR
A longa espera para o Carnaval do Recife acabou na última sexta-feira (17), com a abertura do Carnaval na praça do Marco Zero. A cerimônia iniciou com as tradições pernambucanas com o desfile e apresentação das agremiações, depois o Maestro do Forró iniciou a cerimônia de abertura com a orquestra da bomba do Hemetério. Na sua apresentação teve a participação especial de Matheus Teixeira, o Rei da pessoa com deficiência do Carnaval, que transmitiu uma mensagem maravilhosa “O carnaval do Recife é isso, está aberto o carnaval da diversidade, da inclusão e do amor, muita paz e muito frevo”.
João Victor fez aniversário em 16 de fevereiro e estava na apresentação para celebrar os seus 14 anos com o pai, Edgar. Ele disse-nos: “Eu e meu filho João Victor gostamos muito da Orquestra Popular da Bomba do Hemisfério. Somos amigos de Chico, o maestro do forró, há muito tempo, e viemos prestigiá-lo mais uma vez”.
Pai e filho assistindo à Orquestra da bomba do Hemetério (Foto: Paulo Pinheiro)
O Carnaval do Recife teve como tema “#VolteiRecife Com Todos os Carnavais”, uma homenagem aos Carnavais antigos, devido ao grande anseio dos foliões por essa celebração tão democrática, que proporciona alegria para todos durante cinco dias. A capital pernambucana recebeu 2,7 milhões de pessoas, com média de 300 mil visitantes por dia no Marco Zero. Dentre eles, a mineira Carolina Ayres Lavourinha, designer e usuária de cadeiras de rodas, que veio do Rio de Janeiro com sua família. “Nós sempre viemos para o Carnaval do Recife, por minha mãe ser Pernambucana e gostamos muito do Carnaval daqui. Estou na expectativa para ver todos os cantores, Caetano Veloso, Duda Beat, Geraldo Azevedo, Alceu e Elba..” relata a designer.
Família reunida para se diverti no Carnaval do Recife (Foto: Paulo Pinheiro)
O Marco Zero dispôs de um espaço acessível para as pessoas com deficiência, onde podiam assistir aos shows, levar um acompanhante e usufruir do serviço de audiodescrição, além de contar com intérpretes de Libras.
Liliana Tavares, responsável pela equipe de audiodescrição, explicou como funciona. “ Nós temos um aparelho, no qual, falamos e as pessoas com deficiência visual escuta tudo se que se passa no palco, traduzimos as imagens, é nosso segundo ano realizando esse trabalho aqui no Carnaval”. A equipe “com a acessibilidade” estuda toda a programação do Carnaval para que este trabalho seja realizado. “Nós temos um glossário do carnaval, pegamos as informações que saíram do carnaval, a gente vem antes, fotografa, faz o roteiro da audiodescrição antes, mas claro que carnaval é carnaval, acontece muita coisa simultânea, as roupas das pessoas, nós vamos saber no dia, como a gente tem muita experiência trabalhamos a mais de 10 anos, nós também fazemos isso de forma simultânea e qualquer coisa pode acontecer, porque a gente está perto do público, temos vê o que estão fazendo, o que estão vestindo, porque carnaval não é só show é quem está perto da gente também” conta Liliana.
Equipe da audiodescrição no Marco Zero (Foto: Paulo Pinheiro)
Esses recursos de acessibilidade faz com que todos tenha acesso igualmente a aproveitar festa como o Carnaval. Liliana muito animada conta qual é sensação pode realizar esse trabalho. “Então, quando vemos, eles dançando, quando falamos assim, as pessoas estão levantando os braços com dedo para cima e eles fazem, é quando eles se sentem parte do grupo. Às vezes eles perguntam como se dança, maracatu, por exemplo. A gente vai e diz, mostra então assim fazer com eles façam parte da cultura e possam usufruir da festa e se sintam parte do grupo”, relata a coordenadora.
Michell Platini, publicitário, servidor público do Recife e pessoa com deficiência, visual, estevem presentem em vários dias na parte de acessibilidade e utilizando os recursos de audiodescrição, conta um pouco o que levar ele brincar o carnaval. “Sou carnavalesco, eu gosto de folia de povo e ter o recurso de acessibilidade para poder acompanhar o carnaval e fez, está aqui hoje. A experiência do carnaval está sendo muito rica, porque vivenciar o carnaval já é ótimo, vivencia o carnaval tendo acesso a imagens, faz você guardar na memória um momento como esse. Depois de dois anos sem carnaval a gente fica meio destreinado, mas é igual andar de bicicleta, quem já vivenciou o carnaval lembra como é emoção, lembra como é o passo do frevo, lembra qual é sensação de está no meio do povo. Então estou muito contente e alegre de está de volta ao carnaval” conta Michell.
Nesta noite de abertura do carnaval, está presente vários artistas, secretários, ministros e o prefeito do Recife, João Campos, explica sobre como foi montado a acessibilidade e a importância desses espaço. “ O carnaval do Recife é um carnaval inclusivo, significa que todos têm o acesso em participar. Fizemos o acesso especial para as pessoas com cadeiras de rodas, o galo da madrugada tem um camarote especifico da acessibilidade, tem que dar direito a todos, agora ninguém fica para trás, todo mundo pode brincar e se diverti”, explica o prefeito.
É importante que evento culturais tenha a preocupação e dê acesso às pessoas com deficiência poderem se divertir nos eventos. Silvério Pessoa, Secretário da Cultura, fala sobre a importância das práticas de acessibilidade na cultura. “ A acessibilidade que não seja nada excepcional, que seja uma prática natural, prática humana. O conceito de diferença ter que ser reconfigurado, revisto e o que percebo é que todas as atividades, as práticas, as ações não só da prefeitura, como a governadora do estado, a questão de acessibilidade, de inserção, de acolhimento, respeito, com naturalidade cada vez mais é acentuado. Então estou muito feliz de dizer, vê e perceber que essa ação está cada vez mais espontânea”, afirma Secretário.
Mas Recife ainda tem muitas questões a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência para evoluir e aprimorar os serviços oferecidos, na noite de sexta-feira muitos detalhes de decoração, de serviços estavam sendo finalizados. Fernanda Lira Ayres, mãe de Carolina, também relatou que entrou em contato com a prefeitura do Recife e se informou que ia ter vans adaptadas para trazer até o Marco Zero. “Mas o transporte não era acessível, era uma van, que não era adaptada para a cadeira de rodas. Ela entrou no veículo nos braços do motorista, que foi muito solícito, mas mesmo assim é uma situação constrangedora. Quando chegamos no palco principal no início da tarde, ainda não tinha uma equipe para dar suporte”, afirma Fernanda.
Michell também relata que para chegar até Palco do Marco zero, não é muito fácil. “Sempre tempos dificuldades infelizmente não há uma rota acessível para essa área, o transporte público podia para mais perto. Mas sem está mar de gente para a gente curtir o carnaval”, afirma Michel.
O pai João Victor também faz algumas críticas sobre divulgação da acessibilidade chegue a mais pessoas com deficiência. “Seria bom que mais pessoas pudessem participar mais, a gente vê aqui dois cadeirantes, no estado de Pernambuco só tem dois cadeirantes? Se todo mundo se conscientizassem e terem acesso, muitas pessoas também não tem esse conhecimento de ter acessibilidade e essa facilidade que a gente tem de trazer nossos entes. Há 3 anos não temos o evento, já foi melhor, estou achando esse espaço muito pequeno, na hora que encher mesmo será meio complicado. Esse ano o espaço está sendo o menor de todos, apesar de só ter duas cadeiras só. Mas poucas pessoas vão respeita isso depois que convidados, convidado do convidado aí terminará lotando isso daqui”.
Na sexta-feira, a área de acessibilidade estava do lado direito do palco e era menor que nos outros dias em que realizamos a cobertura. Além disso, foi possível perceber a dificuldade de locomoção quando o espaço estava cheio de convidados da Prefeitura do Recife. Muitos cadeirantes tiveram que ser auxiliados pelos bombeiros para terem acesso ao banheiro ou sair dessa área.
A cerimônia de abertura terminou com o espetáculo do Caetano Veloso, que animou a noite com canções do seu disco “Meu Coco”, mas também tocou algumas músicas mais antigas. Caetano tem uma ligação profunda com Pernambuco, já ganhou o título de cidadão Pernambucano e quis homenagear Pernambuco com a música “evocação” de Nelson Ferreira, um grande sucesso de Carnaval. A praça do Marco Zero estava cheia de pessoas ansiosas pelo show, pois fazia 10 anos que Caetano havia feito uma apresentação no Carnaval do Recife.
O Manoel, que é estudante de publicidade e tem mobilidade reduzida, estava ansioso pelo show do Caetano. “Eu amo carnaval desde criança. A minha família é muito carnavalesca e eu só simplesmente amo. Por o carnaval ser isso, é a festa do povo, é uma grande festa contagiante, é a festa mais democrática que a gente tem no Brasil todo. Então eu amo estar nessa Folia e fazer parte desse carnaval na volta, né? Então eu não ia perder ele jamais e esse carnaval que marca volta e dois anos sem carnaval e hoje vim para vê o Caetano, porque ele embalar a minha vida são várias músicas dona da minha cabeça ela vem como um carnaval”, afirma o estudante de publicidade.
Já duda beat estava emocionada de cantar na cidade onde nasceu e viveu por anos, relembrou quando ia ao Carnaval do Marco Zero com sua avó e fez uma homenagem a ela cantando a música “Voltei Recife”. O carnaval está oficialmente aberto para a brincadeira de sábado de Zé Pereira no maior bloco Galo da Madrugada.
O carnaval de Recife em 2023 começará no dia 17 de fevereiro, trazendo vários artistas como: Caetano Veloso, Duda Beat, Alceu Valença, Elba Ramalho, Pabllo Vittar, Melim, Nando Reis, João Gomes, Nena Queiroga, André Rios e outros convidados para animar os foliões. A Prefeitura do Recife irá garantir acessibilidade para as pessoas com deficiência.
Paulo Fernandes, gerente de pessoas com deficiência na Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Prefeitura do Recife, explica como irá funcionar a acessibilidade no Recife Antigo e Galo da Madrugada.
No palco do Marco Zero, as pessoas com deficiência terão acesso ao Frontstage, que fica na frente do palco, com acesso Interpretação de Libras e Audiodescrições. “A audiodescrição será apenas no Marco Zero, às pessoas cegas que forem para o Frontstage receberão o equipamento e o audiodescritor estará próximo fazendo a narração das informações visuais”, explica Paulo Fernandes.
Para ter acesso ao Frontstage, as pessoas com deficiência precisam se dirigir para o lado esquerdo do palco principal do Marco Zero, haverá uma equipe da Central de Direitos Humanos e Acessibilidade para fornecer pulseiras de acesso à área acessível. As pessoas com deficiência deverão apresentar um documento que comprove a sua deficiência.
“O número de pulseiras é limitado e elas são distribuídas conforme a ordem de chegada e a capacidade do local. Além disso, haverá um espaço acessível nos polos da Praça do Arsenal e do Cais da Alfândega”, conta o gerente da pessoa com deficiência.
A Prefeitura Municipal também disponibiliza intérpretes de Libras para as pessoas surdas em todos esses polos do Recife Antigo, além de vans adaptadas do PE Conduz, que sairão da frente da Prefeitura do Recife até o Palco Central do Marco Zero, para transportar usuários de cadeiras de rodas, de muletas e com mobilidade reduzida. O serviço das vans estará disponível das 18 horas à meia-noite.
O Galo da Madrugada também terá um espaço para pessoas com deficiência, o Camarote da Acessibilidade, com Interpretação em Libras e Audiodescrições. Para ter acesso às pessoas com deficiência precisam se inscrever.
As inscrições para este ano diferirá das dos anos anteriores. As pessoas com deficiência poderão se inscrever pelo Conecta Recife nos dias 13 e 14 de fevereiro, à tarde. “Neste ano, os candidatos concorrerão a 200 vagas, que serão selecionadas através de um sorteio online, ao vivo, que contará com a presença do prefeito João Campos. Ressaltamos que todos os inscritos receberão a confirmação com o horário do sorteio”, conta Paulo Fernandes.
Para se inscrever para o Camarote da Acessibilidade, só poderão pessoas a partir de 14 anos e residir no Recife. Na entrada do Camarote, será necessário apresentar um documento comprobatório da deficiência e o comprovante de residência.
As vans da empresa PE Conduz farão o transporte para Galo Madrugada apenas para as pessoas inscritas para Camarote da Acessibilidade, que sejam usuárias de cadeira de rodas, muletas ou mobilidade reduzida. O transporte sairá da Praça do Derby, às 07 horas e retornará ao mesmo local às 17 horas.
Desde 1985, o Rock in Rio foi criado com objetivo de dar voz a uma geração e promover experiências únicas e inovadoras. É consagrado como o maior festival de música e entretenimento do mundo. O lema do Rock in Rio é “Juntos os sonhos acontecem”, a partir desse propósito que o festival traz para o público e mobiliza as pessoas a participar de ações prol de um futuro melhor e saudável.
A partir desse proposito, o Rock in Rio tem uma preocupação ao longo dos anos de ir se aprimorando em vários quesitos, incluindo a parte de acessibilidade. Neste ano de 2022, o projeto de acessibilidade na cidade do Rock contava com: centro de serviços, plataformas elevadas nos palcos, sinta o som, balções de acessibilidade, estacionamento para pessoa com deficiência, vans acessíveis, carrinhos de golfe, banheiros acessíveis, pisos táteis, mapa Táteis, audiodescrições, interpretes de libras, mobilidade kit livre, suporte para cão guia, microlocalização e entre outros.
Thiago Amaral, coordenador de acessibilidade do Rock in Rio explica como funciona essa preparação antes do festival acontecer. “O Rock in Rio conta com uma área fixa destinada à acessibilidade do festival, não sendo apenas em ano de festival. A estrutura conta com um coordenador, dois produtores e quarenta apoios (durante o período de evento). O projeto é feito se preocupando com cada tipo de deficiência, sempre validando com pessoas que fazem parte do público e tem alguma deficiência”.
O festival contou com total de 700 mil pessoas ao longos desses 7 dias, dentro desse público aproximadamente 2.110 representa pessoas com deficiência. Cada pessoa tem uma história e uma paixão com o festival, a Geneça, 30 anos, engenheira e pessoa com deficiência, vai ao festival desde seus 10 anos quando sua mãe levou ela para ver Sandy e Júnior, desde lá sempre tenta ir a todos os Rock in Rio. “Eu já perdi as contas de quantos já participei”-relata a Geneça.
Mas em 2011 sofreu um acidente que acabou se tornando pessoa com deficiência e após um mês do acidente foi ao Rock in Rio pela primeira vez como pessoa com deficiência, ela relata sua experiência ao longo dos anos no festival. “ Em 2011 foi quando precisei de uma atenção um pouco maior para vim ao evento e desde lá a questão de acessibilidade mudou muito, antes não tinha equipe de apoio, plataformas, os equipamentos. Foi bem complexo naquele ano conseguir assistir o festival, a equipe de acessibilidade evoluiu muito ao longo dos anos disponibilizando todos esses recursos”.
Mas Geneça relata que nessa edição de 2022 no primeiro final de semana teve algumas dificuldades. “No último sábado (03.09) e não tinha a van fazendo a conexão do Rock Express para central de acessibilidade, a gente pediu a assistência desde o começo, ninguém parecia saber assim do que se tratava, passava de uma pessoa outra até gente conseguir finalmente chegar no posto de acessibilidade. Na voltar também assim foi bem complicado, tava chovendo bastante e a gente não conseguiu esse apoio para ir e voltar ao longo do evento. Mas entramos em contato com o Tiago, responsável da acessibilidade através do WhatsApp e ele garantiu que esse final de semana teria todo o apoio durante o evento. E realmente a gente chegou e foi outra experiência, tinha a van para buscar a gente lá no Rock expresso e depois chegando aqui, já tinha um carrinho para fazer essa conexão até o ponto de acessibilidade.”
No final da entrevista Geneça relata sua paixão pelo Rock in Rio e deixa recado para outras pessoas com deficiência “Desde sempre tento vir, é um festival que engloba todos os públicos, não é sobre o Rock, mas é sobre todas as tribos e ritmos. Então realmente é um festival que amo de paixão e sempre venho por conta disso. Quero dizer para outras pessoas com deficiência que venham, se planejem, procurem a melhor forma de chegar e sair, acredito que maior perrengue está aí. Mas eles disponibilizam também estacionamento. Venham que a equipe está desempenhada em torna o festival cada vez mais acessível, a gente tem estandes com prioridades. Então é um festival que dar para curtir de qualquer forma”
O Wanderley dos Santos, 29 anos, do interior de São Paulo e estava indo a primeira vez ao Rock in Rio até momento que entrevistamos ele estava curtindo bastante o festival. Mas sentiu dificuldades para encontrar a central de acessibilidade. “Acredito que poderia ter pessoas na entrada que ajudasse a chegar até a central ou ela poderia ser mais perto da entrada” – relata wanderley.
A central de acessibilidade fica na Rota 85, que fica numa parte central do festival e lá funcionava todo cérebro da operação de acessibilidade, porque todos atendimentos, cadastro, suporte para as pessoas com deficiência. Thiago explica o porquê central está localizada nessa região da cidade do Rock. “O centro de serviços de acessibilidade fica em um local estratégico, onde é possível que a pessoa com deficiência possa fazer a retirada e entrega de equipamentos com mais tranquilidade, já que no chamado “funil” de entrada e saída, é uma área de muito tumulto, com pessoas correndo na entrada e na saída tem grande volume de pessoas saindo na mesma via”.
A Maria Clara, 18 anos, tinha escoliose grave e estava na sua terceira edição de Rock in Rio e sentiu poucas dificuldades para acessar o festival já que veio no seu próprio carro. “ A única coisa que senti dificuldades foi teve que levantar o moto da cadeira algumas vezes por causa obstáculos, acabei assistindo o show da Liniker lá traz porque não encontrei a plataformas elevadas. Mas já conseguir achar as plataformas”.
O coordenador de acessibilidade conta o que eles planejam para o Rock in Rio de 2024 no quesito de melhorias. “Para a próxima edição, a ideia é mantermos os serviços e estruturas, mas aumentando a quantidade para atender melhor a demanda” – afirma Thiago.
No mundo contemporâneo, os eventos e festivais reuniam diversas pessoas que promovem um intercâmbio cultural entre elas, por estilo musicais, artistas, pinturas, danças e outras expressões, existem vários detalhes que precisam ser observados na hora de realizar. Um deles é na acessibilidade, para as pessoas com deficiência, essa discussão precisa se ampliar para que a sociedade reflita e perceba o quanto é importante existirem espaços inclusivos e acessíveis para que as pessoas com deficiência tenham o direito de circular livremente e serem respeitados. No mês anterior, tivemos o Lollaplazooa que é dos maiores festivais de música do país, que reuniu mais 300 mil pessoas durante três dias, mas diversas pessoas com deficiência que foram para o festival relataram a falta de acessibilidade no evento.
A jornalista e criadora de conteúdo, Maria Paula, 28 anos, relatou as suas experiências positivas e negativas durante o festival. Ela tem uma doença genética, nunca diagnosticada que se manifestou quando era criança com três anos, mas quando chegou na adolescência passou a usar a cadeiras de rodas. Com seu crescimento profissional como a primeira fotografa cadeirante a se consolidar no mercado brasileiro, também é modelo, atriz e ativista da causa da pessoa com deficiência, foi convidada por uma das marcas patrocinadoras para está no espaço vip. “ Fui muito bem recebida, com transporte acessível para eu ir e voltar no evento, no espaço vip tinha todo o acesso com rampas, elevadores funcionando e banheiros acessíveis”, afirma Maria.
Mas um das maiores preocupações de maria ao Lollapalooza era sobre a questões de acessibilidade, principalmente nos banheiros. “Então quando cheguei lá nesse espaço oferecido tinha toda acessibilidade, fiquei mais tranquila. Mas o evento não é só espaço vip, é um festival de música com mais de 20 atrações acontecendo vários artistas que eu amo, não queria ficar trancada no espaço vip, queria vivenciar o festival,” afirma Maria
Mas a experiência de vivenciar o festival fora do espaço vip, ocorrem vários problemas pela falta de acessibilidade e Maria só conseguiu durante um dia inteiro assistir ao único show. “ O show de jonga foi único show que eu consegui ver, a distância de um palco para o outro é muito longa, também do palco para espaço vip muito longa, o local tem vários desníveis. No domingo também choveu e com isso ficou muita lama. O palco Ônix era impossível transitar e a produção estava zero preparada,” reclama a jornalista.
Maria cita vários erros da produção na parte de acessibilidade do festival, a área PCD (pessoa com deficiência) não tinha uma boa visibilidade para o palco, as pessoas ficavam assistindo através do telões os shows, a produção e as pessoas que trabalhavam no festival não sabiam passar informações, Maria e seu namorado chegaram a perguntar qual era o melhor caminho para chegar perto do palco e ninguém sabia informar e acabaram se deparando com escadas. “ A gente trombou com três lances de escadas, o bombeiro se prontificou em ajudar, eu e meu namorado. Quando chegamos lá em cima uma pessoa da produção solicitou um carrinho de golfe, ficamos esperando lá mais de horas o carrinho que nunca chegava, desistimos de esperar e seguimos porque estava perto do show e estava começando a chover. Quando estamos indo para perto do palco, vimos vários artista e influenciadores utilizando o carinhos de golfe destinado para as pessoas com deficiência”.
A jornalista também enfrentou problema na hora de sair do show. “Na saída do show de djonga para voltar para o espaço vip, nós víamos que tinha um espaço mais fácil pela área onde passava os carros e a produção quis impedir a gente de ir por ali. Então argumentamos que seria mais fácil o deslocamento. E aí o cara da organização do festival falou assim, olha você quer ir por aí então por sua conta em risco”.
Maria ficou se questionando se acontece algo com ela naquele percurso, não tinha importância? Também percebeu não tinha banheiros acessíveis fora do espaço vip e outra pessoas com deficiência que não tem o privilégio de esta em espaços vip? O que passaram para está naquele festival com falta de acessibilidade?
Na divulgação do festival Lollapalooza Brasil, o marketing feito sobre acessibilidade contavam com vários serviços e dispositivos, como: acesso pcd pelo portão 7, área pcd com plataformas elevadas nos quartos palcos para assistir aos shows, carinho de golfe para fazer o transporte do portão 7 até o festival, interpretes de libras em cada plataforma elevada das pessoas com deficiência que fica na área dos palcos, áudio descrições através de um equipamento de transmissão que serão distribuídos por recepcionistas e um kit livre que é um equipamento motorizado que possui a função de transformar a cadeiras de rodas em um triciclo motorizado elétrico para locomoção nas dependências do autódromo de Interlagos.
O festival trabalhou a informação que teria acessibilidade, chamando o público a também vivenciar a experiência do festival, mas, na prática, não aconteceu e essas situações sobre falta de acessibilidade relatadas são recorrentes em eventos e até no dia-a-dia. No Brasil, existem 45 milhões de pessoas com deficiência, representando 23% da população e acessibilidade é de extrema importância para garantir o acesso e a segurança.
A influenciadora digital, Giovana Massera, 25 anos, estudante de moda, modelo e influenciadora digital também conhecida por Toranja mecânica, também foi convidada para está Lollapalooza e acabou sofrendo com falta de acessibilidade colocando sua saúde em risco. “ Quando eu cheguei de van, o motorista não tinha informação e deixou a gente na entrada perto do palco Adidas, nessa entrada não tinha nenhuma ou estande para dar informações. Inclusive também não tinha o posto para pessoas deficientes. Esse posto ficava na outra entrada que estava do outro lado do autódromo, então eu tive que atravessar todo Autódromo para achar exposto e ter acesso às cadeiras, me fizeram subir várias escadas, pegar caminho errado e fazendo tudo isso a pé”.
Giovana tem Lúpus e a doença foi agressiva no seu corpo, com isso desde 12 anos lida com alguma limitações, para se locomover utilizar uma bengala e não pode andar longas distâncias. Quando conseguiu chegar no local não estavam disponibilizando os carrinhos de golfe, mas conseguiu pegar kit livre que era triciclo motorizado elétrico, que também não era apropriado para utilizar tem terrenos com muito desníveis, pode gerar riscos de acidentes. “ O triciclo elétrico estava com problema na ré e bateria que quase queimou a minha coxa. A cadeira atolava na lama e não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar sozinha, às vezes apareciam pessoas ao redor que disponibilizava para ajudar. Devido aos barrancos eu quase capotei com a cadeira e ela atolou na lama. Eu chorava de dor, de cansaço, desespero e não conseguia pisar no chão devido às dores”.
A sua experiência no Lollapalooza também com muito dificuldade devia a falta de acessibilidade, só conseguiu assistir um show, pontuou diversas pontos que festival deve melhora como: postos para as pessoas com deficiência em todas as entradas, cadeiras de rodas sem defeitos, carinhos de golfe funcionando para ir aos palcos, liberassem as parte cimentadas atrás do palco para quem está de cadeira ou simulassem uma estrada para cadeiras de rodas, banheiros maiores para pessoas com deficiência, treinassem a equipe de funcionários e orientassem melhor os bombeiros.
A falta de acessibilidade nos eventos está ligada ao Capacitismo estrutural que limita o direito ao acesso das pessoas com deficiência. A sociedade tem a concepção que as pessoas com deficiência vivem reclusa em casa, que não estudam, nem trabalham e também não saem para divertir. Atualmente, as pessoas com deficiência representam um 1% no mercado de trabalho formal, isso significa também o quanto é difícil do ponto vista poder aquisitivo da população com deficiência está presentes em eventos privados de custos elevados.
Por isso é tão importante trabalhos como da Maria e Giovana como influenciadoras digitais, para que as pessoas com deficiência sejam representadas e falem suas vivência para possamos transforma a sociedade mais inclusiva. “É de extrema importância que a gente ocupe todos os espaços, para que as pessoas entendam que nós existimos e temos vida ativa, que nós realizamos sonhos, namoramos, trabalhamos, divertimos e também continuar se comunicando” afirma Maria paula.
O carnaval pernambucano é conhecido pelo frevo. Esse ritmo tem diversos sucessos reconhecidos nacionalmente que acabaram virando hinos da cultura popular. “Voltei, Recife. Foi a Saudade. Que me Trouxe pelo Braço” e “Olinda! Quero Cantar a Ti está Canção. Mas além do frevo tão característico, o Carnaval pernambucano também é multicultural e conta com a presença de vários outros ritmos. No Recife, são 48 polos espalhados pela cidade. Neles é possivel curtir os tradicionais blocos de rua e suas agremiações ou bandas com musicas para agradar todos os gostos.
O polo principal fica no Marco Zero, onde a inclusão e acessibilidade estão presentes. Esse ano, o Front Stage acessível trouxe a audiodescrição como novidade para pessoas com deficiência visual. Janaina Ramos, coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos da Prefeitura do Recife explica como funciona. “Quando as pessoas com deficiência visual chegam ao Front Stage uma equipe da acessibilidade comunicacional está pronta para recebê-los e disponibilizar um aparelho com fones. Tudo que acontece no show é simultâneamente descrito. A intenção é que eles possam sentir todas as emoções do carnaval”.
Eduardo Eugenio, 23 anos, faz parte da equipe de acessibilidade comunicacional que trabalha auxiliando na audiodescrição. Ele conta como é essa vivência. “Está sendo uma experiência muito bacana, estamos encerrando a quarta noite com audiodescrição, tivemos a presença de algumas pessoas com deficiência visual que puderam curtir todo espectáculo, inclusive os shows ligados ao circo que é o tema do carnaval 2020. Estamos sendo pioneiros na acessibilidade aqui no Recife. Esperamos disseminar ainda mais essa ideia nos próximos anos”.
No Front Stage acessível também é disponibilizado intérprete de libras para pessoas surdas e acesso exclusivo ainda mais próximo ao palco para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Para chegar ao local, é possivel fazer o translado através do PE Conduz. A van sai da Prefeitura do Recife e leva até o Palco do Marco Zero ou para o Festival Rec-Beat que fica no Cais da Alfândega. De acordo com a coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos, aproximadamente 400 pessoas com deficiência aproveitaram o polo do Marco Zero”.
Entre as pessoas com deficiência que estavam no front acessível, os amigos Gibson e Paulo são surdos e aproveitaram o espaço pela primeira vez. ” confira os eles disseram.
Lia Lima, 42 anos, ficou cadeirante por causa de um acidente de carro. Também foi sua primeira vez no Marco Zero. Ela sofreu um pouco para chegar no Front Stage Acessível por causa da acessibilidade das ruas ao entorno local “Encontrei dificuldade de chegar ao palco do Marco Zero, poderia ter um bombeiro para auxiliar o cadeirante a chegar até aqui, mas infelizmente não tivemos. Mas contamos com respeito e parceria das outras pessoas”- afirma.
No geral, Lia achou a festa maravilhosa e falou qual a importância da inclusão no Carnaval. “Estou vendo a inclusão prevalecer na cidade do Recife, isso é muito importante para nós cadeirantes. A acessibilidade precisa melhorar mais, porém a intenção e a busca pela melhora é algo para parabenizar. O que precisa ser melhorado é a conscientização e o respeito por parte de algumas pessoas, além de mais rampas e acessibilidade. Temos que continuar lutando para sermos mais ouvidos e respeitados por todos”- conta Lia.
Conversamos também com Késia Tavares e Benoar, pessoas com deficiência física. Eles contaram um pouco da sua história de vida e da experiência no carnaval, confira no vídeo.
É importante ressaltar as novidades encontradas. O Eficientes seguirá acompanhando os próximos anos do carnaval acessível do Recife! Em 2021 tem mais!!
Já pensou em voltar ao passado e relembrar histórias que fizeram parte da infância? A Turma da Mônica marcou e ainda marca diversas gerações de brasileiros. Essa obra que pode ser contemplada através de gibis, desenhos, filmes, livros, quadros e outras expressões, representa a trajetória do artista Maurício de Sousa.
A exposição: Olá, Maurício retrata a caminhada desse empreendedor que virou referência mundial por tudo que construiu. Maurício parece ser uma fonte inesgotável, seu trabalho continua se renovando. Ele faz muito bem o que hoje é conhecido como Economia Criativa e consegue unir criatividade e empreendedorismo.
Além de ter uma obra ampla e diversa o que mais chamou atenção do Eficientes é a preocupação com a inclusão. Sabendo do seu papel como formador de opinião, influente sobre um público fiel, Maurício não esqueceu as pessoas com deficiência. Entre os aproximadamente 500 personagens criados por ele, é possível encontrar representarividade PCD. Alguns exemplos disso são: Luca que é cadeirante, Dorinha que deficiência visual, Tati síndrome de Down e André com autismo.
Além disso, ele busca falar de temas atuais, atrelando sua marca em campanhas sobre acessibilidade e respeito às diferenças. Ao chegar na exposição, recebemos uma história em quadrinhos falando e conscientizando sobre Distrofia Muscular de Duchenne.
Vale salientar que a exposição é bastante interativa e acessível.
Durante esses 60 anos de carreira o trabalho de Maurício levanta essas e outras bandeiras como a preocupação com a sustentabilidade. Seus personagens promovem papéis de protagonismo nesses temas, levando conhecimento, entretenimento e diversão para as pessoas. Um dado que representa a força desse trabalho são os números do portal Exame que apontam que a marca e seus licenciamentos tenham um valor de R$ 2,7 bilhões de reais, além de que, no Brasil, vendas da Turma da Mônica superam a Disney.
Se você é fã do Maurício ou da Turma da Mônica, corre que a exposição já vai acabar!! O material fica em cartaz até o próximo domingo(15), no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(FIESP), localizado na Avenida Paulista, 1313. A entrada é gratuita. De terça a sábado de 10h às 22h e domingo de 10h às 20h.