• Inteligência Artificial pode ser o caminho para a acessibilidade nos cinemas, aponta especialista

    Inteligência Artificial pode ser o caminho para a acessibilidade nos cinemas, aponta especialista

    Uso da tecnologia ajuda a equilibrar sessões inclusivas, mas exige revisão humana para garantia da qualidade do serviço, defende Marcelo Pedrosa

    A acessibilidade nas salas de cinema do Brasil ainda enfrenta barreiras que afastam parte do público. Sessões limitadas a horários específicos, ausência de legendas em produções nacionais e legendas descritivas de baixa qualidade continuam sendo entraves para pessoas com deficiência, especialmente para a comunidade surda.

    Diante desse cenário, Marcelo Pedrosa, fundador do Movimento Legenda Nacional, defende que a Inteligência Artificial (IA) pode se tornar uma aliada estratégica na construção de uma programação cinematográfica verdadeiramente inclusiva. Em artigo publicado recentemente, o especialista sugere que a tecnologia seja usada para flexibilizar e ampliar recursos de acessibilidade nas sessões.

    Segundo Pedrosa, a lógica pode ser comparada ao funcionamento de um painel de voos em aeroportos, que se adapta em tempo real às chegadas e partidas. Nos cinemas, a programação poderia ser ajustada para oferecer legendas, audiodescrição, Libras, dublagem ou som ambiente original de acordo com a demanda do público.

    “Assim como um painel de voos se adapta às mudanças, a grade dos cinemas poderia se reorganizar conforme as necessidades de acessibilidade, sem comprometer a experiência dos demais espectadores”, explica.

    Apesar do potencial, o especialista alerta que a IA não deve ser vista como solução isolada. “É indispensável haver revisão humana e padronização técnica. Erros em legendas automáticas ou falhas no sistema podem excluir ainda mais quem já enfrenta barreiras”, reforça.

    O debate sobre acessibilidade no audiovisual já vem ganhando espaço. Festivais de cinema têm realizado sessões inclusivas, plataformas de streaming ampliaram recursos como legendas e audiodescrição, e movimentos sociais, entre eles, a Campanha Legenda Nacional, que seguem pressionando por mudanças estruturais. “O desafio é transformar essas iniciativas pontuais em política pública permanente”, pontua Pedrosa.

    Para o especialista, o futuro da acessibilidade no cinema vai além das telas. Ele projeta um modelo multissensorial, com recursos como cadeiras vibratórias que transmitem sons por meio de vibrações, integrado a uma programação inteligente construída em diálogo direto com pessoas com deficiência. “Isso pode se tornar realidade em menos de cinco anos, se houver vontade política e uso da tecnologia certa”, conclui.


  • Camarote da Acessibilidade no Galo da Madrugada abre inscrições para pessoas com deficiência

    Camarote da Acessibilidade no Galo da Madrugada abre inscrições para pessoas com deficiência

    Por: Larissa Pontes / Foto: Prefeitura do Recife

    A partir desta quarta-feira (19), começam as inscrições para o Camarote da Acessibilidade do Galo da Madrugada, um espaço exclusivo para pessoas com deficiência e pessoas com autismo curtirem o maior bolo de rua com segurança e estrutura acessível. As inscrições seguem até o dia 24 de fevereiro, e podem ser feitas pelo site ou app Conecta Recife: conecta.recife.pe.gov.br

    Quem pode participar?

    1. Ser morador(a) do Recife;
    2. Possuir comprovante de residência;
    3. Ter suas informações cadastrais completas e atualizadas no Conecta Recife;
    4. Possuir documento ou laudo médico, comprovando ser pessoa com deficiência ou pessoa com autismo;
    5. Ter, no mínimo, 14 anos, devendo seu acompanhante ser uma pessoa maior de idade.

    Como se inscrever?
    As inscrições são gratuitas e feitas somente online, anexando:
    – Documento oficial com foto;
    – Comprovante de residência;
    – Laudo ou documento comprobatório da deficiência, ou pessoas com autismo.

     A seleção será feita de forma democrática por sorteio online, transmitido ao vivo no dia 25 de fevereiro pelo canal da TV Conecta Recife no YouTube: youtube.com/@tvconectarecife. O Camarote da Acessibilidade fica localizado no Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, contará com 160 vagas e funcionará no dia 1º de março, das 8h às 17h.

    As pessoas que utilizam cadeiras de rodas ou com mobilidade reduzida contarão com as Vans do PE conduz para o deslocamento até o camarote. As vans sairão da Praça do Derby (próximo ao laboratório Marcelo Magalhães), às 7h.

    O camarote da acessibilidade é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, que contará com apoio do transporte adaptado através da Superintendência Estadual de apoio à pessoa com deficiência. 


  • Circo Acessível abre inscrições para aulas gratuitas destinada às pessoas surdas

    Circo Acessível abre inscrições para aulas gratuitas destinada às pessoas surdas

    A segunda edição do projeto Circo Acessível oferece aulas gratuitas de tecido e visa incluir PCDs no universo circense. As inscrições seguem até 10 de janeiro

    A inclusão e a acessibilidade estão no centro da segunda edição do projeto Circo Acessível, que busca ampliar as oportunidades para pessoas surdas no universo das artes circenses. A iniciativa gratuita acontecerá a partir do dia 18 de janeiro de 2025 e oferecerá aulas de tecido acrobático, lira e trapézio fixo para 10 participantes surdos, na sede do Casulo Artes Circenses, localizada em Casa Amarela, Zona Norte do Recife.

    O Circo Acessível nasceu em 2024 como um módulo da Formação Livre para Instrutores de Circo (FLIC), uma iniciativa apoiada pelo Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) do Recife. O curso híbrido de 42 horas capacitou 20 praticantes circenses e plantou as sementes para a inclusão de pessoas surdas no circo.

    Malu Vieira, diretora do Casulo Artes Circenses, após duas edições, chegou a conclusões que norteiam seu trabalho com pessoas surdas desde então. “Ter gente surda no circo é bem menos complicado do que se pode imaginar, mas há caminhos a serem traçados. Na prática, dar aulas para pessoas ouvintes e não ouvintes gera demandas diferentes para os professores, o que não deve ser tido como obstáculo, mas como necessidade de adaptação, para que sejam encontradas formas diferentes de instruções”, reflete.

    Para ela, a falta de pessoas surdas nas artes aéreas está relacionada à ausência de políticas públicas efetivas de acessibilidade. “O objetivo do Circo Acessível é justamente contribuir para a mudança desse cenário”, conclui.

    As inscrições podem ser realizadas até 10 de janeiro, por meio do formulário disponível no perfil do Instagram @casuloartescircenses. O resultado dos selecionados será divulgado no dia 13 de janeiro. Não há pré-requisitos técnicos para participar. A única exigência é que os interessados sejam maiores de 18 anos e residam em Recife ou na Região Metropolitana. 

    As aulas acontecerão nos dias 18 e 25 de janeiro e 1º de fevereiro, das 14h às 16h, totalizando uma carga horária de 6 horas. As sessões serão conduzidas por Malu Vieira, aerialista com 13 anos de experiência e diretora do Casulo Artes Circenses. Para garantir a acessibilidade, o projeto contará com o apoio dos intérpretes de Libras Leo Ramos e Monique Marry e da consultora surda Letícia Lima.


  • Para além da sala de aula: como o estado de Pernambuco tem atuado para garantir educação pública de qualidade e inclusiva para as pessoas com deficiência

    Para além da sala de aula: como o estado de Pernambuco tem atuado para garantir educação pública de qualidade e inclusiva para as pessoas com deficiência

    A educação inclusiva não é apenas um conceito pedagógico. É a garantia do direito de todos os cidadãos terem acesso à educação. Ela gera não só a igualdade de oportunidades, mas abrange diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero, e promove a mudança de hábito e a transformação cultural, conscientizando a população sobre práticas de inserção.

    No Brasil, o cenário da educação inclusiva reflete desafios que perpassam, sobretudo, pela complexidade do sistema educacional, os estigmas sofridos pelas pessoas com deficiência (PCD) e a falta de políticas públicas eficazes que leve para sociedade o conhecimento necessário para aplicar a inclusão social das PCD, além de investimentos financeiros nesta pauta. De acordo com dados do módulo Pessoas com Deficiência, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2022, cerca de 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais de idade do país têm algum tipo de deficiência.

    Os números, no entanto, são ainda mais preocupantes quando se observa a taxa de analfabetismo: no terceiro trimestre de 2022, ela chegou a 19,5% entre pessoas com deficiência, enquanto, para pessoas sem deficiência, essa taxa foi de apenas 4,1%. A pesquisa também destaca que apenas 25,6% das pessoas com deficiência concluíram o Ensino Médio, em comparação com 57,3% das pessoas sem deficiência. No Ensino Superior, a situação é ainda mais crítica: apenas 7% das pessoas com deficiência conseguem finalizar o processo educacional.

    Esses números deixam claro que, ao longo da jornada educacional, ocorre uma queda expressiva no número de pessoas com deficiência que conseguem concluir sua formação. Para entender melhor o impacto dessa realidade, a equipe da Eficientes conduziu entrevistas entre julho e agosto com pessoas com deficiência das periferias do Recife e com gestores públicos. O resultado desse trabalho foi uma reportagem especial e uma websérie de seis episódios, disponíveis em nossas redes sociais.

    “Eu tenho alguns amigos, mas a maioria da classe não se aproxima muito de mim, mas os professores estão sempre dando um jeito de me ajudar”. A fala que inicia esta reportagem foi dita por Laís Rodrigues da Silva, uma jovem de cabelos longos, lisos e pretos.

    Aos quatro anos, ela contraiu uma doença rara que atingiu a sua retina e foi diminuindo os níveis de visão. Hoje, aos 15 anos, ela tem cegueira total.

    Motivada por sua mãe, Laís cresceu entendendo que o preconceito e a falta de acessibilidade não tornariam sua vida fácil. Mas sempre teve certeza de que nada lhe é impossível. “Ela sempre disse que não ia ser fácil, que as pessoas poderiam me olhar diferente, me tratar diferente e achar que eu não sou capaz, mas ela sempre disse que eu posso fazer tudo que eu quero. Eu aprendi a andar de bicicleta sem rodinha sozinha, eu já participei da colônia de férias do horto, minha mãe me ensinou a pular corda, fiz natação, aula de piano, ballet”, contou.

    Ela cursa o primeiro ano do ensino médio na Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio Joaquim Xavier de Brito, no bairro da Iputinga, no Recife, local onde aconteceu a entrevista. Ao entrar na escola, no lado direito, há uma rampa, e corrimãos onde estão presas várias bicicletas. A escola possui várias pilastras, e logo em seguida, nos deparamos com uma escada que leva à sala de recursos com quatro computadores, um bebedouro, um armário e uma estante com vários jogos acessíveis. Apesar de ser uma unidade de referência, a escola não dispõe de alguns recursos importantes para garantir a acessibilidade arquitetônica, como o piso tátil, um elemento tão importante para dar maior autonomia e segurança às pessoas cegas, já que marca o caminho que ela precisa para entrar em determinados locais.

    Laís não usa bengala e sempre conta com o apoio de alguém para se locomover dentro das dependências da escola. Para a entrevista, ela foi trazida pelo seu pai até a sala de Recurso, um ambiente que dispõe de materiais educacionais acessíveis e os profissionais que aplicam as metodologias de acessibilidade. No fim da conversa, ela foi acompanhada por um amigo até outro espaço da unidade.

    Fotografia uma menina negra, com cabelos longos e pretos, vestindo uma camisa branca com detalhes em azul, amarelo, verde e vermelho, que identifica a Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. Ela está sorrindo e está em uma sala organizada, com estantes ao fundo contendo vários objetos, como caixas plásticas, instrumentos e materiais educativos.
    Laís precisa de apoio para circular pelos ambientes da escola.

    Perguntada sobre a principal dificuldade que enfrenta no colégio, ela ressalta a solidão. “Eu acho que talvez pela falta de inclusão, os meninos parecem, sei lá, ter medo de se aproximarem de mim ou por não saber como me ajudar. E termina muitas vezes me ignorando e isso é doloroso. É bem ruim a dor da solidão e várias vezes eu falei na escola: ‘gente, eu sou normal’”, contou.

    Na escola, a estudante tem o suporte de uma professora braillista, que recebe todas as atividades realizadas pelos professores de Laís e a encaminha em braile. “Isso é bem legal, porque eu não preciso de alguém a todo instante perto de mim. Minha mãe é muito ocupada e não dá para ficar todo tempo pedindo ajuda dela, então a tarefa em braile é importante porque a qualquer hora eu posso fazer, responder e entregar aos professores”, pontuou.

    Focada em finalizar o ensino médio e a estudar algum curso universitário que trabalhe a biologia, Laís conta que ainda não pensou muito sobre sua entrada no mercado de trabalho. “Eu acho que pode ter alguma dificuldade nesse acesso, mas como tudo na vida vou vencer. Acredito nisso, eu penso isso. Eu vou fazer um curso na faculdade e depois vou dar um outro passo. Um de cada vez, mas sempre vencendo os obstáculos”, disse.

    UNIVERSIDADE É AINDA MAIS HOSTIL

    “Quando o professor me deu a prova com a fonte normal, eu o chamei e expliquei que não conseguia identificar as palavras. E ele disse: ‘se vire. Você que sabe se vai fazer a prova ou não. Você está deficiente visual, não era nem para estar aqui’. Ele virou e voltou a observar os outros alunos, e eu fiquei com a prova na mão sentada na cadeira, raciocinando sobre o que tinha sido me dito”.

    O relato que inicia esta segunda parte da reportagem é de Elaine Silva, uma jovem negra de 26 anos que perdeu a visão aos 18 anos após uma hidrocefalia. Elaine é o nome fictício escolhido por ela que, por receio, preferiu não se identificar e nem apontar a instituição de ensino superior pernambucana onde foi palco de uma das experiências mais tristes que vivenciou.

    Na época estudante de Educação Física em uma universidade pública, Elaine foi socorrida para a emergência hospitalar com fortes dores de cabeça exatamente no dia do retorno às aulas. No hospital, ela passou por uma cirurgia na cabeça para a drenagem do líquido, mas ficou em coma por pouco mais de dois meses. Ao acordar, não conseguia enxergar. “Quando eu saí de casa, eu enxergava. Quando acordei do coma, que vi a escuridão, fiquei em dúvida se eu estava acordada. Mas aí ouvi a voz da minha mãe”, contou.

    Amante da leitura e dedicada aos estudos, após a alta hospitalar Elaine não trancou a matrícula na faculdade. Um ano depois, decidiu que voltaria ao curso e foi até a coordenação da universidade com sua mãe entender se o retorno seria possível. “Minha mãe alertou à faculdade que eu precisaria de alguém para me auxiliar nas avaliações ou que eu precisaria de provas com fontes maiores e um tempo maior para fazer. Na época, eu conseguia enxergar um pouco. Voltei ao curso e entrei em quatro disciplinas”, disse.

    No entanto, em uma das avaliações, não foi cumprido o combinado feito com mãe e filha. Elaine recebeu uma prova com fonte pequena e não houve a opção de assistência. “Fui vendo que os alunos estavam saindo e vi que não tinha como fazer a prova. Com as linhas muito unidas umas nas outras, eu não conseguia entender. Eu simplesmente entreguei a prova, sem nem escrever meu nome, e sai da sala bem abalada”, afirmou.

    O episódio fez Elaine desistir do curso. Mas o desejo pela formação superior seguiu latente, fazendo com que, anos depois, ela se matriculasse em outra instituição de ensino. Hoje, ela cursa o oitavo período do curso de Nutrição em uma faculdade particular, longe da instituição onde foi vítima do capacitismo, mas conta que as dificuldades com a falta de acessibilidade continuam. ”Falta de empatia e falta de acessibilidade vão existir em todo canto. Essa faculdade que estou hoje também disse que ia garantir todos os artifícios, todo o suporte que eu precisasse. Mas também não é assim”, apontou. “É difícil a sociedade tratar a acessibilidade. É difícil a gente tratar a empatia. A gente tem que trabalhar esses temas desde pequeno, para quando a gente crescer, aplicar e incluir às pessoas com deficiência”, destacou.

    card com fundo laranja e amarelo. Em letras brancas do lado direito tem: "nível de educação das pessoas com deficiência, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de 2022". Abaixo um  gráfico de barras apresenta três estatísticas: 36,7% das pessoas com deficiência têm nível de escolaridade representado por um ícone de mochila, 25,6% têm nível superior, indicado por um ícone de livro aberto, 7% têm formação avançada, ilustrado por um gráfico matemático. Há ícones de figuras humanas com deficiência física, auditiva e visual abaixo das barras. Uma seta laranja inclinada para baixo conecta os diferentes níveis educacionais.
    Apenas 7% das pessoas com deficiência concluem o Ensino Superior
    Crédito: Carlos Pontes

    Questionada quais seriam as acessibilidades que deveriam ser aplicadas na instituição de ensino em que estuda, ela inicia a resposta ressaltando a inacessibilidade que começa desde a saída de casa. “O caminho de casa até a faculdade é um grande desafio. Calçadas com buracos, falta de sinalização. Vou sozinha, então, às vezes, tem algumas crianças no caminho que me param e dizem “moça, deixa eu ir com você; você vai bater no poste”. E eu digo que não tem problema, que se eu bater, vou aprender e decorar que naquele lugar tem um poste ali, que eu não posso passar mais ali. Minha perna está toda manchada e isso tudo é pancada que eu levo na rua. Na minha rua mesmo, vocês viram as calçadas, né?!”, perguntou à equipe de reportagem.

    Elaine mora no bairro do Bongi no Recife, não muito longe do campus da insituição onde estuda, local de casas simples e ruas e calçadas desniveladas e estreitas, o que a impede de se locomover com segurança e autonomia. Os dados do IBGE informam que o bairro tem taxa de alfabetização de 92,3% e renda mensal por domicílio de R$ 1.860,98.

    Na faculdade, ela destacou que o mais difícil é a falta de livros acessíveis. “Seria muito importante encontrar alguns livros específicos da minha área no formato digital”, apontou. Na parte física da instituição, ela apontou a falta de piso tátil em todas as dependências da unidade de ensino e indicou a falta de manutenção nos recursos de acessibilidade que foram aplicados. “As escadas têm fitas antiderrapante, mas estão desgastadas e, apesar dos computadores terem os softwares de leitor de tela instalados, não temos o suporte de uma pessoa para nos ajudar”, afirmou. “Mas tudo isso é construção e esse tipo de construção demora muito. E não sou eu, Elaine, quem vai mudar isso. Quando todo mundo parar dizer assim ‘a gente tem que mudar isso’, é que vai mudar realmente. Mas eu acho que ainda vai demorar séculos e séculos, é muito lento para ter uma solução”, completou Elaine

    COMO ATUA O GOVERNO DE PERNAMBUCO

    Em 2015 foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência para assegurar e promover, em condições de igualdade, os direitos e as liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social e à cidadania. Dentre as diretrizes estabelecidas pela lei de inclusão, o artigo 28 determina que é incumbência do poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar o sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), apesar da inclusão escolar ter avançado nos últimos anos, ainda há desafios significativos na implementação de práticas efetivas que atendam a todos os alunos equitativamente.

    Em Pernambuco, há aproximadamentee 14 mil estudantes com deficiência matriculados nas 1.601 escolas estaduais. Desse número, 549 unidades dispõem de salas equipadas com recursos acessíveis, como impressoras em braille, itens pedagógicos, mobiliários acessíveis e outros, e apenas 192 estão totalmente adequadas à acessibilidade.

    De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, a meta é que, até o final de 2026, todas as escolas do estado sejam acessíveis. “Desde 2004, com a própria organização da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e a Lei de Acessibilidade, a gente vem brigando para que cada vez mais os prédios públicos se tornem acessíveis. Nós temos estruturas nas nossas escolas de prédios antigos, mas hoje a gente tem Investe Escola e geralmente a gente foca e dá prioridade para esses pontos de acessibilidade arquitetônica”, apontou a gerente estadual de Educação Inclusiva, Sunnye Gomes.

    fotografia de uma mulher branca, com cabelos loiros presos, usando óculos grandes, vestindo uma blusa azul e um casaco preto por cima. Ela está sentada em um sofá preto e usa colares e anéis dourados. Ao fundo, há estantes com livros e cartazes nas paredes.
    Sunnye é gerente de Educação Inclusiva de Pernambuco
    Crédito: Larissa Pontes/Eficientes

    O Programa Investe Escola Pernambuco (Piepe), citado pela gestora, promove a manutenção e a melhoria das infraestruturas física e pedagógica das unidades escolares. Em matéria publicada no site da secretaria em 24 de janeiro de 2024, há o indicativo de que o Governo do Estado liberou R$ 101 milhões para serviços de infraestrutura das unidades para 2024.

    Sobre o orçamento estadual total previsto para a educação inclusiva, a SEE informou que do segundo semestre de 2024 ao segundo semestre de 2025 serão investidos R$ 13.060.873,48. Em relação à formação de professores, a gerente de Educação Inclusiva do Estado, destacou que a meta do ano é capacitar 1.754 professores da Educação Especial. Ela destaca que há o convite para que os professores da educação regular e outros profissionais das unidades escolares também se capacitem. “A gente inicia o nosso movimento de formações continuada desde o início do ano. Nas nossas formações, a prioridade é para os professores do Atendimento Educacional Especializado, mas convidamos sim professores da sala comum, porque a gente acha importante esse diálogo. A gente quer que esse professor chegue mais perto da gente, porque, na verdade, o aluno está mais tempo na sala de aula regular. Então, há o convite para esses professores também, assim como a gente mobiliza a equipe de gestão, os educadores de apoio e outros agentes, outros protagonistas da escola”, afirmou.

    Para a gerente de Educação Inclusiva do Estado, Sunnye Gomes, Pernambuco se destaca por oferecer o Atendimento Educacional Especializado (AEE). “A estratégia mais forte, que é uma grande marca do nosso Estado, é a garantia do Atendimento Educacional Especializado. Sem a garantia desse atendimento é praticamente impossível efetivar uma inclusão. Então essa é a nossa maior estratégia e com isso, obviamente, você tem alunos surdos inclusos, com intérpretes de libras em sala de aula. Se temos alunos cegos, há professores braillistas. Então, o aluno matriculado na unidade escolar ele tem a garantia da oferta do Atendimento Educacional Especializado”, pontuou.

    Mas é importante ressaltar, que a Lei da Inclusão, ainda em seu artigo 28, determina que é dever do poder público construir e oferecer um projeto pedagógico que institucionalize o Atendimento Educacional Especializado para atender os estudantes com deficiência. “A educação é um processo contínuo de aprendizagem. São 30 anos de educação especial, eu vim de internatos e hoje falo de inclusão de estudantes cegos. Não tenho como dizer que a gente não avançou. A gente avançou muito, mas ainda precisamos melhorar mais. Acredito muito no que a gente está construindo e eu sei o que a gente está crescendo”, atestou a gestora.

    FALTAM AÇÕES AFIRMATIVAS

    Em relação ao ensino superior, o Governo do Estado atua através da Universidade de Pernambuco (UPE). O pró-reitor de Graduação da UPE, Ernani Martins, afirma que a primeira iniciativa inclusiva acontece nos processos seletivos onde o candidato pode indicar sua demanda, apresentar o laudo e ter garantido uma equipe técnica para dar condições necessárias. “Por exemplo, um candidato com deficiência intelectual que às vezes necessita usar um computador específico. Ele faz o requerimento, traz o equipamento e esse computador é analisado por uma equipe técnica que vai atestar que aquilo que ele pede é uma condição necessária e que não será uma vantagem em relação aos outros candidatos”, explicou.

    No entanto, no ingresso à instituição, o pró-reitor ressalta que ainda não há uma ação afirmativa específica para estudantes com deficiência que queiram ingressar nos cursos de graduação, pois a lei de Cotas obriga apenas as universidades federais e concursos públicos. “A gente vem trabalhando paulatinamente, discutindo com o governo estadual as condições para que a gente faça isso, como melhorar toda a infraestrutura física”, pontuou, reforçando que o mesmo não se aplica nos cursos de pós-graduação. “Já tem uma ação afirmativa, uma cota específica para pessoas com deficiência que queiram fazer mestrado e doutorado”, disse. De acordo com dados de 2023, a UPE tem cinco estudantes com deficiência auditiva, seis com deficiência física e 66 estudantes com deficiência visual, sendo baixa visão, monocular e outras. Ao todo, a universidade tem 14 mil alunos.

    Ernani destacou ainda que a universidade não tem profissionais específicos para atuar na aplicação das acessibilidades necessárias no dia a dia dos estudantes com deficiência, mas indica que há formações sobre acessibilidade e inclusão para os docentes compreenderem como atuar com os alunos com deficiência, tendo 25% do quadro docente com alguma formação específica sobre os temas este ano. “A gente precisa ter uma lei que crie cargos na universidade de intérprete de libras, tradutor, braillista e outras não têm, então não podemos fazer concurso. Mas a gente pretende até 2027 ter todas essas necessidades para as políticas públicas avançarem na instituição”, afirmou.

    Fotografia de um homem branco, usando óculos e uma camisa polo preta com pequenos pontos brancos. Ele está sentado à mesa, em frente a um notebook. Ele sorri para a câmera e tem uma xícara ao lado, com persianas de fundo.
    Martins, pró-reitor da UPE, acredita ser possível adequar infraestrutura
    Crédito: Larissa Pontes/Eficientes

    Apesar disso, o gestor frisa haver estudantes com deficiência na UPE e que, quando o aluno necessita de tecnologias assistivas, são ofertadas pela instituição os recursos e equipamentos necessários “Quando eles entram, a gente faz um estudo para entender sua condição e ofertar uma formação equitativa, respeitando as características de cada curso”, afirmou.

    Diferente do ingresso para a formação universitária, a UPE aplica a política de cotas afirmativas no processo de seleção profissional, garantindo o percentual determinado por lei para a contratação de pessoas com deficiência. “Quando elas passam no concurso e são convocadas, depois da junta médica, tem uma equipe que acolhe na pró-reitoria de Desenvolvimento Pessoas para entender as necessidades dessas pessoas e alocar no setor que vai atuar e dar toda a infraestrutura do que é possível dentro da universidade para que essa pessoa trabalhe da melhor forma possível”, disse.

    Para sanar as faltas de acessibilidade na instituição, a Universidade de Pernambuco instituiu em 2021 o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão. “Ele funciona dando essa assistência em várias direções, em apoio psicopedagógico, em equipamentos, para que a gente tenha, de fato, um tratamento equitativo para todos os alunos que estão nas graduações da universidade, em todas as macrorregiões do estado onde a UPE está distribuída”, detalhou indicando que a perspectiva é que até 2027 o núcleo seja ampliado. “O objetivo maior é a gente não só dar o acesso à universidade, mas instituir a permanência dessas pessoas, entendendo a universidade como um espaço plural para todas as pessoas.”

    Embora a ampliação do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão seja um passo na direção certa, é necessário questionar por que os processos de implementação de acessibilidade avançam tão lentamente. O núcleo existe desde 2021, mas só em 2024 foi possível iniciar a capacitação dos professores. E isso não se limita a UPE; é importante que outras instituições exerçam políticas inclusivas, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE), que não forneceram à equipe de reportagem os questionamentos sobre suas políticas de inclusão. Será que há, de fato, um comprometimento das instituições de ensino e do poder público com a criação de um ambiente acadêmico inclusivo e acessível?

    Uma coisa é certa: a implementação de ações que promovam a inserção e permanência de estudantes com deficiência não deveria ser uma exceção, mas sim uma regra. No entanto, ainda há um longo caminho para que esse compromisso se transforme em práticas consistentes e eficazes, capazes de gerar um impacto real na sociedade, fortalecendo a diversidade e garantindo a equidade no ensino médio e superior, ao invés de cumprir apenas metas institucionais.

    E NO MERCARDO DE TRABALHO?

    Roberta Soares, professora de libras, sempre foi incentivada pela família a estudar. Para isso, até o ensino médio, frequentou uma unidade de ensino particular e bilíngue, onde existiam alunos surdos e professores que se comunicavam na língua de sinais. Após esse período, ela foi matriculada na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam) e passou a vivenciar os problemas que a falta de inclusão na sociedade gera às pessoas com deficiência, sobretudo aos surdos.

    Ela conta que no começo a escola não disponibilizou intérprete de libras e nenhum professor sabia a língua de sinais. “Os surdos ficavam lutando para conseguir esse profissional, que chegou depois. Mas o ensino médio foi difícil, foi tudo diferente do que eu tinha vivido. A maioria dos alunos eram ouvintes, a metodologia de ensino não era a mesma. Mas eu me esforcei, estudei, fiz reforço, principalmente para matemática e química, e consegui passar por essa fase”, pontuou.

    Com o ensino escolar concluído, Roberta foi em busca de um trabalho numa fábrica. E nessa etapa, ela enfrentou novos desafios. “Foram nove anos nesse emprego e, para as pessoas com deficiência é bem difícil, tem muitas barreiras, muito preconceito e tinha muito impedimento comunicacional. Minha ideia sempre foi evoluir, sair de lá e me formar professora efetiva”, contou. Foi então que, conciliando com o emprego fabril, ingressou na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para cursar o primeiro curso de Letras Libras.

    Para Roberta, entrar na UFPE não foi algo difícil. A prova para o vestibular era toda em libras e o curso tinha apenas alunos surdos. “Me lembrou a escola bilíngue e eu não tive dificuldade. A gente teve disciplinas de português, para praticar a leitura, mas o professor sabia libras, os trabalhos eram feitos nessa linguagem”, ressaltou. Sobre a equipe administrativa da universidade, ela destacou que, em 2008, ano em que iniciou o curso, não existia uma estrutura inclusiva completa. “A coordenação não sabia libras, mas os professores que sabiam apoiavam e tinha os intérpretes também, além de grupos de ouvintes que sabiam libras e grupos de surdos. Com o tempo, eles foram evoluindo e hoje, em 2024, melhorou muito”, reforça. “Lembro que, na minha época, tinha uma mulher surda no curso de Matemática e foi muito difícil para ela”, completou.

    Durante os estudos na graduação, Roberta mirava para o futuro: sua meta seria estudar e ser aprovada em um concurso público. “Hoje, sou professora da rede estadual”, contou. Como docente de libras, ela ensina pessoas ouvintes e surdas, mas já teve experiência com pessoas cegas. “Foi um desafio para mim, por que fiquei pensando ‘qual material irei utilizar?’. Porque existiam várias possibilidades, acabou sendo difícil no início. Mas foi importante para mim, porque aprendi a trabalhar, mudar a estrutura de trabalho e pensar nas adaptações”, afirmou. A partir das vivências no trabalho, Roberta destacou que vão se criando ferramentas para ultrapassar os desafios que o mercado de trabalho apresenta. Mas será que recorrer ao concurso público será a única perspectiva de futuro para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho?


  • São João do Vale lançará a primeira Plataforma de Mapeamento de Espaços com Foco em Acessibilidade.

    São João do Vale lançará a primeira Plataforma de Mapeamento de Espaços com Foco em Acessibilidade.

    Texto: Larissa Pontes / Imagem: Vale PCD

    Partindo do desejo de transformar os eventos no Recife mais diversos e acessíveis, o Vale PCD fará a segunda edição com o São João do Vale no dia 10 de junho. O evento, que acontece das 18 h às 4 h, no Pajubar, visa o protagonismo das pessoas com deficiência em todos os espaços. 

    Em março de 2023, aconteceu a primeira comemoração do Vale Pcd, chamada Vale Tudo, para celebrar os três anos da organização sem fins lucrativos e o aniversário de Priscila Siqueira, uma das fundadoras do Vale PCD. O evento mostrou-se um sucesso, o Pajubar ficou lotado de pessoas com deficiência e todos se divertiram ao som de diversas músicas internacionais e nacionais. “Ficou evidente que a inclusão e a celebração da diversidade são valores que devem ser abraçados em todos os momentos festivos” — afirma a fundadora Priscila Siqueira. 

    Na segunda edição da festa, o Vale PCD lançará a primeira plataforma de mapeamento de todos os espaços públicos e privados com foco em acessibilidade. As pessoas com deficiência terão acesso a informações sobre a estrutura dos locais que desejam frequentar, como rampas de acesso, banheiros adaptados e elevadores. A plataforma pode ser acessada pelos computadores e celulares. “Com essa plataforma, estaremos quebrando barreiras e promovendo a inclusão de maneira prática e eficiente” -afirma Priscila. 

    Além da plataforma, a noite terá artistas com deficiência e LGBTQIA+, como Go vinicius, Leonardo Galize, Nina Poison e Rodolfo Moura, que convidarão todos para dançarem, haverá uma barraca do beijo acessível e filtros para serem usados no evento. O evento terá listas PCD e Trans, que permanecerão disponíveis até o dia 09 de junho, entrando em contato pelo Instagram @pcdvale.  

    Conheça mais sobre o Vale Pcd 

    O Vale PCD, uma organização dedicada à promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência que também fazem parte da comunidade LGBTQIA+, tem se destacado no cenário nacional com suas ações de impacto. Com foco em eventos acessíveis, consultorias, emprego e saúde mental, a organização tem se esforçado para que todas as pessoas tenham a mesma oportunidade. 

    A ONG realizou uma consultoria no Festival do Futuro, no início deste ano, o que contribuiu para a implementação de medidas inclusivas e acessíveis para pessoas com deficiência. Essas ações visam conscientizar a sociedade e incentivar uma maior compreensão, aceitação da diversidade e garantir a interseccionalidade de pessoas com deficiência LGBTQIA+ no Brasil.


  • Festival 3i contará com intérpretes de Libras e tradutores simultâneos de línguas estrangeiras

    Festival 3i contará com intérpretes de Libras e tradutores simultâneos de línguas estrangeiras

    Em sua 4ª edição, o Festival 3i de Jornalismo Independente, Inovador e Inspirador desembarca no Rio de Janeiro, entre os dias 5 e 7 de maio, com uma programação diversa e trazendo a proposta de um ambiente acolhedor e inclusivo.

    Apresentando um novo formato, que combina as mesas de debates tradicionais com workshops e apresentações de cases de sucesso, o evento discute a sustentabilidade do ecossistema de mídia e os caminhos para um jornalismo cada vez mais inovador. 

    O evento apresenta perspectivas para o novo jornalismo, abordando temas como o uso de dados e o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para melhor execução do trabalho jornalístico; a preocupação com o bem-estar e segurança de profissionais, a adaptação às novas linguagens e plataformas de distribuição; o desenvolvimento de metodologias diversas de gestão e o estímulo à mentalidade de produto.

    A Ajor (Associação de Jornalismo Digital), realizadora do 3i desde 2022, entende que a acessibilidade é indispensável para o sucesso e qualidade do evento. Todos os encontros do palco principal do Festival 3i contarão com intérpretes de Libras, a Língua Brasileira de Sinais.

    Além disso, todas as mesas, workshops e apresentações de cases que contarem com a presença de convidados internacionais terão tradução simultânea de intérpretes para a língua portuguesa.

    De acordo com Maia Fortes, diretora-executiva da Ajor, garantir um ambiente acolhedor para todos está no DNA do Festival e da Associação, que tem a promoção à diversidade como um dos eixos de sua missão. 

    “Para além de entender a garantia aos espaços e ao conhecimento como valor, existe o direito a partir da Lei 10.098 que precisa ser cumprido. Serão 3 dias de muitas trocas e reflexões sobre o jornalismo do futuro – e precisamos que este futuro seja mais inclusivo”, explica Fortes.

    Os ingressos já estão à venda no site. O passaporte para os três dias custa R$ 250 inteira, e a meia entrada sai a R$ 125. A compra para apenas um dos dias também está disponível, no valor de R$ 150, e a meia entrada a R$ 75. O evento ocorre na Casa da Glória, um casarão histórico situado na Ladeira da Glória, região central da cidade. 

    Sobre o Festival:

    O 3i acontece desde 2017 e é o primeiro evento do Brasil focado em questões essenciais para aquelas e aqueles que querem empreender, inovar e liderar iniciativas digitais de jornalismo. Sua última edição nacional foi realizada em março de 2022, totalmente online devido à pandemia da covid-19, com participação de mais de 3 mil pessoas. Em novembro, Recife (PE) recebeu a 4º edição regional do evento e reuniu mais de 200 pessoas na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

    O Festival 3i 2023 é uma realização da Associação de Jornalismo Digital (Ajor). Esta edição conta com patrocínio de Google, Meta, Luminate, TikTok, Fundação Tide Setubal e Clua (Climate and Land Use Alliance); apoio de Ford Foundation e Oak Foundation; e produção da Cardápio de Ideias Comunicação e Eventos.


  • Dia Internacional da Síndrome de Down, o estado de São Paulo oferece uma programação variada de atividades gratuitas.

    Dia Internacional da Síndrome de Down, o estado de São Paulo oferece uma programação variada de atividades gratuitas.

    Confira as ações culturais do Estado para pessoas com deficiência, promovidas pelas instituições culturais do Estado, como o espetáculo do “Coral TAM TAM”, a exposição “Arte para todos” e as reflexões sobre o livro “Quem sou seu?”

    O dia internacional da pessoa com síndrome de Down, celebrado hoje, 21.03, visa consciencializar e quebrar o estigma social a respeito da síndrome. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem reconhecido essa data desde 2012. O estado de São Paulo está oferecendo uma programação de conscientização sobre esse dia, sem custo para o público. 

    As Fábricas de Cultura têm programas especiais para pessoas com deficiência, familiares, profissionais e toda sociedade para debater a acessibilidade cultural. A inclusão, diversidade e acolhimento são alguns dos temas que as Secretarias Estaduais da Cultura e Economia Criativa e dos Direitos da Pessoa com Deficiência  têm debatida constantemente, através de conversas para dialogar sobre a síndrome de Down, inspirado no livro “Quem sou eu?”, da jornalista e roteirista Mariana Reade. 

    “Essa é mais uma ação do Governo do Estado de São Paulo visando integrar no âmbito desta gestão a inclusão social e debater sobre a ocupação dos espaços públicos e culturais para todas as pessoas. Temos uma ampla oferta cultural e equipamentos acessíveis a todos”, destaca o Coordenador da Unidade de Formação Cultural da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Dennis Alexandre de Oliveira.

    Nas Fábricas de Cultura da zona leste de São Paulo, temos a exposição “Arte para todos”, em parceria com o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural. Serão 10 telas com pinturas e técnicas variadas, cujos autores são jovens com síndrome de Down. A atividade será itinerante e ficará uma semana em cada local. O cronograma é: De 16/03 até 22/03 – Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes; De 23/03 até 29/03 – Fábrica de Cultura Vila Curuçá; De 30/03 até 05/04 – Fábrica de Cultura Itaim Paulista.

    Já na Fábrica de Cultura de Santos, em 21/03 às 15h, o público apreciará o espetáculo musical da Associação Projeto TAM TAM, cuja principal objetivo é promover a inclusão em todos os aspectos. Como ONG, visa complementar políticas públicas para pessoas com deficiências, síndromes, distúrbios, e/ou doenças psiquiátricas e do afeto.

    E as equipes da Bibliotech organizaram, em todas as Fábricas de Cultura, rodas de conversas e encontros de leitores para dialogar a respeito da Síndrome de Down, alguns baseados no livro “Quem sou eu?”, da autora Mariana Reade. A obra trata, de um modo puro e inocente, do cotidiano de uma menina que nasceu com um cromossomo extra e se depara com a visão adulta de que ela não compreende o mundo. A personagem principal, que narra a história, revela-se como um ser que está vendo o mundo pela primeira vez.

    Hoje, às 10h, a Fábrica de Cultura Sapopemba fará uma transmissão ao vivo e convidará as mães de aprendizes com a síndrome para compartilhar as experiências de criar uma criança com Down. Nesta partilha, falarão alegrias e desafios, a fim de desmistificar, informar e sensibilizar as pessoas, com o intuito de diminuir o preconceito através da informação.

    Terão contações de histórias, também, da obra “Quem sou eu?”, na Fábrica de Cultura Parque Belém, em 21/03, às 10h. Na Fábrica de Cultura Santos, em 21/03, às 15h. Na Fábrica de Cultura Itaim Paulista, em 21/03, às 11h. Todas presenciais, nas bibliotecas, das respectivas instituições, sem necessidade de inscrição.

    E, ainda, terá roda de conversa sobre este assunto na Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes, em 21/03, às 15h, com o aprendiz de teatro Nestor Ferreira Jr. e os familiares e, depois, o vídeo será divulgado no YouTube TV Fábricas. Além de outros encontros de leitores, como na Fábrica de Cultura São Bernardo do Campo, em 21/03, às 15h. 

    Na Fábrica de Cultura Vila Curuçá em, 21/03, às 15h30, com participação de Juliana Urquisa, mãe de Luciana Urquisa, uma garota com síndrome de Down. Todos serão transmitidos ao vivo nas redes sociais. Mais informações.

    Na Fábrica de Cultura Diadema terá o encontro com autora Mami Segunchi, em 21/3, às 15h, sobre o livro: Amor, uma fadinha muito especial. E na Fábrica de Cultura Jaçanã terá a sessão comentada do filme “Colegas”, em 21/3, às 14h, que tem como protagonista três atores com síndrome de Down. Para essa ação, estarão presentes a Associação de Pais e Amigos do Banco do Brasil e Comunidade que atende crianças com deficiência intelectual, TEA e Síndrome de Down e familiares. 

    Após a exibição, acontecerá um breve bate-papo com uma profissional do Serviço Social da região. O público será composto por aprendizes dos Ateliês de Capoeira e Balé da Fábrica, além do público enviado pela Associação.

    Na quinta-feira(23/03), às 14h30, na Fábrica de Cultura Brasilândia, terá exibição do curta “Marina não vai à praia”, onde um grupo de adolescentes prepara uma viagem para o litoral. Marina, uma garota com síndrome de Down, deseja conhecer o mar. Impedida de viajar, ela busca caminhos para realizar este sonho.


  • Encerramento do carnaval do Marco zero é marcado por superlotação na área acessível

    Encerramento do carnaval do Marco zero é marcado por superlotação na área acessível

    Texto: Paulo Pinheiro / Foto da capa: Larissa Pontes

    Está encerrado mais um carnaval do Recife, na terça-feira (21/02), a tradicional festa de fechamento aconteceu no palco Marco Zero e contou com nomes de peso da cultura pernambucana. André Rios, Nena Queiroga, Alceu Valença, Elba Ramalho, Lenine, Maestro Spok e João Gomes, comandaram o palco do polo principal, das 18h do dia 21 até às 4h do dia 22/02. A área acessível estava disponível para os/as foliões(a) aproveitarem o último dia do carnaval e se despedirem da época mais aguardada do ano pelos pernambucanos.  

    André Rios, abriu a festa e comentou a importância do carnaval democrático e inclusivo “É fundamental, eu fiz questão de descer para a parte de baixo do palco, é lindo poder dá acesso para todos de forma igualitária. A gente vive em um mundo que não cabe mais nenhum tipo de preconceito ou segregação, o sol está aí para todos, então que todos tenham possibilidades”, contou.

    Fotografia no palco do marco zero todo iluminado de vermelho, ao centro tem cantor João gomes cantando com seus músicos.
    Foto: Paulo Pinheiro

    As atrações estavam atentas a questão de acessibilidade do evento, assim como André, o Maestro Spok comentou a relevância da área acessível – Nós não conseguimos saber como é a realidade de uma pessoa com deficiência, só vivendo para saber das dificuldades, mas é sempre uma questão que acompanhamos de perto. Acredito que ainda tem coisas para melhorar, mas que bom que as pessoas estão acordando para este tema tão importante, que é a inclusão – explicitou.

    O Maestro ainda relembrou a participação do passista de frevo e cadeirante, Matheus Pimentel “é lindo ver ele no palco e você nota que aos poucos as coisas estão evoluindo, mas ainda tem muito a ser feito. Quando eu toco ao lado de alguém como ele, eu vejo tudo mais claro”, concluiu.

    O evento contou com a equipe de intérpretes de libras, que comentou a rotina no polo principal. “Eles podem interagir com a gente e com a obra do autor, tivemos todo um preparo antes para esse momento de tradução, estamos desde a sexta-feira, participando e transmitindo para a comunidade surda presente aqui na área acessível.”, Lucas Castro, intérprete de libras.  Para Simone Lime, também intérprete, o carnaval possibilitou boas experiências “é uma emoção enorme transmitir o que está acontecendo, isso é a verdadeira inclusão”, afirmou.

    Às 21h50 o palco do Marco Zero foi tomado pelos versos das músicas de João Gomes, o cantor mobilizou um grande coral com seus maiores sucessos: “Eu tenho a senha”; “Se for amor”; “Que nem vovô” e “Aquelas coisas”. João Gomes, também surpreendeu a todos da área acessível, ao descer do palco e cumprimentar todas as pessoas que estavam por lá.

    Fotografia do cantor João gomes, um homem branco, com boné preto, uma blusa de botão com xilografias, com calça jeans e está envolvido nos braços com bandeira de pernambuco.
    João Gomes emocionado ao cantar no Marco Zero (Foto: Paulo Pinheiro)

    Durante a coletiva, ele comentou a participação das pessoas com deficiência em seu show  – Ali na frente, tem pessoas na área acessível, todo mundo curtindo e tendo uma boa visão do palco. Estou muito feliz de estar aqui – pontuou. 

    Vânia Carvalho, avó de Jonatas Lima que é uma pessoa surda e usuário de cadeira de rodas, comentou o entusiasmo do neto pelos shows e sua satisfação em estar em uma área projetada para pessoas com deficiência “Ele adora festa! A área acessível está excelente, estou muito feliz pelo o que eu encontrei neste carnaval. Eles também sentem prazer em participar desta festa”, declarou.

    Fotografia de Vânia, uma mulher negra, com cabelo com rabo de cabelo, uma blusa azul e calça jeans e está abraçando Jonatas um homem negro, com cabelo curtinho, usa barba, está blusa e caça preta e está sentando na cadeiras de rodas.
    Vânia Carvalho e Jonatas Lima curtindo os shows do Marco Zero na área acessível. (Foto: Larissa Pontes)

    Com grandes atrações, o palco principal lotou cedo e consequentemente a área acessível também. O espaço destinado à acessibilidade do evento se tornou pequena, para o grande público com deficiência que compareceu ao espetáculo. Segundo a organização da área PCD, às 19h o limite de pessoas foi atingido na área reservada e consequentemente várias pessoas com mobilidade reduzida, cadeirantes e surdas ficaram desassistidas pelo evento.

    “Faltou mais espaço no camarote da acessibilidade, só tem apenas um banheiro adaptado, era para ter mais. O atendimento está bom, eles foram legais com a gente, mas o espaço deixou a desejar. Eu não tive dificuldade para chegar aqui, mas tenho consciência que outros tiveram, pela quantidade de pessoas que estão aqui. A prefeitura do Recife deve procurara o Conselho da Pessoa com Deficiência, para receber orientação”, contou Amidol, Paratleta.

    Para a turista Siana Guarajara, Distrito Federal (DF), a falta de informação comprometeu o último dia do carnaval no Recife “Conseguimos o veículo acessível disponibilizado pela prefeitura e chegando lá, buscamos informações para termos acesso à área acessível e houve desencontros de informações. Os bombeiros nos ajudaram a chegar no palco, lá, a organização do evento disse que não havia mais vagas e pediram para nos retirarmos, pedimos para ficar no cantinho por medo da multidão que estava fora da área reservada e eles insistiram para saímos. Foi um constrangimento que poderia ter sido evitado. A área acessível era minúscula, tudo isso só para dizer que existe inclusão? Mas não existe”, relembra.


  • Galo da Madrugada recebe o Camarote da acessibilidade com apenas 200 vagas

    Galo da Madrugada recebe o Camarote da acessibilidade com apenas 200 vagas

    Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Wesley D’Almeida/PCR

    A cidade do Recife despertou com o céu claro e o sol brilhante, o que era o brilho que o Galo da Madrugada tinha para trazer mais 2,5 milhões de pessoas para comparecer ao bloco, sendo considerado o maior do mundo. “O camarote da acessibilidade é uma parceria da prefeitura da cidade do Recife com a Fundação de Cultura e oferece para as pessoas com deficiência de mobilidade reduzida, esse espaço no maior bloco do mundo que é o Galo da madrugada. Então para a gente pessoa com deficiência é uma iniciativa muito importante, porque o Carnaval do Recife é um carnaval inclusivo” afirma dida duque, coordenadora de acessibilidade do camarote da acessibilidade.

    A Prefeitura do Recife disponibilizou 200 vagas para o Camarote da Acessibilidade. As pessoas com deficiência se inscreviam através do portal do Conecta Recife e, a partir daí, concorriam via sorteio quem ia poder ir ao camarote. Mais de mil cidadãos se inscreveram no portal do Conecta Recife para o Camarote da Prefeitura. Dessa forma, muitas pessoas com deficiência questionaram porque as vagas seriam por sorteio e porque não aumentaria a capacidade.

    “Sabemos que em Recife e Pernambuco tem muitas pessoas com deficiência, mas infelizmente a gente não tem estrutura para contemplar todo mundo. Então, nós esperamos também que outros camarotes do Galo também tenham acessibilidade, que dê condições para as pessoas com deficiência que queira comprar a sua camisa dos outros camarotes, que seja que possa ter acessibilidade. Mas infelizmente os empresários ainda não têm essa consciência de que a gente com deficiência se divertir. Não é só a prefeitura que tem se preocupar, as iniciativas privadas também. Tem que se preocupar com isso porque somos cidadãos, tem pessoas com deficiência que têm condições de comprar as camisas dos camarotes, mas infelizmente não vão, porque não tem acessibilidade. Então é um recado que deixo aí para os organizadores do Galo e pros organizadores também de Camarote que garantam acessibilidade para que nós pessoas com deficiência. Nós não queremos nada de graça, e sim nosso direito. A gente só quer que tenha que garanta a sensibilidade para gente poder estar nesses espaços. ” afirma Dida duque. 

    Fotografia com a estutura do Camarote da acessibilidade, com várias pessoas com deficiência esperando o desfile do Galo da Madrugada. Atrás do Camarote tem Igreja do Carmo e céu azul com poucas nuvens.
    Pessoas com deficiência acompanham o desfile do Galo da Madrugada (Foto: Larissa Pontes)

    O camarote da acessibilidade fica localizado o Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, foi planejado desde dezembro. Ofereceu os serviços de Interpretação de Libras e audiodescrição. “Desde dezembro que a gente começa com esse trabalho, com toda a questão de estrutura, a Fundação de Cultura que mantém faz toda essa estrutura então. São quatro meses de preparo do camarote da acessibilidade para tudo sai ok”, explica Dida. 

    Um das pessoas sorteada foi Célio Ricardo, paratleta que chegou cedo ao camarote da acessibilidade e falou que as pessoas com deficiência estão saindo de casa. “O mundo globalizado com mais inclusão e acessibilidade, então muito cadeirante que ficavam em casa hoje consegue percorre a cidade do recife, que está bastante adaptável. O galo é um exemplo clássico para cadeirantes não ficar em casa, porque tem tudo aqui. Neste carnaval, como sou pernambucano estou esperando o frevo, orquestra de frevo, as outras é só mais um detalhe, mais o carnaval de pernambuco é frevo”, afirma Célio. 

    No Galo da Madruga estava presente a Rei e a Rainha das pessoas com deficiência. O Eficientes conversou com a rainha do carnaval, Nina Souza, microempreendedora, intérprete de libras e professora de dança. Com dez anos de experiência na dança, ela loga se interessou pelo concurso que envolvia a dança. “Não tinha esperança que eu ia ganhar, mas assim fui na empolgação dos amigos, então fui lá, dei o meu melhor e tô aqui hoje como rainha. É a emoção inexplicável, é cada momento, cada evento é uma emoção diferente. Eu particularmente estou fechando meus 10 anos de dança,  comecei no frevo sobre Rodas e agora como rainha do carnaval e assim sendo reconhecida sendo conquistando mais espaço ainda para dança e para mostrar a pessoa que a gente pode chegar em qualquer lugar” relata Nina. 

    Fotografia com o Rei e rainha da pessoa com deficiência na cadeiras de rodas e ao lado deles tem o Rei e Rainha da pessoa idosa e no meio está Ana Rita Suassuna que é secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas.
    Rei e Rainha da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, Secretária de Desenvolvimento Social (Foto: Larissa Pontes)

    Saímos do galo diretamente para o Carvalheira na Ladeira, sendo uma festa privada com vários shows como Anitta, Durval, Jorge Matheus, Mari Fernandes que estão disponibilizando acessibilidade, embarcamos nessa aventura com nossa repórter Pamela Melo que irá relatar o que vivenciou. Confira a próxima reportagem. 


  • O carnaval do Recife teve acessibilidade?

    O carnaval do Recife teve acessibilidade?

    Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Marcos Pastich/PCR e Ed Machado/PCR

    A longa espera para o Carnaval do Recife acabou na última sexta-feira (17), com a abertura do Carnaval na praça do Marco Zero. A cerimônia iniciou com as tradições pernambucanas com o desfile e apresentação das agremiações, depois o Maestro do Forró iniciou a cerimônia de abertura com a orquestra da bomba do Hemetério. Na sua apresentação teve a participação especial de Matheus Teixeira, o Rei da pessoa com deficiência do Carnaval, que transmitiu uma mensagem maravilhosa “O carnaval do Recife é isso, está aberto o carnaval da diversidade, da inclusão e do amor, muita paz e muito frevo”. 

    João Victor fez aniversário em 16 de fevereiro e estava na apresentação para celebrar os seus 14 anos com o pai, Edgar. Ele disse-nos: “Eu e meu filho João Victor gostamos muito da Orquestra Popular da Bomba do Hemisfério. Somos amigos de Chico, o maestro do forró, há muito tempo, e viemos prestigiá-lo mais uma vez”. 

    Fotografia tem Edgar que um homem branco, cabelo curto, usa óculos, está de blusa preta e calça jeans e nos seus ombros está seu filho João Victor, que criança com deficiência, vestida de homem aranha.  Atrás dele tem público geral do Marco Zero.
    Pai e filho assistindo à Orquestra da bomba do Hemetério (Foto: Paulo Pinheiro)

    O Carnaval do Recife teve como tema “#VolteiRecife Com Todos os Carnavais”, uma homenagem aos Carnavais antigos, devido ao grande anseio dos foliões por essa celebração tão democrática, que proporciona alegria para todos durante cinco dias. A capital pernambucana recebeu 2,7 milhões de pessoas, com média de 300 mil visitantes por dia no Marco Zero. Dentre eles, a mineira Carolina Ayres Lavourinha, designer e usuária de cadeiras de rodas, que veio do Rio de Janeiro com sua família. “Nós sempre viemos para o Carnaval do Recife, por minha mãe ser Pernambucana e gostamos muito do Carnaval daqui. Estou na expectativa para ver todos os cantores, Caetano Veloso, Duda Beat, Geraldo Azevedo, Alceu e Elba..” relata a designer. 

    Na fotografica tem quatro pessoas (duas mulheres e dois homens), todos com roupas de carnaval. Estão perto da grade que dividide o palco do Marco Zero e público geral.
    Família reunida para se diverti no Carnaval do Recife (Foto: Paulo Pinheiro)

    O Marco Zero dispôs de um espaço acessível para as pessoas com deficiência, onde podiam assistir aos shows, levar um acompanhante e usufruir do serviço de audiodescrição, além de contar com intérpretes de Libras. 

    Liliana Tavares, responsável pela equipe de audiodescrição, explicou como funciona. “ Nós temos um aparelho, no qual, falamos e as pessoas com deficiência visual escuta tudo se que se passa no palco, traduzimos as imagens, é nosso segundo ano realizando esse trabalho aqui no Carnaval”. A equipe “com a acessibilidade” estuda toda a programação do Carnaval para que este trabalho seja realizado. “Nós temos um glossário do carnaval, pegamos as informações que saíram do carnaval, a gente vem antes, fotografa, faz o roteiro da audiodescrição antes, mas claro que carnaval é carnaval, acontece muita coisa simultânea, as roupas das pessoas, nós vamos saber no dia, como a gente tem muita experiência trabalhamos a mais de 10 anos, nós também fazemos isso de forma simultânea e qualquer coisa pode acontecer, porque a gente está perto do público, temos vê o que estão fazendo, o que estão vestindo, porque carnaval não é só show é quem está perto da gente também” conta Liliana. 

    fotográfia contém quatro pessoas (três mulheres e um homem) todas de blusa preta e calcça jenas, com fones de ouvido em frente ao palco do Marco Zero.
    Equipe da audiodescrição no Marco Zero (Foto: Paulo Pinheiro)

    Esses recursos de acessibilidade faz com que todos tenha acesso igualmente a aproveitar festa como o Carnaval. Liliana muito animada conta qual é sensação pode realizar esse trabalho. “Então, quando vemos, eles dançando, quando falamos assim, as pessoas estão levantando os braços com dedo para cima e eles fazem, é quando eles se sentem parte do grupo. Às vezes eles perguntam como se dança, maracatu, por exemplo. A gente vai e diz, mostra então assim fazer com eles façam parte da cultura e possam usufruir da festa e se sintam parte do grupo”, relata a coordenadora. 

    Michell Platini, publicitário, servidor público do Recife e pessoa com deficiência, visual, estevem presentem em vários dias na parte de acessibilidade e utilizando os recursos de audiodescrição, conta um pouco o que levar ele brincar o carnaval. “Sou carnavalesco, eu gosto de folia de povo e ter o recurso de acessibilidade para poder acompanhar o carnaval e fez, está aqui hoje. A experiência do carnaval está sendo muito rica, porque vivenciar o carnaval já é ótimo, vivencia o carnaval tendo acesso a imagens, faz você guardar na memória um momento como esse. Depois de dois anos sem carnaval a gente fica meio destreinado, mas é igual andar de bicicleta, quem já vivenciou o carnaval lembra como é emoção, lembra como é o passo do frevo, lembra qual é sensação de está no meio do povo. Então estou muito contente e alegre de está de volta ao carnaval” conta Michell. 

    Nesta noite de abertura do carnaval, está presente vários artistas, secretários, ministros e o prefeito do Recife, João Campos, explica sobre como foi montado a acessibilidade e a importância desses espaço. “ O carnaval do Recife é um carnaval inclusivo, significa que todos têm o acesso em participar. Fizemos o acesso especial para as pessoas com cadeiras de rodas, o galo da madrugada tem um camarote especifico da acessibilidade, tem que dar direito a todos, agora ninguém fica para trás, todo mundo pode brincar e se diverti”, explica o prefeito. 

    É importante que evento culturais tenha a preocupação e dê acesso às pessoas com deficiência poderem se divertir nos eventos. Silvério Pessoa, Secretário da Cultura, fala sobre a importância das práticas de acessibilidade na cultura. “ A acessibilidade que não seja nada excepcional, que seja uma prática natural, prática humana. O conceito de diferença ter que ser reconfigurado, revisto e o que percebo é que todas as atividades, as práticas, as ações não só da prefeitura, como a governadora do estado, a questão de acessibilidade, de inserção, de acolhimento, respeito, com naturalidade cada vez mais é acentuado. Então estou muito feliz de dizer, vê e perceber que essa ação está cada vez mais espontânea”, afirma Secretário. 

    Mas Recife ainda tem muitas questões a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência para evoluir e aprimorar os serviços oferecidos, na noite de sexta-feira muitos detalhes de decoração, de serviços estavam sendo finalizados. Fernanda Lira Ayres, mãe de Carolina, também relatou que entrou em contato com a prefeitura do Recife e se informou que ia ter vans adaptadas para trazer até o Marco Zero. “Mas o transporte não era acessível, era uma van, que não era adaptada para a cadeira de rodas. Ela entrou no veículo nos braços do motorista, que foi muito solícito, mas mesmo assim é uma situação constrangedora. Quando chegamos no palco principal no início da tarde, ainda não tinha uma equipe para dar suporte”, afirma Fernanda. 

    Michell também relata que para chegar até Palco do Marco zero, não é muito fácil. “Sempre tempos dificuldades infelizmente não há uma rota acessível para essa área, o transporte público podia para mais perto. Mas sem está mar de gente para a gente curtir o carnaval”, afirma Michel. 

    O pai João Victor também faz algumas críticas sobre divulgação da acessibilidade chegue a mais pessoas com deficiência. “Seria bom que mais pessoas pudessem participar mais, a gente vê aqui dois cadeirantes, no estado de Pernambuco só tem dois cadeirantes? Se todo mundo se conscientizassem e terem acesso, muitas pessoas também não tem esse conhecimento de ter acessibilidade e essa facilidade que a gente tem de trazer nossos entes. Há 3 anos não temos o evento, já foi melhor, estou achando esse espaço muito pequeno, na hora que encher mesmo será meio complicado. Esse ano o espaço está sendo o menor de todos, apesar de só ter duas cadeiras só. Mas poucas pessoas vão respeita isso depois que convidados, convidado do convidado aí terminará lotando isso daqui”. 

    Na sexta-feira, a área de acessibilidade estava do lado direito do palco e era menor que nos outros dias em que realizamos a cobertura. Além disso, foi possível perceber a dificuldade de locomoção quando o espaço estava cheio de convidados da Prefeitura do Recife. Muitos cadeirantes tiveram que ser auxiliados pelos bombeiros para terem acesso ao banheiro ou sair dessa área.

    A cerimônia de abertura terminou com o espetáculo do Caetano Veloso, que animou a noite com canções do seu disco “Meu Coco”, mas também tocou algumas músicas mais antigas. Caetano tem uma ligação profunda com Pernambuco, já ganhou o título de cidadão Pernambucano e quis homenagear Pernambuco com a música “evocação” de Nelson Ferreira, um grande sucesso de Carnaval. A praça do Marco Zero estava cheia de pessoas ansiosas pelo show, pois fazia 10 anos que Caetano havia feito uma apresentação no Carnaval do Recife.

    O Manoel, que é estudante de publicidade e tem mobilidade reduzida, estava ansioso pelo show do Caetano. “Eu amo carnaval desde criança. A minha família é muito carnavalesca e eu só simplesmente amo. Por o carnaval ser isso, é a festa do povo, é uma grande festa contagiante, é a festa mais democrática que a gente tem no Brasil todo. Então eu amo estar nessa Folia e fazer parte desse carnaval na volta, né? Então eu não ia perder ele jamais e esse carnaval que marca volta e dois anos sem carnaval e hoje vim para vê o Caetano, porque ele embalar a minha vida são várias músicas dona da minha cabeça ela vem como um carnaval”, afirma o estudante de publicidade.

    Já duda beat estava emocionada de cantar na cidade onde nasceu e viveu por anos, relembrou quando ia ao Carnaval do Marco Zero com sua avó e fez uma homenagem a ela cantando a música “Voltei Recife”. O carnaval está oficialmente aberto para a brincadeira de sábado de Zé Pereira no maior bloco Galo da Madrugada.