• Carnaval do Recife garante acessibilidade para os foliões

    Carnaval do Recife garante acessibilidade para os foliões

    O carnaval de Recife em 2023 começará no dia 17 de fevereiro, trazendo vários artistas como: Caetano Veloso, Duda Beat, Alceu Valença, Elba Ramalho, Pabllo Vittar, Melim, Nando Reis, João Gomes, Nena Queiroga, André Rios e outros convidados para animar os foliões. A Prefeitura do Recife irá garantir acessibilidade para as pessoas com deficiência. 

    Paulo Fernandes, gerente de pessoas com deficiência na Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Prefeitura do Recife, explica como irá funcionar a acessibilidade no Recife Antigo e Galo da Madrugada. 

    No palco do Marco Zero, as pessoas com deficiência terão acesso ao Frontstage, que fica na frente do palco, com acesso Interpretação de Libras e Audiodescrições. “A audiodescrição será apenas no Marco Zero, às pessoas cegas que forem para o Frontstage receberão o equipamento e o audiodescritor estará próximo fazendo a narração das informações visuais”, explica Paulo Fernandes.

    Para ter acesso ao Frontstage, as pessoas com deficiência precisam se dirigir para o lado esquerdo do palco principal do Marco Zero, haverá uma equipe da Central de Direitos Humanos e Acessibilidade para fornecer pulseiras de acesso à área acessível. As pessoas com deficiência deverão apresentar um documento que comprove a sua deficiência. 

    “O número de pulseiras é limitado e elas são distribuídas conforme a ordem de chegada e a capacidade do local. Além disso, haverá um espaço acessível nos polos da Praça do Arsenal e do Cais da Alfândega”, conta o gerente da pessoa com deficiência.

    A Prefeitura Municipal também disponibiliza intérpretes de Libras para as pessoas surdas em todos esses polos do Recife Antigo, além de vans adaptadas do PE Conduz, que sairão da frente da Prefeitura do Recife até o Palco Central do Marco Zero, para transportar usuários de cadeiras de rodas, de muletas e com mobilidade reduzida. O serviço das vans estará disponível das 18 horas à meia-noite. 

    O Galo da Madrugada também terá um espaço para pessoas com deficiência, o Camarote da Acessibilidade, com Interpretação em Libras e Audiodescrições. Para ter acesso às pessoas com deficiência precisam se inscrever. 

    As inscrições para este ano diferirá das dos anos anteriores. As pessoas com deficiência poderão se inscrever pelo Conecta Recife nos dias 13 e 14 de fevereiro, à tarde. “Neste ano, os candidatos concorrerão a 200 vagas, que serão selecionadas através de um sorteio online, ao vivo, que contará com a presença do prefeito João Campos. Ressaltamos que todos os inscritos receberão a confirmação com o horário do sorteio”, conta Paulo Fernandes. 

    Para se inscrever para o Camarote da Acessibilidade, só poderão pessoas a partir de 14 anos e residir no Recife. Na entrada do Camarote, será necessário apresentar um documento comprobatório da deficiência e o comprovante de residência. 

    As vans da empresa PE Conduz farão o transporte para Galo Madrugada apenas para as pessoas inscritas para Camarote da Acessibilidade, que sejam usuárias de cadeira de rodas, muletas ou mobilidade reduzida. O transporte sairá da Praça do Derby, às 07 horas e retornará ao mesmo local às 17 horas. 

    Confira a programação completa através do site Carnaval do Recife.


  • Falta de acessibilidade no bloco de Bar em Bar

    Falta de acessibilidade no bloco de Bar em Bar

    Texto: Larissa Pontes / Revisão de Texto: Antonio Moura

    No último sábado (04), tivemos o bloco de bar em bar, também chamado de bloco da galera, com grandes atrações, como Xand Avião, Zé Vaqueiro, Mari Fernandez, Léo Santana e Menos é mais, prometendo uma edição histórica. A estrutura do evento era grandiosa, com um palco amplo e uma passarela, além de um show de fogos de artifício. 

    O evento prometeu que todos os ambientes teriam estrutura para acessibilidade e disponibilizaria um espaço para as pessoas com deficiência. Contudo, recebemos queixas de falta de acessibilidade no bloco. 

    Nicole Aguiar, formada em Direito, narrou a sua experiência ruim no evento. Ela tem meningocele, uma má formação que acontece durante a gravidez, e, por isso, usa cadeira de rodas. Ela esperava assistir e curtir os shows dos seus cantores favoritos, especialmente do Zé Vaqueiro, já que nunca havia ido a um show dele. Ao chegar ao evento por volta das 17h30, percebeu-se a ausência de acessibilidade. Não havia autonomia para entrar e sair da área destinada às pessoas com deficiência, sem contar a falta de segurança e fiscalização, o que permitia que pessoas sem deficiência invadissem o local.

    “Quando cheguei ao evento perguntei aos segurança sobre a área pcd, ele não soube me informar e chamou uma pessoa da organização que estava perto. A organização falou que eu havia entrado local errado, que a entrada da pessoa com deficiência era outra entrada, porque a área pcd ficava do outro lado.” relatou Nicole.

    Nicole questionou a ausência de um comunicado nas redes sociais sobre a entrada para pessoas com deficiência, viu apenas que tinha uma entrada para todos. A organização solicitou que os bombeiros acompanhassem até o local acessível. “Chegando na área acessível, os bombeiros me largaram lá e foram embora. Percebi existirem pessoas sem deficiência na área, que não tinha nenhum segurança na área acessível olhando se pessoas sem deficiência estavam invadindo. Eles só colocaram um pano preto para dividir a área pcd”, descreve Nicole. 

    Visão da pessoa com deficiência para o palco . Foto: Nicole Aguiar

    Nicole não podia enxergar o palco devido às pessoas que estavam em pé à frente quando os shows começaram. Ela pediu para a pessoa que estava na sua frente para dar um pouco de espaço, para que avistasse o palco e aproveitar o show. A pessoa respondeu: “Você já está na área acessível e ainda quer ver o show?” Esse tipo de atitude é uma forma de discriminação contra pessoas com deficiência. 

    O Estatuto da pessoa com deficiência no artigo 4 assegura que “Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. No primeiro parágrafo fala-se o que é discriminação: “Discriminação é toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que prejudique, impeça ou anule o reconhecimento ou o exercício dos direitos fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.” 

    É crime descriminar uma pessoa com deficiência, segundo o artigo 88  da Lei Nº 13.146/2015 “Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência.” A punição para quem infringe a lei é a reclusão de 1 a 3 anos e multa.

    Nicole permaneceu tentando de alguma forma assistir ao show. Quando Zé Vaqueiro, começou a se apresentar, começou a chover muito forte e mais pessoas sem deficiência começaram a pular na área de acessibilidade. “Fiquei no fundo da área de acessibilidade, ao lado de uma mulher grávida que estava com medo de ser agredida. Eu e meu amigo pedimos que ela se colocasse atrás da minha cadeira para que as pessoas não a machucassem”, disse a bacharelada em direito.  

    Anderson Gomes, produtor de conteúdo e estudante de Educação Física, que acompanhava Nicole, relatou que a área de acessibilidade ficava localizada ao lado do centro de convenções e na frente havia uma ladeira. “Nós sempre timos que ficar conferindo se o freio cadeiras de rodas estava acionado, teve uma hora que Nicole foi empurrada e quase caiu”. Nicole não caiu porque alguém que estava na sua frente a segurou.  

    Outra impossibilidade era o consumo de bebidas, devido à ausência de organização. “Não bebemos nada durante a noite, porque havia muitas pessoas e os atendentes não dava conta de todos os consumidores. Além disso, as pessoas que acompanhavam as pessoas com deficiência não tinham nenhuma identificação que íamos comprar bebida para eles. Só conseguimos alimentação, porque eu sair dessa área da pessoa com deficiência para poder comprar, porque para chegar aos quiosque não existia acessibilidade” — relata Anderson. 

    Nicole e Anderson não puderam assistir aos outros shows que haviam programado para a noite, pois, devido às inúmeras dificuldades de acessibilidade, não conseguiram permanecer no evento após o show de Zé Vaqueiro. Mas para sair do evento enfrentaram mais problemas de acessibilidade. Porque durante o evento choveu bastante, deixando diversas áreas com lama.

    “A área destinada às pessoas com deficiência estava, aproximadamente, a 50 metros da saída, o que não era tão longe, mas, para sair, só havia duas opções: uma por uma ladeira cheia de barro ou no meio do evento, onde havia diversas pessoas, o que tornava a situação meio impossível, uma vez que eu precisaria de ajuda e não havia bombeiros presentes. Então tivemos que sair na ladeira de barro” conta o estudante Educação física.  

    Esses exemplos revelam a necessidade que a sociedade tem de dar mais atenção às pessoas com deficiência, que são invisibilizadas constantemente. “Eu nunca me senti tão constrangia, por conta de um grande descaso com as pessoas com deficiência. Para mim foi um dos piores eventos que já fui na minha vida. Eu já fui em vários eventos gratuitos, mas com estrutura de acessibilidade bem melhor. Eu e meu acompanhante pagamos no total R$250,00 no ingresso e eles ainda entregavam um abadá enorme para todo mundo, tamanho GG para gente ser obrigado a fazer customização com eles que são do evento. Eventos como este mostram que a única intenção era lucrar”, descreve Nicole. 

    Quando os eventos não são acessíveis, diversas pessoas com deficiência e necessidades especiais são desrespeitadas e seus direitos legais não são garantidos. Acessibilidade é uma questão séria, não deve ser tratada como qualquer outra coisa. Existem pessoas que precisam que esse direito seja garantido para poderem ter independência, liberdade para aproveitar os eventos como todas as outras pessoas. 

    Existem empresas e organizações que fazem um trabalho sério de garantir a acessibilidade em eventos, a maioria dos eventos não quer contratar esses serviços porque acham que são serviços que podem ser dispensados. 

    A acessibilidade em eventos é assegurada pela Lei nº 10.098/2000, a qual estabelece a remoção de obstáculos arquitetônicos, de comunicação, metodológicos e instrumentais, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

    Todos esses entraves à acessibilidade poderiam ter sido solucionados se olhassem para as pessoas com deficiência respeitosamente e inclusiva. “Precisamos de lugares para que as pessoas com deficiência possam circular pelo evento, ir à lanchonete, ao bar, ficar mais perto do palco para poderem ver os artistas melhor, sem ninguém na frente e com uma cerca atrás, e seguranças nos protegendo. Além disso, precisamos de intérpretes de libras e de outras medidas”, explica Nicole. 

    A produção do evento do bloco de bar em bar não respondeu à nossa solicitação de entrevista até o fechamento dessa reportagem. 

    Confira o video:

    https://www.instagram.com/reel/CoSV18foDvi/?utm_source=ig_web_copy_link

  • nclusão social com a Turma da Mônica

    nclusão social com a Turma da Mônica

    A Turma da Mônica vem se destacando ao longo dos anos por sempre estar preocupada em criar personagens que geram representatividade para várias causas. Uma dessas causas é a da pessoa com deficiência. 

    Maurício de Sousa sempre criou personagens a partir de amigos, filhos e familiares. Em 1959, teve sua primeira tirinha publicada no jornal Folha da Tarde, com dois personagens, Bidu e a Franjinha. Depois criou o Cebolinha, o Piteco, o Astronauta, o Horácio e o Penadinho. Sua personagem principal, Mônica, surgiu em 1963, e a inspiração de Maurício veio de sua própria filha. 

    Em algumas entrevistas, Maurício de Sousa conta que percebeu, enquanto criava os personagens, que ele não jogava bola só com amigos como Cebolinha, mas que também tinha amigos com algumas deficiências. Foi então que ele decidiu ir estudar sobre as pessoas com deficiência para entender como elas vivem e enfrentam os problemas, pensando na redução de preconceitos em suas produções. 

    Maurício criou o Hamyr, um garoto habilidoso, inteligente, simpático e que usava muletas para se locomover, mas ele apareceu apenas em duas histórias. Em 1960, ele criou o Humberto, um garoto carinhoso, sonhador e com deficiência auditiva, que se expressa através da Língua Brasileira de Sinais. 

    A partir dos anos 2000, foram aparecendo personagens como o André. Ele surgiu em 2003 em uma revista educativa chamada “A Turma da Mônica — Um amiguinho diferente” em parceria com associação de amigos do autista, durante uma campanha que buscava esclarecer o que é o autismo. Ele é uma criança de 4 anos, um garotinho gentil, fofo, com o espectro autista. Nas histórias, podemos ver suas particularidades de se comunicar e de interagir com os amigos. 

    A Dorinha foi lançada em 2004, na edição 221º do gibi da Mônica, sempre acompanhada do seu cão-guia chamado Radar. A Dorinha foi inspirada pela Dorina Nowill, uma mulher que perdeu sua visão ainda criança e sempre lutou pela causa das pessoas com deficiência visual. As aparições de Dorinha nas histórias da Turma da Mônica faz com que as crianças tenham um novo olhar para mundo e que possam perceber o mundo através de várias formas, além da visão. Também quebra paradigmas da indústria da moda sobre a mentalidade, inovação e disruptiva, porque Dorinha sonha em ser estilista e criar uma linha de roupas inclusivas quando ficar adulta. 

    Neste mesmo ano, em dezembro, na edição 222 do Gibi da Mônica, teve a estreia do personagem Luca, que é garoto charmoso, encantador, apaixonado por esportes, as meninas do bairro do timoneiro são apaixonadas por ele. Luca tem paraplegia; por isso, utiliza uma cadeira de rodas, as inspirações do Maurício para criar ele foi os jogadores de basquete cadeirantes. Na história sua cadeira de rodas tem equipamentos tecnológicos que ajudam a desvendar mistérios. A mensagem na história do Luca é mostrar que as crianças são felizes independente de qualquer deficiência física. 

    Em 2009, Maurício cria a Tati, uma personagem muito inteligente, habilidosa com síndrome de Down. A inspiração veio da atriz Tathi Piancastelli. A personagem apareceu na revista educativa “Turma da Mônica com viva as diferenças!” que foi uma parceria entre Instituto Maurício de Sousa e Meta Social, o objetivo era explicar sobre a síndrome de Down. 

    E em 2019, na edição especial em “Turma da Mônica distrofia muscular de duchenne, cada passo importa” surgiu o mais novo personagem sobre inclusão social que foi o Edu, um garoto que adora tecnologia, mas tem medo de ir para cadeira de rodas. Mas ao longo da história Luca ajuda ele perder o medo e viver cada fase da vida enfrentando os desafios igual no jogo de videogame e respeitar cada fase da vida sem medo. Edu tem distrofia muscular de Duchenne, uma doença rara degenerativas, é uma doença pouco conhecida e muito comum em crianças. Maurício em suas entrevistas fala que o Edu foi criado a partir de muitas pesquisas, conversas com especialistas e conversas com familiares que convivem com seus filhos com essa doença rara. 

    E o mais novo personagem lançado em 2022, foi o Bernardo, foi inspirado na história real de um menino de Caxias do Sul (RS) que tem acondroplasia, a forma mais comum de nanismo. Esse novo personagem foi apresentado no livro ‘Nosso Amigo com Nanismo’, que conta a história do bernardo e as dificuldades que pessoas com nanismo passam diariamente.

    Esses são os personagens que quando lemos um gibi da Turma da Mônica, percebemos que existem várias abordagens diversos assunto que devem ser trabalhados desde criança. Entre os personagens, há crianças com deficiência e cada uma tem sua característica. 

    Devemos refletir que crianças diferem entre si e cada uma tem características que devem ser respeitadas. A partir do momento que ilustradores, artistas, diretores, escritores têm essa percepção que incluir essas características sem suas histórias faz com crianças se identifiquem com os personagens e respeitem as diferenças que existem na sociedade. 


  • A diversidade do Festival La Folie

    A diversidade do Festival La Folie

    Texto: Larissa Pontes e Paulo Pinheiro

    A primeira edição do festival La folie, está concluída com sucesso! Nesta edição, se apresentaram artistas renomadas da comunidade LBTQIAPN+ e mulheres do brega pernambucano, com a exemplo de Pablo vittar, Gloria Groove, Luisa Sonza, Rebecca, Karol Conká, Priscila Senna e Tayara Andreza. O vento aconteceu na área externa do centro de convenções com três áreas para o público: arena, front e open bar, com dois palcos que alternaram as apresentações.

    Além das atrações, o festival pautou a responsabilidade socioambiental em parceria com Ecoe sustentabilidade, para desenvolver práticas sustentáveis alinhadas aos objetivos sustentável da ONU. O evento contou ainda com a iniciativa “Lixo Zero” e destinou 90% do lixo gerado pelo festival para compostagem, reuso e reciclagem. 

    O “Transforma Pride”, uma feira de empreendedorismo LGBTQIAPN+ com cerca de 30 expositores com roupas de moda agênero, produtos artesanais e ecológicos, marcou presença no festival, promovendo a geração de renda para a comunidade LGBTQIAPN+ que ainda luta contra o preconceito e a discriminação no mercado de trabalho. 

    Acessibilidade no La folie 

    Mas vamos ao que nos interessa! O evento realizou uma parceria com Vale PCD, coletivo formado por pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+, que busca a inserção das pessoas com deficiência em todos os espaços. No La Folie, eles foram responsáveis em dar todo suporte para os PCDS, orientando, distribuindo as pulseiras da área de acessibilidade, disponibilizando intérpretes de Libras nos palcos, cadeiras, abafadores de ruídos (para quem tem hipersensibilidade auditiva), trazendo conforto sensorial. 

    A cofundadora do Vale PCD, Priscila Siqueira, comentou os desafios de organizarem eventos com acessibilidade. “É pode entender o público que queremos alcançar, porque não vai ser todo mundo terá acesso, então precisamos pensar em um espaço projetado que atenderá a maioria das pessoas e  tão adaptar na hora quando alguém demanda da gente, então maior desafio é na adaptação e no planejamento”, contou.

    Para promover um evento deste porte, é necessário visar a diversidade e pluralidade de pessoas, para que todos e todas possam participar, principalmente quando falamos sobre pessoas com deficiência. Nesse quesito o La folie entregou! Dando espaço para influenciadores com deficiência, como a exemplo do Ivan Brown, um dos apresentadores do festival, para que isso se torne comum na sociedade e as pessoas com deficiência sejam inseridas em todos os espaços, inclusive nos ambientes de lazer. 

    “É importante que a gente possa transitar tranquilamente, estou amando, me sentindo muito acolhida aqui e não sentir dificuldades para chegar até o festival e ansiosa para pode conferir a Glória Groove. Minha mensagem para outras pessoas com deficiência que venham se divertir também, estou amando muito.” Jéssica, 26 anos, para paraplégica há 3 anos, relatou nunca havia ido a um show com acessibilidade.

    Pedro Filipe, 20 anos, estudante de contabilidade, relatou o quanto está feliz, está vivenciando o festival “Está sendo uma experiência incrível, estou muito ansioso, muito animado pela estrutura. Estou bem ansioso para o show de Pablo vittar e Glória Groove acredito será pontos fortes da noite. Fui à área pcd a gente tem uma visão incrível de todos os shows, então acho que será uma experiência ótima. O acesso foi tranquilo, eu já tinha vindo em outros eventos aqui já tinha familiaridade. Minha expectativa para show é dançar muito e me divertir muito e só sair de manhã” contou ao Eficientes. 

    Pontos a melhorar:

    A produção do festival La Folie acabou pecando em alguns pontos, por falta da comunicação e organização geográfica do festival, reduzindo a área PCD a um único local, que ficava no meio do evento, entre o Open e o Front. Para compensar a falha o festival liberou o lounge Open bar, para todas as pessoas com deficiência. Mas a retirada de bebida ficou inviável, devido à distância da área PCD dos quiosques por ficar na parte central do evento. Houve também dificuldade para visualizar as/os intérpretes de libras, devido à distância do palco. A área da pessoa com deficiência contava com apenas um banheiro acessível, mas não tinha papel.

    Caso a pessoa com deficiência escolhesse ficar com os amigos(a) ou namorados(a) em outras áreas, teriam dificuldade de acesso aos banheiros, porque na área do front contava com apenas um, que estava localizado numa região inacessível por conter uma pequena ladeira. Na área open, o banheiro ficava muito distante e as pessoas com deficiência física tiveram dificuldade de se locomover até os toaletes.

    Editorial

    Fica o alerta do Eficientes, para próximas edições o La folie: O evento deve-se atentar as diversas formas de acessibilidade, respeitando e propondo conforto ao seu público com deficiência, para que todos e todas sejam assistidos da forma correta, apreciando o festival tranquilamente, colocando a área PCD próxima ao palco, com mais banheiros e quiosque para as pessoas com deficiência, seja na Arena, Front ou Open bar. Acessibilidade não é difícil, difícil é quem lida com a falta dela.


  • Acessibilidade na cidade do Rock

    Acessibilidade na cidade do Rock

    Texto e Imagem: Larissa Pontes

    Desde 1985, o Rock in Rio foi criado com objetivo de dar voz  a uma geração e promover experiências únicas e inovadoras. É consagrado como o maior festival de música e entretenimento do mundo. O lema do Rock in Rio é “Juntos os sonhos acontecem”, a partir desse propósito que o festival traz para o público e mobiliza as pessoas a participar de ações prol de um futuro melhor e saudável. 

    A partir desse proposito, o Rock in Rio tem uma preocupação ao longo dos anos de ir se aprimorando em vários quesitos, incluindo a parte de acessibilidade. Neste ano de 2022, o projeto de acessibilidade na cidade do Rock contava com: centro de serviços, plataformas elevadas nos palcos, sinta o som, balções de acessibilidade, estacionamento para pessoa com deficiência, vans acessíveis, carrinhos de golfe, banheiros acessíveis, pisos táteis, mapa Táteis, audiodescrições, interpretes de libras, mobilidade kit livre, suporte para cão guia, microlocalização e entre outros. 

    Thiago Amaral, coordenador de acessibilidade do Rock in Rio explica como funciona essa preparação antes do festival acontecer. “O Rock in Rio conta com uma área fixa destinada à acessibilidade do festival, não sendo apenas em ano de festival. A estrutura conta com um coordenador, dois produtores e quarenta apoios (durante o período de evento). O projeto é feito se preocupando com cada tipo de deficiência, sempre validando com pessoas que fazem parte do público e tem alguma deficiência”. 

    O festival contou com total de 700 mil pessoas ao longos desses 7 dias, dentro desse público aproximadamente 2.110 representa pessoas com deficiência. Cada pessoa tem uma história e uma paixão com o festival, a Geneça, 30 anos, engenheira e pessoa com deficiência, vai ao festival desde seus 10 anos quando sua mãe levou ela para ver Sandy e Júnior, desde lá sempre tenta ir a todos os Rock in Rio. “Eu já perdi as contas de quantos já participei”-relata a Geneça. 

    Mas em 2011 sofreu um acidente que acabou se tornando pessoa com deficiência e após um mês do acidente foi ao Rock in Rio pela primeira vez como pessoa com deficiência, ela relata sua experiência ao longo dos anos no festival. “ Em 2011 foi quando precisei de uma atenção um pouco maior para vim ao evento e desde lá a questão de acessibilidade mudou muito, antes não tinha equipe de apoio, plataformas, os equipamentos. Foi bem complexo naquele ano conseguir assistir o festival, a equipe de acessibilidade evoluiu muito ao longo dos anos disponibilizando todos esses recursos”. 

    Mas Geneça relata que nessa edição de 2022 no primeiro final de semana teve algumas dificuldades. “No último sábado (03.09)  e não tinha a van fazendo a conexão do Rock Express para central de acessibilidade, a gente pediu a assistência desde o começo, ninguém parecia saber assim do que se tratava, passava de uma pessoa outra até gente conseguir finalmente chegar no posto de acessibilidade. Na voltar também assim foi bem complicado, tava chovendo bastante e a gente não conseguiu esse apoio para ir e voltar ao longo do evento. Mas entramos em contato com o Tiago, responsável da acessibilidade através do WhatsApp e  ele garantiu que esse final de semana teria todo o apoio durante o evento. E realmente a gente chegou e foi outra experiência, tinha a van para buscar a gente lá no Rock expresso e depois chegando aqui, já tinha um carrinho para fazer essa conexão até o ponto de acessibilidade.”

    No final da entrevista Geneça relata sua paixão pelo Rock in Rio e deixa recado para outras pessoas com deficiência “Desde sempre tento vir, é um festival que engloba todos os públicos, não é sobre o Rock, mas é sobre todas as tribos e ritmos. Então realmente é um festival que amo de paixão e sempre venho por conta disso. Quero dizer para outras pessoas com deficiência que venham, se planejem, procurem a melhor forma de chegar e sair, acredito que maior perrengue está aí. Mas eles disponibilizam também estacionamento. Venham que a equipe está desempenhada em torna o festival cada vez mais acessível, a gente tem estandes com prioridades. Então é um festival que dar para curtir de qualquer forma”

    O Wanderley dos Santos, 29 anos, do interior de São Paulo e estava indo a primeira vez ao Rock in Rio até momento que entrevistamos ele estava curtindo bastante o festival. Mas sentiu dificuldades para encontrar a central de acessibilidade. “Acredito que poderia ter pessoas na entrada que ajudasse a chegar até a central ou ela poderia ser mais perto da entrada” – relata wanderley. 

    A central de acessibilidade fica na Rota 85, que fica numa parte central do festival e lá funcionava todo cérebro da operação de acessibilidade, porque todos atendimentos, cadastro, suporte para as pessoas com deficiência. Thiago explica o porquê central está localizada nessa região da cidade do Rock. “O centro de serviços de acessibilidade fica em um local estratégico, onde é possível que a pessoa com deficiência possa fazer a retirada e entrega de equipamentos com mais tranquilidade, já que no chamado “funil” de entrada e saída, é uma área de muito tumulto, com pessoas correndo na entrada e na saída tem grande volume de pessoas saindo na mesma via”. 

    A Maria Clara, 18 anos, tinha escoliose grave e estava na sua terceira edição de Rock in Rio e sentiu poucas dificuldades para acessar o festival já que veio no seu próprio carro. “ A única coisa que senti dificuldades foi teve que levantar o moto da cadeira algumas vezes por causa obstáculos, acabei assistindo o show da Liniker lá traz porque não encontrei a plataformas elevadas. Mas já conseguir achar as plataformas”.

    O coordenador de acessibilidade conta o que eles planejam para o Rock in Rio de 2024 no quesito de melhorias. “Para a próxima edição, a ideia é mantermos os serviços e estruturas, mas aumentando a quantidade para atender melhor a demanda” – afirma Thiago. 


  • Projeto REMIX atrás as discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais

    Projeto REMIX atrás as discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais

    Texto: Marconi Barkokebas / Imagem: Via Redes Sociais

    Nessa caminhada por mais voz, respeito e participação social para pessoas com deficiência, o Eficientes sempre ajuda a divulgar iniciativas e projetos que podem transformar vidas. 

    Dessa vez, o projeto Remix aborda a questão dos direitos autorais no Brasil. Através de vídeos amplia a discussão sobre acessibilidade em livros e conteúdos digitais. A ideia é tratar o tema com base em depoimentos de personalidades acadêmicas, artistas e agentes do mercado e de criação de conteúdos para  promover debates sobre a democratização de acesso à informação, e sobre as leis que garantem aos autores direitos sobre suas obras intelectuais. 

    Dentro do universo da literatura mundial, estima-se que apenas 1% dos dos títulos disponíveis são realmente acessíveis. Então, fechando a série de vídeos sobre direitos autorais, Pedro Milliet, produtor de livros digitais, Léo Castilho, educador e artista, e Alice Lana, coordenadora de cultura e conhecimento do InternetLab, estão entre os participantes que refletem sobre a conjuntura atual em Acessibilidade pra geral, que cerceia o acesso à informação, educação e cultura para pessoas com deficiência e a urgência de adaptações de obras para formatos específicos que atendam às necessidades distintas desse grupo, estimado em 25% da população brasileira. 

    O projeto Remix – Direito Autoral para Geral é uma parceria que tem por objetivo descomplicar as discussões sobre direitos autorais no Brasil e tornar esse assunto acessível pra geral. Defendemos uma reforma da lei de direitos autorais brasileira, que está bastante defasada, a partir de um debate com a participação direta de autores, de usuários e de todos os setores da sociedade. Isso porque a forma dos direitos autorais de uma sociedade afeta todo o ecossistema social, econômico e cultural do país – incluindo criadores e o público em geral. O debate sobre direitos autorais parte de seis pilares, e um deles é justamente a acessibilidade. Não dá pra falar de acesso à cultura e ao conhecimento sem falar de tornar as obras acessíveis para geral, independentemente da pessoa ter alguma deficiência ou não. 

    Gostou da iniciativa? Confira mais sobre o projeto através do site


  • Romeu Sassaki morre aos 84 anos, também conhecido como “pai da inclusão”

    Romeu Sassaki morre aos 84 anos, também conhecido como “pai da inclusão”

    Texto: Larissa Pontes / Imagem:  Everson Bressan/SMCS

    Em 1938, o mundo estava prestes a viver a segunda guerra mundial, no Brasil, Getúlio Vargas articula para golpe do estado novo por causa do “medo comunismo”. Mas nessa mesma época, nasceu Romeu Sassaki que depois de alguns anos se tornou o pai da inclusão. Sua história com a causa da pessoa com deficiência começa em 1960, quando estava na faculdade cursando Serviço Social pela Faculdade Paulista de Serviço Social, foi fazer um estágio  no Instituto de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que tinha sido instalado pela Organização das Nações Unidas com equipamentos importados.

    Com o estágio no Instituto, ganhou uma bolsa de estudos pela ONU para estudar nos EUA e na Grã Bretanha entre 1966 e 1967. Quando retornou ao Brasil em 1967, começou a realizar diversas palestras, reuniões e cursos em entidades de reabilitação e empresas. Colocando em prática e divulgando os conhecimentos que foram de grande relevância para o movimento das pessoas com deficiência, como: de que forma eram feitas as colocações em empregos, quais recursos técnicos e tecnológicos haviam, quais eram os profissionais de equipe multidisciplinar, como esses profissionais eram formados e atualizados.

    Romeu Sassaki entre 1969 e 1974 foi vice-diretor da Faculdade de Serviço Social da então Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Em 1975 administrou o Centro de Desenvolvimento de Recursos para Integração Social (CEDRIS), por meio do qual fez parte do Movimento das Pessoas com Deficiência (MDPD) através do convite a Heloísa Chagas, que nasceu em 1979. 

    Em 1980, aconteceu o primeiro encontro do movimento das pessoas com deficiência com diversas entidades importantes em Brasília, no qual a escolha do local tem significado, naquela época Brasília era cidade nova e era o centro das decisões. Precisava começar as mudanças por lá para depois difundir para o resto do país.

    Neste encontro foi discutido que antes do movimento de luta das pessoas com deficiência, existiam diversas entidades fundadas por pessoas com deficiência com o objetivo de ajudar na sobrevivência, arrecadando dinheiro, roupas, alimentos e trabalhos. Essas entidades eram só para um tipo de deficiência, como: só para cegos, só para surdos ou só quem tivesse deficiência física. 

    Sabemos que existem diversos tipos de deficiência que são importantes e  que essas entidades se unam para que o movimento tenha força. Romeu Sassaki trouxe a ideia dos Estados Unidos, o movimento de coalizão que é a união de várias forças que antes trabalhavam sozinhas, a partir daí começaram a trabalhar em conjunto. Na reunião em Brasília criaram a coalizão Pró-Federação Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes. 

    Tanto Romeu Sassaki tinha sido bolsista da ONU como Otto Marques que foi funcionário da ONU em Nova York  então recebiam muitas informações e publicações da Organizações Unidas, sempre levam todos os materiais para as reuniões. Eles tiveram informações de que 1981 seria o ano internacional das pessoas com deficiência. A partir de 1980, eles começaram a divulgar em São Paulo e depois para todo país. 

    Neste mesmo ano, a Rede Globo entrou em contato com o movimento, porque queriam fazer umas vinhetas de 30 segundos para passar no intervalo do show de Roberto Carlos no final de ano, queriam indicações de pessoas com deficiência. Quando o movimento viu o projeto, não concordaram. Porque queriam filmar os defeitos físicos, as feridas nas pernas ou nos braços, queriam chocar a sociedade de forma a sensibilizar a sociedade. Mas os movimentos dos PCD, não concordavam com esse tipo de abordagem, não acreditavam nessa forma de sensibilizar, porque só iria reforçar a imagem de “coitadinho”. Eles queriam que os PCD fossem vistos dessa forma, querem conscientizar e informar o público a partir das suas reivindicações, para que a sociedade mude. 

    A Rede Globo não aceitou as críticas e as modificações e filmaram do mesmo jeito. Estamos em 2021, o movimento das pessoas com deficiência conquistaram muitas coisas, mas infelizmente a sociedade tem muita  visão capacitista dos PCD. Romeu Sassaki mostra a partir da sua história que a informação e conhecimento podem fazer transformações na sociedade. 

    Em 1981, o Ano internacional da pessoa com deficiência, o MDPD conseguiu que o secretário municipal de cultura Mário Chamie, autorizasse a construção de uma rampa provisória, feita de madeira, na entrada do Teatro Municipal de São Paulo. Mesmo sendo provisória, aquela rampa representou uma grande conquista, porque era a única maneira de pessoas com deficiência poderem assistir junto com todo mundo a uma apresentação do maestro Isaac Karabtchevsky.

    Em São Paulo, na Praça Roosevelt, o movimento fez uma feira de demonstrações de barreiras e acessibilidades. Construíram caminhos com degraus e desníveis, forneceram várias cadeiras de rodas para as pessoas experimentarem as dificuldades. Também mostravam a altura orelhão, de pias, do espelho o errado e qual seria o certo.   

    Também pressionaram o presidente da república João Baptista Figueiredo, que acabou criando a Comissão Nacional do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, mas não havia nenhuma pessoa com deficiência naquela comissão.O Núcleo de Integração de Deficientes (NID) foi uma das entidades de pessoas com deficiência a exigir a inclusão de uma pessoa com deficiência na Comissão do Ano Internacional.

    Em 1987, Romeu Sassaki e os integrantes dos movimentos estavam trabalhando no âmbito nacional e tiveram uma grande participação na Constituinte de 1988, que foi marcada como primeira Constituição Federal a tratar de garantias e direitos para as pessoas com deficiência. Em 1986, o anteprojeto da constituição já estava todo escrito pela Câmara Federal e não tinham consultado o movimento das pessoas com deficiência, mostrando uma visão bem antiga e paternalista. O MDPD construiu uma comissão, fizeram diversas reuniões para fechar as propostas feitas pelo movimento para constituição. 

    Romeu Sassaki era o secretário e ficava responsável pelas as atas, Cândido Pinto de Melo foi o coordenador em São Paulo, Carlos Burle Cardoso, em Porto Alegre, e Messias Tavares de Souza foi o porta-voz do movimento no Congresso Nacional, em Brasília. Conseguiram modificar várias coisas no anteprojeto de constituição, que foi aprovado em 1988. 

    As conquistas dos PCD foram: 

    – Artigo primeiro diz que a dignidade humana é o fundamento do nosso estado, ao dizer isso o artigo engloba todos, inclusive às pessoas com deficiência que também tem direito a uma vida digna.

    – Artigo terceiro proíbe qualquer tipo de discriminação independente de qualquer característica da pessoa.

    – Criação do benefício de prestação continuada (BPC). Ele garante um salário mínimo para a pessoa com deficiência que não consegue se sustentar.

    Em alguns relatos de Romeu Sassaki em entrevista era que o movimento das pessoas com deficiência, como eram várias entidades juntas se discutiam muito sobre desmistificações sobre visão antiga, caritativa, assistencialista, que as próprias associações também tinham. 

    O movimento atuava muito em São Paulo, no dia 20 de maio de 1989 aconteceu o 1º Fórum de Pessoas com Deficiência, Romeu Sassaki relatou esses fórum foram debatidos diversos assuntos e que tudo era documentado para eles pudessem perceber e vê o quanto eles já tinham avançado nas conquistas, então foi importante para batalharem por ônibus adaptados ou acessíveis, reivindicações, eliminação de barreiras atitudinais, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência (21 de setembro). Uma das coisas importante foi que jornalistas e mídia estavam assustados, ficaram sempre em cima do movimento, isso fez nós aprender muito e eles também. 

    Romeu Sassaki, podemos perceber que teve um papel fundamental em cada conquista do movimento da pessoa com deficiência, foi uma das primeiras pessoas a discutir sobre inclusão nas escolas e no mercado de trabalho em 1980. Já são 50 anos de luta pelo movimento na visão de Sassaki, “Houve avanços com vários ritmos de velocidade, uns mais lentos, outros mais rápidos. Mas, desde o passado até hoje, estamos sem atingir a maioria das pessoas com deficiência. Milhões de pessoas com deficiência ainda estão vivendo como “na era da caverna”, ainda estão com problemas básicos de falta de atendimento de saúde, de remédio, de cirurgia, de reabilitação, de uma muleta, de um par de óculos. Há milhões de pessoas que nem isso têm. O que aconteceu é que, ao longo do tempo, houve estagnação, paramos de brigar.”

    Uma história que serve de grande inspiração para diversas pessoas que lutam pelo movimento, que tem muitas coisas a serem conquistadas e que é possível transformar a sociedade a partir do conhecimento. 


  • Eficientes selecionado para programa de treinamento em Inteligência Artificial

    Eficientes selecionado para programa de treinamento em Inteligência Artificial

    Por: Larissa Pontes / Revisão de Texto: Lilian Pacheco / Imagem: Carlos Pontes

    Nesta terça-feira (02), o JournalismAI anunciou os participantes da Academia de Jornalismo AI para Pequenas Redações de 2022, um programa online gratuito que oferece uma capacitação sobre inteligência artificial para jornalistas e profissionais de mídia de pequenas redações. Ele foi desenvolvido pela equipe JournalismAI da London School of Economics and Political Science (LSE) e desenvolvido pela Google News Initiative.

    A primeira edição do programa aconteceu em 2021 com 20 participantes da Europa, África e Oriente Médio. Neste ano de 2022, o Eficientes foi um dos selecionados entre 20 organizações da América Latina.

    A cofundadora e Diretora Executiva do Eficientes Larissa Pontes afirma: “Estamos muito felizes por ser selecionados! Foi nosso primeiro edital em que conseguimos ser aprovados depois de quatro anos de história do Eficientes. Acredito que será um grande divisor de águas, porque há um grande potencial de crescimento no aprimoramento de reportagens e dados, principalmente no combate à desinformação. Atualmente, as pessoas com deficiência são alvos de fakes news por não terem ferramentas acessíveis para a verificação de se aquela notícia é falsa ou verdadeira. Esperamos aprender mais sobre Inteligência Artificial, compreender como podemos utilizá-la no jornalismo efetivamente e conhecer novos métodos e habilidades. Que possamos cada vezes mais combater a desinformação, produzir conteúdo de qualidade e acessível para as pessoas com deficiência.”

    O programa de 8 semanas será executado entre setembro e outubro de 2022. Ele conta com uma série de masterclasses ministradas por especialistas que trabalham na interseção de jornalismo e inteligência artificial, bem como com atividades práticas para orientar a jornada de adoção de IA durante e após o programa.

    Confira a lista completa dos selecionados JournalismAI


  • Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Papo Eficiente: Vamos mudar o mundo?

    Texto: Yuri Euzébio (Colaborador) | Imagem: Larissa Pontes

    Continuando com nosso Papo Eficiente, a conversa dessa vez foi com as representantes do grupo Talento Incluir e da VouSer Acessibilidade. O papo começou centrado nas histórias das iniciativas e suas atuações, além de se estender sobre artes, acessibilidade e consultorias.
    Nessa segunda live da série, tivemos a representante do grupo Talento Incluir: Katya Hemelrijk, formada em Administração de Empresas e PNL, tem especialização em Neurociência do Consumo e certificada como Coach Internacional pelo International Coaching Community; e Andreza Nóbrega, coordenadora da VouSer Acessibilidade e idealizadora do Encontro de Acessibilidade Comunicacional em Pernambuco.
    No bate-papo, mediado pela fundadora do Eficientes Larissa Pontes, Katya explicou que a Talento Incluir é uma consultoria que trabalha a empregabilidade da pessoa com deficiência. “A Talento Incluir tem o propósito de trazer equidade nas relações humanas através da equidade de empregabilidade das pessoas com deficiência”, disse. De acordo com Hemelrijk, a ideia é levar informação às empresas para que sejam criadas oportunidades para pessoas com deficiência mostrarem seu potencial no mercado de trabalho.
    Já Nóbrega explicou os projetos artísticos da VouSer Acessibilidade e a nova fase do projeto. Nóbrega esclareceu que, enquanto atuante na área de acessibilidade, a VouSer enfoca no campo da arte, cultura e educação. “Ainda que façamos trabalhos e projetos em outros campos temáticos, o nosso foco maior, hoje, é na potencialização, no surgimento de novos artistas, no protagonismo e na representatividade das pessoas com deficiência também nas artes”, revelou.
    Entre outros assuntos, durante a conversa foram abordados as dificuldades de acessibilidade em ambientes públicos das cidades, os maiores desafios dos projetos, a luta por melhores condições para as pessoas com deficiência e as maiores transformações que os grupos possibilitam na vida das pessoas. A conversa, na íntegra, está disponível na página do Instagram dos Eficientes e conta com tradução simultânea em Libras.


  • Inclusão Literaturá Infantil

    Inclusão Literaturá Infantil

    Por: Letícia Mendes

    Você já leu algum livro que abordasse a temática de pessoas com deficiência? Não? Nós apresentamos para vocês algumas obras infantis com foco na inclusão de crianças. 

    Daniel no Mundo do Silêncio, do autor Walcyr Carrasco, traz a temática de um personagem que perdeu a audição aos 7 anos e de alguma forma precisa de comunicar com os pais, principalmente, com as mãos. Os pais o matriculam numa escola especializada em educação para surdos, onde Daniel aprende a Língua de Sinais (LIBRAS). Após todo processo, ele enfrenta a jornada de estudar em uma escola comum, lutando com diversas adversidades. 

        Já a obra As cores no Mundo de Lúcia, escrita por Jorge Fernando dos Santos, retrata a vida de Lúcia, menina muito inteligente e deficiente visual. Com sua sabedoria, a personagem descobre uma maneira divertida de perceber as cores, usando os 4 sentidos, a audição, o olfato e o tato. 

       O livro Serei Sereia, da autora Kely de Castro, retrata a história de Inaê, uma criança que, assim como as outras, passa por momentos de tristeza, alegria e dúvidas. Entretanto, ela tem mais um desafio pela frente, o de não poder andar. Com o apoio das mãos, Inaê compreende que, independente da sua situação, ela pode continuar crescendo e construindo sua própria história. 

       Sonhos do dia, de Claudia Werneck, traz à tona a história de uma menina que fica inconformada por não poder realizar seus desejos enquanto acordada, mas consegue quando está dormindo, em seus sonhos. Assim, ela lança a mobilização com outros colegas de sonhar acordado. Essa foi uma das primeiras obras literárias brasileiras lançada com recursos de acessibilidade, com interpretação em Libras, em braile e com audiodescrição, um exemplo de inclusão social infantil. 

       A obra literária de Marcos Ribeiro Quem disse que eu não vou conseguir? mostra várias histórias de pessoas com deficiência, trazendo relatos inspiradores e motivadores. Além disso, o livro mostra como todos são capazes de realizar suas tarefas e precisam de uma sociedade mais inclusiva e empática com essas situações.