• História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    História e conquistas da Língua Brasileira de Sinais

    Por muito tempo, pessoas surdas foram excluídas dos ambientes educacionais. Foi apenas com o Abade de L’Épée que esse cenário mudou. Através de um destaque maior à língua gestual, de L’Épée fez com que o ensino alcançasse mais do que apenas alguns nobres e respeitasse as características dos não-oralizados.

    No Brasil, foi graças a Dom Pedro II que a educação dos surdos teve o seu início. Por conta de seu neto surdo, o imperador convidou o francês Eduard Huet, surdo, para ensinar no país. Em 1857, Eduard veio ao Brasil e fundou aquilo que viria a ser conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos – o famoso INES.

    A Língua Brasileira de Sinais, popularmente conhecida como Libras, foi criada em conjunto com o INES. Sua base tem origem na Língua Francesa de Sinais e também em gestos já usados cotidianamente no Brasil. 

    Apesar de existir há muito tempo, muitos ainda acreditam que a Libras é uma versão gestual da língua portuguesa. Ela, assim como as outras línguas de sinais, possui gramática, vocabulário e até sotaque próprios. Atualmente, existem mais de 200 línguas de sinais utilizadas ao redor do mundo e cada uma possui suas próprias particularidades e regras!

    Em 1880,  em um congresso sobre surdez em Milão, foi proibido o uso das línguas de sinais, por acreditarem que a oralização faria com que os surdos tivessem uma maior integração na sociedade. Essa ideia continuou sendo defendida por cerca de 100 anos, e, apesar disso, os não-ouvintes continuaram a se comunicar por sinais.

    Em 1993, a comunidade surda buscava um projeto de lei que regulamentasse o idioma no Brasil. Mas apenas em 2002 que a Língua Brasileira de Sinais foi finalmente reconhecida como uma língua no Brasil. Essa demora reflete o preconceito que muitas vezes fica velado na sociedade. 

    Desde que a Libras foi reconhecida como uma língua oficial, a comunidade surda vem conquistando mais direitos, como a lei que determina o uso de recursos visuais e legendas nas propagandas oficiais do governo, a instituição do Dia Nacional do Surdo e a Lei Brasileira de Inclusão.

    Mesmo com essas conquistas, as línguas de sinais são pouco conhecidas pelas pessoas ouvintes. Para mudar essa realidade, é preciso que haja uma maior conscientização e uma busca daqueles que ouvem por entender as vivências e as realidades dos surdos que os cercam. 


  • Conheça algumas curiosidades da comunidade surda

    Conheça algumas curiosidades da comunidade surda

    A comunidade surda tem alguns costumes que caracterizam a criação de uma cultura. Um desses hábitos é que todas as pessoas surdas recebem um sinal próprio de identificação. Esse sinal é criado por outra pessoa com deficiência auditiva e serve para facilitar e agilizar a comunicação entre os surdos na hora de se apresentar aos outros membros da comunidade e também em sociedade.

    As pessoas surdas se apresentam soletrando cada letra do seu nome por meio do alfabeto manual e, em seguida, apresentam o seu sinal que faz referência a alguma característica física ou a uma mania que a pessoa tenha. Uma vez criado, o sinal não pode ser alterado. Vale salientar que ele não deve ser criado por uma pessoa ouvinte, uma vez que essa prática é considerada antiética entre os surdos.

    É necessário salientar que, assim como os idiomas convencionais, a linguagem de sinais não é universal. Cada país desenvolve os seus próprios símbolos. No Brasil, por exemplo, vigora a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), já nos Estados Unidos é a Língua de Sinais Americana (ASL). Elas possuem gramáticas próprias.

    De acordo com a WFD (Federação Mundial dos Surdos, na sigla em inglês), 80% dos surdos de todo o mundo têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização, pois muitos dependem exclusivamente da língua de sinais para se comunicar e obter informação. Essa dificuldade está atrelada a diversos fatores, como aprender fonética e o som das palavras.

    No cotidiano, as pessoas falam o termo “surdo-mudo”, mas ele é incorreto e não deve ser usado, pois é considerado desrespeitoso pela comunidade surda. A pessoa que tem deficiência auditiva não necessariamente é muda, como elas não ouvem acabam não desenvolvendo a fala, mas emitem alguns sons.

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