• Projeto inclusivo promove passeios em bicicletas adaptadas para pessoas com deficiência em Belém

    Projeto inclusivo promove passeios em bicicletas adaptadas para pessoas com deficiência em Belém

    Iniciativa é realizada em parque ambiental público e completará seis anos, contabilizando mais de mil passeios já realizados

    Texto: Daniel Nardin / Foto da Capa: Everaldo Nascimento

    Ao longo da trilha de cerca de quatro quilômetros cercada da exuberante fauna e flora amazônica, corredores e ciclistas que frequentam o Parque Estadual do Utinga, em Belém, passaram a dividir o espaço com pessoas com deficiência e idosos que circulam em bicicletas adaptadas, conduzidas por voluntários.

    O projeto Ponto de Apoio completará em junho seis anos de existência. Começou de forma despretensiosa – com o passeio de um irmão levando o outro para ter contato com a natureza ao ar livre – e inicia o ano com um novo fôlego: a terceira edição do ano terá dez bicicletas e cerca de cem voluntários, que se revezam nas datas dos eventos. “Com mais equipamentos e melhor manutenção, fizemos um treinamento de novos voluntários, onde tivemos alta adesão, felizmente. Queremos já a partir de março nos programar para estarmos todos os finais de semana no parque e com isso atender mais gente”, destaca Daniel Nardin Tavares, idealizador e coordenador do Ponto de Apoio.  O empurrão para a nova fase só foi possível com o primeiro patrocínio que o projeto recebeu, após cinco anos de atividade, da empresa de alumínio Albras, localizada no Estado do Pará. 

    Fotografia: Um homem branco, com cabelos curtos e pretos, usa barba, está vestindo uma camisa branca com a frase "Ponto de Apoio" em cinza e vermelho. Ele está sentado em uma bicicleta vermelha e branca. Ao seu lado, há um rapaz branco com cabelos curtos e pretos, usando um boné azul e sentado em um carrinho vermelho com a frase "Ponto de Apoio" em branco. Ao fundo, há várias árvores e vegetação.
    Foto: Relry Aviz/LED

    A ideia do projeto é simples: realizar passeios gratuitos em bicicletas adaptadas para pessoas com deficiência e idosos. “O simples fato da família se programar e essa pessoa sair da rotina casa-hospital-casa já é muito positiva, pois estimula, melhora autoestima e mostra para os demais frequentadores do parque, que é público, que esse é um espaço de todos”, afirma a terapeuta ocupacional Márcia Nunes, voluntária do projeto desde a primeira edição, em 2018. Ela era a profissional que acompanhava João Paulo Nardin Tavares, hoje com 43 anos e que aos 36 anos ficou com sequelas neurológicas após uma parada cardíaca. “Os pacientes que acompanho sempre converso muito com a família, para criar estímulos. Nesse caso o irmão mostrou a foto de uma bicicleta nesse modelo e disse que ia ver como encontrar alguém para fazer e achou. Fez o primeiro passeio com o João Paulo e é nítido como ele gosta. Quem não gosta de ver essa beleza toda do parque, não é? Então virou um projeto e a gente tem muitas pessoas que esperam a semana para estar conosco aqui”, destaca. 

    Outro voluntário que está no projeto desde o início é Reinaldo Brasil, analista de sistemas de 41 anos. Em 2004, ele sofreu um acidente de moto e teve a perna esquerda amputada. No esporte, encontrou motivação para enfrentar os novos desafios. E com o projeto, Reinaldo ressignificou a deficiência. Ele é um dos ciclistas condutores mais ativos e hoje é um dos coordenadores do projeto. “Muita gente fica curiosa e até estranha quando percebe que pedalo com uma perna. Mas isso aí é o de menos. O bem maior que faz para mim e para outros voluntários não é a atividade física, que já é um benefício, claro, mas o ganho que temos de saúde mental, de provocar sorrisos em crianças, idosos e jovens que fazem o passeio conosco. A trilha está aí, qualquer pessoa pode acessar. Mas, esse público não frequentava o parque e com o nosso projeto as pessoas vêm e participam, por isso ele é inclusivo e tem tanto benefício”, destaca.

    As bicicletas são pintadas na cor vermelha, em alusão à pintura dos aviões da Esquadrilha da Fumaça na década de 1990, que nos anos 2000 mudou para azul e verde. “A primeira bicicleta foi feita para passear com meu irmão, que sempre foi apaixonado por aviação e pela Esquadrilha. Ele comentava que achava a pintura vermelha mais bonita, então é como se fosse o avião para ele voar, como uma cabine de avião onde ele fica. A ideia do projeto veio depois e mantivemos a cor, por ter combinado e pelo fato que estamos no Pará, que tem uma linda bandeira nessa cor com a estrela azul”, explica Daniel. 

    Com a foto que achou na internet de uma moto dos anos 1950 com um carrinho acoplado, Daniel fez como todo jornalista costuma atuar quando busca pessoas para contar uma história. “A gente brinca na nossa profissão que jornalista pode não saber muita coisa, mas sabe quem sabe. Então acionei grupos de ciclistas de Belém e encontrei o Robin Van Deer. 

    O holandês radicado no Pará, conhecido como Gringo, fez a bicicleta em apenas uma semana. “Eu já tinha feito bicicletas assim e não foi novidade para mim. Hoje, quando venho ao parque, fico emocionado, vendo que meu trabalho gera tantos momentos bons para tanta gente”, afirma. 

    Este ano, o Ponto de Apoio estreou a primeira bicicleta que foge do padrão das “vermelhinhas”, como são chamadas. A bike apelidada de “Ararajuba” é amarela com detalhes em verde, em homenagem à espécie que estava em extinção e, graças ao projeto com viveiro no Utinga, tem povoado novamente as copas das altas árvores do parque. “Nossa cidade está na Amazônia e cai receber a COP 30 em 2025, a maior conferência sobre mudanças climáticas do mundo e que aborda muito fortemente a importância da preservação ambiental. Então queremos incluir também um trabalho de conscientização no nosso trabalho que já é inclusivo”, afirma Mariana Nardin Tavares, irmã de Daniel e João Paulo. 

    Uma das passageiras frequentes nas bikes do Ponto de Apoio é Sthefane Mota, de 16 anos, que desde as primeiras edições faz passeios com o grupo. “Eu gosto de ver as árvores, os bichos e de passear. O pessoal também é sempre bacana comigo e gosto muito de vir”, afirma. Para a mãe, Elizabeth Mota, o projeto merece todo apoio e reconhecimento. “Eu sempre comento com outros familiares e incentivo a participar do projeto, pois promove na prática a inclusão para as pessoas com deficiência e idosos em um espaço público e o contato direto com a natureza linda que temos, sem o projeto, seria impossível”, avalia. Além de Sthefane, Elizabeth é mãe de Alice, que também possui mobilidade reduzida e participa dos passeios. “Sem esse apoio, seria muito complicado passear com as duas que têm mobilidade reduzida no parque. E cada vinda nossa a gente está sempre em família, o que é também algo muito positivo”, afirma. 

    Aqui está o texto revisado:

Na fotografia, um homem branco de barba grisalha está usando um chapéu vermelho e óculos escuros, vestindo uma blusa branca com a frase “Ponto de Apoio” em preto e vermelho, e uma bermuda verde. Ele está montado em uma bicicleta amarela equipada com um carrinho amarelo. Ao lado dele, há uma mulher branca usando um chapéu e uma blusa branca, segurando um menino branco em seu colo. O menino está usando um chapéu branco e uma blusa azul. Ao fundo, podem ser vistas várias árvores, vegetações e pessoas andando de bicicleta.
    Foto: Relry Aviz/LED

    O projeto Ponto de Apoio recebeu esse nome por outra lembrança familiar. “Uma vez, quando eu era criança ainda, nosso carro atolou. Com um pedaço de madeira, meu pai tirou e a gente seguiu viagem. Curioso, perguntei como ele tinha conseguido aquilo com uma coisa tão pequena, mover algo tão grande e pesado como um carro. Aí ele disse a frase do Arquimedes: Dei-me um ponto de apoio e uma alavanca e posso mover o mundo. Ficou isso na minha lembrança. Às vezes não é preciso muito e nem temos a pretensão de mudar o mundo. Mas podemos sim, com um pouquinho de esforço, mover e mudar o meu mundo, a minha realidade, minha volta. Todos aqui acreditam nisso e são alavancas para essa transformação, simples, mas necessária na sociedade, com mais respeito, mais inclusão e mais ocupação de espaços públicos por todos. Espero que um dia todas as cidades tenham espaços como esse e com iniciativas como essa ou melhores, que tão bem fazem de maneira tão simples”, afirma Daniel. 

    Serviço – O Ponto de Apoio é realizado no Parque Estadual do Utinga (PEUt), uma Unidade de Conservação Estadual localizada em Belém. Para conhecer mais o projeto e as bicicletas, basta acessar as redes @pontodeapoiopa.


  • São João do Vale lançará a primeira Plataforma de Mapeamento de Espaços com Foco em Acessibilidade.

    São João do Vale lançará a primeira Plataforma de Mapeamento de Espaços com Foco em Acessibilidade.

    Texto: Larissa Pontes / Imagem: Vale PCD

    Partindo do desejo de transformar os eventos no Recife mais diversos e acessíveis, o Vale PCD fará a segunda edição com o São João do Vale no dia 10 de junho. O evento, que acontece das 18 h às 4 h, no Pajubar, visa o protagonismo das pessoas com deficiência em todos os espaços. 

    Em março de 2023, aconteceu a primeira comemoração do Vale Pcd, chamada Vale Tudo, para celebrar os três anos da organização sem fins lucrativos e o aniversário de Priscila Siqueira, uma das fundadoras do Vale PCD. O evento mostrou-se um sucesso, o Pajubar ficou lotado de pessoas com deficiência e todos se divertiram ao som de diversas músicas internacionais e nacionais. “Ficou evidente que a inclusão e a celebração da diversidade são valores que devem ser abraçados em todos os momentos festivos” — afirma a fundadora Priscila Siqueira. 

    Na segunda edição da festa, o Vale PCD lançará a primeira plataforma de mapeamento de todos os espaços públicos e privados com foco em acessibilidade. As pessoas com deficiência terão acesso a informações sobre a estrutura dos locais que desejam frequentar, como rampas de acesso, banheiros adaptados e elevadores. A plataforma pode ser acessada pelos computadores e celulares. “Com essa plataforma, estaremos quebrando barreiras e promovendo a inclusão de maneira prática e eficiente” -afirma Priscila. 

    Além da plataforma, a noite terá artistas com deficiência e LGBTQIA+, como Go vinicius, Leonardo Galize, Nina Poison e Rodolfo Moura, que convidarão todos para dançarem, haverá uma barraca do beijo acessível e filtros para serem usados no evento. O evento terá listas PCD e Trans, que permanecerão disponíveis até o dia 09 de junho, entrando em contato pelo Instagram @pcdvale.  

    Conheça mais sobre o Vale Pcd 

    O Vale PCD, uma organização dedicada à promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência que também fazem parte da comunidade LGBTQIA+, tem se destacado no cenário nacional com suas ações de impacto. Com foco em eventos acessíveis, consultorias, emprego e saúde mental, a organização tem se esforçado para que todas as pessoas tenham a mesma oportunidade. 

    A ONG realizou uma consultoria no Festival do Futuro, no início deste ano, o que contribuiu para a implementação de medidas inclusivas e acessíveis para pessoas com deficiência. Essas ações visam conscientizar a sociedade e incentivar uma maior compreensão, aceitação da diversidade e garantir a interseccionalidade de pessoas com deficiência LGBTQIA+ no Brasil.


  • Galo da Madrugada recebe o Camarote da acessibilidade com apenas 200 vagas

    Galo da Madrugada recebe o Camarote da acessibilidade com apenas 200 vagas

    Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Wesley D’Almeida/PCR

    A cidade do Recife despertou com o céu claro e o sol brilhante, o que era o brilho que o Galo da Madrugada tinha para trazer mais 2,5 milhões de pessoas para comparecer ao bloco, sendo considerado o maior do mundo. “O camarote da acessibilidade é uma parceria da prefeitura da cidade do Recife com a Fundação de Cultura e oferece para as pessoas com deficiência de mobilidade reduzida, esse espaço no maior bloco do mundo que é o Galo da madrugada. Então para a gente pessoa com deficiência é uma iniciativa muito importante, porque o Carnaval do Recife é um carnaval inclusivo” afirma dida duque, coordenadora de acessibilidade do camarote da acessibilidade.

    A Prefeitura do Recife disponibilizou 200 vagas para o Camarote da Acessibilidade. As pessoas com deficiência se inscreviam através do portal do Conecta Recife e, a partir daí, concorriam via sorteio quem ia poder ir ao camarote. Mais de mil cidadãos se inscreveram no portal do Conecta Recife para o Camarote da Prefeitura. Dessa forma, muitas pessoas com deficiência questionaram porque as vagas seriam por sorteio e porque não aumentaria a capacidade.

    “Sabemos que em Recife e Pernambuco tem muitas pessoas com deficiência, mas infelizmente a gente não tem estrutura para contemplar todo mundo. Então, nós esperamos também que outros camarotes do Galo também tenham acessibilidade, que dê condições para as pessoas com deficiência que queira comprar a sua camisa dos outros camarotes, que seja que possa ter acessibilidade. Mas infelizmente os empresários ainda não têm essa consciência de que a gente com deficiência se divertir. Não é só a prefeitura que tem se preocupar, as iniciativas privadas também. Tem que se preocupar com isso porque somos cidadãos, tem pessoas com deficiência que têm condições de comprar as camisas dos camarotes, mas infelizmente não vão, porque não tem acessibilidade. Então é um recado que deixo aí para os organizadores do Galo e pros organizadores também de Camarote que garantam acessibilidade para que nós pessoas com deficiência. Nós não queremos nada de graça, e sim nosso direito. A gente só quer que tenha que garanta a sensibilidade para gente poder estar nesses espaços. ” afirma Dida duque. 

    Fotografia com a estutura do Camarote da acessibilidade, com várias pessoas com deficiência esperando o desfile do Galo da Madrugada. Atrás do Camarote tem Igreja do Carmo e céu azul com poucas nuvens.
    Pessoas com deficiência acompanham o desfile do Galo da Madrugada (Foto: Larissa Pontes)

    O camarote da acessibilidade fica localizado o Pátio do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, foi planejado desde dezembro. Ofereceu os serviços de Interpretação de Libras e audiodescrição. “Desde dezembro que a gente começa com esse trabalho, com toda a questão de estrutura, a Fundação de Cultura que mantém faz toda essa estrutura então. São quatro meses de preparo do camarote da acessibilidade para tudo sai ok”, explica Dida. 

    Um das pessoas sorteada foi Célio Ricardo, paratleta que chegou cedo ao camarote da acessibilidade e falou que as pessoas com deficiência estão saindo de casa. “O mundo globalizado com mais inclusão e acessibilidade, então muito cadeirante que ficavam em casa hoje consegue percorre a cidade do recife, que está bastante adaptável. O galo é um exemplo clássico para cadeirantes não ficar em casa, porque tem tudo aqui. Neste carnaval, como sou pernambucano estou esperando o frevo, orquestra de frevo, as outras é só mais um detalhe, mais o carnaval de pernambuco é frevo”, afirma Célio. 

    No Galo da Madruga estava presente a Rei e a Rainha das pessoas com deficiência. O Eficientes conversou com a rainha do carnaval, Nina Souza, microempreendedora, intérprete de libras e professora de dança. Com dez anos de experiência na dança, ela loga se interessou pelo concurso que envolvia a dança. “Não tinha esperança que eu ia ganhar, mas assim fui na empolgação dos amigos, então fui lá, dei o meu melhor e tô aqui hoje como rainha. É a emoção inexplicável, é cada momento, cada evento é uma emoção diferente. Eu particularmente estou fechando meus 10 anos de dança,  comecei no frevo sobre Rodas e agora como rainha do carnaval e assim sendo reconhecida sendo conquistando mais espaço ainda para dança e para mostrar a pessoa que a gente pode chegar em qualquer lugar” relata Nina. 

    Fotografia com o Rei e rainha da pessoa com deficiência na cadeiras de rodas e ao lado deles tem o Rei e Rainha da pessoa idosa e no meio está Ana Rita Suassuna que é secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas.
    Rei e Rainha da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, Secretária de Desenvolvimento Social (Foto: Larissa Pontes)

    Saímos do galo diretamente para o Carvalheira na Ladeira, sendo uma festa privada com vários shows como Anitta, Durval, Jorge Matheus, Mari Fernandes que estão disponibilizando acessibilidade, embarcamos nessa aventura com nossa repórter Pamela Melo que irá relatar o que vivenciou. Confira a próxima reportagem. 


  • O carnaval do Recife teve acessibilidade?

    O carnaval do Recife teve acessibilidade?

    Texto: Larissa Pontes / Foto da Capa: Marcos Pastich/PCR e Ed Machado/PCR

    A longa espera para o Carnaval do Recife acabou na última sexta-feira (17), com a abertura do Carnaval na praça do Marco Zero. A cerimônia iniciou com as tradições pernambucanas com o desfile e apresentação das agremiações, depois o Maestro do Forró iniciou a cerimônia de abertura com a orquestra da bomba do Hemetério. Na sua apresentação teve a participação especial de Matheus Teixeira, o Rei da pessoa com deficiência do Carnaval, que transmitiu uma mensagem maravilhosa “O carnaval do Recife é isso, está aberto o carnaval da diversidade, da inclusão e do amor, muita paz e muito frevo”. 

    João Victor fez aniversário em 16 de fevereiro e estava na apresentação para celebrar os seus 14 anos com o pai, Edgar. Ele disse-nos: “Eu e meu filho João Victor gostamos muito da Orquestra Popular da Bomba do Hemisfério. Somos amigos de Chico, o maestro do forró, há muito tempo, e viemos prestigiá-lo mais uma vez”. 

    Fotografia tem Edgar que um homem branco, cabelo curto, usa óculos, está de blusa preta e calça jeans e nos seus ombros está seu filho João Victor, que criança com deficiência, vestida de homem aranha.  Atrás dele tem público geral do Marco Zero.
    Pai e filho assistindo à Orquestra da bomba do Hemetério (Foto: Paulo Pinheiro)

    O Carnaval do Recife teve como tema “#VolteiRecife Com Todos os Carnavais”, uma homenagem aos Carnavais antigos, devido ao grande anseio dos foliões por essa celebração tão democrática, que proporciona alegria para todos durante cinco dias. A capital pernambucana recebeu 2,7 milhões de pessoas, com média de 300 mil visitantes por dia no Marco Zero. Dentre eles, a mineira Carolina Ayres Lavourinha, designer e usuária de cadeiras de rodas, que veio do Rio de Janeiro com sua família. “Nós sempre viemos para o Carnaval do Recife, por minha mãe ser Pernambucana e gostamos muito do Carnaval daqui. Estou na expectativa para ver todos os cantores, Caetano Veloso, Duda Beat, Geraldo Azevedo, Alceu e Elba..” relata a designer. 

    Na fotografica tem quatro pessoas (duas mulheres e dois homens), todos com roupas de carnaval. Estão perto da grade que dividide o palco do Marco Zero e público geral.
    Família reunida para se diverti no Carnaval do Recife (Foto: Paulo Pinheiro)

    O Marco Zero dispôs de um espaço acessível para as pessoas com deficiência, onde podiam assistir aos shows, levar um acompanhante e usufruir do serviço de audiodescrição, além de contar com intérpretes de Libras. 

    Liliana Tavares, responsável pela equipe de audiodescrição, explicou como funciona. “ Nós temos um aparelho, no qual, falamos e as pessoas com deficiência visual escuta tudo se que se passa no palco, traduzimos as imagens, é nosso segundo ano realizando esse trabalho aqui no Carnaval”. A equipe “com a acessibilidade” estuda toda a programação do Carnaval para que este trabalho seja realizado. “Nós temos um glossário do carnaval, pegamos as informações que saíram do carnaval, a gente vem antes, fotografa, faz o roteiro da audiodescrição antes, mas claro que carnaval é carnaval, acontece muita coisa simultânea, as roupas das pessoas, nós vamos saber no dia, como a gente tem muita experiência trabalhamos a mais de 10 anos, nós também fazemos isso de forma simultânea e qualquer coisa pode acontecer, porque a gente está perto do público, temos vê o que estão fazendo, o que estão vestindo, porque carnaval não é só show é quem está perto da gente também” conta Liliana. 

    fotográfia contém quatro pessoas (três mulheres e um homem) todas de blusa preta e calcça jenas, com fones de ouvido em frente ao palco do Marco Zero.
    Equipe da audiodescrição no Marco Zero (Foto: Paulo Pinheiro)

    Esses recursos de acessibilidade faz com que todos tenha acesso igualmente a aproveitar festa como o Carnaval. Liliana muito animada conta qual é sensação pode realizar esse trabalho. “Então, quando vemos, eles dançando, quando falamos assim, as pessoas estão levantando os braços com dedo para cima e eles fazem, é quando eles se sentem parte do grupo. Às vezes eles perguntam como se dança, maracatu, por exemplo. A gente vai e diz, mostra então assim fazer com eles façam parte da cultura e possam usufruir da festa e se sintam parte do grupo”, relata a coordenadora. 

    Michell Platini, publicitário, servidor público do Recife e pessoa com deficiência, visual, estevem presentem em vários dias na parte de acessibilidade e utilizando os recursos de audiodescrição, conta um pouco o que levar ele brincar o carnaval. “Sou carnavalesco, eu gosto de folia de povo e ter o recurso de acessibilidade para poder acompanhar o carnaval e fez, está aqui hoje. A experiência do carnaval está sendo muito rica, porque vivenciar o carnaval já é ótimo, vivencia o carnaval tendo acesso a imagens, faz você guardar na memória um momento como esse. Depois de dois anos sem carnaval a gente fica meio destreinado, mas é igual andar de bicicleta, quem já vivenciou o carnaval lembra como é emoção, lembra como é o passo do frevo, lembra qual é sensação de está no meio do povo. Então estou muito contente e alegre de está de volta ao carnaval” conta Michell. 

    Nesta noite de abertura do carnaval, está presente vários artistas, secretários, ministros e o prefeito do Recife, João Campos, explica sobre como foi montado a acessibilidade e a importância desses espaço. “ O carnaval do Recife é um carnaval inclusivo, significa que todos têm o acesso em participar. Fizemos o acesso especial para as pessoas com cadeiras de rodas, o galo da madrugada tem um camarote especifico da acessibilidade, tem que dar direito a todos, agora ninguém fica para trás, todo mundo pode brincar e se diverti”, explica o prefeito. 

    É importante que evento culturais tenha a preocupação e dê acesso às pessoas com deficiência poderem se divertir nos eventos. Silvério Pessoa, Secretário da Cultura, fala sobre a importância das práticas de acessibilidade na cultura. “ A acessibilidade que não seja nada excepcional, que seja uma prática natural, prática humana. O conceito de diferença ter que ser reconfigurado, revisto e o que percebo é que todas as atividades, as práticas, as ações não só da prefeitura, como a governadora do estado, a questão de acessibilidade, de inserção, de acolhimento, respeito, com naturalidade cada vez mais é acentuado. Então estou muito feliz de dizer, vê e perceber que essa ação está cada vez mais espontânea”, afirma Secretário. 

    Mas Recife ainda tem muitas questões a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência para evoluir e aprimorar os serviços oferecidos, na noite de sexta-feira muitos detalhes de decoração, de serviços estavam sendo finalizados. Fernanda Lira Ayres, mãe de Carolina, também relatou que entrou em contato com a prefeitura do Recife e se informou que ia ter vans adaptadas para trazer até o Marco Zero. “Mas o transporte não era acessível, era uma van, que não era adaptada para a cadeira de rodas. Ela entrou no veículo nos braços do motorista, que foi muito solícito, mas mesmo assim é uma situação constrangedora. Quando chegamos no palco principal no início da tarde, ainda não tinha uma equipe para dar suporte”, afirma Fernanda. 

    Michell também relata que para chegar até Palco do Marco zero, não é muito fácil. “Sempre tempos dificuldades infelizmente não há uma rota acessível para essa área, o transporte público podia para mais perto. Mas sem está mar de gente para a gente curtir o carnaval”, afirma Michel. 

    O pai João Victor também faz algumas críticas sobre divulgação da acessibilidade chegue a mais pessoas com deficiência. “Seria bom que mais pessoas pudessem participar mais, a gente vê aqui dois cadeirantes, no estado de Pernambuco só tem dois cadeirantes? Se todo mundo se conscientizassem e terem acesso, muitas pessoas também não tem esse conhecimento de ter acessibilidade e essa facilidade que a gente tem de trazer nossos entes. Há 3 anos não temos o evento, já foi melhor, estou achando esse espaço muito pequeno, na hora que encher mesmo será meio complicado. Esse ano o espaço está sendo o menor de todos, apesar de só ter duas cadeiras só. Mas poucas pessoas vão respeita isso depois que convidados, convidado do convidado aí terminará lotando isso daqui”. 

    Na sexta-feira, a área de acessibilidade estava do lado direito do palco e era menor que nos outros dias em que realizamos a cobertura. Além disso, foi possível perceber a dificuldade de locomoção quando o espaço estava cheio de convidados da Prefeitura do Recife. Muitos cadeirantes tiveram que ser auxiliados pelos bombeiros para terem acesso ao banheiro ou sair dessa área.

    A cerimônia de abertura terminou com o espetáculo do Caetano Veloso, que animou a noite com canções do seu disco “Meu Coco”, mas também tocou algumas músicas mais antigas. Caetano tem uma ligação profunda com Pernambuco, já ganhou o título de cidadão Pernambucano e quis homenagear Pernambuco com a música “evocação” de Nelson Ferreira, um grande sucesso de Carnaval. A praça do Marco Zero estava cheia de pessoas ansiosas pelo show, pois fazia 10 anos que Caetano havia feito uma apresentação no Carnaval do Recife.

    O Manoel, que é estudante de publicidade e tem mobilidade reduzida, estava ansioso pelo show do Caetano. “Eu amo carnaval desde criança. A minha família é muito carnavalesca e eu só simplesmente amo. Por o carnaval ser isso, é a festa do povo, é uma grande festa contagiante, é a festa mais democrática que a gente tem no Brasil todo. Então eu amo estar nessa Folia e fazer parte desse carnaval na volta, né? Então eu não ia perder ele jamais e esse carnaval que marca volta e dois anos sem carnaval e hoje vim para vê o Caetano, porque ele embalar a minha vida são várias músicas dona da minha cabeça ela vem como um carnaval”, afirma o estudante de publicidade.

    Já duda beat estava emocionada de cantar na cidade onde nasceu e viveu por anos, relembrou quando ia ao Carnaval do Marco Zero com sua avó e fez uma homenagem a ela cantando a música “Voltei Recife”. O carnaval está oficialmente aberto para a brincadeira de sábado de Zé Pereira no maior bloco Galo da Madrugada. 


  • nclusão social com a Turma da Mônica

    nclusão social com a Turma da Mônica

    A Turma da Mônica vem se destacando ao longo dos anos por sempre estar preocupada em criar personagens que geram representatividade para várias causas. Uma dessas causas é a da pessoa com deficiência. 

    Maurício de Sousa sempre criou personagens a partir de amigos, filhos e familiares. Em 1959, teve sua primeira tirinha publicada no jornal Folha da Tarde, com dois personagens, Bidu e a Franjinha. Depois criou o Cebolinha, o Piteco, o Astronauta, o Horácio e o Penadinho. Sua personagem principal, Mônica, surgiu em 1963, e a inspiração de Maurício veio de sua própria filha. 

    Em algumas entrevistas, Maurício de Sousa conta que percebeu, enquanto criava os personagens, que ele não jogava bola só com amigos como Cebolinha, mas que também tinha amigos com algumas deficiências. Foi então que ele decidiu ir estudar sobre as pessoas com deficiência para entender como elas vivem e enfrentam os problemas, pensando na redução de preconceitos em suas produções. 

    Maurício criou o Hamyr, um garoto habilidoso, inteligente, simpático e que usava muletas para se locomover, mas ele apareceu apenas em duas histórias. Em 1960, ele criou o Humberto, um garoto carinhoso, sonhador e com deficiência auditiva, que se expressa através da Língua Brasileira de Sinais. 

    A partir dos anos 2000, foram aparecendo personagens como o André. Ele surgiu em 2003 em uma revista educativa chamada “A Turma da Mônica — Um amiguinho diferente” em parceria com associação de amigos do autista, durante uma campanha que buscava esclarecer o que é o autismo. Ele é uma criança de 4 anos, um garotinho gentil, fofo, com o espectro autista. Nas histórias, podemos ver suas particularidades de se comunicar e de interagir com os amigos. 

    A Dorinha foi lançada em 2004, na edição 221º do gibi da Mônica, sempre acompanhada do seu cão-guia chamado Radar. A Dorinha foi inspirada pela Dorina Nowill, uma mulher que perdeu sua visão ainda criança e sempre lutou pela causa das pessoas com deficiência visual. As aparições de Dorinha nas histórias da Turma da Mônica faz com que as crianças tenham um novo olhar para mundo e que possam perceber o mundo através de várias formas, além da visão. Também quebra paradigmas da indústria da moda sobre a mentalidade, inovação e disruptiva, porque Dorinha sonha em ser estilista e criar uma linha de roupas inclusivas quando ficar adulta. 

    Neste mesmo ano, em dezembro, na edição 222 do Gibi da Mônica, teve a estreia do personagem Luca, que é garoto charmoso, encantador, apaixonado por esportes, as meninas do bairro do timoneiro são apaixonadas por ele. Luca tem paraplegia; por isso, utiliza uma cadeira de rodas, as inspirações do Maurício para criar ele foi os jogadores de basquete cadeirantes. Na história sua cadeira de rodas tem equipamentos tecnológicos que ajudam a desvendar mistérios. A mensagem na história do Luca é mostrar que as crianças são felizes independente de qualquer deficiência física. 

    Em 2009, Maurício cria a Tati, uma personagem muito inteligente, habilidosa com síndrome de Down. A inspiração veio da atriz Tathi Piancastelli. A personagem apareceu na revista educativa “Turma da Mônica com viva as diferenças!” que foi uma parceria entre Instituto Maurício de Sousa e Meta Social, o objetivo era explicar sobre a síndrome de Down. 

    E em 2019, na edição especial em “Turma da Mônica distrofia muscular de duchenne, cada passo importa” surgiu o mais novo personagem sobre inclusão social que foi o Edu, um garoto que adora tecnologia, mas tem medo de ir para cadeira de rodas. Mas ao longo da história Luca ajuda ele perder o medo e viver cada fase da vida enfrentando os desafios igual no jogo de videogame e respeitar cada fase da vida sem medo. Edu tem distrofia muscular de Duchenne, uma doença rara degenerativas, é uma doença pouco conhecida e muito comum em crianças. Maurício em suas entrevistas fala que o Edu foi criado a partir de muitas pesquisas, conversas com especialistas e conversas com familiares que convivem com seus filhos com essa doença rara. 

    E o mais novo personagem lançado em 2022, foi o Bernardo, foi inspirado na história real de um menino de Caxias do Sul (RS) que tem acondroplasia, a forma mais comum de nanismo. Esse novo personagem foi apresentado no livro ‘Nosso Amigo com Nanismo’, que conta a história do bernardo e as dificuldades que pessoas com nanismo passam diariamente.

    Esses são os personagens que quando lemos um gibi da Turma da Mônica, percebemos que existem várias abordagens diversos assunto que devem ser trabalhados desde criança. Entre os personagens, há crianças com deficiência e cada uma tem sua característica. 

    Devemos refletir que crianças diferem entre si e cada uma tem características que devem ser respeitadas. A partir do momento que ilustradores, artistas, diretores, escritores têm essa percepção que incluir essas características sem suas histórias faz com crianças se identifiquem com os personagens e respeitem as diferenças que existem na sociedade. 


  • A diversidade do Festival La Folie

    A diversidade do Festival La Folie

    Texto: Larissa Pontes e Paulo Pinheiro

    A primeira edição do festival La folie, está concluída com sucesso! Nesta edição, se apresentaram artistas renomadas da comunidade LBTQIAPN+ e mulheres do brega pernambucano, com a exemplo de Pablo vittar, Gloria Groove, Luisa Sonza, Rebecca, Karol Conká, Priscila Senna e Tayara Andreza. O vento aconteceu na área externa do centro de convenções com três áreas para o público: arena, front e open bar, com dois palcos que alternaram as apresentações.

    Além das atrações, o festival pautou a responsabilidade socioambiental em parceria com Ecoe sustentabilidade, para desenvolver práticas sustentáveis alinhadas aos objetivos sustentável da ONU. O evento contou ainda com a iniciativa “Lixo Zero” e destinou 90% do lixo gerado pelo festival para compostagem, reuso e reciclagem. 

    O “Transforma Pride”, uma feira de empreendedorismo LGBTQIAPN+ com cerca de 30 expositores com roupas de moda agênero, produtos artesanais e ecológicos, marcou presença no festival, promovendo a geração de renda para a comunidade LGBTQIAPN+ que ainda luta contra o preconceito e a discriminação no mercado de trabalho. 

    Acessibilidade no La folie 

    Mas vamos ao que nos interessa! O evento realizou uma parceria com Vale PCD, coletivo formado por pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+, que busca a inserção das pessoas com deficiência em todos os espaços. No La Folie, eles foram responsáveis em dar todo suporte para os PCDS, orientando, distribuindo as pulseiras da área de acessibilidade, disponibilizando intérpretes de Libras nos palcos, cadeiras, abafadores de ruídos (para quem tem hipersensibilidade auditiva), trazendo conforto sensorial. 

    A cofundadora do Vale PCD, Priscila Siqueira, comentou os desafios de organizarem eventos com acessibilidade. “É pode entender o público que queremos alcançar, porque não vai ser todo mundo terá acesso, então precisamos pensar em um espaço projetado que atenderá a maioria das pessoas e  tão adaptar na hora quando alguém demanda da gente, então maior desafio é na adaptação e no planejamento”, contou.

    Para promover um evento deste porte, é necessário visar a diversidade e pluralidade de pessoas, para que todos e todas possam participar, principalmente quando falamos sobre pessoas com deficiência. Nesse quesito o La folie entregou! Dando espaço para influenciadores com deficiência, como a exemplo do Ivan Brown, um dos apresentadores do festival, para que isso se torne comum na sociedade e as pessoas com deficiência sejam inseridas em todos os espaços, inclusive nos ambientes de lazer. 

    “É importante que a gente possa transitar tranquilamente, estou amando, me sentindo muito acolhida aqui e não sentir dificuldades para chegar até o festival e ansiosa para pode conferir a Glória Groove. Minha mensagem para outras pessoas com deficiência que venham se divertir também, estou amando muito.” Jéssica, 26 anos, para paraplégica há 3 anos, relatou nunca havia ido a um show com acessibilidade.

    Pedro Filipe, 20 anos, estudante de contabilidade, relatou o quanto está feliz, está vivenciando o festival “Está sendo uma experiência incrível, estou muito ansioso, muito animado pela estrutura. Estou bem ansioso para o show de Pablo vittar e Glória Groove acredito será pontos fortes da noite. Fui à área pcd a gente tem uma visão incrível de todos os shows, então acho que será uma experiência ótima. O acesso foi tranquilo, eu já tinha vindo em outros eventos aqui já tinha familiaridade. Minha expectativa para show é dançar muito e me divertir muito e só sair de manhã” contou ao Eficientes. 

    Pontos a melhorar:

    A produção do festival La Folie acabou pecando em alguns pontos, por falta da comunicação e organização geográfica do festival, reduzindo a área PCD a um único local, que ficava no meio do evento, entre o Open e o Front. Para compensar a falha o festival liberou o lounge Open bar, para todas as pessoas com deficiência. Mas a retirada de bebida ficou inviável, devido à distância da área PCD dos quiosques por ficar na parte central do evento. Houve também dificuldade para visualizar as/os intérpretes de libras, devido à distância do palco. A área da pessoa com deficiência contava com apenas um banheiro acessível, mas não tinha papel.

    Caso a pessoa com deficiência escolhesse ficar com os amigos(a) ou namorados(a) em outras áreas, teriam dificuldade de acesso aos banheiros, porque na área do front contava com apenas um, que estava localizado numa região inacessível por conter uma pequena ladeira. Na área open, o banheiro ficava muito distante e as pessoas com deficiência física tiveram dificuldade de se locomover até os toaletes.

    Editorial

    Fica o alerta do Eficientes, para próximas edições o La folie: O evento deve-se atentar as diversas formas de acessibilidade, respeitando e propondo conforto ao seu público com deficiência, para que todos e todas sejam assistidos da forma correta, apreciando o festival tranquilamente, colocando a área PCD próxima ao palco, com mais banheiros e quiosque para as pessoas com deficiência, seja na Arena, Front ou Open bar. Acessibilidade não é difícil, difícil é quem lida com a falta dela.


  • Inclusão Literaturá Infantil

    Inclusão Literaturá Infantil

    Por: Letícia Mendes

    Você já leu algum livro que abordasse a temática de pessoas com deficiência? Não? Nós apresentamos para vocês algumas obras infantis com foco na inclusão de crianças. 

    Daniel no Mundo do Silêncio, do autor Walcyr Carrasco, traz a temática de um personagem que perdeu a audição aos 7 anos e de alguma forma precisa de comunicar com os pais, principalmente, com as mãos. Os pais o matriculam numa escola especializada em educação para surdos, onde Daniel aprende a Língua de Sinais (LIBRAS). Após todo processo, ele enfrenta a jornada de estudar em uma escola comum, lutando com diversas adversidades. 

        Já a obra As cores no Mundo de Lúcia, escrita por Jorge Fernando dos Santos, retrata a vida de Lúcia, menina muito inteligente e deficiente visual. Com sua sabedoria, a personagem descobre uma maneira divertida de perceber as cores, usando os 4 sentidos, a audição, o olfato e o tato. 

       O livro Serei Sereia, da autora Kely de Castro, retrata a história de Inaê, uma criança que, assim como as outras, passa por momentos de tristeza, alegria e dúvidas. Entretanto, ela tem mais um desafio pela frente, o de não poder andar. Com o apoio das mãos, Inaê compreende que, independente da sua situação, ela pode continuar crescendo e construindo sua própria história. 

       Sonhos do dia, de Claudia Werneck, traz à tona a história de uma menina que fica inconformada por não poder realizar seus desejos enquanto acordada, mas consegue quando está dormindo, em seus sonhos. Assim, ela lança a mobilização com outros colegas de sonhar acordado. Essa foi uma das primeiras obras literárias brasileiras lançada com recursos de acessibilidade, com interpretação em Libras, em braile e com audiodescrição, um exemplo de inclusão social infantil. 

       A obra literária de Marcos Ribeiro Quem disse que eu não vou conseguir? mostra várias histórias de pessoas com deficiência, trazendo relatos inspiradores e motivadores. Além disso, o livro mostra como todos são capazes de realizar suas tarefas e precisam de uma sociedade mais inclusiva e empática com essas situações. 


  • Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Conheçam 5 recursos de Tecnologia assistiva

    Por: Letícia Mendes

    Com o avanço tecnológico, certas demandas no cotidiano das pessoas com deficiência foram levadas à tona, o que chamou atenção para recursos básicos que permitissem o melhor desenvolvimento autônomo para essa população. Dessa forma, foram criadas tecnologias que são chamadas de assistivas, com o intuito de criar equipamentos, métodos ou qualquer solução que tenha como objetivo ajudar na reabilitação de pessoas com deficiência. Portanto, seguem algumas das novas tecnologias que proporcionam maior independência e autonomia. 

    TIX : O chamado teclado inteligente multifuncional, o TIX tem como objetivo proporcionar qualquer tipo de ação em aparelhos tecnológicos, como smartphone, tablet e computador com apenas 11 teclas que são sensíveis ao toque, ajudando assim na funcionalidade de pessoas com deficiência motora. Para isso, o TIX facilita a digitação com o acionamento das teclas iconográficas, completando as palavras de forma inteligente e tem como recurso o uso de sinais de acentuação, pontuação e símbolos. Além disso, o aparelho contém teclas grandes, bem espaçadas e sensíveis ao toque, atingindo um público com deficiências como amputações, paralisias e limitações de movimento. Assim, com suas multifunções, o TIX permite também o uso em atividades pedagógicas de ambientes escolares com crianças que precisam desse auxílio, fornecendo para o estudante autonomia para realizar atividades no colégio. Diferente de alguns produtos comercializados, o teclado TIX é produzido e desenvolvido no Brasil, trazendo assim maior atenção para sua implantação em diversos pontos no país. 

    (Imagem do site TIX LIFE)

    OrCam : Especializada com o objetivo de trazer soluções para pessoas cegas ou com baixa visão, a OrCam traz um dispositivo em formato de óculos que possui inteligência artificial, capturando imagens que estão em volta do usuário, transformando-as em sons e, de forma adaptada, descrevendo detalhadamente o espaço real. Além disso, o dispositivo faz o mesmo com os livros, transformando suas páginas em áudio. Através disso, ela traz ao usuário uma ampla experiência na vivência do ambiente por onde passa, possibilitando diferentes sensações, sentimentos e emoções, por conta de sua imaginação e audição.

    Um óculos preto retangular e ao lado direito tem um capturador de imagens.
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Kit Livre : No Brasil, com o baixo investimento de acessibilidade para pessoas com deficiência pelas ruas de cidades, a rotina de cadeirantes se torna árdua e angustiante. Por conta dessa problemática, a empresa Kit Livre, através de recursos tecnológicos, transforma cadeiras de rodas usuais em triciclos motorizados e elétricos. Além de ser utilizado no cotidiano, ele permite a prática de atividades esportivas e o lazer, podendo ser utilizado em áreas de diferentes níveis e terra, grama, asfalto, etc. O produto pode ser adquirido através da compra ou aluguel. Entretanto, por ser uma empresa privada, o custo para usufruir do equipamento é mais elevado.

    O Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luís Mendes comenta sobre a funcionalidade da cadeira elétrica da Kit Livre: “Do ponto de vista da funcionalidade, o triciclo elétrico facilita as atividades de vida diárias para pacientes cadeirantes, principalmente, paciente que apresentam dificuldade parcial ou total ao tocar a cadeira. Além disso, promove uma maior inclusão do paciente no contexto e participação perante a sociedade”.

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    (Imagem do site TIX LIFE)

    A-bLinX: Permitindo a realização de tarefas com o piscar dos olhos, o a-blinX funciona como um acionador e controlador de dispositivos digitais. Ele tem como objetivo o auxílio a pessoas que tiveram complicações e não possuem o movimento motor, mexendo apenas as pálpebras. Dessa forma, o aparelho estimula a comunicação do paciente e permite o melhor desenvolvimento em tarefas cotidianas, como as escolares. O a-bLinX possui uma interação com o Teclado Inteligente Multifuncional, o TIX, através de dispositivos tecnológicos. O sensor do óculos fica posicionado e capta o piscar dos olhos do usuário, transformando-o em um comando e traduzindo a mensagem de acordo com as configurações. 

    SENSOR DE PISCADELAS A-BLINX ********************************************************** Capta o piscar dos olhos para escrever no app TelepatiX ou controlar computadores pelo TiX. _________________________ CLIQUE PARA MAIS DETALHES
    (Imagem do site TIX LIFE)

    Tobii: com o intuito de proporcionar melhor integração entre pacientes e equipes médicas, a Tobii cria soluções assistivas que integram pessoas com deficiência nas suas atividades cotidianas. Com a tecnologia, a comunicação de pessoas que apresentam limitação com a fala fica mais prática por meio do uso de aplicativos e equipamentos avançados. Assim, a empresa também desenvolve computadores, tablets e dispositivos acessíveis para o manuseio de pessoas com deficiência. 

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    (Imagem do site TIX LIFE)


  • Pessoas com deficiência apontam falta de acessibilidade no Lolla

    Pessoas com deficiência apontam falta de acessibilidade no Lolla

    No mundo contemporâneo, os eventos e festivais reuniam diversas pessoas que promovem um intercâmbio cultural entre elas, por estilo musicais, artistas, pinturas, danças e outras expressões, existem vários detalhes que precisam ser observados na hora de realizar. Um deles é na acessibilidade, para as pessoas com deficiência, essa discussão precisa se ampliar para que a sociedade reflita e perceba o quanto é importante existirem espaços inclusivos e acessíveis para que as pessoas com deficiência tenham o direito de circular livremente e serem respeitados. No mês anterior, tivemos o Lollaplazooa que é dos maiores festivais de música do país, que reuniu mais 300 mil pessoas durante três dias, mas diversas pessoas com deficiência que foram para o festival relataram a falta de acessibilidade no evento.

    A jornalista e criadora de conteúdo, Maria Paula, 28 anos, relatou as suas experiências positivas e negativas durante o festival. Ela tem uma doença genética, nunca diagnosticada que se manifestou quando era criança com três anos, mas quando chegou na adolescência passou a usar a cadeiras de rodas. Com seu crescimento profissional como a primeira fotografa cadeirante a se consolidar no mercado brasileiro, também é modelo, atriz e ativista da causa da pessoa com deficiência, foi convidada por uma das marcas patrocinadoras para está no espaço vip. “ Fui muito bem recebida, com transporte acessível para eu ir e voltar no evento, no espaço vip tinha todo o acesso com rampas, elevadores funcionando e banheiros acessíveis”, afirma Maria.  

    Mas um das maiores preocupações de maria ao Lollapalooza era sobre a questões de acessibilidade, principalmente nos banheiros. “Então quando cheguei lá nesse espaço oferecido tinha toda acessibilidade, fiquei mais tranquila. Mas o evento não é só espaço vip, é um festival de música com mais de 20 atrações acontecendo vários artistas que eu amo, não queria ficar trancada no espaço vip, queria vivenciar o festival,” afirma Maria

    Mas a experiência de vivenciar o festival fora do espaço vip, ocorrem vários problemas pela falta de acessibilidade e Maria só conseguiu durante um dia inteiro assistir ao único show. “ O show de jonga foi único show que eu consegui ver, a distância de um palco para o outro é muito longa, também do palco para espaço vip muito longa, o local tem vários desníveis. No domingo também choveu e com isso ficou muita lama. O palco Ônix era impossível transitar e a produção estava zero preparada,” reclama a jornalista. 

    Maria cita vários erros da produção na parte de acessibilidade do festival, a área PCD (pessoa com deficiência) não tinha uma boa visibilidade para o palco, as pessoas ficavam assistindo através do telões os shows, a produção e as pessoas que trabalhavam no festival não sabiam passar informações, Maria e seu namorado chegaram a perguntar qual era o melhor caminho para chegar perto do palco e ninguém sabia informar e acabaram se deparando com escadas. “ A gente trombou com três lances de escadas, o bombeiro se prontificou em ajudar, eu e meu namorado. Quando chegamos lá em cima uma pessoa da produção solicitou um carrinho de golfe, ficamos esperando lá mais de horas o carrinho que nunca chegava,  desistimos de esperar e seguimos porque estava perto do show e estava começando a chover. Quando estamos indo para perto do palco, vimos vários artista e influenciadores utilizando o carinhos de golfe destinado para as pessoas com deficiência”.

    A jornalista também enfrentou problema na hora de sair do show. “Na saída do show de djonga para voltar para o espaço vip, nós víamos que tinha um espaço mais fácil pela área onde passava os carros e a produção quis impedir a gente de ir por ali. Então argumentamos que seria mais fácil o deslocamento. E aí o cara da organização do festival falou assim, olha você quer ir por aí então por sua conta em risco”. 

    Maria ficou se questionando se acontece algo com ela naquele percurso, não tinha importância? Também percebeu não tinha banheiros acessíveis fora do espaço vip e outra pessoas com deficiência que não tem o privilégio de esta em espaços vip? O que passaram para está naquele festival com falta de acessibilidade?

    Na divulgação do festival Lollapalooza Brasil, o marketing feito sobre acessibilidade contavam com vários serviços e dispositivos, como: acesso pcd pelo portão 7, área pcd com plataformas elevadas nos quartos palcos para assistir aos shows, carinho de golfe para fazer o transporte do portão 7 até o festival, interpretes de libras em cada plataforma elevada das pessoas com deficiência que fica na área dos palcos, áudio descrições através de um equipamento de transmissão que serão distribuídos por recepcionistas e um kit livre que é um equipamento motorizado que possui a função de transformar a cadeiras de rodas em um triciclo motorizado elétrico para locomoção nas dependências do autódromo de Interlagos.

    O festival trabalhou a informação que teria acessibilidade, chamando o público a também vivenciar a experiência do festival, mas, na prática, não aconteceu e essas situações sobre falta de acessibilidade relatadas são recorrentes em eventos e até no dia-a-dia. No Brasil, existem 45 milhões de pessoas com deficiência, representando 23% da população e acessibilidade é de extrema importância para garantir o acesso e a segurança. 

    A influenciadora digital, Giovana Massera, 25 anos, estudante de moda, modelo e influenciadora digital também conhecida por Toranja mecânica, também foi convidada para está Lollapalooza e acabou sofrendo com falta de acessibilidade colocando sua saúde em risco. “ Quando eu cheguei de van, o motorista não tinha informação e deixou a gente na entrada perto do palco Adidas, nessa entrada não tinha nenhuma ou estande para dar informações. Inclusive também não tinha o posto para pessoas deficientes. Esse posto ficava na outra entrada que estava do outro lado do autódromo, então eu tive que atravessar todo Autódromo para achar exposto e ter acesso às cadeiras, me fizeram subir várias escadas, pegar caminho errado e fazendo tudo isso a pé”. 

    Giovana tem Lúpus e a doença foi agressiva no seu corpo, com isso desde 12 anos lida com alguma limitações, para se locomover utilizar uma bengala e não pode andar longas distâncias. Quando conseguiu chegar no local não estavam disponibilizando os carrinhos de golfe, mas conseguiu pegar kit livre que era triciclo motorizado elétrico, que também não era apropriado para utilizar tem terrenos com muito desníveis, pode gerar riscos de acidentes. “ O triciclo elétrico estava com problema na ré e bateria que quase queimou a minha coxa. A cadeira atolava na lama e não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar sozinha, às vezes apareciam pessoas ao redor que disponibilizava para ajudar. Devido aos barrancos eu quase capotei com a cadeira e ela atolou na lama. Eu chorava de dor, de cansaço, desespero e não conseguia pisar no chão devido às dores”. 

    A sua experiência no Lollapalooza também com muito dificuldade devia a falta de acessibilidade, só conseguiu assistir um show, pontuou diversas pontos que festival deve melhora como: postos para as pessoas com deficiência em todas as entradas, cadeiras de rodas sem defeitos, carinhos de golfe funcionando para ir aos palcos, liberassem as parte cimentadas atrás do palco para quem está de cadeira ou simulassem uma estrada para cadeiras de rodas, banheiros maiores para pessoas com deficiência, treinassem a equipe de funcionários e orientassem melhor os bombeiros. 

    A falta de acessibilidade nos eventos está ligada ao Capacitismo estrutural que limita o direito ao acesso das pessoas com deficiência. A sociedade tem a concepção que as pessoas com deficiência vivem reclusa em casa, que não estudam, nem trabalham e também não saem para divertir. Atualmente, as pessoas com deficiência representam um 1% no mercado de trabalho formal, isso significa também o quanto é difícil do ponto vista poder aquisitivo da população com deficiência está presentes em eventos privados de custos elevados. 

    Por isso é tão importante trabalhos como da Maria e Giovana como influenciadoras digitais, para que as pessoas com deficiência sejam representadas e falem suas vivência para possamos transforma a sociedade mais inclusiva. “É de extrema importância que a gente ocupe todos os espaços, para que as pessoas entendam que nós existimos e temos vida ativa, que nós realizamos sonhos,  namoramos, trabalhamos, divertimos e também continuar se comunicando” afirma Maria paula. 


  • Turismo Acessível: Conheça 2 lugares no Recife

    Turismo Acessível: Conheça 2 lugares no Recife

    A acessibilidade, cada vez mais, tem sido pauta em diversos debates na sociedade brasileira. Há o entendimento da necessidade de promover oportunidades iguais a todos cidadãos. Em equipamentos culturais, a falta de investimento em prol do acesso universal à cultura ainda é uma barreira que pessoas com alguma deficiência (PcDs) têm de lidar diariamente. Em Recife, essa realidade não é diferente. Ainda assim, existem espaços culturais para visita e lazer turísticos adequados às pessoas com alguma deficiência. Confira abaixo 3 indicações:

    Cinemas
    Os cinemas saem na frente com relação à acessibilidade motora. Todas as salas de cinema da cidade, com exceção do Cineteatro Apolo, contam com espaços para cadeirantes. Um festival de filmes com acessibilidade, o VerOuvindo, acontece anualmente em Recife, geralmente no fim do ano.

    Museu do Estado
    Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; e aos fins de semana, das 14h às 17h. Entrada: R$ 5. Avenida Rui Barbosa, 960, Graças. O espaço apresenta rampas de acesso na calçada, na entrada e em todos os desníveis. Há um elevador disponível em um dos prédios. Embora não haja sinalização adequada, o museu dispõe de um livro em braile sobre o prédio histórico. Em breve, será criado um mapa do local em braile. Ele também mantém um banheiro para usuários de cadeira de rodas.

    Caixa Cultural Recife
    O local conta com três galerias de exposições, um teatro com capacidade para 202 espectadores e salas de oficina e dança. Aberto de terça-feira a domingo, das 12h às 20h. Entrada gratuita. Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife. O ambiente possui rampas de acesso na calçada, pela Rua do Bom Jesus, na entrada e em todos os desníveis. Apresenta também elevador, audiodescrição e Libras em algumas exposições e espetáculos e banheiro adaptado para usuários de cadeira de rodas.