• Os desafios do ensino online para crianças PCD e a possível volta das aulas presenciais.

    Os desafios do ensino online para crianças PCD e a possível volta das aulas presenciais.

    Entre várias discussões levantadas nesse período de pandemia, a educação tem se tornado um tema central. Muitas dúvidas, questionamentos e posicionamentos opostos tem cercado o assunto. Essa situação está causando diversos impactos no setor. Segundo estudo feito pela Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 9,7 milhões de crianças de todo mundo vão abandonar a escola para sempre até o final de 2020. No Brasil, a volta das aulas presenciais começa a ser planejada, qual sua opinião? É seguro retornar para as escolas nesse momento?

    Pensando nisso, o Eficientes conversou com mães de crianças com deficiência para entender como foi a adaptação das aulas online e saber o que elas pensam em relação a retomada do ensino presencial. Renata Martins, é mãe do Bernardo de seis anos e conta como a família está passando pela quarentena.

    Bernardo tem Mielomeningocele e, em função disso é cadeirante. A Mielo é uma condição que afeta a formação da coluna vertebral e traz uma série de complicações físicas e de saúde.
    “Meu filho é incrível, uma criança feliz e ativa. Os tratamentos fazem total diferença no processo de desenvolvimento dele, por isso, ficar sem natação, fisioterapia e escola não é bom, porém diante da possibilidade de contágio preferimos seguir o isolamento total desde março. Somos privilegiados em ter a possibilidade de ficar em casa de forma segura, sabemos que infelizmente muitos não podem fazer isso” – Explica Renata.

    Bernardo realizando exercícios escolares. Foto: Renata Martins

    Ainda segundo Renata, seu filho gosta muito da rotina “Bernardo adora todas as suas atividades, principalmente ir para escola, ele tem um ótimo rendimento escolar e boa relação com amigos e professores. Tudo isso faz falta no cotidiano, mas a adaptação para o ensino online foi tranquila. A escola fez um esquema dinâmico através do uso de fichas, livros e vídeoaulas no Google Meet, eu consigo acompanhar todo esse processo auxiliando-o quando necessário”.

    O que a família acha sobre a possível volta das aulas presenciais? “Em nenhum momento pensamos em suspender a escola, sabemos da importância da mesma se manter, mas ainda não nos sentimos preparados e seguros em mandar nosso filho para a escola de forma presencial, e como ele se adaptou muito bem a esse novo formato então preferimos mantê-lo em casa, com as aulas à distância, evitando o risco de contaminação” – Conclui Renata.

    Cada família tem uma realidade diferente para Sabine Stark, mãe do Guilherme de dez anos o ensino remoto não está sendo fácil. “Guilherme nasceu surdo, com 1 ano de idade fez a cirurgia de Implante Coclear “A princípio pensávamos que o implante traria uma vida “normal” ao Gui, com o tempo aprendemos sobre a surdez e suas nuances. Hoje, o Gui tem a Libras como primeira língua e o normal para nós é respeitá-lo como surdo e indivíduo”.

    No início da pandemia, Sabine e Guilherme sentiram bastante dificuldade para se adaptar a nova rotina de aulas remotas. “Eu fiquei muito assustada com tudo que estava acontecendo, a escola do Gui se adaptou rapidamente às aulas remotas continuando com o conteúdo praticamente normal e eu precisava de um tempo para entender e reorganizar a nova rotina na minha cabeça. No começo ele reclamou muito porque não queria aulas em vídeo, sentia falta do contato com a professora e amigos. Foi preciso muita conversa para entender que isso seria a nova rotina sem data para acabar”.- Conta Sabine.

    Guilherme estuda em uma escola regular que tem salas voltadas ao ensino bilíngue ( libras primeira língua e português escrito como segunda língua), mas a instituição segue o ensino que é voltado para ouvintes. “Mesmo a professora sendo surda, a educação bilíngue no Brasil é muito difícil, faltam materiais, adaptações e conhecimento dos gestores. Eu estava há mais de um ano questionando várias coisas na escola, pedindo algumas mudanças, tentando mostrar as dificuldades que estávamos enfrentando com o passar dos anos. Gui está no 5º ano e o conteúdo só aumenta. Se não temos um respaldo da escola, tudo se torna mais difícil”. – Explica Sabine.

    Guilherme no aprendizados da
    Língua Brasileira de Sinais. Foto: Sabine Stark

    Na Escolas do Guilherme as aulas têm duração de 40 minutos e foram implementadas na plataforma do Google. As lições com explicações em vídeo são postadas também na plataforma, são duas tarefas por dia. Sabine fala os pontos positivos dessa dinâmica “Nesse ponto acho bom porque a questão da concentração é bem difícil assim a distância. Eu tento não sobrecarregá-lo porque sei que não vai adiantar. Ainda mais porque na Libras precisa da atenção total. Um minuto que você olha para outra coisa, quando volta para quem está sinalizando, você já perdeu muito”.

    Sabine acredita que o ensino foi prejudicado “Os danos causados vão se refletir nos próximos anos, as escolas não estavam preparadas para EAD e principalmente pensando nas crianças que demandam outros recursos e adaptações de acessibilidade”. Ela contou que não pretende retornar às aulas presenciais. “Nem agora e nem depois. Eu já avisei a escola que esse ano o Guilherme não volta para aula presencial. Não terá lei que obrigue meu filho a voltar para escola colocando ele e nossa família em risco. Estou atenta as portarias e manifestações do Governo e espero que tenhamos a opção de escolha” – Relata Sabine.

    Realmente esse assunto ainda divide opiniões. Você tem filho, filha ou parentes nessa dúvida? Qual sua opinião? Vamos permanecer atentos para observar o desenrolar de toda situação.


  • Dia Mundial das Doenças Raras

    Dia Mundial das Doenças Raras

    De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerada doença rara aquela que afeta 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos.13 milhões de brasileiros tem algum tipo das oito mil doenças raras catalogadas até hoje.

    O Brasil tem buscado melhorar o atendimento aos raros. O Sistema Único de Saúde tem a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras. Em 2019, o Ministério da Saúde começou a oferecer tratamentos para dez tipos de doenças raras, publicou oito protocolos clínicos e habilitou nove serviços de referência.

    Dia 29 de fevereiro também é um dia raro, ele só acontece em anos bissextos de quatro em quatro anos. Por isso, foi a data escolhida para representar o Dia Mundial das Doenças Raras. Em anos não bissextos, a data é celebrada em 28 de Fevereiro. Conhecimento e respeito são muito importantes, parabéns aos raros, nunca deixem de lutar por espaço e representatividade dentro da sociedade. Podem contar com o Eficientes pra isso!!


  • Olá, Maurício

    Olá, Maurício

    Já pensou em voltar ao passado e relembrar histórias que fizeram parte da infância? A Turma da Mônica marcou e ainda marca diversas gerações de brasileiros. Essa obra que pode ser contemplada através de gibis, desenhos, filmes, livros, quadros e outras expressões, representa a trajetória do artista Maurício de Sousa.

    A exposição: Olá, Maurício retrata a caminhada desse empreendedor que virou referência mundial por tudo que construiu. Maurício parece ser uma fonte inesgotável, seu trabalho continua se renovando. Ele faz muito bem o que hoje é conhecido como Economia Criativa e consegue unir criatividade e empreendedorismo.

    Além de ter uma obra ampla e diversa o que mais chamou atenção do Eficientes é a preocupação com a inclusão. Sabendo do seu papel como formador de opinião, influente sobre um público fiel, Maurício não esqueceu as pessoas com deficiência. Entre os aproximadamente 500 personagens criados por ele, é possível encontrar representarividade PCD. Alguns exemplos disso são: Luca que é cadeirante, Dorinha que deficiência visual, Tati síndrome de Down e André com autismo.

    Além disso, ele busca falar de temas atuais, atrelando sua marca em campanhas sobre acessibilidade e respeito às diferenças. Ao chegar na exposição, recebemos uma história em quadrinhos falando e conscientizando sobre Distrofia Muscular de Duchenne.
    Vale salientar que a exposição é bastante interativa e acessível.

    Durante esses 60 anos de carreira o trabalho de Maurício levanta essas e outras bandeiras como a preocupação com a sustentabilidade. Seus personagens promovem papéis de protagonismo nesses temas, levando conhecimento, entretenimento e diversão para as pessoas. Um dado que representa a força desse trabalho são os números do portal Exame que apontam que a marca e seus licenciamentos tenham um valor de R$ 2,7 bilhões de reais, além de que, no Brasil, vendas da Turma da Mônica superam a Disney.

    Se você é fã do Maurício ou da Turma da Mônica, corre que a exposição já vai acabar!! O material fica em cartaz até o próximo domingo(15), no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(FIESP), localizado na Avenida Paulista, 1313. A entrada é gratuita. De terça a sábado de 10h às 22h e domingo de 10h às 20h.


  • DIGA NÃO AO PL 6159/19

    DIGA NÃO AO PL 6159/19

    O Eficientes nunca foi de viés político, mas não poderíamos ficar calados diante dessa situação. No dia Internacional das Pessoas com Deficiência nos deparamos com essa notícia. O governo encaminhou para o congresso um projeto de lei permitindo que empresas substituam a contratação de PCD pelo pagamento de dois salários mínimos mensais.

    A PL 6.159/2019 representa um retrocesso no que diz respeito a luta das pessoas com deficiência por mais espaço e direito dentro da sociedade. Quem conhece o Eficientes desde o início, sabe o quanto falamos de mercado de trabalho aqui e no site. Se mesmo com a atual lei em vigor já é complicado conseguir trabalho, imagina se essa PL for aprovada?

    Dos 45 milhões de brasileiros com alguma deficiência, apenas 1% está no mercado formal de trabalho. Isso acontece por vários motivos políticos, econômicos, históricos e sociais que quem tiver interesse pode entender melhor buscando reportagens no nosso site, mas só quem já sofreu desvalorização profissional exclusivamente pelo fato de ter uma deficiência pode entender o perigo que esse projeto de lei representa.

    Vamos nos movimentar para que essa PL não seja aprovada. Lembrando que não é preciso ser pessoa com deficiência para procurar entender os direitos conquistados e ter empatia pela causa!! O dia de hoje representa muito para mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência ao redor do mundo, nós sabemos da nossa história e da nossa luta, não vamos abaixar a cabeça para ninguém!!


  • 500 anos de Leonardo da Vinci

    500 anos de Leonardo da Vinci

    Uma das exposições mais concorridas do momento aqui em São Paulo, Os 500 anos de um Gênio (Leonardo da Vinci) justifica toda sua fama. O artista é completo e plural em suas manifestações. Além de surpreendente do ponto de vista artístico, a exposição também chama atenção pela acessibilidade. Ao chegar, logo é disponibilizada uma fila preferencial bastante organizada e rápida. Também é possível encontrar rampas de fácil acesso e piso tátil para pessoas com deficiência visual(Na fila).

    Na área interna, encontramos um catálogo em braile, além de audiodescrição na maioria das obras. Cadeiras de rodas também são disponibilizadas, mas a exposição é tão lotada que dificulta a locomoção com cadeira.(Esse ponto precisa melhorar). A mostra também se destaca pela interatividade, o público pode tocar em muitas obras pra entender seu funcionamento. A experiência realmente sai do óbvio, vale demais a visita.

    Localização: Museu da Imagem e do Som(MIS EXPERIENCE) Rua Vladimir Herzog, 75 – Água Branca. A entrada é gratuita dia de terça feira. O museu abre às 10h, mas é importante chegar com antecedência. A exposição fica em cartaz até primeiro de março de 2020.


  • Que tal ajudar crianças com Mielomeningocele?

    Que tal ajudar crianças com Mielomeningocele?

    Você já ouviu falar em Mielomeningocele?
    A Mielomeningocele é uma doença popularmente conhecida como espinha bífida aberta. Ela se caracteriza por uma malformação congênita da coluna vertebral que acontece nos bebês durante a gestação. As meninges, medula e raízes nervosas ficam expostas. –

    O tratamento para essa condição é complicado e caro, várias cirurgias são necessárias para melhorar a qualidade de vida das pessoas que nascem com a doença. –

    Que tal ajudar crianças com Mielomeningocele? Há 13 anos, o @iavpe cuida de forma filantrópica de 32 crianças com a doença, além de ter outras 200 na fila de espera.

    A ONG Fapa, @facaalgoporalguem está promovendo uma campanha de arrecadação de dinheiro para comprar cadeiras de rodas e doar as crianças do instituto!!

    As cadeiras precisam seguir um modelo específico que atende as necessidades das crianças. Quer ajudar essa causa? Confira mais detalhes de como contribuir no @facaalgoporalguem 

    Na foto, o Menino Arthur Vinicius que da nome ao Instituto, junto da amiga Taciana Feitosa.


  • Palestra sobre inclusão

    Hoje, em parceria com @oportosocial, tivemos a oportunidade de ministrar uma palestra sobre inclusão para alunos do curso @cursofernandapessoa. Agradecemos a todos pelo espaço. Uma juventude engajada em causas sociais faz a diferença na busca por um mundo melhor!!
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  • Como Funciona o Font Stage acessivel?

    Como Funciona o Font Stage acessivel?

    O Font Stage é uma área privilegiada na frente do palco onde as pessoas com deficiência podem assistir aos shows de forma segura, além de ficar pertinho dos artistas. No intervalo dos shows, é disponibilizado um espaço com banheiros adaptados e área para descanso e hidratação. No total, são oferecidas 60 pulseiras para pessoas com deficiência que podem levar um acompanhante. As pulseiras podem ser solicitadas na Central do Carnaval no espaço reservado para a secretaria dos direitos humanos. Fica próximo ao posto da Polícia Federal e da Arena Gastronômica.

    Conversamos com algumas pessoas com deficiência para saber como foi a experiência no Front Stage. Paulo Vieira é surdo e conta que foi a primeira vez que brincou Carnaval “Antes eu e meus amigos tínhamos vontade de vir para o carnaval, mas como não tínhamos acesso a informação do espaço acessível ficávamos em casa acompanhando pela televisão. Estou muito emocionado e feliz em conseguir participar do evento e sentir a vibração dos shows”. Ele ressaltou a importância dos intérpretes”Gostaria de parabenizar os intérpretes de libras, eles são muito fluentes na língua de sinais e fizeram total diferença para mim”.

    Por sua vez, o cadeirante Carlos Valois já conhecia o Front Stage do Marco Zero e garante que vale a pena aproveitar”Brinco carnaval há 15 anos com minha esposa, antigamente não tinha nenhuma acessibilidade, mas a gente dava um jeito de participar e curtir. Esse foi o terceiro ano de Carlos no espaço acessível, ele elogia a organização do evento, mas alerta para falta de acessibilidade no entorno do Marco Zero”As ruas e calçadas irregulares dificultam muito a locomoção até o Font Stage, isso deveria melhorar, porém, ao chegar no espaço todos são muito atenciosos, é possível aproveitar bastante”.


    Iai, gostaram da dica? Então aproveita que ainda dá tempo de aproveitar o Front Stage do Marco Zero no melhor Carnaval do Brasil!! Quer saber como chegar até o espaço e outros detalhas? 


  • Eficientes no carnaval

    Eficientes no carnaval

    Marco zero – Parte I

    O carnaval faz parte da cultura brasileira e representa a alegria da nossa nação. Todos devem ter direito de participar dessa grande festa. Ai vai uma boa dica de diversão para você, folião pernambucano ou turista que tem alguma deficiência.

    O Marco Zero é um dos polos mais concorridos do carnaval recifense com atrações de vários ritmos que fazem a alegria de todos. Para que ninguém fique sem brincar, a Prefeitura do Recife disponibiliza o Font Stage acessível, além de intérprete de libras para que pessoas da comunidade surda possam sentir por completo as emoções dos shows.

    Janaina Ramos é coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos da Prefeitura do Recife e está responsável pela organização do Front Stage acessivel. “Para mim é gratificante fazer parte dessa busca por inclusão, ver a alegria das pessoas com deficiência participando do carnaval é fantástico. Ainda temos muito a buscar e aperfeiçoar, mas cada passo conquistado me deixa esperançosa em um mundo realmente inclusivo”. ..

    Aguardem a segunda parte da reportagem às 18hs

    Leia mais:


  • “Trabalhar pela causa das pessoas com deficiência me motiva”

    “Trabalhar pela causa das pessoas com deficiência me motiva”

    O ano era 1995. Maria Francelina Torres Barkokebas Cavalcanti tinha apenas 28 anos, já era casada havia dez e esperava seus terceiro e quarto filhos. Mãe de duas meninas, descobrir que estava esperando dois meninos foi uma alegria para toda família, porém o destino reservava algumas surpresas para gravidez.

    Tudo corria bem com a gestação dos gêmeos, mas, durante exames de rotina, Francelina descobriu que um de seus bebês estava com o cordão umbilical envelhecido. Por causa desse problema, ele não conseguia se alimentar corretamente e apresentava sinais de desnutrição. Com medo do possível falecimento da criança e também de uma infecção generalizada, os médicos orientaram que a gravidez fosse interrompida para executar o parto.

    A gestação ainda estava no final do quinto mês e os médicos não acreditavam que as crianças pudessem sobreviver a um parto tão precoce. Desta forma, no dia 27 de junho de 1995 o parto aconteceu. Por serem muito prematuros, os bebês nasceram com pesos e tamanhos muito inferiores a uma criança “normal”.

    O primeiro a sair da barriga foi Marconi Barkokebas Cavalcanti Filho. Ele nasceu pesando 1Kg e medindo 19 cm. Marcus, o irmão, por sua vez, nasceu com 725gr e 18cm. “Os dois eram tão pequenos que juntos não completavam o peso e tamanho de um bebê que teve uma gestação comum”, explica Marconi Pai.

    Marconi com o irmão Marcus e a mãe Maria Francelina em evento no colégio

    As dificuldades do nascimento não acabaram aí: por ser muito prematuro, Marconi apresentou sequelas graves. “Marconi não estava com a estrutura corporal pronta para nascer. Ele teve três paradas cardíacas e sofreu uma falta de oxigênio no cérebro, seguida da paralisia cerebral. Esse problema afetou todos os músculos do seu corpo, mas principalmente os membros inferiores”.

    Os médicos passaram a dizer que Marconi nunca andaria e teria muitas dificuldades de realizar outras atividades básicas como falar e escrever. “Foi muito difícil e doloroso escutar os vários diagnósticos negativos, porém eu e meu marido não desistimos do nosso filho”. A partir desse momento, a vida financeira da família melhorou e Marconi teve oportunidade de fazer diversos tratamentos. Entre eles fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

    Mesmo com todo o investimento, os anos foram passando e Marconi apresentava algumas evoluções, mas não conseguia andar. “Ele já tinha completado cinco anos, conseguia falar e tinha um desenvolvimento positivo, porém não andava. Até que um dia, ele estava na minha cama brincando, se apoiou e ficou em pé. Naquele instante, Marconi deu um sorriso e eu voltei a acreditar que meu filho andaria”, conta Maria Francelina.

    Ainda com cinco anos, Marconi passou por uma grande cirurgia nas suas pernas. Depois dessa operação e de consultas intensivas na fisioterapia e outras terapias, ele começou a andar. “Marconi era muito determinado, fazia de tudo para melhorar e colaborava com o que os médicos pediam no tratamento”, afirma o Pai.

    Os anos foram passando e Marconi continuou fazendo os tratamentos. Em 2010, ele precisou fazer outra grande cirurgia para religar os tendões dos dedos que estavam esfacelados por causa das frequentes quedas. Depois dessa cirurgia a recuperação foi muito complicada, Marconi passou quase um ano na cadeira de rodas e engordou muito. Com isso, ele não via mais evolução e contra a vontade da família e dos médicos não quis continuar fazendo fisioterapia. “Nesse período ele regrediu bastante e quase ficou de vez na cadeira, mas quando viu o que estava acontecendo com seu corpo aceitou voltar para fisioterapia”, lembra Maria Francelina.

    Aos poucos, ele foi perdendo peso e voltou a andar, mas por causa do mecanismo incorreto da forma de andar, o joelho começou a apresentar dores. Em janeiro de 2015, ele precisou passar pela terceira operação para retirar fraturas presentes no joelho esquerdo e também esticar o músculo da perna esquerda visando melhorar sua marcha e postura. “Essa cirurgia também gerou uma recuperação complicada para meu filho, mas a melhora dele é bastante visível”, conta ela.

    Entre essas lutas diárias para melhorar a saúde, Marconi concluiu o colégio e está finalizando o curso de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco. “Não foi fácil chegar até aqui. Durante o curso, passei por uma grande cirurgia, mas nunca pensei em desistir”, afirma Marconi.

    Desde o primeiro período, Marconi procurou estágios para se qualificar e aprender sobre as diferentes áreas do jornalismo. “Passei um ano como voluntario escrevendo sobre futebol para um site esportivo, depois fiz a seleção para estagiar em uma rádio, na qual trabalhei um ano e meio e tive um aprendizado muito bom”.

    Ao sair da rádio, Marconi passou seu último ano de curso trabalhando numa assessoria de imprensa, mas saiu para se dedicar a projetos pessoais. “Adorei trabalhar em assessoria, mas descobri que falar sobre a causa da pessoa com deficiência e fazer projetos voltados para esse público é o que me deixa realmente feliz”, finaliza Marconi Barkokebas Filho.